Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 3 de Setembro de 2007, aworldtowinns.co.uk
15 de Setembro: 25º aniversário do massacre de Sabra e Shatila
No primeiro aniversário da mais recente invasão israelita do Líbano, os EUA, o seu cão de guarda sionista e os seus aliados estão a trabalhar febrilmente para imporem a sua visão de uma nova ordem no Médio Oriente, qualquer que seja o seu custo. Um olhar para trás no tempo, para a invasão israelita do Líbano em 1982 e para as suas horrendas consequências é esclarecedor dos seus objectivos em relação à Palestina e ao tipo de meios que eles estão dispostos a aplicar à região no seu todo. Reproduzimos de seguida excertos de um artigo publicado no sítio internet da coligação norte-americana contra a guerra ANSWER.
O dia 15 de Setembro de 2007 marca o 25º aniversário do massacre de Sabra e Shatila. Entre 15 e 17 de Setembro de 1982, paramilitares fascistas libaneses, sob o olhar atento dos ocupantes militares israelitas, chacinaram mais de 2000 residentes palestinianos de dois campos de refugiados em Beirute.
Em Junho de 1982, o exército israelita (IDF), com o total apoio do governo Reagan, iniciou uma gigantesca invasão do Líbano. Os objectivos da invasão eram destruir a Organização de Libertação da Palestina (OLP), nessa altura baseada sobretudo no Líbano, e instalar um governo fantoche em Beirute. Ao longo de toda a guerra, os EUA reabasteceram continuamente o IDF.
A invasão do Líbano culminou na chacina de 15 a 17 de Setembro nos dois campos de refugiados palestinianos desarmados, levada a cabo por 1500 membros das racistas e fascistas Forças Libanesas, uma das organizações da direita libanesa aliadas de Israel.
Durante todo o verão desse ano, o IDF bombardeou sem piedade a capital libanesa e matou mais de 20 000 pessoas, a vasta maioria delas civis. Em Setembro de 1982, um acordo de cessar-fogo foi imposto aos libaneses e aos palestinianos que resistiam à ofensiva. Os refugiados palestinianos constituíam mais de 10% da população do Líbano, que era de 3 milhões nessa altura.
Ao abrigo desse acordo, as forças militares da OLP seriam evacuadas para a Tunísia. Em troca, seria garantida a salvaguarda e a segurança dos campos de refugiados palestinianos. Entre os signatários desse acordo estavam os governos dos Estados Unidos e de Israel.
A garantia de segurança era crítica, porque era bem conhecido de toda a gente que as Forças Libanesas e outras milícias racistas e fascistas abateriam os residentes dos campos se eles ficassem desprotegidos.
A 15 de Setembro, com a saída dos combatentes da OLP, o IDF cercou completamente os campos de refugiados de Sabra e Shatila, em Beirute ocidental. Os refugiados que ficaram nos campos eram quase todos mulheres, crianças ou velhos.
Porém, Ariel Sharon, então ministro da defesa de Israel, em conjunto com os chefes israelitas no terreno, declararam que achavam que ainda havia combatentes da OLP escondidos nos campos.
Usando esse pretexto, Sharon deu autorização a que as Forças Libanesas (FL), comandadas por Elie Hobeika, pudessem entrar nos campos palestinianos para “limparem os ninhos de terroristas”.
Disso resultou um fim-de-semana de horror inimaginável. As FL andaram primeiro porta-a-porta, obrigando os aterrorizados habitantes a saírem para as ruas e dividindo-os em grupos.
Pouco depois de terem entrado nos campos, um comandante das FL comunicou por rádio com Hobeika, que estava na presença de responsáveis israelitas. O comandante das FL perguntou a Hobeika o que devia fazer às mulheres e crianças, ao que Hobeika respondeu furiosamente, gritando para o seu rádio: “Você sabe exactamente o que fazer!” (“O Acusado”, documentário da BBC, 2001)
A chacina começou então com intensidade. Durante as 36 horas seguintes, as FL violaram, torturaram e chacinaram. Assassinaram quase toda a população de mais de 2000 palestinianos e libaneses que vivia em Sabra e Shatila.
Os responsáveis israelitas e os membros do governo, incluindo Ariel Sharon – que, como ministro da defesa tinha a responsabilidade global pela ocupação do Líbano – foram repetidamente informados do que se estava a passar. Quando os israelitas deram finalmente instruções a Hobeika para retirar as suas forças a 17 de Setembro, as FL pediram, e receberam, uma extensão de um dia para “acabarem o trabalho”.
Quando as horrendas imagens do massacre de Sabra e Shatila foram divulgadas em todo o mundo, a ira e a repugnância foram tão grandes que mesmo Israel teve que constituir uma comissão oficial de inquérito no ano seguinte. A Comissão Kahan declarou Sharon “indirectamente responsável” pelo massacre. Ele foi obrigado a demitir-se de ministro da defesa, embora não do governo israelita. Duas décadas depois, Sharon ascendia ao mais alto cargo de Israel, o de primeiro-ministro.
Sabra e Shatila não foram o primeiro nem serão o último massacre de Sharon. O facto de esse criminoso de guerra ter podido cometer esses actos extremamente conhecidos e ainda poder chegar a primeiro-ministro é o sinal mais claro do carácter profundamente racista do estado israelita.
Vinte e cinco anos depois do Massacre de Sabra e Shatila, os sucessores de Sharon, com um gigantesco apoio de Washington, mantém a sua ocupação da Palestina e a sua brutal repressão do povo palestiniano.