Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 8 de Maio de 2006, aworldtowinns.co.uk
1º de Maio nos EUA:
Mais de um milhão de imigrantes e seus apoiantes saem à rua
O artigo que se segue foi publicado na edição de 14 de Maio do jornal Revolution/Revolución, voz do Partido Comunista Revolucionário, EUA (em inglês em revcom.us/a/046/may_1_editorial.html e em castelhano em revcom.us/a/046/1_mayo.html).
Arriscando a vida para atravessarem a fronteira.
Perseguidos pela Migra [a polícia da imigração] e tratados como criminosos.
Aglomerados em bairros degradados.
Morrendo lentamente em plantações que vos estragam as costas e em fábricas que vos sufocam.
Os poucos direitos que têm estão sob ataque.
Eles querem tirar-vos a vossa própria humanidade.
1º de Maio de 2006 nos Estados Unidos de América: Uma inegável força de mais de um milhão de imigrantes e seus aliados disse Basta Ya! Já Chega!
As pessoas encheram as ruas das grandes cidades, de cidades pequenas e de cidades rurais – esvaziando fábricas e escolas e fechando restaurantes e lojas. Mais de meio milhão de pessoas em Los Angeles. 400 000 em Chicago. Dezenas de milhares em Nova Iorque, São Francisco, Seattle, Milwaukee. Muitos milhares mais de costa a costa, incluindo cidades pequenas e zonas rurais dos estados do Iowa, Nebrasca, Kansas, Wisconsin, Minnesota e Texas. As multidões eram compostas esmagadoramente por Latinos [latino-americanos], mas também havia muitos grupos de imigrantes tão diversos como de África, Caribe, Ásia, Médio Oriente, Europa de Leste e Irlanda.
Foi uma enorme efusão de resistência contra os esforços do governo deste país para intensificar a perseguição e a exploração dos imigrantes sem papéis.
Com grande risco pessoal, muitas centenas de milhares de imigrantes, maioritariamente proletários, saíram da sombra e ergueram desafiadoramente a sua cabeça. Uma tal efusão de resistência é algo que se deve defender e celebrar. Um tal espírito heróico é algo que se deve apoiar e divulgar.
Uma erupção de protestos tem vindo a aumentar entre os imigrantes durante os últimos meses. E está a mudar a paisagem política deste país. Está a atrair milhões de pessoas para a luta contra o governo, contra o sistema. E está a levantar importantes questões sobre a natureza deste sistema, sobre como o combater e sobre o que é necessário para realmente pôr fim à exploração e à opressão.
A acção de uma minoria está a inspirar e a abrir a mente de muito mais gente. E para todos os que estão indignados com o rumo que o governo Bush está a dar a este país e a todo o planeta – este é um exemplo importante.
Várias leis anti-imigrantes estão a ser propostas no Congresso. Políticos fascistas como o congressista Tom Tancredo querem negar a cidadania às crianças nascidas nos EUA cujos pais sejam imigrantes sem papéis. E grupos vigilantes como os Minutemen estão a patrulhar a fronteira com armas, à caça de imigrantes a quem chamam de ameaça ao “tecido da América”. Numa situação destas, este novo movimento de imigrantes não está a ficar paralisado pelo medo, nem a ser ainda mais profundamente empurrado para as sombras. As pessoas estão a sair à rua e a dizer: “¡Bush escucha! ¡Estamos en la lucha!” e “¡El pueblo unido jamás será vencido!”.
É verdadeiramente emocionante e significativo quando centenas de milhares de proletários saem para as ruas, aqui mesmo nos Estados Unidos. E é muito apropriado que estes protestos aconteçam no 1º de Maio – o feriado revolucionário do proletariado internacional. Muitas destas manifestações foram intitulados “Um Dia Sem Imigrantes” e o pedaço de realidade que isto evidenciou foi difícil de ignorar, já que fábricas, restaurantes, construções, jardins, transportes e muitas outras indústrias e serviços ficaram completamente paralisados.
Significativamente, esta efusão de protestos encontrou expressão em cidades pequenas e em zonas rurais onde tem havido dramáticas mudanças demográficas durante as últimas décadas. Em muitos desses lugares que raramente, se alguma vez, testemunharam qualquer tipo de protesto político, as unidades de empacotamento de carne e outras indústrias têm vindo sistematicamente a recrutar trabalhadores do México e da América Central. A população de Latinos em muitos desses municípios rurais passou de zero em 1970 para 10 a 45% em 2000. Em Dodge City, no estado do Kansas, 1500 proletários imigrantes marcharam pela rua principal e todas as cinco principais unidades de empacotamento de carne de vaca do Kansas (que empregam mais de 12 000 pessoas) estiveram encerradas. Em Emporia, uma cidade do Kansas com 25 000 habitantes, dos quais 20% são Latinos, mais de 1500 pessoas protestou no parque de diversões do município perto da unidade Tyson de empacotamento de carne, onde muitos imigrantes trabalham. Os imigrantes protestaram em Storm Lake, Iowa, onde 20% dos 10 000 habitantes da cidade são Latinos. A Tyson Foods, a maior empacotadora de carne do mundo, foi obrigada a fechar durante o dia. Em dezenas de outras pequenas cidades, os imigrantes também saíram à rua no 1º de Maio.
Para a classe dominante dos EUA, os milhões de imigrantes que atravessam a fronteira são algo a temer e a atacar. Mas o proletariado revolucionário e os seus aliados dão as boas-vindas a estes irmãos e irmãs imigrantes que são uma força estratégica na luta pela revolução.
Havia muitas bandeiras norte-americanas nessas manifestações – reflectindo as muito difundidas ilusões sobre o que realmente são os Estados Unidos e o que significam para as massas populares daqui e do resto do mundo. No meio disso, a bandeira vermelha foi erguida por milhares de pessoas – incluindo por pessoas que a encaram conscientemente como a bandeira da revolução proletária. Algumas pessoas ergueram a bandeira norte-americana e a bandeira vermelha – reflectindo o facto de que este movimento não se afastou dos limites de uma política burguesa aceitável, bem como reflectindo o movimento e o potencial nesta situação – e a necessidade de uma liderança revolucionária.
Milhões de não-imigrantes deste país, que se opõem à discriminação e aos maus tratos contra os imigrantes, ficaram inspirados por esta crescente luta pelos direitos dos imigrantes e ocorreram importantes expressões disso no 1º de Maio. Em Chicago, trabalhadores sociais que ajudam vítimas de violação saudaram a marcha com cartazes que diziam “Gracias” e “Thank You” [“Obrigado”]. Membros brancos de uma igreja ofereceram água aos manifestantes debaixo de um cartaz onde se lia: “Os Imigrantes de Ontem Apoiam os Imigrantes de Hoje – A Vossa Caminhada é a Nossa Caminhada”. Um contingente multinacional de estudantes de medicina cantou: “Os nossos doentes serão tratados, sem precisarem de papéis”. Outras pessoas participaram nessas manifestações com uma mensagem semelhante: “Somos Todos Imigrantes” e “Nenhum Ser Humano é Ilegal”. Tais sementes de unidade são significativas e, se alimentadas, podem transformar-se em algo necessário, poderoso e belo na luta contra o sistema, na luta por um mundo melhor.
A 1 de Maio de 2006, aqui nas próprias entranhas da besta, é verdadeiramente emocionante e significativo que mais de um milhão de proletários imigrantes tenham saído à rua, em cidades e vilas de todos os EUA, proclamando a sua humanidade e a sua determinação em lutar pelos seus direitos. O sentimento de que “nós, os trabalhadores, fazemos funcionar a sociedade” reflecte uma verdadeira realidade e, ao mesmo tempo, ainda não é e precisa de se tornar numa consciência de classe – ou seja, no reconhecer e agir com base em que, como classe, o proletariado é a única classe que pode e deve dirigir a luta pela libertação de toda a humanidade. A efusão de resistência dos imigrantes que marcou o 1º de Maio deste ano é algo que deve ser verdadeiramente celebrado e aderido. E precisa de ser construído, de modo a que gere uma liderança do proletariado com consciência de classe, que impeça este movimento de ser canalizado para a ineficaz política burguesa e que contribua do modo mais poderoso para a luta revolucionária pela libertação deste planeta de toda a opressão e exploração.