Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 31 de Julho de 2006, aworldtowinns.co.uk

Os objectivos mais vastos – e a responsabilidade – por trás de um massacre made in America

Porque o massacre de Qana foi tão horrível, é muito importante perceber quem são os responsáveis, por que ocorreu e o que eles farão a seguir.

O jornalista Robert Fisk, escrevendo para o jornal britânico Independent (31 de Julho), disse que examinou os fragmentos de um dos mísseis que aniquilaram a maior parte das duas famílias. Eram norte-americanos e neles estava escrito: “Para uso na Bomba Guiada MK-84 BSU 37 B”. Também se crê que os aviões envolvidos sejam norte-americanos, embora a força aérea israelita também tenha aviões de combate Mirage franceses.

O governo Bush por vezes finge que, ao bloquear os apelos a um cessar-fogo, os EUA estão apenas a respeitar a vontade israelita. Mas a verdade é a oposta. Mesmo o New York Times, um jornal muito familiarizado com o que se passa nos círculos norte-americanos de decisão, disse-o (e não de uma forma desaprovadora). Por exemplo, enquanto crescia a pressão para um cessar-fogo durante as horas após o massacre de Qana, Rice reuniu-se com o primeiro-ministro israelita Ehud Olmert. Depois, Olmert emitiu um comunicado em que declarava que Israel pretendia continuar a bombardear e a disparar durante mais cerca de 10 a 14 dias. O Times citou um “alto responsável israelita” que disse: “Você acha que, com a relação íntima que ele tem com Bush e Condi, iria dizer algo assim sem o seu consentimento?”.

Não se trata apenas de uma questão de Israel atingir os seus objectivos no Líbano. Em primeiro lugar, esses objectivos são também objectivos norte-americanos e, em segundo lugar, o ataque de Israel ao Líbano também serve bem os mais vastos interesses estratégicos dos EUA na região, contra a Síria e sobretudo contra o Irão. Os israelitas pilotam aviões norte-americanos e despejam bombas norte-americanas e são palavras norte-americanas as que saem das bocas israelitas, tudo para atingirem metas políticas e militares fixadas pela Casa Branca.

Mas o sangue libanês nas mãos dos EUA suja todas as grandes potências.

Israel não poderia continuar a sua destruição em massa sem as bombas e outros fornecimentos que os EUA estão a encaminhar através da Grã-Bretanha. Os aviões norte-americanos de transporte militar param na Escócia para se reabastecerem. Será que as Bombas Guiadas MK-84 que atingiram Qana chegaram a Israel como cortesia da Grã-Bretanha?

No Conselho de Segurança da ONU que tem bloqueado o apelo a um cessar-fogo, a Grã-Bretanha não é mais que uma sombra dos Estados Unidos. A Alemanha está entre os mais próximos apoiantes de Israel. A Chanceler Angela Merkel usa a exterminação nazi dos judeus como desculpa para apoiar o castigo colectivo tipo nazi que Israel pratica e justificar os massacres como Qana. A França apelou a um cessar-fogo, mas brandamente, pelo menos até agora, à espera que os EUA a deixem manter os seus próprios interesses políticos e económicos no Líbano. Também a Rússia está estranhamente sossegada.

Durante o dia que se seguiu ao massacre de Qana, milhares de libaneses, religiosos e laicos, homens e mulheres, atacaram furiosamente a sede da ONU em Beirute. Pode ter sido por isso que o primeiro-ministro libanês sentiu que não poderia receber Rice e por que Rice decidiu cancelar a sua visita. Importantes manifestações contra os EUA, Israel e a ONU também tiveram lugar em Bruxelas, Paris, Cairo, Damasco, Teerão, várias cidades do Paquistão, Deli e noutros lugares, todas para exigir o fim da matança israelita. Na semana anterior, Londres testemunhou uma marcha de protesto de várias dezenas de milhares de pessoas e um protesto bloqueou a avenida frente à embaixada israelita em Bogotá, na Colômbia.

Rice diz que quando estiver pronta, permitirá um cessar-fogo – apenas para enviar uma “força internacional” de soldados europeus para continuarem o trabalho de Israel: assumir o controlo do Líbano. Isto pode desencadear ainda mais oposição das massas. A questão de saber qual o papel que os povos do mundo desempenharão nesta crise poderá estar a chegar à ribalta.

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