Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 14 de Junho de 2010, aworldtowinns.co.uk

PC(M)A:
“Ergamo-nos contra a execução de imigrantes afegãos no Irão!”

Publicamos de seguida excertos de um comunicado do Partido Comunista (Maoista) do Afeganistão datado de 17 de Maio de 2010.

Nas últimas semanas foram executados no Irão 45 afegãos acusados de tráfico de droga. As autoridades iranianas entregaram os seus corpos às famílias por um preço de 1,5 milhões de touman iranianos (cerca de 1200 €). Diz-se que alguns dos seus órgãos internos tinham sido removidos. Também se diz que muitos mais – possivelmente 3000 – já foram condenados à morte.

Tem havido protestos contra o assassinato em massa de cidadãos afegãos no Irão, motivados por várias considerações. Porém, o regime fantoche [do Afeganistão] e os seus amos ocupantes escolheram ficar calados. Eles estão de facto a cooperar com este crime e têm interesse nisso. A República Islâmica do Irão foi um dos patrocinadores da conferência traidora de Bona (Dezembro de 2001) que decorreu sob supervisão imperialista. Também tem sido um dos patrocinadores regionais do regime fantoche e já gastou cerca de mil milhões de dólares no programa dito de reconstrução do Afeganistão. Devido às suas próprias contradições com os EUA, a República Islâmica do Irão exprime por vezes oposição às forças estrangeiras no Afeganistão e apoia a diferentes níveis alguns círculos da oposição fundamentalista, mas é sobretudo um dos apoiantes regionais do regime fantoche e os dois mantêm boas relações.

Além disso, as redes de tráfico de droga do Afeganistão, ligadas a altos responsáveis do regime fantoche entre os quais Vali Karzai, irmão do Presidente Hamid Karzai, e Ghasim Fahim, vice-presidente de Karzai, não conseguiriam manter o seu negócio sem as ligações e relações à rede de traficantes e distribuidores de droga do Irão, aí ligadas a altos responsáveis do regime islâmico.

Segundo os responsáveis do regime fantoche e os seus amos estrangeiros, não há nenhuma base para o emprego de mais de 60% da população do Afeganistão. De facto, dado o quadro da divisão internacional de trabalho sob domínio norte-americano, o Afeganistão foi relegado ao papel de produtor de droga e trabalhadores para os países vizinhos ou outros.

É por esta razão que uma grande parte dos trabalhadores do Afeganistão é forçada a emigrar, em grande parte para o Irão e o Paquistão. A maioria deles não tem residência oficial válida nem licença de trabalho e recebe menos que os trabalhadores locais. As centenas de milhares de imigrantes do Afeganistão nesses dois países estão sob uma pressão particularmente severa. São brutalmente explorados – no Irão, os seus salários são metade dos dos trabalhadores iranianos e não beneficiam de nenhum serviço social. Enfrentam o constante chauvinismo iraniano e a ameaça de prisão e deportação. Quando são detidos, podem ser mandados para a prisão sob vários pretextos, sem direito a defesa legal. Ou podem mesmo ser executados.

Actualmente, estão na prisão no Irão cerca de 6000 trabalhadores afegãos. A maioria das acusações contra eles envolve travessia ilegal da fronteira, residência ilegal, tráfico e venda de drogas e, em alguns casos, roubo e assassinato. A maioria dos acusados de tráfico de droga não tem nada a ver com drogas e foram falsamente acusados. Os envolvidos no tráfico de drogas podem ser divididos em duas categorias. Aqueles que trabalham para as redes ligadas ao governo iraniano têm imunidade; mesmo que sejam presos, são muitas vezes rapidamente libertados. Os outros são pequenos traficantes e distribuidores de droga que trabalham por conta própria ou para redes não ligadas ao governo iraniano.

As redes ligadas ao governo iraniano desempenham o papel central no tráfico e distribuição de drogas. Elas actuam através das forças iranianas de segurança para eliminarem os seus rivais. Os imigrantes afegãos presos, encarcerados e executados que estavam realmente envolvidos no tráfico de droga pertenciam a esta última categoria. Apenas alguns dos 45 executados eram realmente traficantes ou distribuidores e a maioria dos que foram executados ou que ainda estão na prisão caiu numa trama com base em dossiês falsos. É muito provável que, no futuro próximo ou sempre que o quiser, o governo criminoso da República Islâmica do Irão execute mais alguns desses presos.

É provável que o assassinato em massa de 45 afegãos no Irão seja o prefácio de uma sangrenta repressão interna ou uma cobertura para a República Islâmica fazer acordos com os imperialistas atrás de portas fechadas. De qualquer forma, não é possível ficarmos calados perante a continuação destes crimes do regime islâmico iraniano.

O Partido Comunista (Maoista) do Afeganistão condena a execução em massa de imigrantes afegãos e o encarceramento em massa desses imigrantes no Irão. Para nos opormos a estes crimes brutais e impedirmos a sua continuação, devemos organizar movimentos e lutas contra os mercenários dependentes (o regime iraniano), a todos os níveis e dentro e fora do país, com as formas adequadas.

O Partido Comunista (Maoista) do Afeganistão considera a República Islâmica do Irão, cujas mãos estão profundamente encharcadas com o sangue dos filhos do povo iraniano e com o sangue dos imigrantes afegãos no Irão, um dos inimigos regionais da resistência nacional dos povos revolucionários e, naturalmente, o inimigo principal da revolução iraniana, e considera-o um elo da rede internacional da reacção. Acreditamos que devemos desencadear uma luta comum, em cooperação regional com os comunistas e as forças revolucionárias do Irão, contra os ocupantes imperialistas e o seu regime fantoche no Afeganistão, e levar a cabo uma luta comum contra a República Islâmica do Irão, esse colaborador regional do regime fantoche-ocupante.

Morte ao regime criminoso da República Islâmica do Irão!
Abaixo os ocupantes imperialistas e o seu regime fantoche!
Avancemos rumo ao início e desenvolvimento da resistência nacional dos povos revolucionários contra os ocupantes imperialistas e o regime fantoche!
Avancemos rumo ao início e desenvolvimento de lutas regionais coordenadas contra os ocupantes e o regime fantoche e a reaccionária República Islâmica do Irão, colaboradora regional do regime fantoche do Afeganistão!

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