Publicado originalmente no sítio do jornal Revolution/Revolución, voz do Partido Comunista Revolucionário, EUA (em inglês a 23 de outubro de 2023 em revcom.us/en/bob_avakian/palestine-israel-imperialism-war-danger-even-greater-war-and-revolutionbasic e em castelhano a 25 de outubro de 2023 em revcom.us/es/bob_avakian/palestina-israel-imperialismo-guerra-el-peligro-de-una-guerra-aun-mas-grande-y).

Aos revcoms, incluindo os membros e apoiantes dos Clubes Revolução

A PALESTINA, ISRAEL E O IMPERIALISMO: A GUERRA, O PERIGO DE UMA GUERRA AINDA MAIOR — E A REVOLUÇÃO

ORIENTAÇÃO DE BASE, AGITAÇÃO CONVINCENTE E MOBILIZAÇÃO DAS MASSAS

Bob Avakian

Nota da Redação do Revolution/Revolución: Este texto de Bob Avakian foi escrito para as fileiras dos revcoms (comunistas revolucionários) mas, dada a sua urgência, foi decidido que seria importante partilhá-lo com uma audiência mais vasta. Excertos deste texto estão disponíveis no revcom.us para distribuição em massa.

Com Biden a apoiar aberta e vigorosamente o genocídio israelita contra o povo palestino, e ao mesmo tempo a promover agressivamente uma escalada da guerra por procuração dos EUA contra a Rússia na Ucrânia, e preparativos adicionais para uma guerra com a China — tudo isto incrementando imensamente a perspetiva não só de um muito mais amplificado e horrível sofrimento do povo palestino, mas também o perigo de uma guerra nuclear que poderia aniquilar a existência humana tal como a conhecemos... perante tudo isto, é crucialmente importante sermos claros quanto ao que isto implica quanto ao fundamental e ao que está profundamente em jogo, de modo a que tenhamos uma firme orientação e estejamos ativamente preparados para falar e mobilizar as massas de pessoas numa oposição determinada a tudo isto, e também para fazermos avançar as coisas em direção à única verdadeira solução para tudo isto: a revolução que é necessária, com crescente urgência, e que é mais possível neste “momento pouco comum”.

Nesta situação, é ainda mais agudamente necessário e de importância decisiva denunciar as ações imperialistas e a natureza deste sistema e salientar de forma acentuada o facto de Biden, e toda a classe dominante que ele representa, serem (como tão poderosamente disse Malcolm X) os “lobos de mandíbulas ensanguentadas”, com o sangue a escorrer das bocas quando falam hipocritamente em “liberdade” e “direitos” e até se atrevem a falar em “paz”! Como parte disto, será importante expor a hipocrisia de Biden e dos demais quando denunciam Putin como criminoso de guerra pelo assassinato de civis na Ucrânia, ao mesmo tempo que Biden e toda a classe dominante dos Estados Unidos apoiam totalmente e fornecem a Israel ainda mais meios para que leve a cabo a genocida chacina de civis palestinos. E é muito importante continuar a salientar o elemento unificador de tudo isto: O que motiva Biden e os demais — o que eles querem dizer com “interesses nacionais” e “interesses de segurança” dos Estados Unidos — não é por preocupação com as vidas ou os direitos das pessoas, em nenhum lugar, mas sim com os assassinos interesses opressores do império norte-americano ensopado em sangue, os quais eles estão preparados para impor com uma violência genocida e mesmo com o perigo de aniquilação da existência humana.

Alguns dos tópicos que se seguem já foram publicados no revcom.us e incluídos no The RNL Show (Canal RNM — Revolução e Nada Menos), juntamente com outras denúncias e análises destas importantes questões. Mas eu senti que seria importante reunir num só lugar os pontos essenciais de orientação para nossa própria compreensão e como base para a agitação de mobilização das vastas massas de pessoas — e para lutar com elas quando necessário. Ao mesmo tempo, é necessário continuar a consultar o revcom.us e o The RNL Show para uma atualização das análises e orientações à medida que a situação se desenvolve e quase certamente se intensifica.

Primeiro, algumas verdades básicas sobre a Palestina e Israel

Israel, com o apoio dos imperialistas “ocidentais”, e acima de tudo dos EUA, é a força dominante e opressora na sua relação com o povo palestino. Israel foi fundado, há 75 anos, com base num massivo terror contra as massas do povo palestino, e desde então tem cometido repetidas atrocidades contra o povo palestino. Isto é um facto histórico.

O Hamas não é revolucionário e os objetivos dele não são emancipadores — não é uma força para a libertação, é ele próprio uma força opressora. As atrocidades cometidas pelo Hamas contra civis israelitas resultam da natureza, objetivos e métodos reacionários do Hamas como fanáticos fundamentalistas religiosos (islâmicos). É necessário condenar estas atrocidades. Mas não são nenhuma espécie de “novo holocausto” envolvendo um genocídio contra o povo judeu — e não são nada próximo do horrível sofrimento que Israel tem imposto ao povo palestino há gerações. Até agora, o número de civis palestinos, entre os quais crianças, que Israel assassinou desde o ataque do Hamas já é muito maior do que o de civis israelitas assassinados nesse ataque — e somam-se aos milhares mais que Israel assassinou só desde 2008.

Isto não é a década de 1930 nem a Segunda Guerra Mundial, quando os nazis, como força que governava a Alemanha, cometeram horrendas atrocidades e assassinatos em massa contra milhões de judeus. As circunstâncias atuais não correspondem a uma situação em que os palestinos estejam a arrebanhar judeus indefesos para campos de concentração e a submetê-los a um genocídio. A situação real é a oposta.

Israel é uma potência militar com armas nucleares, fortemente apoiada e abastecida pela potência imperialista dominante no mundo, os EUA. Israel tem, desde há gerações, imposto aos palestinos uma opressão tipo apartheid, negando-lhes direitos básicos. E, especialmente no que diz respeito aos mais de dois milhões de palestinos de Gaza, metade dos quais crianças, Israel tem-lhes negado até mesmo os meios para viverem para além da mais minimal e desesperada existência.

Enfatizando uma vez mais alguns factos básicos e cruciais: Israel é um país que, com o apoio de grandes potências imperialistas, foi fundado há 75 anos como estado racista, supremacista judaico, com base numa horrenda limpeza étnica — com assassinatos em massa, estupros e a destruição de aldeias palestinas inteiras, expulsando as massas palestinas das suas terras e incorporando essas terras no território cada vez mais expandido do que se viria a tornar o estado de Israel (que nunca tinha existido antes da Segunda Guerra Mundial). E agora Israel, com o total apoio dos imperialistas norte-americanos, está abertamente a cometer um genocídio contra os palestinos.

A verdade é esta. Descreve a realidade essencial desta situação e da sua história. Esta verdade não é “antissemítica” — é simplesmente a verdade.

Uma outra verdade importante

Porque razão Biden, e basicamente todo o governo e toda a classe dominante dos EUA, estão a apoiar Israel no seu genocídio contra o povo palestino, perante o olhar do mundo inteiro? Isto não se deve ao “poder do lóbi judeu” — nem a nenhuma ideia ignorante, ridícula e ultrajante de que “os judeus controlam tudo”. Isto acontece porque Israel desempenha um “papel especial” como bastião fortemente armado de apoio ao imperialismo norte-americano numa região estrategicamente importante do mundo (o “Médio Oriente”). Além disso, Israel tem sido uma força-chave a cometer atrocidades que têm ajudado a manter o domínio opressor do imperialismo norte-americano em muitas outras partes do mundo.

Esta — a manutenção e imposição da dominação assassinamente opressora do imperialismo norte-americano — é a mesma motivação pela qual Biden está a promover uma maior intensificação da guerra por procuração que os EUA estão a levar a cabo contra a Rússia na Ucrânia, bem como dos preparativos adicionais para uma guerra com a China, mesmo à custa de estarem a arriscar a própria existência da humanidade.

Tudo isto é a verdade básica sobre a realidade essencial. E realça agudamente uma vez mais a profunda importância da minha afirmação de que Já não podemos mais permitir que estes imperialistas continuem a dominar o mundo e a determinar o destino da humanidade. É necessário derrubá-los tão rápido quanto possível. E é um facto científico que não temos de viver desta maneira.

Outros factos importantes, e a lógica perversa dos apoiantes sionistas de Israel

Para que fique claro um facto muito importante: o sionismo não é o mesmo que o judaísmo.

O judaísmo é uma religião, uma cultura e um povo que partilha essa cultura.

O sionismo é uma doutrina e ideologia política racista, supremacista judaica. O sionismo é a base ideológica sobre a qual foi fundado o estado de Israel, e que ele continua a perpetuar como racionalização para a sua existência, e para a sua opressão e destruição do povo palestino.

Eis a “lógica” perversa dos apoiantes sionistas de Israel, cuja posição equivale ao seguinte:

“Não consigo entender. Quando nós, os judeus, estávamos a ser vítimas de um genocídio, as pessoas decentes em todo o mundo condenavam aqueles que estavam a cometer esse genocídio. Mas agora, quando nós estamos a cometer um genocídio contra os palestinos, as pessoas decentes estão a condenar-nos. Simplesmente não consigo entender. Só pode ser antissemitismo.”

Não — não é antissemitismo —, é uma consistente e justa oposição às atrocidades, seja quem for que as esteja a cometer.

Alguns pontos adicionais para uma compreensão e uma abordagem de base em relação à Palestina e Israel

Temos de continuar a fazer análises e denúncias agudas e convincentes sobre este conflito na Palestina-Israel, e o papel das diferentes forças, à medida que as coisas continuem a se desenvolver e, sem dúvida, se tornem ainda mais horríveis, em termos do que estão a fazer os israelitas e os apoiantes deles (acima de tudo, o governo e a classe dominante dos Estados Unidos). E teremos de continuar a fazer análises e denúncias muito agudas e convincentes do que representam as várias forças envolvidas — análises e denúncias que derivem dos interesses fundamentais das massas de pessoas, e que continuamente tragam à luz do dia esses interesses — no conflito imediato, nessa parte do mundo (o “Médio Oriente”), nos EUA e no mundo em geral. Isto terá de envolver seguir de perto os acontecimentos e, entre outras coisas, levar a cabo polémicas muito agudas e convincentes contra as posições e linhas erradas expressas por várias forças, incluindo (mas não se limitando a) forças e pessoas poderosas e influentes, na classe dominante, entre as celebridades, etc.

Embora as ações do Hamas envolvendo o assassinato de idosos e crianças (e alegadamente o estupro e outros abusos sexuais de mulheres) não possam ser justificadas de forma nenhuma, é repugnante que não só a classe dominante e os seus meios de comunicação, mas também muitas celebridades e outras pessoas nos Estados Unidos, pareçam só notar, ou só se preocupar com, o massacre de pessoas inocentes, e em particular de crianças, quando elas são israelitas (ou, de uma maneira mais geral, aqueles que esses norte-americanos estão condicionados a pensar como sendo “os nossos amigos e aliados”, como as pessoas da Ucrânia) e não pessoas como os palestinos. Embora haja uma significativa oposição e tendências mais positivas entre as pessoas nos Estados Unidos, de facto parece que os palestinos realmente não contam, que são invisíveis — ou mesmo que de facto não são considerados seres humanos — para demasiadas pessoas nos Estados Unidos, para além de para a monstruosamente criminosa classe dominante. E isto é ainda mais ultrajante tendo em conta que o número de crianças palestinas assassinadas, só na atual situação, já é maior que o número de crianças israelitas assassinadas — e tendo em conta os últimos cerca de 15 anos, é muito, muito, muito maior, a acrescentar a todas as outras formas como o povo palestino, desde há gerações, tem sido brutalmente oprimido e reprimido por Israel, com o total apoio dos EUA e dos seus representantes políticos e representantes, de ambos os partidos da classe dominante (tanto o Democrata como o Republicano).

Entre outras coisas, é muito importante o gráfico (publicado no nosso sítio na internet) que mostra a grande diferença entre o número de palestinos assassinados e o muito pequeno número de israelitas assassinados ao longo dos últimos cerca de 15 anos (antes de 7 de outubro deste ano). (Isto faz lembrar a grande disparidade entre o número de negros e latino-americanos assassinados pela polícia nos Estados Unidos, que se contam em milhares, em comparação com o número de agentes policiais assassinados por negros e latino-americanos, que é muito reduzido.) Esse gráfico (de comparação entre palestinos e israelitas assassinados) deve continuar a surgir em destaque e deve ser usado, ainda que seja continuamente atualizado para incluir os israelitas assassinados desde os acontecimentos iniciados a 7 de outubro e, simultaneamente, o número em crescente expansão de palestinos assassinados que deverão continuar a exceder muito o número de israelitas assassinados, desde 7 de outubro. (O número de palestinos assassinados em Gaza desde 7 de outubro já excedeu muito o número que Israel está a relatar de mortes israelitas como resultado do ataque do Hamas a 7 de outubro. O número de palestinos assassinados em Gaza deve aumentar, e muito provavelmente deve aumentar muitíssimo, à medida que a situação continue a se desenvolver. E entre esses palestinos assassinados, um enorme número deles serão crianças, um número muito maior do que o de crianças israelitas assassinadas pelo Hamas.)

À medida que a situação continue a se desenvolver, será importante fazer uso de uma representação gráfica permanentemente atualizada do número total de palestinos e israelitas assassinados (em resultado do conflito de base entre os dois lados) desde 2008, bem como do número total, em cada lado, apenas desde os acontecimentos de 7 de outubro. Também seria bom haver pelo menos alguns cartazes de grandes dimensões com o gráfico dessas mortes (de palestinos em comparação com os israelitas) para usar em lugares públicos, especialmente assumindo que este conflito — ou este massacre cada vez mais unilateral — irá continuar a se intensificar, e que o número de mortes irá aumentar, o que será certamente o caso.

À medida que a situação neste conflito se desenvolvem e se intensificam (e talvez se propaguem para envolver outros atores dessa região do mundo), teremos de nos relacionar, da melhor maneira possível, com os protestos de oposição ao massacre israelita e em defesa dos direitos fundamentais (e das vidas) do povo palestino, ao mesmo tempo que promovemos consistente e vigorosamente, e convincentemente, a nossa compreensão científica deste conflito, das suas causas fundamentais e da solução fundamental para tudo isto — uma verdadeira revolução — e também de contrastarmos isto com as não-soluções e as abordagens erradas. (Ao nos relacionarmos com qualquer protesto, será muito importante salientar a importância de definir corretamente as linhas divisórias — as quais devem incluir, como aspecto importante, não apoiar o Hamas nem as verdadeiras atrocidades que cometeu no seu recente ataque.) Em todo o caso, em todas as circunstâncias e em geral, precisamos de estar a promover consistente e vigorosamente, e vigorosamente, a nossa própria compreensão científica deste conflito, das suas causas fundamentais, e da solução fundamental para isto: como tudo isto está relacionado com a revolução que é urgentemente necessária, e que é mais possível agora neste “momento pouco comum”, aqui mesmo nas “entranhas da besta”.

Como deixou claro o governo israelita, isto é apenas o início do que virão a ser acontecimentos mais prolongados e horrendos, impelidos em grande parte por Israel (uma vez mais, com o total apoio dos EUA e seus “aliados”). Para salientar isto novamente: teremos de prestar uma atenção constante e sistemática a isso, e agir de várias formas em relação a isso — ao mesmo tempo que o fazemos de uma maneira sistemática, com base na nossa orientação estratégica revolucionária fundamental, particularmente nas circunstâncias agudas, e continuamente intensificadas, deste “momento pouco comum” (incluindo acontecimentos como os que estão a ocorrer agora que, como disse um camarada dirigente, “surgem do nada, mas não emergem num vazio”. Também é necessário ter em conta que, à medida que as coisas continuem a se desenvolver, e quase certamente a escalar, particularmente em termos das ações e atrocidades cometidas por Israel (com o aval dos EUA e seus “aliados”), muito provavelmente irão continuar a haver manifestações opostas, etc.: algumas de pessoas a apoiar o que Israel está a fazer — em nome do seu direito à “autodefesa”! — e outras de pessoas que se opõem a isso, de várias maneiras e de várias perspetivas. Assim, repito, teremos de nos continuar a relacionar com isto, em várias dimensões, com base na nossa compreensão e abordagem estratégicas, e será necessário promovermos ousadamente esta compreensão e abordagem, e lutarmos ferozmente por ela, contra todos os tipos de pontos de vista errados.

Tendo presente que as pessoas em geral sabem muito pouco (e são mantidas na escuridão) sobre coisas grandes, sobre a história importante, e por aí fora, será importante continuar a salientar o papel de Israel, não apenas como força opressora que impõe com violência assassina um estado de existência tipo apartheid, com todo o extremo sofrimento que isto inflige ao povo palestino, mas também o papel de Israel como elo-chave (e desempenhando uma espécie de papel especial) ao serviço da dominação norte-americana nessa região crucial (do “Médio Oriente”), e ao serviço da posição dominante do imperialismo norte-americano — e das suas movimentações cada vez mais perigosas para manter essa posição dominante — no mundo como um todo.

Uma outra coisa importante que é necessário que as pessoas tenham é uma compreensão, em termos básicos, do porquê e como o Hamas (que obviamente não é uma força positiva) se foi tornando cada vez mais o “rosto” da resistência palestina — incluindo o papel de Israel nisto e as consequências das ações de Israel, bem como o papel da “Autoridade Palestina”, como ferramenta de facto de Israel — ao mesmo tempo que continuamos a denunciar toda a história e a atual realidade das atrocidades israelitas, desde a fundação do estado de Israel (e durante o processo de fundação), a natureza essencial de apartheid da opressão dos palestinos, e a realidade de que todos estes chacais imperialistas estão aqui a exprimir o seu agressivo apoio a um brutal estado de apartheid, Israel, cujos atos estão agora verdadeiramente a atingir as dimensões de um genocídio — assassinando deliberadamente um grande número de pessoas de um povo inteiro (os palestinos).

Ligado a isto, um comunicado de um grupo — obviamente com uma perspetiva “woke” (“consciencializada”) — lança luz sobre as tendências que é necessário combatermos, ao mesmo tempo que estamos firmemente com o povo palestino. Esse comunicado “woke” dizia que o grupo que o emitiu está com os colonizados (ou seja, neste caso, o povo palestino) na resistência à sua opressão por quaisquer meios com que “eles” escolham usar para levar a cabo essa resistência. Aqui, uma vez mais, é importante assinalar que não há nenhum “eles” (uniforme): há o povo palestino, com diferentes classes, formações sociais e forças organizadas entre eles. E a questão decisiva é: Quais são os interesses fundamentais das massas do povo palestino, e qual é a abordagem de base, e quais são os meios, que podem contribuir para acabar com a sua opressão e para acabar com toda a opressão? (Não é que haja uma “resposta fácil” a como concretizar a libertação do povo palestino, mas estes são os tipos de questões com as quais é necessário lutar — em oposição à posição de que seja o que for que “eles” decidam representa os meios corretos e é o que deve ser apoiado.) O tipo de comunicado “woke” que aqui citei, e outros que exprimem essencialmente o mesmo ponto de vista, distraem as pessoas desta questão decisiva e de facto ajudam os opressores do povo palestino a pintar toda a resistência no mesmo campo que o Hamas, com os seus pontos de vista, programa e abordagem fundamentalmente negativos, contribuindo assim para desacreditar toda a resistência e justificar a horrenda opressão, e o flagrante massacre, aos quais o povo palestino tem estado continuamente submetido desde há gerações (mesmo antes dos terríveis acontecimentos que agora se estão a desenrolar).

Ao mesmo tempo, é necessário dizer que, mesmo com a distinção que é necessário fazer entre a justa resistência e as reais atrocidades que o Hamas cometeu (que não têm justificação possível), também deve ser feita, e continuamente salientada, uma clara distinção entre Israel e seus apoiantes imperialistas, acima de todos eles os EUA, que é a nação e a força opressoras, e, por outro lado, a nação oprimida, os palestinos. Sim, é verdade, como continuamente insistem os apoiantes de Israel, que não pode haver nenhuma “equivalência” entre Israel e os palestinos — mas a realidade é a oposta daquela em que esses apoiantes de Israel insistem: não há equivalência entre a nação opressora, Israel, e a nação oprimida, a Palestina; e as ações dos israelitas são muito piores, numa categoria completamente diferente, do que até mesmo as atrocidades cometidas pelo Hamas, porque Israel está numa posição muito mais poderosa para cometer essas atrocidades, e de facto comete-as, numa escala muito maior e com muito mais frequência!

A realidade essencial em tudo isto é que o estado israelita (repito, com o total apoio dos EUA) criou — e mantém de uma forma violenta, cruel e assassina — o apartheid e as condições globalmente opressivas em que o povo palestino está efetivamente escravizado e forçado a sofrer terrivelmente, de uma forma contínua. É esta a fonte fundamental do conflito — e não é possível resolver este conflito de nenhuma forma justa sem um reconhecimento desta realidade opressiva essencial, e sem se agir para a ultrapassar e eliminar.

Ao mesmo tempo, temos de facto de denunciar claramente e combater ativamente quaisquer manifestações ou expressões de antissemitismo, ainda que também salientando muito firmemente que uma oposição a Israel e ao que Israel representa e faz — sempre que essa oposição seja feita numa base e em termos corretos — NÃO é, muito enfaticamente, antissemitismo. (Aqui é importante fazer uma declaração clara e concisa sobre a horrenda opressão do povo judeu historicamente, como a que está concentrada no Holocausto. E, uma vez mais, são definitivamente relevantes e importantes os meus comentários sobre os dois significados diferentes, e fundamentalmente opostos, de “nunca mais!”, juntamente com a minha declaração de que, depois do Holocausto, a pior coisa que aconteceu ao povo judeu é o estado de Israel. Juntamente com isto, uma vez mais, é necessário assinalar que fundar um estado sionista, com base na “limpeza étnica” do povo — as massas palestinas — que vivia nesse território, e depois submetê-lo continuamente a uma opressão tipo apartheid e a uma repressão assassina, não é nem nunca poderia ser, uma resposta justificada e justa às terríveis atrocidades a que o povo judeu tem sido submetido historicamente.)

Um fator muito importante nesta situação é a presença e as ações de literalmente milhares de judeus nos Estados Unidos, de denúncia e oposição às ações genocidas de Israel e exigindo o fim do apoio norte-americano a essas ações. É necessário dar especial atenção ao reconhecimento, e amplificação, das organizações e indivíduos judeus que estão a denunciar publicamente as políticas de apartheid do estado israelita e as represálias genocidas que estão a ser feitas por Israel contra os civis palestinos em Gaza (e noutros lugares), e sempre que possível ligar-nos a essas organizações e indivíduos. Essas vozes e forças judaicas podem desempenhar um papel importante de ir contra a maré de apoio incondicional a Israel, contrariando a ideia de que todas as denúncias de Israel são antissemitismo, e ajudando a esclarecer a história do que foi feito ao longo de décadas de ocupação israelita da Palestina.

Um outro ponto muito importante: Tudo isto, com o que Israel está a fazer agora e a maneira como o governo norte-americano está a agir em relação a isso, e de apoio a isso, constituem circunstâncias muito importantes (e mais “oportunidades”) para fazer denúncias especialmente contundentes e convincentes de Biden e dos Democratas — em particular porque certamente Biden e os Democratas irão alienar algumas pessoas que se preocupam com a justiça para os palestinos, de alguma forma básica — e não são poucas as pessoas que o fazem. Isto também deve incluir uma aguda denúncia da maneira como as “democracias ocidentais” (por exemplo, a França e a Alemanha) estão a tomar medidas para reprimir, e em alguns casos ilegalizar totalmente, não apenas declarações e ações que talvez sejam de facto de apoio ao Hamas, mas também declarações e ações pacíficas que são pró-palestinas em geral. (Isto é um outro exemplo revelador de que a democracia burguesa é de facto uma ditadura burguesa, que se torna ainda mais flagrante em circunstâncias em que a classe dominante sente que os interesses dela estão a ser fortemente desafiados de uma maneira ou de outra.)

Precisamos de “agarrar muito fortemente” isto e de não o largar — de o continuar a salientar e a sublinhar: denúncias convincentes dos representantes deste sistema monstruoso (Biden e os Democratas e, para o caso, a classe dominante norte-americana no seu todo), não só por apoiarem a opressão tipo apartheid e a repressão assassina dos palestinos que dura há várias gerações, mas agora pelo seu apoio vocal e agressivo ao que tem de ser descrito com precisão como as genocidas declarações, e ações, do governo israelita (que incluem “punições coletivas” abertas e descaradas contra os palestinos já vivem encurralados em Gaza e que lutam pela sobrevivência em condições de privação desesperada, metade dos quais são crianças, o assassinato gratuito de civis palestinos por parte de Israel — e, repito, de um grande número de crianças — e em geral massivos crimes de guerra e crimes contra a humanidade, justificados com declarações como “nós [os israelitas] estamos a lutar contra ‘animais humanos’” e declarações descaradas de que não só o Hamas, mas todo o povo palestino em Gaza são alvos legítimos dos ataques israelitas).

Também é necessário salientar, como denúncia de todo o sistema, que esta é uma questão em torno da qual basicamente toda a classe dominante dos Estados Unidos está essencialmente unida — uma vez mais revelando claramente a natureza verdadeiramente monstruosa desta classe dominante e deste sistema — ainda que, ao mesmo tempo, isso não sirva para “sarar as divisões” no interior da classe dominante, as quais se irão continuar a agudizar de uma maneira geral.

Um ponto final fundamental

Temos de assinalar tudo isto de uma maneira convincente, ao mesmo tempo que salientamos firmemente o facto de que tudo isto, uma vez mais, aponta para a necessidade urgente — e para uma possibilidade maior agora do que em “tempos normais” — da genuína solução: uma verdadeira revolução.

Tudo isto — tudo o que está a acontecer com a situação que se está a desenvolver em torno da Palestina e de Israel, juntamente com a pressão feita por Biden para intensificar o perigo de guerra com a Rússia e a China, e a maneira como isto revela ainda melhor a própria natureza do capitalismo-imperialismo norte-americano — destaca uma vez mais a verdade crucial da minha afirmação de que Já não podemos mais permitir que estes imperialistas continuem a dominar o mundo e a determinar o destino da humanidade. É necessário derrubá-los tão rápido quanto possível. E é um facto científico que não temos de viver desta maneira.

E o facto de o genocídio israelita contra os palestinos ser uma questão em torno da qual basicamente toda a classe dominante dos Estados Unidos está unida quanto ao essencial — o que uma vez mais revela claramente a natureza verdadeiramente monstruosa desta classe dominante e deste sistema — ainda que, ao mesmo tempo, isso não sirva para “sarar as divisões” no interior da classe dominante, as quais se irão continuar a agudizar de uma maneira geral: Isto realça uma vez mais e ilustra de uma maneira poderosa a realidade deste “momento pouco comum” em que a revolução é urgentemente necessária e também mais possível.

Temos de agir com ousadia — com a base firme do novo comunismo e do seu método e análises científicos destes acontecimentos que estão a agitar o mundo — para mobilizar um crescente número de pessoas para que despertem para a urgente necessidade e possibilidade desta revolução, e para que ajam decisivamente para tornar isto realidade.

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