Recebemos o seguinte comunicado do CMA-J, a propósito dos acontecimentos do dia 25 de Abril:

Ainda a propósito da violência policial do 25 de Abril de 2007

No passado dia 25 de Abril de 2007, ao fim da tarde, verificaram-se em Lisboa graves atropelos aos direitos e às liberdades dos cidadãos, numa data em que supostamente é comemorada a liberdade. Esses atropelos consistiram numa violência indiscriminada das forças policiais que carregaram sobre jovens que tinham acabado de realizar uma manifestação anticapitalista e antifascista.

Essa manifestação, que congregou cerca de 500 pessoas, teve início às 18h na Praça da Figueira e dirigiu-se ao Largo do Camões, num espírito de grande combatividade e festa, mas sem incidentes, apesar de acompanhada à frente e atrás por um grande número de efectivos policiais.

Quando dispersava, algumas pessoas foram cercadas na Rua do Carmo e alvo da violência dos bastões policiais. A violência policial generalizou-se depois à Rua 1º de Dezembro e ao Rossio, com bastonadas indiscriminadas que fizeram alguns feridos, e resultou na detenção de 12 jovens.

A repressão policial teve também um carácter claramente racista, tendo visado especificamente grupos de jovens de cor de pele diferente, com manobras intimidatórias e empurrando-os para terminais de transportes.

A prepotência policial continuou pela noite dentro junto à 1ª Divisão da PSP, onde estavam detidos os 12 jovens, com atitudes de arrogância e ameaça perante a meia centena de pessoas que aí se concentraram em solidariedade com os presos.

Pese embora a libertação dos 12 jovens, que ficaram sujeitos à medida de termo de identidade e residência, iniciou-se por parte da PSP uma campanha de diabolização dos participantes na manifestação, rotulando-os de perigosos portadores de objectos de "destruição maciça", acusações ridículas e sem nexo, como se houvesse alguma justificação para a exacerbada violência entretanto exercida.

Refira-se ainda que, no chamado Dia da Liberdade, o erário público suportou a mobilização de largas dezenas de efectivos policiais em defesa de publicidade e da sede de uma organização de cariz fascista.

Todos estes acontecimentos estão a ter lugar quando estão em curso manobras que visam branquear a história recente do país: 48 anos de fascismo, causadores de um atraso atroz no desenvolvimento do país, uma miséria extrema, uma guerra colonial que matou cerca de 10 mil jovens portugueses, já para não falar nos traumas da guerra. Assiste-se ao ressuscitar de simbologia salazarenta e ao ressurgimento de toda a espécie de pides, conjugados com ondas de racismo e xenofobia protagonizados por grupelhos de criminosos.

O Colectivo Mumia Abu-Jamal apela ao cerrar de fileiras e ao elevar da consciência de todos, ao reavivar da memória colectiva, recusando o regresso ao passado e lutando por uma sociedade mais justa, sem racismo nem xenofobia.

27 de Abril de 2007
O Colectivo Mumia Abu-Jamal

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[Veja imagens que contrariam a versão da PSP e verifique quem são os agressores e quem são as vítimas, por exemplo em galerias.escritacomluz.com/ajlborges/album06/aaa e noutros blogues.]

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