Imigrantes manifestam-se em Lisboa por regularização e integração
Por B. Lisboa



A 20 de Março, meio milhar de pessoas concentraram-se pelas 14h30 no Martim Moniz, em Lisboa, para pedir a regularização da situação legal e pela integração de todos os imigrantes. A praça encheu-se de gente vinda de todo o mundo, que viajou de todo o país para aí estar em solidariedade com os muitos mais imigrantes que não puderam vir. Ouvia-se o som de tambores africanos tocados bem alto e que marcaram o ritmo da concentração e da marcha que se seguiu.
“Sangue dos imigrantes faz a riqueza do Kapital”, “Ninguém é ilegal”, “Residência para todos”, “Imigrantes contra a escravatura”, “Não à Europa fortaleza”, “Portugueses e imigrantes a mesma luta” – a diversidade de origens também se reflectia nos cartazes e faixas empunhadas. A concentração foi convocada por 35 organizações de imigrantes, sindicais, anti-racistas, religiosas e outras, entre as quais o SOS Racismo, o Olho Vivo, a Solidariedade Imigrante, o CMA-J, a Sobor e a CGTP.
As pessoas continuavam a chegar e um grande ambiente de luta, solidariedade, alegria e entusiasmo estava a ser construído entre as gentes de todas as cores: da Europa ocidental, da Europa de leste, africanos, asiáticos e latino-americanos. Cerca de uma hora depois, a concentração começou a subir a Av. Almirante Reis, rumo à Igreja dos Anjos. Aí, puderam ouvir um grande número de curtas intervenções, de representantes das organizações presentes, que falavam com uma grande diversidade de sotaques, por vezes mesmo introduzindo outros idiomas. As pessoas espalhavam-se à volta da Igreja, ouvindo as intervenções, trocando impressões e experiências, cumprimentando-se.
Ucranianos, angolanos, brasileiros, cabo-verdianos, chineses, portugueses, todos aí estavam com um único objectivo: os imigrantes têm os mesmos direitos que os portugueses e são vítimas do mesmo sistema de exploração capitalista, que é preciso destruir, são explorados na mesma sociedade desumana que todos odiamos. À medida que se afastavam avenida abaixo ou avenida acima, emigrantes e portugueses, ainda embalados por sons africanos, discutiam o que fazer a seguir, qual o horizonte e como o atingir.
31 de Março de 2005