Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 17 de Maio de 2004, aworldtowinns.co.uk
Relato do 1º de Maio na Colômbia
Este 1º de Maio, mais de 70 000 pessoas desfilaram no centro da cidade de Bogotá, numa das maiores manifestações em mais de uma década. Muitos jovens de vários sectores da sociedade participaram nela. Particularmente invulgar foi o facto de que mais gente desfilou sob as bandeiras das organizações políticas que sob as dos sindicatos. Outro aspecto importante foi a forma como as palavras de ordem expressaram um nível político mais elevado que os últimos Primeiros de Maio. Os manifestantes repudiaram o regime fascista e pró-imperialista do presidente da Colômbia, Alvaro Uribe – actualmente o mais aberto bajulador dos EUA na América do Sul. Também expressaram diferentes posições de oposição a manifestações do domínio imperialista na Colômbia e no mundo, desde a agressão militar directa como no Iraque aos acordos desiguais e opressivos de comércio como a Área de Comércio Livre das Américas imposta pelos EUA (conhecida pelo seu acrónimo espanhol ALCA). Os maoistas apelaram à derrota do imperialismo, uma posição que teve um papel activo na radicalização de vários outros sentimentos anti-imperialistas e no avanço em direcção a um processo verdadeiramente revolucionário.
Ao contrário da maior parte dos últimos 20 anos, em que predominaram as organizações reformistas e revisionistas (falsos comunistas) e se opuseram à elevação da luta anti-imperialista, censurando mesmo o uso da “antiquada” palavra imperialismo, hoje em dia as organizações que não apelam à luta contra o imperialismo estão politicamente mortas. O bloco revolucionário, internacionalista e anti-imperialista foi encabeçado por um colorido e bem organizado contingente do MRI.
A sua faixa principal tinha as caras de Marx, Lenine e Mao e as palavras “Viva o marxismo-leninismo-maoismo!” pendurada por duas dúzias de balões. Atrás dela, grandes faixas diziam “Celebrar o 20º aniversário do MRI!” e “Fazer do MLM o Comando e Guia da Revolução Colombiana e Mundial”, “Construir o verdadeiro partido MLM em unidade com o MRI!”, “Pôr o MRI no coração dos oprimidos!”, “Submergir o imperialismo num mar de guerras populares!”, “Apoiar as Guerras Populares no Peru e no Nepal!”, “Olhem para os Himalaias, um mundo melhor está a nascer!”, “Libertar os grilhões, soltar a ira da mulheres como uma poderosa força para a revolução.” Foram distribuídos mais de 12 000 folhetos do MRI e do Grupo Comunista Revolucionário da Colômbia.
As Brigadas Anti-Imperialistas, em conjunto com algumas organizações punk e anarquistas, e com trabalhadores, estudantes e jovens dos bairros pobres, juntaram-se a outro bloco internacionalista e anti-imperialista encabeçado por duas faixas gigantes. Uma dizia: “Norte, Sul, Este e Oeste: Unir as Lutas Populares!” A outra, com uma imagem de um kafiya (um símbolo da luta palestiniana) dizia: “Ianques fora do Iraque, da Palestina, da Colômbia e de todo o mundo!” Ambas eram assinadas pelas Brigadas Anti-Imperialistas. Uma “Estátua da Liberdade” de cartão com quatro metros de altura, com mísseis nas mãos e com um boneco com a cara do lacaio Uribe pendurado, acompanharam a manifestação. A queima do ianque teve o apoio dos milhares de pessoas que assistiam ao acontecimento. A manifestação demorou quase cinco horas para cobrir o caminho de quatro quilómetros desde o parque nacional até à Praça Bolívar, local do palácio presidencial, do parlamento e dos tribunais legais. Entre as outras palavras de ordem incluíam-se: “Por um mundo sem imperialismo, construir o Movimento de Resistência Popular Mundial!”, “Ianques vão para casa!”, “Povos da América Latina, unidade e luta contra o imperialismo!” “Resistir ao fascista e lacaio pró-imperialista Uribe!”, “Por um mundo sem imperialismo, desenvolver uma luta anti-imperialista mais alargada, mais profunda e mais determinada!”, “A libertação dos povos não é terrorismo! Imperialistas e reaccionários fora do Nepal!” “Viva o povo heróico de Falluja, símbolo da resistência anti-imperialista!”
Quando a manifestação terminou na abarrotada Praça Bolívar, a polícia atacou um grupo de anarquistas na cauda da manifestação. Nos confrontos alguns manifestantes foram feridos por balas de borracha e latas de gás lacrimogéneo e alguns foram presos. A batalha foi travada com dureza; as massas responderam com varas e pedras. A manifestação foi dispersada por meia dúzia de camiões antimotim com canhões de água e por mais de cem policiais antimotim. Muitas centenas de manifestantes regressaram à praça e lutaram até os presos serem libertados. O ânimo das pessoas era elevado e podia sentir-se que as pessoas anseiam pelas próximas lutas.
Bucaramanga
Mais de 4000 trabalhadores e estudantes, principalmente jovens, e incluindo crianças, desfilaram para comemorar este 1º de Maio. Diversos sindicatos e outras organizações políticas e de massas participaram na manifestação. A Frente Patriótica para a Defesa da Ecopetrol (a companhia petrolífera estatal) denunciou a entrega dos recursos energéticos do país às multinacionais imperialistas como a Chevron-Texaco, a ExxonMobil, a Oxy e a Shell. Os trabalhadores da Coca-Cola apelaram à continuação da campanha de boicote aos produtos da Coca-Cola e denunciaram a aliança entre a companhia e as organizações paramilitares fascistas que mataram muitos políticos e líderes sindicais. As palavras de ordem mostraram uma motivação generalizada de oposição à ALCA e ao domínio imperialista e contra a reeleição de Uribe e das suas medidas fascistas.
Um contingente com mais de 60 jovens, principalmente das Brigadas Anti-Imperialistas, e outras massas revolucionárias (incluindo trabalhadores e estudantes da principal universidade da região), levou faixas contra a ocupação imperialista do Iraque e saudou a resistência aí e na Palestina. Entoando palavras de ordem anti-imperialistas e revolucionárias, estiveram constantemente a saltar, a correr e novamente a caminhar. Também esteve presente um destacamento de apoiantes de GCRC que levava uma faixa gigante com o símbolo do MRI do globo que se liberta e as massas do mundo com armas e as palavras “Celebrar o 20º aniversário do MRI”. Usavam kafiyas que cobriam as suas caras e t-shirts vermelhas com a imagem de Mao enquanto cantavam “A Internacional”. Vários trabalhadores aproximaram-se do destacamento e felicitaram a sua coragem numa região perigosa num país perigoso.
Barrancabermeja
Nesta pequena cidade, o principal enclave petrolífero do país e um bastião do movimento operário militante durante o século passado, e agora em grande medida sob controlo paramilitar, o 1º de Maio foi comemorado com uma considerável manifestação como não se via há muitos anos. Mais de 15 000 pessoas participaram na manifestação. O pano de fundo deste acontecimento foi a resistência dos trabalhadores petrolíferos afiliados à USO, a principal união sindical do país, agora a meio de uma greve contra as políticas de privatização pró-imperialista de Uribe. Um destacamento do GCR distribuiu clandestinamente mil cópias dos comunicados sobre o 1º de Maio do MRI e do GCR.
Medellín
Este ano foram feitos muitos preparativos para o 1º de Maio. Faixas grandes e bonitas e pinturas com mensagens sobre o 20º aniversário do MRI apareceram nas principais universidades da segunda maior cidade da Colômbia. Apoiantes das Brigadas Anti-Imperialistas enfrentaram os guardas e invadiram muitas vezes as salas de aula convidando os estudantes a juntarem-se à manifestação e às comemorações do 1º de Maio. Uma mostra de slides sobre a história do 1º de Maio foi realizada nas universidades e no centro estatal de treino de trabalhadores. Dezenas de activistas distribuíram milhares de folhetos no centro da cidade e em fábricas, escolas e bairros populares.
Mais de 15 000 pessoas desfilaram, a maioria apoiantes de sindicatos, organizações políticas e ONGs. Predominaram as palavras de ordem reformistas, mas três sectores da manifestação fizeram a diferença com palavras de ordem anti-imperialistas. À cabeça da manifestação, jovens radicais acompanharam a coligação política dos sindicatos. A meio estava o contingente do MRI, e na retaguarda os grupos anarquistas. Estes três grupos enfrentaram constantemente a polícia antimotim.
Este ano o bloco do MRI era maior, cerca de 200 pessoas cujas bandeiras vermelhas proletárias contrastaram com as bandeiras negras transportadas pelos anarquistas. O contingente era encabeçado por grandes fotografias de Marx, Lenine e Mao e pelo mesmo tipo de faixas que os maoistas tinham noutras cidades. Apoiantes do GCR, que incluíam membros da organização para a juventude do GCR, os Guardas Vermelhos, aos quais se juntaram apoiantes do Comité para a Unificação dos Marxistas-Leninistas-Maoistas, das Brigadas Anti-Imperialistas, punks do Comité contra a Brutalidade Policial e membros da Juventude Anti-Imperialista. Cerca de 30 vendedores de rua, trabalhadores, professores e estudantes levaram bandeiras com os nomes dos partidos que participam no MRI e bandeiras vermelhas. Este bloco enfrentou muitas vezes provocações policiais e respondeu com varas, de uma maneira compacta. Nos momentos mais acesos, enquanto alguns activistas salvavam os camaradas das garras policiais, trabalhadores de outros blocos ajudavam-nos, juntando fileiras com eles e tornando o seu bloco ainda mais compacto. No final, enquanto a manifestação se dissolvia, alguns activistas foram presos mas foram libertados algumas horas depois com a ajuda de organizações de direitos humanos.
Pereira
A ALCA, o custo elevado dos serviços públicos e o encerramento do hospital universitário foram os alvos principais das palavras de ordem durante a manifestação deste 1º de Maio. A manifestação foi a mais participada dos últimos anos, com mais de 5000 pessoas, algumas de municipalidades vizinhas e de sindicatos, organizações políticas, de estudantes e de mulheres, bem como um bloco maoista e anti-imperialista.
O governo colombiano está a tomar medidas contra qualquer tipo de dissidência, criando leis fascistas, mas este 1º de Maio mostrou uma vez mais que a opressão gera resistência. Em todos os cantos do país, a situação está como uma pradaria seca pronto a arder. Tudo o que precisa é uma política mais revolucionária, mais MLM, que permita unir todos os que podem ser unidos numa frente revolucionária (anti-imperialista e antifeudal) dirigida por um verdadeiro partido comunista que una os verdadeiros comunistas e inicie e dirija a guerra popular. Este é o processo em que o Grupo Comunista Revolucionário está empenhado.