Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 23 de Maio de 2005, aworldtowinns.co.uk

Ofensiva maoista no Nepal: Quatro ataques simultâneos no leste do país

O Exército Popular de Libertação dirigido pelos maoistas elevou a um nível superior a sua ofensiva no leste do Nepal, com um ataque simultâneo a três quartéis militares e a um posto da polícia, infligindo sérias derrotas ao regime.

A agência noticiosa Nepalnews.com informou a 10 de Maio que, “segundo os mais recentes relatos, centenas de rebeldes armados iniciaram ataques a bases conjuntas de segurança em Bandipur e Chorhawa e ao Posto de Polícia Ilaka de Mirchaiya, no mesmo distrito, cerca das 10:00 da noite de 2ª feira [9 de Maio]. Os três postos de segurança estão todos localizados perto da estrada este-oeste, também conhecida como estrada Mahendra. Os rebeldes tinham bloqueado a estrada com árvores derrubadas. Contudo, segundo os relatos, foram enviados reforços de segurança a bordo de helicópteros com equipamento de visão nocturna.”

Outros órgãos da comunicação social nepalesa conseguiram cobrir as notícias antes do Exército Real ter conseguido bloquear a informação. “O EPL atacou três quartéis militares situados ao longo da estrada este-oeste no distrito de Siraha e Dhanusa, no leste do Nepal, a uma distância média de 14 a 15 quilómetros uns dos outros”, escreveu um jornal diário. “Milhares de revolucionários maoistas atacaram o quartel por volta das 10h da noite. O posto da polícia de Mirchaiya, o Posto de Comando Unificado de Bandipur, o quartel do Exército Real em Chorhawa (distrito de Siraha) e um quartel militar em Dharapani (distrito de Dhanusa) foram atacados. Os combates continuaram até às 6h da manhã do dia seguinte.”

No instante em que chegaram as notícias ao quartel oriental de Itahari, o Exército Real enviou um helicóptero com armamento pesado para atacar os maoistas. Os revolucionários conseguiram resistir e anular os seus ataques. No momento do ataque, estavam 500 polícias armados no posto de polícia de Mirchaiya. Também no Posto de Comando Unificado de Bandipur estavam 250 membros do Exército Real. Estavam cerca de 800 soldados do ERN no quartel de Chorhawa e cerca de 1500 no quartel de Dharapani, escreveu inicialmente o jornal. Mais tarde, sob controlo do Exército Real, o jornal publicou uma versão diferente.

As instalações policiais de Mirchaiya e do Banco de Desenvolvimento Nacional da aldeia foram tomadas alguns minutos depois do início do ataque. O EPL capturou cerca de uma dúzia de armas automáticas e várias espingardas 3-0-3. Os maoistas combateram durante muitas horas para capturar o acampamento militar de Bandipur. Apesar dos disparos de armamento pesado que começaram quatro horas depois do início do ataque, acabaram por capturar todas as armas e munições e por destruir os edifícios do Exército Real. Foram mortos dezenas de membros do Exército Real. Os “terroristas do rei”, como o povo lhes chama, não conseguiram chegar à zona do ataque, nem mesmo depois de os maoistas terem partido, e os quartéis destruídos continuam abandonados.

A seguir aos ataques, o Exército Real irrompeu pelas aldeias como abutres cujo ninho tivesse sido destruído e aconteceram diversas escaramuças. Segundo um relato do correspondente do jornal Janadesh no distrito de Dhanusha, o Exército Real bombardeou as aldeias situadas próximas da colina de Siwalik. Mais de 50 civis ficaram feridos e crê-se que algumas dezenas mais foram mortos.

O Exército Real entrou nas aldeias de Jarayotar e Lek Khani, nos distritos de Sindhuli e Udayapur, perseguindo os revolucionários e tentando cercá-los e destruí-los. Mas os terroristas do rei caíram na armadilha dos revolucionários maoistas e alguns contingentes do ERN foram eliminados em combate. Em Lek Khani, cerca de 35 membros do ERN foram mortos no local e crê-se que dezenas de outros ficaram feridos. O EPL capturou meia dúzia de espingardas e milhares de cartuchos de munições, juntamente com uma enorme quantidade de outro material de guerra. O EPL também capturou armas em Jarayotar, onde uma dúzia de soldados do ERN foram mortos e um número semelhante de soldados ficaram feridos. Nesta batalha, morreram três combatentes do EPL. Depois dos ataques do EPL, o déspota feudal Gyanendra Shah mobilizou milhares de forças do Exército Real, incluindo o seu Batalhão Ranger, considerado a sua melhor unidade, para cercar e destruir os revolucionários maoistas. Diz-se que a série de batalhas móveis e posicionais, que duraram uma semana inteira e se desenrolaram a um nível de combate superior ao da guerra de guerrilhas, deixaram o Exército Real extremamente desmoralizado.

Entretanto, o regime de Katmandu continua a sua censura da comunicação social. O estado de emergência foi supostamente levantado, mas ainda continuam reduzidas as liberdades civis. Mesmo estudantes não-maoistas foram presos quando se manifestavam frente ao Supremo Tribunal.

Um membro dirigente da Comissão Política do Partido Comunista do Nepal (Maoista) e Comandante da Divisão Leste do Exército Popular de Libertação, o Camarada Ananta, falou ao Janadesh a 16 de Maio sobre a ofensiva do EPL. Questionado sobre como avaliava os resultados de cada uma das quatro batalhas nos distritos de Siraha e Dhanusa, se êxitos ou fracassos, ele respondeu: “Tendo lançado ataques simultâneos a quatro campos militares, o EPL combateu uma guerra posicional. O nosso plano era capturar os quartéis de Mirchaiya e Bandipur em Siraha e bloquear e danificar os outros dois campos. Tivemos um êxito completo no nosso plano. O quartel do Comando Unificado de Mirchaiya foi tomado. Bandipur foi atingido e parcialmente tomado. Os outros dois, Chorhawa e Dharapani, foram duramente atingidos. Assim, tendo em conta as quatro batalhas, obtivemos uma vitória.”

O Janadesh perguntou o que conseguiu o EPL nessas batalhas. O Camarada Ananta respondeu: “O maior feito destes combates foi que se estabeleceu a base da guerra posicional que aí vem. O sucesso do primeiro plano da ofensiva estratégica na frente oeste confirmou a análise do nosso partido de que a ofensiva estratégica se centraria nas estradas, nas cidades e nas sedes. No decurso dos combates, não aprendemos apenas a fazer a guerra móvel e posicional; também aprendemos a fazer uma guerra posicional estável.”

“Falando do comando leste, um grande feito do EPL foi combater uma guerra posicional a um nível sem precedentes, com ataques simultâneos a quatro campos militares localizados num local que o Exército Real considera ser a sua coluna vertebral e o seu coração, a estrada este-oeste. Depois das vitórias dessa batalha, o inimigo mobilizou milhares de soldados do Exército Real, incluindo o seu Batalhão Ranger, o seu melhor contingente, para nos cercar e destruir. Mas o EPL não só combateu heroicamente e frustrou os seus intentos, como também infligiu sérias perdas ao inimigo e lhe capturou armamento pesado e munições. O outro ponto é que esta frente também foi estabelecida como frente de elevada coragem e grande sacrifício. Com a enorme perda dos camaradas Dinesh e Ramjee, as fileiras do partido e as massas populares experimentaram um forte sentimento de sacrifício.”

Questionado pelo Janadesh sobre a propaganda inimiga de que o EPL sofrera severos golpes e sérias perdas, muito maiores que as vítimas do lado do Exército Real, o Camarada Ananta respondeu: “Não devemos julgar os acontecimentos com base no que o inimigo diz mas com base nos factos. O regime monárquico impôs a censura e a tirania sobre a imprensa para impedir que as massas populares saibam os factos e as notícias positivas do nosso lado.”

“Nestes combates, capturámos em pouco tempo o seu comando unificado de Mirchaiya e capturámos dezenas de armas, milhares de cartuchos de munições e equipamento de comunicações. Na ofensiva de Bandipur, 38 gendarmes reais foram mortos no próprio local e alguns outros que tinham ficado feridos foram mortos mais tarde. Oito deles ainda estão em nosso poder. [Mais tarde, o Janadesh informaria que todos os soldados inimigos capturados tinham sido libertados de boa saúde.] Do nosso lado, perdemos 37 camaradas e seis camaradas ficaram feridos. Em Bandipur, nenhuma das seis armas da linha dianteira estava operacional. Contudo, os camaradas cortaram o arame farpado e correram para a zona do quartel, o que resultou numa vigorosa guerra posicional. Os gendarmes reais não conseguiram sair do seu túnel subterrâneo. Capturámos dois bunkers, todos os postos de sentinela e todas as armas e munições e destruímos os bunkers. Como não conseguiram enfrentar o EPL, os terroristas do rei começaram a atacar as populações locais com armas letais. Cerca de 50 pessoas ficaram feridas e 12 outras morreram. Nesta situação, porque quisemos evitar mais perdas destas, retirámo-nos enquanto a iniciativa ainda estava nas nossas mãos. A propaganda que o Exército Real tem feito de que capturaram as nossas armas é totalmente falsa. Dado que os postos militares de Mirchaiya e Bandipur ficaram abandonados após o nosso ataque, isto só prova a derrota do inimigo e a nossa notável vitória.”

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