Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 16 de maio de 2016, aworldtowinns.co.uk
O “legado” de Obama e Hiroxima
O Presidente norte-americano Barack Obama tem uma visita programada a Hiroxima, Japão, a 27 de maio. Ele não pedirá desculpas pelo bombardeamento nuclear norte-americano a Hiroxima e Nagasáqui em 1945.
Numa publicação no Twitter a explicar os pontos de vista de Obama, o conselheiro dele Ben Rhodes escreveu: “Ele não irá revisitar a decisão de usar a bomba atómica no final da II Guerra Mundial. [...] Os EUA estarão eternamente orgulhosos dos nossos líderes civis [isto significa o presidente norte-americano Harry Truman que ordenou o bombardeamento] e dos homens das nossas forças armadas que serviram na II Guerra Mundial. A causa deles era justa. O tempo que o Presidente irá passar em Hiroxima também irá reafirmar o compromisso há muito existente da América – e o próprio compromisso do Presidente – de procurar a paz e a segurança de um mundo sem armas nucleares.”
Tudo nesta declaração é uma mentira vergonhosa e sem vergonha.
Primeiro, nenhuma causa pode justificar algo como os bombardeamentos nucleares. Neste caso, os EUA assassinaram mais de 200 mil pessoas em dois únicos atos que duraram apenas alguns minutos cada. Os Estados Unidos são o primeiro e o único país a alguma vez usar armas nucleares.
Segundo, a causa dos EUA naquela guerra mundial não era justa, tal como explica o artigo do SNUMAG publicado em anexo.
Terceiro, Obama, que já disse que Truman era um modelo dele, não está nada em busca da paz. Ele declarou que o papel de combate dos EUA no Iraque e no Afeganistão tinha acabado, e contudo continua a enviar milhares de novas tropas de combate para o Iraque, a Síria e o Iémen, sem que haja um fim à vista para a ocupação do Afeganistão.
Quarto, quanto a um mundo sem armas nucleares, Obama é o autor de um programa para renovar a quantidade armazenada dessas armas, enquanto ao mesmo tempo autoriza sistemas antimísseis que cercam a Rússia e que poderiam dificultar a capacidade dela de retaliar no caso de um primeiro ataque norte-americano, tornando isso numa opção mais atraente para os senhores da guerra ocidentais na perigosa competição deles com os seus rivais russos.
Finalmente, porque é que o governo do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe está a dar as boas-vindas a Obama, que está basicamente a ir cuspir nas sepulturas das vítimas dos EUA? O Japão também cometeu crimes de guerra terríveis na II Guerra Mundial, especialmente na Coreia, na China e noutros lugares da Ásia. Deliberadamente, Abe nunca renunciou completamente às ambições imperiais que conduziram a horrendos massacres de civis. O objetivo imediato do encontro de Obama com Abe é confrontar a China, um país que já não é socialista e que agora emerge como potência reacionária e como ameaça à dominação norte-americana da Ásia sob a qual o Japão tem prosperado como seu parceiro júnior.
Há muito pouco nesta visita, ou na conduta destes dois homens, que não tresanda a justificação de guerras passadas pelo império e a preparações para mais guerras.