Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 15 de Setembro de 2003, aworldtowinns.co.uk

Governo Real do Nepal encurralado

Depois de ter acabado com as negociações de paz ao violar repetidamente o acordo de cessar-fogo, o governo real do Nepal tentou lançar uma ofensiva contra as bases revolucionárias maoistas. Porém, as suas operações militares já enfrentaram alguns desaires. Também, a situação política se está a tornar mais desesperada para os reaccionários. Face a uma próxima bandh (greve geral nacional) a 18, 19 e 20 de Setembro, o Comité de Segurança governamental decidiu que os principais dirigentes e funcionários políticos (denominados VIP e VVIPs) não podem ultrapassar os limites da estrada circular que cerca a capital, transformando-os efectivamente em prisioneiros em Katmandu, de acordo com a Rádio Kantipur a 14 de Setembro.

No desenvolvimento militar mais importante, houve uma árdua confrontação militar entre o Exército Popular de Libertação e o Exército Real reaccionário na aldeia de Korchawang no distrito de Rolpa, uma zona vermelha no Nepal ocidental. A confrontação começou a 7 de Setembro e parece ter durado 19 horas.

De acordo com os relatos da imprensa, 300 soldados do Exército Real estavam em patrulha na zona rural de Rolpa. Não era uma unidade qualquer, mas uma unidade de “Patrulha de Longa Rota”, um contingente grande, fortemente armado, que supostamente tem a capacidade de levar os seus próprios mantimentos e de agir autonomamente para penetrar nas zonas revolucionárias. De acordo os relatos da imprensa, os revolucionários maoistas cercaram a unidade do exército reaccionário e atacaram-na. O Exército Real acabou por ficar sem munições. Nessa noite, um helicóptero do Exército tentou reabastecê-lo, atirando caixas de munições. Algumas delas caíram nas mãos dos revolucionários, de acordo com relatos noticiosos. O jornal maoista Janadesh noticiou que o helicóptero ficou debaixo de fogo e impossibilitado de aterrar. Na noite seguinte, o Exército Real tentou vir novamente em socorro das suas tropas sitiadas. O Janadesh noticiou que as tropas governamentais acabaram por se retirar, depois de sofrerem dezenas de vítimas.

O semanário maoista, que antes era publicado abertamente, foi fechado pelo governo no ano passado. O seu editor, Krishna Sen, foi assassinado pela polícia em Katmandu. Agora aparece clandestinamente em quatro zonas diferentes do Nepal.

Entretanto, uma série de explosões atingiu objectivos governamentais na área ao redor do palácio real em Katmandu. Houve o cuidado de evitar vítimas civis, mas uma criança foi morta acidentalmente. Medidas foram também tomadas contra dois espiões reais que faziam espionagem contra os revolucionários maoistas na zona de um hospital de ensino.

De acordo com os relatos da imprensa, uma série de três bombas dinamitaram o escritório central do Banco Nepal Rastra em Baluwatar, no coração da Katmandu governamental, o gabinete de verificação de terras de Kalanki e o gabinete de rendimentos da terra em Bhaktapur, que nesse momento estava cheio de soldados do Exército Real. No dia seguinte, a 8 de Setembro, três bombas explodiram noutro gabinete governamental em Katmandu. Quem colocou as bombas avisou os trabalhadores para manterem uma distância segura e não houve nenhuma vítima. A polícia disse que o objectivo das explosões era apelar às pessoas para transformarem a greve geral num sucesso.

O Partido Comunista do Nepal (Maoista), que tem levado a cabo uma guerra popular desde 1996 e que convocou a bandh do Nepal, apelou às pessoas para que “avancem no caminho da luta por uma mudança completa”. Isso significa o derrube do rei e de todo o sistema semicolonial e semifeudal em que os imperialistas estrangeiros em conluio com os senhores feudais locais saqueiam o povo nepalês.

Devido à grande ofensiva dos revolucionários maoistas, o regime reaccionário está política e militarmente sitiado. Quando o chefe do Exército Real, Pyar Jung Thapa, declarou ostensivamente que destruiria os maoistas, admitiu abertamente que os EUA estão a fornecer armas e outro apoio ao Exército Real.

Reflectindo o desespero dos reaccionários, nas zonas rurais e mesmo na capital, o Exército Real está a invadir casas e a torturar e matar civis desarmados, incluindo membros e dirigentes de partidos parlamentares como o PCNML e o escritório da equipa de negociações de paz. E têm feito “desaparecer” vários jornalistas e escritores progressistas.

Também recorrem uma vez mais a duas conhecidas e diabólicas tácticas. Uma é matar civis e culpar os maoistas pelas suas mortes. A outra é matar civis desarmados e afirmar que são maoistas mortos num confronto armado.

O regime desencadeou uma guerra total contra os revolucionários maoistas numa última tentativa de se salvar. Mas os revolucionários têm dirigido os camponeses na ocupação de propriedades de senhores feudais, de burocratas e de reaccionários notórios. Um castelo situado no distrito de Nuwakot, a norte de Katmandu, que pertencia ao Dr. Prakash Chandra Lohani, um dos ministros do actual governo, foi dinamitado e completamente destruído. A propriedade do actual primeiro-ministro Surya Bhadur Thapa foi inteiramente confiscada no distrito de Dhankuta, no Nepal oriental. De acordo com um semanário nepalês, uma das propriedades confiscadas pertencia a Janardan Acharya, designado pelo rei para a câmara alta do parlamento nepalês.

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