Galiza: Pela autodeterminação, contra o imperialismo castelhano

Bandeira galega

25 de Julho é o tradicional Dia da Pátria Galega, efusivamente celebrado por toda a gente na Galiza e um dia importante para o nacionalismo local, incluindo as diferentes matizes da esquerda galega. E este ano não foi diferente.

Na cidade de Santiago de Compostela concentram-se as principais celebrações. Em 2004, uma iniciativa cívica pela autodeterminação protagonizou o Dia da Pátria. Uma manifestação nacional foi marcada para as 13h00 para a Alameda de Compostela, convocada pelas Bases Democráticas Galegas (www.basesdemocraticasgalegas.org). As Bases foram constituídas no início do ano em defesa da democracia e do direito à autodeterminação por um grupo de pessoas representativa de diversos sectores da sociedade galega. A manifestação, que terminou na Praça do Toral, foi apoiada pela NÓS-Unidade Popular (ligada ao grupo Primeira Linha), pelo PCPG (Partido Comunista do Povo Galego), pela FPG (Frente Popular Galega), pelo sindicato CUT e por outros grupos e organizações independentistas e de esquerda.

A manifestação decorreu num espírito de grande combatividade, com a presença de um significativo número de militantes portugueses de várias organizações radicais. Os discursos lembraram a situação de opressão do povo galego sob o jugo do imperialismo castelhano, o enquadramento dessa situação no âmbito da União Europeia, o conluio antinacionalista dos grandes partidos, do PP ao PSOE, passando pela IU e incluindo o BNG (Bloco Nacionalista Galego). Alguns casos de repressão e prisões recentes foram evocados. No final, foi cantado o hino nacionalista galego.

Dia da Pátria Galega 2003
Manifestação do Dia da Pátria Galega 2003, em Santiago de Compostela

Na véspera, 24 de Julho, a AMI (Associação da Mocidade Independentista) promoveu a tradicional Rondalha da Mocidade com a Bandeira, entre a Praça Cervantes e a Praça de Maçarelos. Aí realizou-se um concerto que deu o toque militante ao ambiente de festa que se vivia em todo a zona central da cidade.

No dia 25, a NÓS-Unidade Popular também realizou uma festa na Praça de Maçarelos, iniciada às 14h, que incluiu música, contos, dança e um debate político sob o tema “Os povos, as mulheres e a classe trabalhadora contra esta União Europeia”. Intervieram vários militantes vindos da Galiza, de Portugal, da Catalunha, de Castela e do País Basco (Euskal Herria). Na mesa, vindo de Portugal, esteve Francisco Martins Rodrigues da revista Política Operária.

De salientar que o cada vez mais reformista BNG (aparentado ao “nosso” BE) recusou participar na manifestação unitária, tendo promovido a sua própria manifestação (noticiada aliás pela imprensa portuguesa, que ignorou as outras iniciativas).

Apesar de não terem tido a intensidade do ano passado, altura em que o nacionalismo galego esteve muito activo (devido à guerra do Iraque e ao escândalo do derrame do Prestige nas costas galegas), também este ano se verificaram algumas escaramuças com os esbirros policiais, omnipresentes na cidade.

O nacionalismo galego tem uma importância capital para a esquerda da Galiza, já que, nessa região de Espanha, às opressões patriarcal e de classe se junta a opressão nacional pelo chauvinismo castelhano. O independentismo galego teve um forte impulso nos últimos três anos, com uma permanente mobilização contra a política neoliberal, a reforma laboral e a reforma do ensino, contra a maré negra do Prestige, contra a guerra imperialista, contra o machismo e pela defesa dos direitos nacionais. Devido à revolta popular, em que a Galiza teve um papel fundamental, caiu o Governo PP de Aznar, mas o Governo PSOE de Zapatero promete manter a mesma ofensiva contra a classe trabalhadora e contra as nacionalidades de Espanha. Recorde-se que o PSOE é o partido da destruição das economias locais com a entrada na CEE, o partido da NATO, dos assassinos dos GAL e do terrorismo de estado.

O imperialismo castelhano é um inimigo comum a todas as nacionalidades ibéricas, incluindo o povo português. Uma luta comum nos une ao povo galego e a todas as nacionalidades oprimidas de Espanha.

2 de Agosto de 2004

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