Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 8 de Novembro de 2004, aworldtowinns.co.uk

Falluja atacada, apelo a protestos

Durante semanas, os EUA prepararam-se para a agressão a Falluja trazendo carregamentos de sacos para cadáveres. Agora, os Marines e os soldados do Exército dos EUA estão a preparar-se para os encher.

Os porta-vozes dos norte-americanos alegam que, além dos “terroristas”, pouca gente permanece em Falluja. Contudo eles próprios dizem que estão face a dois ou três mil combatentes – o que só por si é suficiente para tornar ridículo o rótulo de “terrorista” e para que ninguém possa negar que estes combatentes têm o apoio da maioria dos habitantes da cidade e de muitos milhões de pessoas em todo o Iraque. O dirigente da ONU, Kofi Annan, organizações iraquianas reconhecidas legalmente e mesmo importantes figuras do governo nomeado pelos EUA, todos condenaram a agressão.

De acordo com uma fonte da BBC, na cidade permanecem 100.000 pessoas, incluindo muitas famílias amontoadas nas suas casas e grupos de civis agrupados, lutando pela sobrevivência. Os EUA encerraram todas as estradas e tornaram impossível sair da cidade. Os ocupantes cortaram a água, a electricidade, a comida e os abastecimentos médicos. Declararam que todos os “homens em idade militar” e os veículos em movimento seriam considerados alvos. O seu recolher obrigatório de 24 horas por dia significa que qualquer pessoa fora de sua casa pode ser imediatamente alvejada, ao mesmo tempo que estão a matar os habitantes nas suas casas através da destruição sistemática de bairros inteiros com bombardeamentos aéreos em massa e fogo de artilharia. O seu objectivo, dizem eles, é limpar a cidade de armadilhas e de possíveis esconderijos para os combatentes da resistência, para que as tropas dos EUA aí possam entrar. O que isto quer dizer é que eles estão dispostos a massacrar os habitantes da cidade para impor a sua vontade.

Isso é claro nos seus objectivos militares iniciais durante a agressão que começou a 8 de Novembro. Eles ocuparam duas pontes e selaram a cidade e o hospital de Falluja. O jornal New York Times explicava: “O hospital foi seleccionado como objectivo inicial porque o exército norte-americano acredita que tinha sido a origem de rumores sobre um elevado número de vítimas.” Outros órgãos de comunicação social disseram ainda mais claramente que as tropas dos EUA tinham tomado o hospital para poderem controlar a informação sobre o número de mortos e feridos civis. Embora os EUA tenham alegado publicamente que o hospital era um ninho de “actividades terroristas”, o jornal britânico Guardian informou que nem um único tiro fora disparado durante a sua captura. Algumas fotografias amplamente difundidas, alegadamente de “terroristas capturados”, eram afinal de doentes desarmados. O canal de televisão em língua árabe Al-Jazeera relatou que quando a agressão dos EUA começou, os bombardeamentos norte-americanos mataram pessoal médico e doentes desse hospital, enquanto os aviões militares dos EUA destruíam um hospital alternativo recém-inaugurado na cidade.

As autoridades norte-americanas e alguma comunicação social sua porta-voz continuam a alegar que os relatos de 600 mortos civis durante a última batalha de Falluja, em Abril, são “não confirmadas” e “exageradas”, embora esses relatos tenham vindo do pessoal médico e as suas campas possam ser contadas nos cemitérios. Não há nenhum jornalista ocidental em Falluja e os que entram atrás dos ocupantes estão “embutidos” nas unidades militares dos EUA e sob seu controlo.

Em suma, os planos dos EUA são estes: massacrar os habitantes de Falluja e fazer tudo o que puderem para manter em segredo a natureza e a extensão dos seus crimes.

O objectivo, declarou Rumsfeld, é fazer do Iraque “uma sociedade livre e pacífica” e abrir caminho a eleições parlamentares patrocinadas pelos ocupantes, em Janeiro. O facto de os futuros lugares parlamentares já estarem a ser divididos entre os partidos políticos designados pelos EUA mostra claramente que o verdadeiro objectivo das eleições é fazer com que o governo fantoche dos EUA pareça mais legítimo. Mas a agressão a Falluja está a revelar ainda mais os objectivos políticos globais dos ocupantes – salvaguardar o seu frustrado plano de tirar o Iraque ao seu povo. Esta não é uma “batalha contra o terrorismo”, mas sim a mais importante batalha desde o início da ocupação na guerra entre os ocupantes e um povo que não aceita a ocupação.

Várias pessoas e organizações estão a convocar protestos em massa em defesa do povo de Falluja. O Movimento de Resistência Popular Mundial (MRPM) apelou “a todas as secções e apoiantes do MRPM e a todas as organizações e indivíduos que se opõem à ocupação do Iraque e ao brutal derramamento de sangue que ela trouxe, para que se unam e entrem em acção imediata contra o ataque iminente e exijam uma retirada imediata de todas as forças estrangeiras do Iraque. O povo iraquiano não está só!”

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