Da edição online do jornal Revolution/Revolución, voz do Partido Comunista Revolucionário, EUA, n.º 467, de 28 de novembro de 2016 (revcom.us)
Atualizações até 25 de novembro
Protestos da “Black Friday”
Na “Black Friday” [“Sexta-Feira Negra”], o dia seguinte ao dia de Ação de Graças, houve em todo o país protestos contra Trump, de apoio à luta de Standing Rock contra o genocídio moderno dos nativos americanos e a destruição ambiental, de denúncia dos assassinatos pela polícia e de oposição à exploração dos trabalhadores que recebem o salário mínimo. Recebemos este relato de um leitor que esteve no protesto em Seattle:
“25 de novembro: Mais de 1000 pessoas manifestaram-se e bloquearam as principais ruas e cruzamentos da baixa comercial da cidade na Black Friday [‘Sexta-Feira Negra’], declarando-a ‘Black Lives Matter! Friday’ [‘Sexta-feira em que as vidas dos negros são importantes!’] e gritando ‘Não a Trump, Não ao KKK, Não a uns EUA racistas’. Mais de 1500 cópias do comunicado ‘Em nome da Humanidade, RECUSAMO-NOS a aceitar uns Estados Unidos fascistas’ foram distribuídas juntamente com o jornal Revolution/Revolución.”
“A resposta das pessoas que andavam às compras e dos turistas foi altamente polarizada, com algumas pessoas a atravessar as linhas da polícia e a debruçar-se por cima das barricadas para agarrarem o comunicado, enquanto uma minoria menor mas mais vocal gritava furiosamente ‘Não!’ e ‘Ultrapassem isso’ ou a ficar ofendida por as outras pessoas chamarem fascista a Trump e se recusarem a aceitar a vitória dele.”
Miles Solay, do grupo de rock revolucionário Outernational, lê o importante comunicado do revcom.us:
“Em nome da Humanidade, RECUSAMO-NOS a aceitar uns Estados Unidos fascistas”.
No dia anterior ao dia de Ação de Graças
Na noite anterior ao dia de Ação de Graças, 23 de novembro, 200 pessoas manifestaram-se pelas ruas de Mineápolis. Elas gritaram, em castelhano e inglês, contra as ameaças de Trump de deportar imediatamente milhões de imigrantes e contra a promoção aberta por parte dele do racismo, e apelando às cidades para se tornarem santuários para os imigrantes.
Horas antes nesse mesmo dia, na Universidade Towson perto de Baltimore, 100 estudantes mobilizaram-se para se oporem a uma reunião no campus convocada por apoiantes de Trump. Entre as poucas pessoas que apareceram para a reunião pró-Trump estava uma pessoa que usava no braço uma “faixa tipo nazi com um T em vez de uma suástica”.
O espetáculo “Fuck Donald Trump”
No dia de Ação de Graças, o Teatro Roseland de Portland foi o local de dois espetáculos esgotados do rapper YG, de Compton, e da crew dele, que estão numa digressão “Fuck Donald Trump” [“F***-se o Donald Trump”]. YG, juntamente com Nipsey Hussle, tinha lançado no verão uma canção e um vídeo intitulados “FDT (Fuck Donald Trump)”. Segundo o Billboard.com, “Durante o espetáculo da noite, os artistas não baixaram a mensagem deles e aproveitaram a oportunidade para, em cada uma das apresentações deles, iniciarem cantos de ‘F—k Donald Trump’. Sad Boy, talvez mais conhecido por descrever a discriminação que os hispânicos enfrentam em Los Angeles na canção de YG ‘Blacks & Browns’ [‘Negros e Castanhos’], exerceu a liberdade de expressão dele fazendo os seguidores dele agitarem uma bandeira do México como sinal de orgulho. Sentia-se como que um dedo do meio diretamente apontado a Trump e à posição dele em relação à imigração.”
Avançando contra fascistas atiçados
Trump energizou e incentivou os fascistas, os racistas e os reacionários de todos os tipos. E as pessoas estão a lidar com isto de várias maneiras segundo o ponto de vista delas. Eis alguns exemplos recentes:
» Silver Springs, Maryland: Na parada do dia de Ação de Graças aqui, várias pessoas levavam uma faixa que dizia “Silver Springs ama e dá as boas-vindas aos imigrantes!” A história por trás desta faixa envolve pessoas que se juntaram para tomar uma posição contra os ataques dos fascistas inspirados por Trump contra os imigrantes. A Igreja Episcopal do Nosso Salvador tem uma congregação que é principalmente constituída por imigrantes de 50 países diferentes. Alguns dias após as eleições, o pastor da igreja descobriu que uma faixa em espanhol que normalmente pendurava no lado de fora da igreja tinha sido desfigurada com uma mensagem repelente que dizia “Nação de Trump. Só para brancos.” As mesmas palavras também foram pintadas nas paredes de tijolo da igreja. Quando alguns dias depois o pastor, Robert Harvey, estava a sair da igreja, descobriu que alguém tinha colocado uma nova faixa fora da igreja com uma mensagem muito diferente – esta foi a faixa levada na parada do dia de Ação de Graças, que recebeu aplausos da multidão que enchia a rota da parada. A faixa tinha sido feita por uma professora do ensino secundário que disse que inicialmente tinha ficado esmagada por “um sentimento de desespero e impotência” após a eleição de Trump – mas que quando ouviu falar no graffiti fascista na igreja decidiu que tinha de agir e recolheu dinheiro para a faixa. Outras pessoas também foram à igreja com flores e mensagens de apoio aos imigrantes.
» Burlington, Carolina do Norte: Um grupo que se declara pela preservação dos “direitos do Sul” anunciou uma reunião no edifício municipal para sábado, 26 de novembro. De imediato foi mobilizado um contra-protesto por pessoas que se opõem a estes reacionários, entre as quais pessoas religiosas que se têm exprimido contra aqueles que usam a Bíblia como justificação para o seu veneno. O reverendo Holly Lux-Sullivan, um dos organizadores da ação, disse a propósito do grupo que promove os “direitos do Sul”: “As coisas que o sítio internet deles diz e as coisas que os fundadores deles dizem soam-me muito a racismo, homofobia, xenofobia e misoginia tenuemente dissimulados, e por isso quisemos estar aqui para falar de amor e justiça para todos. Estamos aqui pelo amor e pela paz, e para não excluir o esquecimento de que parte da herança do Sul dos Estados Unidos foi um tempo horrendo de escravatura, e não queremos voltar à ‘maneira como as coisas eram’.”
» Albuquerque, Novo México: A 23 de novembro, numa mercearia Smith’s, uma mulher começou a hostilizar uma outra cliente que usava um hijab, gritando coisas como: “Você é uma terrorista, saia daqui”. Uma testemunha escreveu no Facebook: “Toda a loja se uniu e gritou à nazi para sair. Os empregados da Smith’s retiraram a racista. Depois escoltaram a mulher até ao carro dela para longe das pessoas que a chamavam nazi.”
» Brooklyn, Nova Iorque: A 20 de novembro, centenas de pessoas juntaram-se no Parque Adam Yauch para fazerem ouvir as suas vozes contra os graffitis fascistas, que incluíam suásticas e as palavras “Avança Trump”, que tinham aparecido no parque depois das eleições. Adam Yauch, que morreu em 2012, era um membro fundador do grupo rap Beastie Boys. Yauch falara contra o racismo, incluindo na televisão nacional nos Prémios MTV de Música em 1998 em que ele denunciou “o racismo que vem dos Estados Unidos em relação às pessoas muçulmanas e aos árabes”. A concentração incluiu líderes religiosos judeus e muçulmanos. Segundo uma mensagem no Twitter dos Beastie Boys, a ação visava “denunciar o ódio e a intimidação em Brooklyn e em todo o país.”
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Protestos contra Trump: Saindo das escolas... Avançando contra os fascistas e os racistas... Falando em resistência
Atualizações até 22 de novembro:
Na noite de segunda-feira, 21 de novembro, pessoas de vários grupos ambientais usaram um projetor de grande potência para projetar enormes imagens e textos na fachada da sede da Agência norte-americana de Proteção Ambiental (EPA) em protesto contra a posição de Trump em relação às alterações climáticas. Trump nomeou Myron Ebell – que nega que estejam a ocorrer alterações climáticas causadas pelo Homem e que tem relações com a indústria do carvão – para chefiar a transição na EPA e que pode vir a ser nomeado seu diretor. (Ver “Trump’s Victory—A Disaster for the Environment Requiring Massive Resistance” [“A vitória de Trump – Um desastre para o meio ambiente que requer uma resistência em massa”], no revcom.us) Entre as mensagens projetadas no edifício da EPA estavam “Não deixem que um negacionista do clima controle a EPA”, que podiam ser vistas claramente do edifício do outro lado da rua – o Hotel Trump.
À medida que os protestos continuam esta semana em todo o país, uma coisa a notar é o facto de as pessoas estarem a levar isto para as ruas não só nas grandes cidades mas também em zonas menores como Bozeman, no Montana, onde centenas de pessoas se manifestaram no domingo passado; em Providência, Rhode Island; em Colombus, Ohio; em Gainesville, Wilton Manors e Palm Beach, Flórida, onde as pessoas se manifestaram à volta da propriedade de Trump; em Newport News, Virgínia; em Palm Springs, Califórnia; na Cidade de Oklahoma, Oklahoma; em Charlotte, Carolina do Norte; em Springfield, Missouri; e em Northampton, Massachusetts. Um leitor do revcom.us que está a ajudar este sítio internet a cobrir os protestos a nível nacional observou: “Eu acredito pessoalmente que alguns destes protestos nas cidades e nas vilas mais pequenas, e que estão em expansão para outras partes do país (como Bozeman, no Montana) são (...) importantes indicadores do momento em que estamos.”
Na terça-feira, 22 de novembro, o grupo IfNotNow [Se Não For Agora], uma organização judia norte-americana que se opõe à ocupação israelita da Palestina, protestou à frente do gabinete do Senador Republicano da Pensilvânia Pat Toomey para exigir que ele denuncie Steve Bannon, o virulentamente fascista supremacista branco que Trump escolheu como principal estratega dele. Uma estudante do primeiro ano de uma universidade rabínica que disse que a avó dela era uma sobrevivente do Holocausto, disse: “Já vimos isto antes e sabemos que a coisa mais perigosa que possivelmente poderíamos fazer agora era esperar e ver o que acontece.” Muitas pessoas levaram rosas brancas – o símbolo de um grupo de estudantes e professores na Alemanha que resistiu a Hitler e aos nazis.
O comunicado “Em nome da Humanidade, RECUSAMO-NOS a aceitar uns Estados Unidos fascistas” está a ser distribuído nalguns destes protestos – e precisa urgentemente de ser muito, muito mais amplamente divulgado, para as mãos de centenas de milhares de pessoas nos protestos, através das redes sociais e de outras formas. Na noite de domingo, 20 de novembro, houve uma concentração e manifestação “#DumpTheTrump #NotMyPresident” de 500 pessoas em Seattle. Um leitor escreveu sobre uma parte importante desta ação: “A cobertura noticiosa televisiva incluiu uma apoiante do revcom.us a ler ao microfone o comunicado ‘Em nome da Humanidade, RECUSAMO-NOS a aceitar uns Estados Unidos fascistas’. Depois de o ter lido, ela pediu às pessoas que se juntassem a ela a fazerem uma promessa: Ela leu então ao microfone todo o título do comunicado. Pilhas de cópias do comunicado foram passadas entre a multidão para serem distribuídas e também para serem levadas de volta às comunidades populares. No total, cerca de 1000 cópias foram distribuídas durante todo o evento.”
Atualizações até 20 de novembro:
Enquanto Trump e o futuro regime fascista avançam para tomar a Casa Branca, os protestos têm continuado por todo o país – nas universidades e nas ruas e com um vasto leque de pessoas que erguem as suas vozes de diferentes maneiras.
Ao longo da semana de 14 de novembro, milhares de estudantes do ensino secundário e universitário faltaram às aulas, reuniram-se e manifestaram-se, assumindo a direção dos protestos contra Trump. Na segunda-feira, mais de 1000 estudantes do ensino secundário de pelo menos uma dúzia de escolas secundarias de Oakland, Califórnia, faltaram às aulas. Na concentração na baixa da cidade, um estudante asiático recebeu repetidos aplausos quando disse: “Estamos em protesto contra a política regressiva em relação à religião, ao aborto – quem é ele para vos dizer que não podem fazer o querem com o vosso próprio corpo? Não estamos aqui só para protestar contra Trump, estamos aqui para protestar contra Pence – o homem que, fazendo parte do Partido Republicano se opõe ao casamento homossexual, ao aborto... Estamos aqui para organizar. Estamos aqui para dizer ao sistema, que se f***!”
Em Silver Springs, Maryland, um subúrbio a norte de Washington, DC, 500 jovens de cinco escolas secundárias juntaram-se – gritando “Rejeitamos o presidente eleito” e bloqueando o trânsito na baixa da cidade. Centenas de estudantes manifestaram-se no capitólio estadual em Denver, Colorado, e no município de Portland, Oregon. Em Los Angeles, 4000 estudantes de pelo menos uma dúzia de escolas secundárias – muitos deles exprimindo raiva e medo de que os amigos e familiares que não têm documentos estejam agora sob uma ainda maior ameaça de deportação – saíram das escolas. No dia seguinte, 15 de novembro, mais de 1000 estudantes do ensino médio e secundário faltaram às aulas em DC e protestaram junto ao Hotel Internacional Trump. Entre os outros protestos estudantis desse dia, centenas de estudantes do ensino secundário e universitário juntaram-se na Cidade de Nova Iorque e manifestaram-se na movimentada 5ª Avenida num dia frio e chuvoso. As saídas das escolas secundárias continuaram durante o resto da semana.
Manifestantes judeus anti-Trump ocupam a sede de transição de Trump em Washington, DC, e bloqueiam Bannon em Nova Iorque
A 17 de novembro, manifestantes judeus anti-Trump ocuparam a sede de transição de Trump em Washington, DC.
Na noite de domingo, 20 de novembro, na Cidade de Nova Iorque, centenas de judeus e outras pessoas, entre as quais muçulmanos, organizaram um ruidoso protesto durante várias horas junto a uma conferência da Organização Sionista da América onde era suposto falar o Conselheiro Sénior de Trump, Steve Bannon. Eles desafiaram as repetidas ameaças por parte do Departamento de Polícia de Nova Iorque [NYPD] de os prender. Alguns manifestantes salientaram a unidade com os muçulmanos visados por Trump. Muitos cartazes invocavam o legado do Holocausto, o genocídio de Hitler contra os judeus e outras pessoas na Alemanha nazi. Os principais órgãos de comunicação social noticiaram que Bannon não compareceu ao evento.
O ponto alto dos protestos nas universidades durante a semana foi na quarta-feira, 16 de novembro, quando milhares de estudantes faltaram às aulas, fizeram reuniões e manifestaram-se à volta das universidades e nas ruas das cidades a exigir que as escolas deles se tornem santuários – lugares de proteção para os imigrantes sem documentos, as pessoas LGBT e outras pessoas que Trump tem visado para um aumento da repressão. Os estudantes foram chamados à ação através do hashtag [dístico das redes sociais] #SanctuaryCampus. Houve saídas noticiadas em mais de 100 universidades, entre as quais a Universidade de Nova Iorque [NYU] e a de Columbia, na Cidade de Nova Iorque; universidades da Ivy League como Yale, Harvard, Princeton e Brown; Notre Dame; Stanford; Universidade do sul da Califórnia; Universidade do Estado de Oregon em Corvallis; Universidade de Memphis; Rutgers, em Nova Jérsia; Universidade do Michigan; Oberlin em Ohio; e a Universidade Middlebury, em Vermont.
Outras manifestações e vários tipos de protestos ocorreram em cidades por todo o país, entre os quais manifestações de centenas de pessoas em cidades mais pequenas como Tacoma, Washington e Albuquerque, no Novo México. Em Seattle, 5000 pessoas, sobretudo brancas e da classe média, deram as mãos para criar uma cadeia humana de 4,5 km à volta de Green Lake; Um participante disse: “Nós apenas queremos juntar-nos e fazer com que toda a gente saiba que as iremos proteger, estamos aqui para lutar por vocês. Não iremos parar.”
Houve várias ações onde as pessoas foram diretamente contra os fascistas e os supremacistas brancos. Houve alguns desses protestos no sábado, 19 de novembro. Em Austin, Texas, várias centenas de pessoas confrontaram um grupo racista chamado “As Vidas dos Brancos São Importantes”, alguns deles armados, que estavam a protestar contra um novo monumento que reconhece a contribuição dos negros para o estado.
Na baixa da cidade de Washington, DC, várias centenas de pessoas protestaram junto ao Edifício e Centro de Comércio Internacional Ronald Reagan, onde o Instituto de Política Nacional, um grupo supremacista branco, estava a celebrar a vitória de Trump. Na Cidade de Nova Iorque, Jimmy Van Bramer, membro da vereação, liderou uma manifestação que partiu do bairro de Queens e atravessou a Ponte Queensboro até à Torre Trump em Manhattan – Van Bramer tinha recebido um email ameaçador depois de anunciar a manifestação, que dizia em parte: “O resto das pessoas de Queens não concorda com o seu estilo de vida homossexual, por isso desapareça deste país, você é um traidor de merda... A execução é a pena para um traidor (...)”
E no domingo, 20 de novembro, manifestantes decididos opuseram-se à supremacia branca e aos assassinatos policiais em Mount Greenwood em Chicago, enfrentando uma ululante turba racista. (Ver NO to Police Murder and Lynch-Mob Threats! Standing Up to White Supremacy in Mount Greenwood [NÃO aos assassinatos e às ameaças policiais de turbas de linchamento! Resistir à supremacia branca em Mount Greenwood].)
Pessoas com vozes influentes, incluindo nas comunidades das artes e do entretenimento, têm vindo a falar. A designer de moda Sophie Theallet, que tem desenhado vestidos para Michelle Obama, declarou publicamente que se recusa a ter alguma coisa a ver com desenhar para Melania Trump, dizendo: “A retórica do racismo, do sexismo e da xenofobia desencadeada pela campanha presidencial do marido dela são incompatíveis com os valores partilhados pelos quais vivemos. (...) Encorajo os meus colegas designers a fazerem o mesmo.” O cantor John Legend disse: “Trump está a dizer em público coisas ao nível de Hitler. (...) E eu sinto como é perigoso sermos complacentes.” Leia aqui outras vozes de consciência.
Os protestos e as diferentes expressões de resistência que têm ocorrido são significativos – e precisam não só de continuar mas de crescer e de se tornarem ainda mais determinados e alargados. No meio disto tudo, é muito importante que o comunicado do revcom.us “Em nome da Humanidade, RECUSAMO-NOS a aceitar uns Estados Unidos fascistas”, tenha sido distribuído e assumido por todo o tipo das pessoas. (Por exemplo, ver um relato do Clube Revolução de Los Angeles sobre as saídas das escolas nessa cidade.) O comunicado precisa de ser muito mais amplamente divulgado em toda a sociedade.
Estudantes em todos os EUA protestam para exigir que as universidades se tornem santuários para os imigrantes
Como parte do programa fascista dele, Trump prometeu construir um muro fronteiriço, abandonando a política de Obama de adiar as deportações de alguns jovens sem documentos, e deportar imediatamente milhões de imigrantes. Membros do círculo dele têm falado em instituir um “registo” de muçulmanos nos EUA, fazendo mesmo comparações com a centralização de 120 mil pessoas de ascendência japonesa nos EUA em campos de concentração durante a II Guerra Mundial. Face a isto, na quarta-feira, 16 de novembro, milhares de estudantes universitários de todos os EUA faltaram às aulas, concentraram-se e manifestaram-se para exigir que as suas universidades se tornem em santuários para imigrantes.
Os estudantes foram chamados à ação com o hashtag das redes sociais #SanctuaryCampus e houve saídas noticiadas em mais de 100 universidades, entre as quais a NYU e a de Columbia na Cidade de Nova Iorque; em universidades da Ivy League como Yale, Harvard e Brown; Notre Dame; Stanford; Universidade do Sul da Califórnia; Universidade do Estado do Oregon em Corvallis; Universidade de Memphis; Rutgers em Nova Jersey; Universidade do Michigan; Oberlin em Ohio; e a Universidade Middlebury, em Vermont.
Um estudante envolvido na organização do protesto na NYU disse ao jornal New York Post: “Nós, como estudantes, estamos a faltar hoje porque reconhecemos que os estudantes sem documentos estão entre os mais vulneráveis no nosso campus e por isso estamos a reunir-nos para dizer que, como cidadãos ou estudantes com privilégios, iremos pôr os nossos corpos na linha entre eles e uma presidência Trump.”
Na Universidade de Memphis, onde participaram cerca de 100 estudantes, as palavras de ordem incluíram: “Digam bem alto, digam claramente: os refugiados são bem-vindos aqui” e “Não aos racistas, não ao KKK, não aos EUA fascistas”. Este grito “(...) não aos EUA fascistas” foi ouvido em diferentes universidades, incluindo a Rutgers, onde mais de 1000 estudantes, professores e funcionários se manifestaram no campus e saíram às ruas.
Os protestos nas universidades precisam de continuar, de se espalhar e de se tornar ainda mais decididos, como parte crucial da resistência global contra uns Estados Unidos fascistas. Como dissemos em “A TODOS os revolucionários, estudantes, professores e todas as outras pessoas nas universidades! Com a eleição de Trump, enfrentamos uns Estados Unidos FASCISTAS, e não menos que isso!”: “Estabelece zonas livres de Trump e livres de fascistas! Precisamos de debates e protestos! Precisamos de uma enorme resistência multifacetada a todo o programa que Trump representa, a todos os atos de supremacia branca e misoginia, a todos os ataques aos imigrantes e aos muçulmanos e a outras manifestações de fascismo.”
Jackson, Mississippi, 16 de novembro: Estudantes protestam na Universidade Millsaps. (Foto: AP) |
Universidade Brown, 16 de novembro: Centenas de estudantes saíram das suas atividades e das suas salas de aulas às 15h. |
16 de novembro: Estudantes da Universidade de Yale reuniram-se e declararam a Yale como “Campus Santuário” que protege estudantes universitarios imigrantes sem documentos. (Foto: Eino Sierpe) |
Rutgers, Nova Jérsia, 16 de novembro: Centenas de estudantes da Universidade de Rutgers bloqueiam a Avenida da Universidade em New Brunswick. (Foto: AP) |
Os protestos anti-Trump continuam pelo 6º e 7º dias consecutivos em todo o país
Os estudantes tomaram a liderança na organização de protestos contra Trump pelo sexto e sétimo dias seguidos. Centenas de estudantes do ensino secundário organizaram saídas das aulas em todo o país.
Segunda-feira, 14 de novembro:
Os estudantes saíram das escolas na Califórnia, no Colorado, no Maryland, em Washington e noutros estados. Em Los Angeles, mais de 1000 estudantes faltaram às aulas. Muitos deles disseram que têm familiares e amigos ilegais no país que temem que venham a ser deportados. O Sindicato dos Professores de Los Angeles aplaudiu as saídas, dizendo que o sindicato “está orgulhosamente” ao lado dos estudantes.
Em Oakland, um protesto em toda a cidade atraiu mais de 1000 estudantes de pelo menos uma dúzia de escolas secundárias. Em Denver, 200 estudantes do ensino médio e secundário faltaram às aulas em duas escolas, para se manifestarem até ao capitólio estadual. Em Silver Springs, Maryland, um subúrbio a norte de Washington, DC, jovens de cinco escolas secundárias faltaram às aulas e manifestaram-se em conjunto, cerca de 500 estudantes, gritando “Rejeitamos o presidente eleito” e bloqueando o trânsito numa movimentada rua da baixa da cidade. Em Portland, Oregon, centenas de estudantes de pelo menos três escolas faltaram às aulas e manifestaram-se até ao município.
Milhares de estudantes do ensino secundário de toda a cidade de Los Angeles faltaram às aulas para protestarem contra a eleição de Donald Trump. Nalgumas escolas, fizeram-no num verdadeiro desafio aos administradores escolares que tentaram impedir a saída dos estudantes. Numa escola, colocaram uma grande faixa à frente da escola que dizia: “Não saiam, ENTREM”. Outras escolas enviaram para casa dos alunos cartas dirigidas aos pais para que estes pudessem barrar os jovens que queriam sair. Uma escola em particular fez um anúncio que dizia: “Os estudantes devem permanecer no campus onde estão seguros. A ignorância pode muitas vezes conduzir à violência: por favor, entendam que a maior maneira de superar a ignorância é através da educação.” Apesar destes esforços dos administradores de diferentes escolas, mais de 4000 estudantes de diferentes escolas secundárias faltaram às aulas e manifestaram-se até à câmara municipal. Leia um relato do Clube Revolução de Los Angeles:
O Clube Revolução de Los Angeles sobre a noite das eleições na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA)
Dia das eleições: Na noite das eleições saímos para um evento na UCLA onde estavam a mostrar os resultados eleitorais e distribuímos o panfleto “Como podemos vencer”. Estavam lá centenas de estudantes, a maioria dos quais estava a torcer por Hillary (sabíamo-lo porque eles gritavam em aprovação de cada vez que Hillary ganhava um estado). Avaliámos mal o potencial de alguma coisa rebentar aí e saímos cedo; entretanto ouvimos dizer que este evento se tinha transformado num protesto. O protesto atravessou Westwood, onde alguém lançou fogo a uma pinhata de Trump, e terminou na zona dos dormitórios onde eu e outro camarada o encontrámos. Nesta altura já estava a diminuir, mas ainda havia umas duas centenas de estudantes sentados juntos a gritar: “O amor que Trump odeia”. Retirámos a bandeira norte-americana, pisámo-la e fizemos alguma agitação, dizendo que os Estados Unidos nunca tiveram nenhuma grandeza! Trump é um fascista descarado e precisamos de lhe resistir, a ele e ao que ele defende, e de nos organizarmos para uma verdadeira revolução. Eu apelei às pessoas para levarem um dos nossos folhetos e para se juntarem ao Clube Revolução. Muitas pessoas ficavam a ouvir atentamente. Leia mais
Terça-feira, 15 de novembro:
Washington, DC, mais de 1000 estudantes do ensino médio e secundário organizaram uma saída e protestaram junto ao Hotel Internacional Trump, erguendo cartazes que diziam “Boicotem o fanatismo” e “Juntos somos mais fortes”. As manifestações foram organizadas por estudantes da Escola Secundária Wilson.
Logo à saída de D.C., em Beltsville, no Maryland, os estudantes saíram da Escola Secundária High Point e fizeram um protesto sentado, bloqueando as principais estradas durante mais de meia hora. Os estudantes fizeram um protesto anti-Trump no estado do Ohio.
Centenas de estudantes do ensino secundário e universitário da Cidade de Nova Iorque faltaram às aulas num dia frio e chuvoso e saíram de novo às ruas, manifestando-se pela 5ª Avenida.
Domingo, 13 de novembro:
Jovens, juntamente com o Clube Revolução em Los Angeles, protestam contra Trump junto ao edifício da CNN em Hollywood.
Sábado, 12 de novembro:
Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se em cidades de costa a costa. Neste dia houve os maiores protestos desde as eleições de terça-feira – com acima de 10 mil pessoas em Los Angeles e mais de 10 mil na Cidade de Nova Iorque. Pela quinta noite seguida, em Portland, Oregon, os manifestantes enfrentaram a polícia que atacou e prendeu manifestantes.
Um manifestante em Los Angeles foi citado na imprensa exprimindo o sentimento de muitas pessoas na multidão: “Se és gay, se és LGBT, se és muçulmano, se és latino-americano, se tens necessidades especiais, se és mulher, isto é agora um lugar muito mais inseguro. O que está a acontecer hoje [os protestos] vai continuar a ser normal durante algum tempo, porque não nos vamos limitar a ficar sentados e a ver os nossos direitos a serem retirados, os nossos cuidados de saúde a serem retirados.”
Em Cincinnati, aos manifestantes anti-Trump juntaram-se centenas de pessoas que protestavam contra o júri empatado do julgamento do assassinato cometido por um polícia da Universidade de Cincinnati que em julho de 2015 atingiu a tiro e matou um negro, Sam DuBose.
Houve protestos com milhares de pessoas noutras grandes cidades, como Chicago, Miami e Atlanta, bem como manifestações de centenas de pessoas em cidades mais pequenas como Detroit; Mineápolis; Cidade de Kansas, no Missouri; Olympia, em Washington; Worcester, no Massachusetts; Cidade de Iowa, no Iowa; Dayton, no Ohio; Cidade de Oklahoma; Salt Lake City; Providência, em Rhode Island; e Las Vegas.
Sexta-feira, 11 de novembro:
Na sexta-feira, pela quarta noite seguida, milhares de pessoas saíram à rua por todo o país em protestos contra Trump – alguns perturbando o trânsito e bloqueando estradas interestaduais, alguns indo até altas horas da madrugada de sábado. Entre as cidades onde houve protestos estiveram: Nova Iorque; Los Angeles; Miami; Chicago; Portland, no Oregon; Atlanta; Miami; Cidade de Iowa; Washington, DC; New Haven, no Connecticut; Orlando; Boston; Asheville, na Carolina do Norte; Nashville; Colombus, no Ohio; San Diego; Denver; Cidade de Kansas, Missouri; Norfolk, Virgínia; Filadélfia; e Detroit.
O jornal The New York Times noticiou que os manifestantes em Atlanta correram para uma ponte para bloquear uma autoestrada e à frente do Capitólio do Estado da Geórgia foi queimada uma bandeira norte-americana enquanto os manifestantes “modificando o lema da campanha do Sr. Trump, gritavam ‘os Estados Unidos nunca tiveram nenhuma grandeza’.”
Em Los Angeles, um protesto de 3000 pessoas que bloquearam a Autoestrada 101 e se manifestaram pela baixa da cidade avançou pela madrugada de sábado; a polícia prendeu cerca de 200 pessoas. Milhares de pessoas manifestaram-se em Miami, rodeando os carros e bloqueando ambas as duas faixas da Interestadual 395 e depois foram para a baixa da cidade.
Na Cidade de Iowa, centenas de manifestantes marcharam pela baixa da cidade e encerraram a Interestadual 80; antes nesse dia, 200 estudantes do ensino secundário faltaram às aulas e manifestaram-se pela baixa. No protesto em Dallas, as pessoas arrastaram e pontapearam pelas ruas uma pinhata de Trump.
Quinta-feira, 10 de novembro:
Pela terceira noite seguida após as eleições, os protestos espalharam-se pelo país em resposta à eleição de Trump. A CNN noticiou que “Dezenas de milhares de pessoas encheram as ruas em pelo menos 25 cidades norte-americanas durante a noite”. Milhares de pessoas concentraram-se frente à Torre Trump em Manhattan. Centenas manifestaram-se em Baltimore, Filadélfia e Los Angeles; houve protestos em Madison e Milwaukee, no Wisconsin, e em Dallas, Houston e Austin, no Texas. Houve protestos em Colombus, no Ohio; Greensboro, na Carolina do Norte; Salt Lake City, no Utah; Louisville, no Kentucky; Indianápolis; Athens, na Geórgia; e em Tampa, na Flórida.
Milhares de manifestantes saíram às ruas em Portland, Oregon, com determinação, não recuando perante a polícia antimotim que atacou com gás pimenta e balas de borracha – e avançando contra a vilificação pela comunicação social e por responsáveis governamentais da sua justa resistência.
Estudantes do ensino secundário da Zona da Baía, de São Francisco a East Bay e aos subúrbios vizinhos, saíram das escolas aos milhares. Milhares deles ocuparam as ruas de Oakland, e houve incêndios e confrontos com a polícia.
Os protestos continuaram nas universidades e nos colégios em todo o lado, desde as grandes escolas às pequenas – da Universidade do Estado do Michigan à Universidade do Estado do Texas e noutros lugares. Um correspondente escreveu: “Duas dezenas de estudantes da Universidade Antelope Valley [no sul da Califórnia] organizaram uma concentração na praça da biblioteca. Gritámos ‘Racistas anti-homossexuais machistas fascistas republicanos vão-se embora’ e fizemos apelos às pessoas para lutarem em defesa dos imigrantes, da comunidade gay e lésbica, dos muçulmanos e das mulheres! A certa altura, os estudantes começaram a gritar ‘sempre tão cheios de ódio, os Estados Unidos NUNCA tiveram nenhuma grandeza’.”
Segundo a agência noticiosa AP, “Um treinador de futebol da Universidade do Luisiana puniu quatro jogadores em resposta a um vídeo filmado num balneário que mostrava membros da equipa a dançarem e a cantarem a letra de uma canção rap de YG e Nipsey Hussle chamada FDT ‘Fuck Donald Trump’ e o vídeo foi feito pouco depois das eleições de terça-feira em que Trump foi eleito presidente.”
Os manifestantes representavam um vasto leque de perspetivas. Muitas das faixas e palavras de ordem incluíram uma desafiadora indignação face aos ataques de Trump aos imigrantes (“Não viverei no medo”, “Resiste, levanta-te”, “Si se puede!”). Uma efígie de Trump foi queimada junto ao município de Los Angeles. A Lady Gaga, Mark Ruffalo e Cher estavam entre os milhares de pessoas que protestaram noite dentro junto à Torre Trump em Nova Iorque na noite das eleições.
Um correspondente em Seattle, onde 5000 pessoas estavam nas ruas na terça-feira à noite, relatou: “O sentimento era de que o desespero e o choque que pairavam no ar estavam a ser transformados em atividade e numa corajosa resistência. O pano de fundo disto era uma enorme concentração de porcos policiais armados com equipamento de motim, em bicicletas, motocicletas e carros. (...)”
Continuamos a receber relatos de protestos e iremos atualizando esta página à medida que tivermos mais notícias.
“Em nome da Humanidade, RECUSAMO-NOS a aceitar uns Estados Unidos fascistas!” na Parada Doo Dah em Pasadena, Califórnia
25 de novembro de 2016
De um leitor:
20 de novembro – A Parada Doo Dah em Pasadena é uma popular parada de farsa e extravagância que se realiza todos os anos em Pasadena, Califórnia. Participantes absurdos e singulares como a Equipa de Brocas do Carrinho de Compras, os Filhos Bastardos de Lee Marvin e a Equipa da Soneca dos Homens do Lazer Sincronizado formam contingentes e milhares de pessoas alinham-se nas ruas para assistirem e se divertirem.
A louca celebração deste ano caracterizou-se por um contingente chamado “Em nome da Humanidade, RECUSAMO-NOS a aceitar uns Estados Unidos fascistas!” Estávamos lá para chegar à multidão com o comunicado “Em nome da Humanidade, RECUSAMO-NOS a aceitar uns Estados Unidos fascistas!”, com cartazes e uma enorme faixa, e para distribuir o jornal Revolution/Revolución, cujo número atual também inclui o comunicado “COMO É QUE PODEMOS VENCER – Como é que realmente podemos fazer a revolução”.
Assim que desfraldámos a grande faixa pouco antes de a parada começar - o principal organizador da Parada Doo Dah insistiu para que ficássemos à frente e ao centro da parada. Éramos uma brigada de quatro pessoas no início, mas tínhamos trazido 6000 comunicados, 500 cartazes, 325 jornais Revolution/Revolución e um balde para contribuições em cima de um “carro de mão com uma plataforma” aberta e decorada “facilmente manuseável por uma pessoa” (isto é importante – e algo com que aprender – dado que o “carro de mão com uma plataforma” aberta permitiu a uma pequena brigada a ser móvel com grandes quantidades de panfletos, cartazes e jornais).