Do sítio do Revolution/Revolución, voz do Partido Comunista Revolucionário, EUA (em inglês a 18 de agosto de 2025 e em castelhano a 20 de agosto de 2025).

Cidade de Gaza — Israel começou a sua ofensiva de aniquilação

O regime fascista de Trump defende este genocídio em todas as frentes

Palestinos lutam entre si pela ajuda humanitária
Palestinos lutam entre si pela ajuda humanitária lançada por via aérea sobre a Cidade de Gaza, 14 de agosto de 2025 (Foto: AP)

Esta rua, cheia de pessoas deslocadas de Beit Hanoun e de toda a Faixa de Gaza, foi atingida por um míssil (...) [matando] mulheres e crianças que vendiam água. Como podem ver, aqui está o sangue e aqui os estilhaços. Somos pessoas inocentes sentadas nas nossas casas, sem sabermos quando irá terminar esta guerra, este genocídio levado a cabo pelo exército israelita de ocupação. Basta, gente. Basta, mundo. Acordem...

— Osama Mortaji, residente da Cidade de Gaza1

Na última semana começou na Cidade de Gaza a mais recente, e talvez a última, fase da campanha genocida de Israel contra o povo palestino de Gaza.

A Cidade de Gaza existiu durante a maior parte da história registada. Foi fundada cerca do ano de 3000 a.C. [inglês/castelhano] junto a uma importante rota comercial. Atualmente é a maior cidade da Faixa de Gaza e alberga mais de um milhão dos 2,2 milhões de habitantes de Gaza.

Agora Israel ameaça destruí-la, a começar por Zeitun, o maior bairro da Cidade Velha de Gaza, e pelos bairros de Al-Sabra.

Uma cidade antiga e os seus bairros históricos agora sob bombardeamento israelita

Na semana passada, depois de afirmações de que os civis iriam ser evacuados antes do início dos combates, Israel lançou de imediato intensos bombardeamentos por via aérea e terrestre, aterrorizando uma população já faminta.

Entre 11 e 15 de agosto, Israel destruiu bairros residenciais inteiros e pelo menos 300 casas. Mais de 300 pessoas foram massacradas. Israel disparou sobre os trabalhadores dos serviços de emergência e as ambulâncias, impedindo-os de chegarem aos milhares de pessoas presas nas suas casas ou sob os escombros no bairro residencial de Zeitun. As forças armadas israelitas e grande parte dos seus meios de comunicação mentiram, chamando-lhes “alvos terroristas” e “agentes terroristas”.

Um homem disse: “Os tanques dispararam projéteis contra as casas e várias casas foram atingidas, e os aviões fizeram aquilo a que chamamos anéis de fogo, em que vários mísseis atingiram algumas estradas do leste de Gaza.” Um outro homem disse que tinha sido “o desmantelamento total da vida civil para garantirem que nunca mais seria permitido o regresso das pessoas a esta área.”

Gaza foi reduzida a um terreno inóspito
Gaza foi reduzida a um terreno inóspito pelas operações aéreas e terrestres israelitas, 8 de agosto de 2025 (Foto: AP)

O pior ainda está para vir

Isto é apenas o início das atrocidades de Israel.

Grande parte da Cidade de Gaza já tinha sido destruída, deixando “corredores estreitos entre montes de escombros e as ruínas das paredes dos edifícios” e só “os esqueletos dos arranha-céus ficaram de pé”, segundo relatou o jornal Haaretz. Além disso:

Em áreas onde nem tudo é destruição, os espaços abertos converteram-se em centros de vida improvisada. Parques, campos desportivos, pátios escolares e bosques estão agora repletos de filas intermináveis de tendas com palestinos deslocados. Perante a ameaça da ocupação da cidade, só lhes sobra interrogarem-se para onde mais podem fugir.

As forças armadas israelitas emitiram ordens de evacuação, mas “espera-se que muitas pessoas permaneçam na cidade e procurem refúgio nos edifícios, apesar do risco para as vidas delas. A maioria dos residentes está exausta devido aos deslocamentos anteriores, e tornou-se cada vez mais difícil encontrar um lugar para montar uma tenda”.

As soluções de Israel?

Mais bombardeamentos aéreos e barragens de artilharia que massacraram muitas pessoas e aterrorizaram outras com o objetivo de as levar a saírem. Uma contínua fome forçada, combinada com o assassinato intencional de jornalistas para evitar que se conheça a verdade sobre este genocídio. Nos últimos 22 meses, Israel já assassinou 238 jornalistas. Continua a ameaçar aqueles que ainda estão vivos, como Saleh Aljafarawi, que está agora a ser ameaçado da mesma forma que o foi o jornalista do canal televisivo Al Jazeera Anas al-Sharif antes de Israel o assassinar.2

Ver também (em inglês):
  • “Vergonha”:
    PROIBIDA a entrada aos palestinos que necessitam de cuidados médicos!

    [inglês/castelhano]

Cercar, despovoar, destruir

O plano de Israel é cercar, despovoar e, em seguida, destruir a Cidade de Gaza.

Isto faz parte de um plano mais vasto, ratificado pelo gabinete de segurança de Israel, de lançar uma nova e massiva ofensiva militar para se apoderar de toda a Gaza, a começar pela Cidade de Gaza a norte, seguida do centro de Gaza, e depois tudo o que restar. A população palestina será forçada a se deslocar para o sul e a ficar confinada em campos de concentração nos 14% a 20% de Gaza que ainda não estão sob controlo militar de Israel nem sob ordens da evacuação.

Depois disso, as notícias relatam que as forças armadas israelitas planeiam assumir o controlo total de toda a Gaza em poucos meses. Israel já está a pressionar outros países, incluindo o Sudão do Sul, devastado por uma guerra e profundamente empobrecido, para que aceitem os palestinos violentamente deslocados da sua pátria histórica.

Os crimes de Israel são mais flagrantes — e o apoio do regime de Trump é mais firme

O plano de Israel não é nada menos que um grande salto para a completa e total destruição de Gaza e o genocídio do povo palestino. E o regime fascista de Trump apoia-o em todas as frentes: militar, política, ideológica e outras.3

Só na semana passada:

Um jornalista de Gaza diz que o assassinato da equipa da Al Jazeera é “a mais chocante perda” em 22 meses
  • Trump disse à agência noticiosa Axios que tinha tido uma “boa” conversa telefónica com Netanyahu a 10 de agosto sobre os “planos de Israel para assumir o controlo dos restantes bastiões do Hamas em Gaza, a fim de pôr fim à guerra através da libertação dos reféns e da derrota do Hamas”. Aqui, Trump está a repetir a grande mentira israelita de que só está a atacar o Hamas e não a combater toda a população palestina e a destruir a sua sociedade, ao mesmo tempo que aprova firmemente a escalada do genocídio por parte de Israel.
  • O Secretário de Estado Rubio deu continuidade ao tema de Trump de apoio ao genocídio por parte de Israel, declarando que apoiava Israel e que a comunidade internacional estava “excessivamente centrada na propaganda do Hamas sobre a crise humanitária, em vez dos reféns”, e de que “enquanto o Hamas existir, não haverá paz em Gaza. Isto é um facto. (…) E quanto mais cedo o compreendermos e quanto mais cedo as pessoas o compreendam, mais cedo compreenderão qual deve ser o objetivo aqui”.
  • Ao lhe perguntarem sobre o assassinato por Israel dos cinco jornalistas da Al Jazeera na semana anterior, a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, começou por desvalorizá-lo como simplesmente algo que acontece numa guerra. Em seguida, repetiu as descaradas e comprovadas mentiras de Israel para justificar o massacre: “Israel publicou provas de que al-Sharif fazia parte do Hamas e apoiou o ataque de 7 de outubro do Hamas. Eles têm as provas.”
  • O relatório anual do Departamento de Estado dos EUA sobre os direitos humanos no mundo foi radicalmente reformulado para refletir o programa fascista de Trump e do MAGA. Esse relatório foi sempre um disfarce para atacar regimes que os EUA não apoiam, mas tinha de fazer algum fingimento de crítica de algumas violações dos “direitos humanos” em geral. As alterações incluíram o corte de mais de 80% do relatório e a eliminação de quase todas as críticas a Israel e de toda e qualquer referência à catástrofe humanitária que o bloqueio israelita de Gaza causou.4
  • O embaixador dos EUA em Israel, o fascista cristão Mike Huckabee, foi franco no apoio dele aos fundamentalistas judeus fascistas, chegando a negar a existência de um povo palestino e o apoio à anexação da Cisjordânia por Israel. Recentemente, ele atacou o primeiro-ministro britânico Starmer por este ter criticado a nova ofensiva israelita. Huckabee defendeu a investida de Israel contra Gaza e comparou-a, favoravelmente, ao bombardeamento em 1945 de Dresden, na Alemanha, pelos EUA e pela Grã-Bretanha durante a Segunda Guerra Mundial. Este infame bombardeamento queimou vivas dezenas de milhares de civis alemães.

A Nakba de então. Uma Nakba ainda mais sangrenta agora

Israel foi fundado sobre sangue palestino. Cerca de 15 mil palestinos foram assassinados, 750 mil foram expulsos das suas casas e 530 aldeias e cidades palestinas foram destruídas entre 1947 e 1949 para que fosse estabelecido o estado sionista de Israel.

Os palestinos chamaram-lhe “Nakba”, ou catástrofe, e com razão.

Nos últimos 22 meses, Israel tem levado a cabo uma Nakba ainda mais sangrenta em Gaza. Já matou quatro vezes mais pessoas: pelo menos 61 827 assassinados, 155 275 feridos ou lesionados e muitos milhares de pessoas ainda não contabilizadas ou enterradas sob os escombros.5

Israel impôs a fome a 2,2 milhões de habitantes de Gaza, bombardeou e arrasou vastas extensões do território, destruiu as infraestruturas de Gaza e assumiu o controlo de pelo menos três quartos do território.

A investida de 22 meses de Israel contra Gaza, e a sua nova ofensiva, representam um horrendo ponto de viragem, um enorme salto na limpeza étnica do povo palestino, com total apoio e aprovação dos EUA.

Aquilo a que estamos agora a assistir é um salto ainda maior e a ameaça de uma conclusão extremamente letal para o desenfreado genocídio levado a cabo por Israel e firmemente apoiado pelos EUA. E isto não pode ser tolerado.

Fim ao genocídio levado a cabo pelos EUA e por Israel contra o povo palestino!

Ouve e vê as mensagens de Bob Avakian nas redes sociais @therevcoms [em inglês]

Como escrevemos a semana passada: Isto não é simplesmente um genocídio levado a cabo por Israel, nem nunca o foi. É um genocídio levado a cabo pelos EUA. Os EUA forneceram todos os aviões e a maior parte das bombas, dos mísseis, das armas e muito mais, bem como o apoio político e diplomático, sem o qual Israel não poderia levar a cabo o seu depravado massacre e fome!

Os EUA são desproporcionalmente responsáveis pelo genocídio em Gaza e, por isso, neste país, temos uma desproporcional responsabilidade de mobilizar, protestar e levantar a voz para exigir o fim do genocídio!

Trump está a facilitar e a alimentar este genocídio. Ele deu luz verde e um apoio aberto à erradicação de toda a Gaza. O regime fascista de Trump e do MAGA está a reprimir violentamente os manifestantes que se têm pronunciado contra o genocídio e está a avançar rapidamente para esmagar toda a dissidência e protestos.

Por isso, todos os que muito justamente estão indignados e protestam contra as ações de Israel também têm uma urgente e desproporcional responsabilidade de se tornarem parte da batalha urgente e existencial para expulsar do poder o regime fascista de Trump através de protestos massivos, não violentos e sustentados. A partir de ontem.

Fim ao cerco de Gaza — JÁ!

Fim ao genocídio israelo-estadunidense contra o povo palestino!

Em nome da humanidade, recusamo-nos a aceitar uns Estados Unidos fascistas!

O regime fascista de Trump tem de se ir embora — JÁ!

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NOTAS:

1  “Israeli Forces Kill 123 Palestinians in a Day Amid Campaign to Seize Gaza City” [“As forças israelitas mataram 123 palestinos num dia a meio de uma campanha para tomarem a Cidade de Gaza”], Democracy Now!, 13 de agosto de 2025.

2  Ver “Israel assassina o proeminente jornalista da Al Jazeera, Anas Al-Sharif, e quatro colegas — vítimas da campanha sistemática israelita contra os trabalhadores da comunicação social” [inglês/castelhano], revcom.us, 11 de agosto de 2025; “Israeli Military Assassinates Five Al Jazeera Journalists in Gaza” [“O exército israelita assassina cinco jornalistas da Al Jazeera em Gaza”], Democracy Now!, 11 de agosto de 2025. A revista israelita 972mag.com revelou recentemente a existência de uma unidade especial israelita cuja missão é difamar jornalistas palestinos em Gaza ligando-os ao Hamas. Ver “‘Legitimization Cell’: Israeli unit tasked with linking Gaza journalists to Hamas” [“’Célula de legitimação’: Unidade israelita encarregada de associar os jornalistas de Gaza ao Hamas”], 14 de agosto de 2025.

3  “A nova ofensiva de Israel — um salto para tomar, dizimar toda a Gaza — O fascista Trump apoia totalmente o genocídio de Netan-Nazi” [inglês/castelhano], revcom.us, 11 de agosto de 2025.

4  “State Department Scrubs Reporting on Human Rights Abuses Committed by Trump’s Allies” [“O Departamento de Estado altera os relatórios sobre os abusos dos direitos humanos cometidos por aliados de Trump”], Democracy Now!, 13 de agosto de 2025.

5  Em comparação, Israel perdeu 1139 mortos no ataque levado a cabo pelo Hamas a 7 de outubro de 2023 (além das cerca de 250 pessoas levadas como reféns). O número de baixas militares israelitas em Gaza é 459. Este último número é muito menor que um centésimo do número de palestinos massacrados em Gaza.

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