Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 22 de Novembro de 2004, aworldtowinns.co.uk
Ataques maoistas simultâneos atingem o regime nepalês
O Exército Popular de Libertação (EPL) desencadeou ataques simultâneos contra instalações do Exército Real do Nepal nas regiões centro-leste e oeste do país.
A 16 de Novembro, um contingente especial duma brigada do EPL levou a cabo um poderoso ataque comando no distrito de Dhanusha, no leste do Nepal, contra as chamadas forças de segurança unificadas do regime reaccionário. O EPL capturou nove espingardas e outro armamento, equipamento de comunicações e munições. Neste ataque não houve nenhuma perda do lado do Exército Popular de Libertação.
No mesmo dia, o EPL também atacou uma coluna motorizada do Exército Real na zona de Jogimara, no distrito de Dhading. Essa estrada é a principal entrada para Katmandu e liga a capital ao resto do país e à Índia. A zona de Jogimara fica situada a cerca de 75 quilómetros a oeste do Vale de Katmandu. Na emboscada, um veículo com protecção antiminas (VPAM) foi feito explodir, dois veículos do exército foram parados no seu trajecto e todas as armas e munições foram capturadas pelos revolucionários maoistas e foram depois transportadas noutro veículo. Esta acção foi levada a cabo por um contingente da Quarta Brigada Basu Smirti do EPL. Basu Smirti quer dizer “em memória do Camarada Basu”. Basu, que nasceu nessa região, foi um dirigente muito popular do Partido Comunista do Nepal (Maoista) e do povo, morto pelo regime há alguns anos. A coluna de sete camiões VPAM do Exército Real tinha sido constituída nos seus quartéis de Gajuri e Baireni e viajava para a zona de Krishna Bhir para acabar com a greve geral que o partido tinha convocado para esse dia no distrito de Dhading. Esses camiões foram fornecidos pela Índia para apoiar o regime nepalês contra os maoistas. Embora os veículos se dirigissem para sul, alguns deles tinham ficado para trás, longe dos outros. Dos sete VPAMs, quatro conseguiram chegar à zona onde os maoistas tinham montado uma emboscada ao Exército Real. Um deles ficou completamente destruído com a explosão. Dois outros ficaram bloqueados a uma curta distância do primeiro e o quarto foi capturado após uma hora e meia de combate. Todas as armas e munições do camião foram capturadas. Mais tarde seria completamente destruído.
Nessa dura batalha, morreu o comandante da Companhia “B” do Batalhão Número 10 do EPL, Rupalal Oli (camarada Lakhan). No lado do inimigo, foram aniquilados mais de 30 terroristas reais. Entre eles, mais de uma dúzia foram mortos durante a batalha e os restantes atiraram-se para o rio que passa próximo da estrada. Um dos soldados do Exército Real que se renderam ao EPL foi libertado e entregue a jornalistas.
Imediatamente após ter terminado a acção, o Exército Real enviou helicópteros para a zona, incluindo um com equipamento de visão nocturna. Por essa altura, os soldados reais dos outros veículos também tinham chegado ao local de batalha. Embora os revolucionários já se tivessem ido embora, os soldados começaram a disparar aleatoriamente em terra e do ar. Isso realça o colapso da moral do Exército Real que se vê a perder a iniciativa. Pressionadas sobre o assunto por jornalistas numa conferência de imprensa no dia seguinte, as autoridades atribuíram a culpa da derrota ao mau tempo que supostamente tinha mantido em terra os outros helicópteros do exército, quando de facto 11 deles tinham estado no ar nesse dia próximo do cenário da batalha.
O Camarada Pravakar, comandante da Divisão Oeste do EPL, emitiu um comunicado à imprensa que descrevia a acção: “A 16 de Novembro, um contingente tomou posição no bazar de Pahalmanpur, próximo do aquartelamento do Exército Real em Kailali. Num ataque de quatro horas de ambos os lados dos quartéis reais de Dhangarhi e Sukhad, foram aniquilados 10 membros do Exército Real. O EPL conseguiu neutralizar os ataques aéreos do inimigo e evitar as unidades do Exército Real que avançavam em veículos militares. Nesta acção, o EPL conseguiu capturar muito material de guerra.”
Noutro desenvolvimento na guerra popular no Nepal, intensificaram-se as deserções no Exército Real. A 14 de Novembro, 15 membros do Exército amotinaram-se no seu quartel e conseguiram escapar com as suas espingardas e munições. Estabeleceram contacto com o EPL. Seis presos maoistas encarcerados há seis meses também se conseguiram libertar.
Estes vitoriosos ataques do EPL foram levados a cabo ao mesmo tempo que o regime alegava que os maoistas estavam enfraquecidos porque o ERN matava diariamente quase dez pessoas em todo o país. Estas batalhas têm um significado muito particular porque ocorreram ou perto de Katmandu (e dos quartéis da sua Divisão do Exército Real) ou em zonas da planície também próximas de instalações do Exército Real. Em contraste, nos anos anteriores os revolucionários maoistas lançavam os seus principais ataques em zonas remotas.
Além disso, mesmo os actuais ataques do EPL nas zonas remotas têm agora um carácter diferente. Por exemplo, as vitoriosas batalhas no distrito ocidental de Achham e no distrito oriental de Dolakha, em Gamgarhi (a sede do distrito de Mugu) no princípio de Novembro, e em Khalanga (a sede do distrito de Jumla no oeste do Nepal), também foram próximas de instalações do Exército Real.
Estas batalhas estilhaçaram a base do conceito de comando unificado (operações combinadas do Exército Real, da polícia militarizada e de unidades regulares da polícia), muito vangloriado pelo regime. O fracasso relativo dos ataques do EPL em Kushum e Bhaluwang no ano passado tinha sido atribuído a esse conceito. Os conselheiros norte-americanos do regime tinham estado a contar com essa abordagem para inverter as suas derrotas no campo de batalha e permitir que ele sobrevivesse. Apesar disso, os gigantescos contingentes do Exército Real conseguiram matar muitos civis desarmados, quadros revolucionários e apoiantes dos maoistas em todo o país. O regime mente e alega que essas mortes ocorreram em batalhas vitoriosas, mas quando começam as verdadeiras batalhas, os terroristas reais são derrotados pelo EPL.
Nos últimos meses, o regime reaccionário tem feito um grande alarido sobre as negociações de paz. O PCN(M) tornou claro que o sistema reaccionário no seu todo tem preparado uma guerra odiosa por trás das cortinas de fumo dessa propaganda. Isto tem sido demonstrado repetidamente pelas actividades do velho estado nepalês – entregou à Índia muita da sua soberania política, económica e militar, pediu mais gastos militares apenas três meses depois da última distribuição do orçamento e assinou novos acordos importantes com países imperialistas como a Grã-Bretanha e os EUA.
Os maoistas concluíram que o regime não tem nem a capacidade nem a credibilidade para levar a cabo verdadeiras negociações. Tais negociações só poderiam ser levadas a cabo com a mediação da ONU ou de organizações internacionais de direitos humanos fidedignas. Elas teriam que ser realizadas directamente entre os revolucionários e o chefe de estado – o próprio rei. Os únicos pontos da agenda de trabalhos seriam sobre como entregar o poder político ao povo. Como o velho estado nepalês continua a matar nepaleses diariamente e mantém-se relutante em empenhar-se num processo de paz, o Presidente Prachanda do PCN(M) emitiu um comunicado a 15 de Novembro apelando a uma vigorosa resistência contra a brutalidade do Exército Real.
Nesse comunicado, o Presidente Prachanda disse: “As largas massas do povo nepalês viram que quase todos os generais do Exército Real e os senhores feudais do palácio – viciados na acumulação de enormes quantidades de bens através da corrupção no contexto da guerra civil – são favoráveis, no essencial, a uma conspiração para intensificar a guerra civil, propagandeando internacionalmente as negociações, com a intenção perversa de confundir a opinião pública internacional. Nas actuais condições desta conspiração contra o espírito do povo nepalês bem como dos escalões mais baixos do Exército Real, não nos resta nenhuma outra opção senão resistir vigorosamente a favor do nosso país e do povo e contra a autocracia militar feudal.”
Estes ataques mais recentes representam o início da ofensiva estratégica declarada pela recente reunião do Comité Central do Partido. Os ataques planeados e coordenados do EPL em diferentes regiões puseram política e militarmente o inimigo na defensiva e o Exército Real foi derrotado na maioria dessas batalhas. A revolta dentro do Exército Real começou e tem ganho impulso. Os reaccionários estão cada vez mais divididos entre si. Em todo o país, o poder político vermelho está a aparecer mais brilhante que nunca no horizonte dos Himalaias nepaleses.