Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 8 de Maio de 2006, aworldtowinns.co.uk
1º de Maio em Berlim
A 1 de Maio deste ano, o bairro de tradição proletária de Kreuzberg, em Berlim (Alemanha), continuou a estar no centro das celebrações do 1º de Maio e uma vez mais testemunhou um desabrochar em massa de sentimentos revolucionários e de luta militante tendo claramente por alvo o sistema imperialista de exploração e opressão. Um bairro onde vivem milhares de famílias operárias alemãs e imigrantes e jovens rebeldes, Kreuzberg foi o cenário da rebelião de massas de 1987 que inspirou o renascimento da manifestação revolucionária do 1º de Maio em Berlim.
O estado de espírito do bairro nesse dia era diferente do habitual. Jovens e outras pessoas moviam-se de esquina em esquina em grupos de três, quatro, cinco ou mais, procurando integrar-se na manifestação. Uma gigantesca força de polícias já tinha invadido a zona. Alguns estavam parados nas esquinas das ruas, enquanto outros andavam às voltas em carrinhas e carros da polícia. Grandes grupos de polícias antimotim estavam presentes com espessos coletes à prova de bala e outro equipamento, enquanto outros circulavam à paisana. A polícia tinha cercado praticamente todo o bairro. Dezenas de pessoas tinham sido presas após os confrontos com a polícia na noite anterior.
Às 13:00, já muita gente se tinha concentrado na Oranienplatz onde a marcha iria começar para ouvir as palavras e as mensagens vindas dos vários oradores e activistas dos partidos e organizações presentes. Entre as mensagens divulgadas estiveram as da coligação de organizadores da manifestação, dos Comunistas Revolucionários (RK) da Alemanha, do Partido Comunista Maoista (MKP) da Turquia e do Curdistão do Norte, do Partido Comunista (Maoista) do Afeganistão, do Partido Comunista da Turquia (M-L) Centro Maoista do Partido, da Organização de Mulheres 8 de Março (Irão-Afeganistão), entre outras. Elas condenavam os imperialistas e a sua aliança contra os povos do mundo, sobretudo a ocupação do Iraque e do Afeganistão e a ameaça de ataque ao Irão. Os oradores também declararam o seu apoio à luta do povo do Nepal e à guerra popular que aí se desenvolve sob a direcção do Partido Comunista do Nepal (Maoista).
Mais de 4000 pessoas estiveram presentes no comício e mais de 3000 delas seguiram em manifestação pelas ruas de Kreuzberg. À frente da manifestação estava uma grande faixa onde se lia: “Lutar a Nível Internacional Contra a Exploração e a Opressão, Não há Libertação Sem Revolução!” Um altifalante difundia canções militantes e atraia os residentes às janelas. Muitos acenavam com as mãos em sinal de apoio.
O grande número de jovens alemães e de muitas outras origens nacionais (incluindo turcos, palestinianos, curdos, afegãos, iranianos, nepaleses, indianos e outros) era um sinal do carácter internacionalista da manifestação – perfeitamente ajustado ao Dia Internacional do Trabalhador.
Numa entrevista, foi perguntado a um dos organizadores da manifestação se estavam a tentar provocar um motim. A sua resposta foi que não estavam à procura de um motim, mas que tinham uma mensagem de luta para as pessoas e não deixariam que ninguém os impedisse de a divulgar. De facto, num acto deliberadamente provocatório, a polícia impediu a manifestação de terminar no local onde estava planeado acabar e bloqueou o acesso dos manifestantes à principal rua de Kreuzberg. Os organizadores e os manifestantes tentaram prosseguir como haviam planeado, mas a polícia estava preparada e tinha concentrado as suas forças à volta desse local. O grosso dos manifestantes organizou um protesto passivo na rua. Cantaram A Internacional tão vigorosamente que podia ser ouvida a vários quarteirões de distância. Foi efectuada pelo menos uma prisão.
Porém, os manifestantes foram integrar-se nos outros eventos do 1º de Maio, como o festival de rua que incluía concertos e outras performances. Embora o objectivo desse festival tenha sido o de impedir que as pessoas participassem na manifestação e transformar o 1º de Maio num pacífico dia de entretenimento, ao final do dia os jovens enfrentaram a polícia e novamente foram presas dezenas de pessoas. Parecia que muita gente não estava com vontade nenhuma de chegar a um compromisso com os opressores.