Recebemos do Colectivo de Solidariedade com Mumia Abu-Jamal (CMA-J) o seguinte comunicado:
Posição do Colectivo de Solidariedade com Mumia Abu-Jamal
sobre os acontecimentos em Rosal de la Frontera
No passado dia 22, esteve presente em Sevilha uma delegação do Colectivo de Solidariedade com Mumia Abu-Jamal (CMA-J) para se manifestar, conjuntamente com outros camaradas vindos de toda a Europa, contra a globalização capitalista, contra a perseguição racista dos emigrantes e pela libertação dos presos políticos.
No entanto, parte dessa delegação foi ilegal e arbitrariamente impedida de entrar em Espanha em Rosal de la Frontera, sob a ameaça de armas de fogo e discriminatoriamente por parte da famigerada Guardia Civil espanhola.
Esta actuação, sob ordens directas do Governo reaccionário de Aznar, merece do CMA-J a mais viva denúncia. Trata-se de mais um sinal de desespero dos governos dos países europeus que pretendem impedir que os seus cidadãos se manifestem e denunciem a actividade e o carácter desses governos e do seu sistema político e económico.
O seu alvo imediato são as organizações mais activas e militantes, que mais dificilmente se calam, e que, por isso, são apresentadas como “radicais e perigosas”. Mas que não se iluda quem pensa que os nossos governantes ficarão por aqui. A História mostra que, uma vez caladas as vozes mais incómodas, está aberto o caminho ao calar de todas as outras vozes. Assim, ainda mais importante se torna denunciar firme e veementemente esta provocação e tomar medidas para que não a ousem repetir.
O CMA-J denuncia também a atitude cúmplice do Governo português perante a repressão policial. O estado português, um dos subscritores do acordos de Schengen, tem alinhado na utilização desses acordos à medida das necessidades repressivas dos estados europeus, suspendendo-os e reintroduzindo-os quando lhes convêm.
O veículo onde seguia parte da delegação do CMA-J ao lado de outros activistas foi das primeiras viaturas a serem impedidas (por duas vezes) de seguir viagem para Sevilha. A esta comitiva se vieram juntar pouco depois outras viaturas, entre as quais algumas do Bloco de Esquerda, que tiveram o mesmo destino, acrescidas de umas muito mediatizadas agressões. Nos confusos momentos que se seguiram, enquanto os membros das várias delegações discutiam conjuntamente uma resposta adequada e esboçavam a resistência àquela arbitrariedade, os dirigentes do BE resolveram facilitar a vida às forças policiais portuguesas e espanholas, convocaram unilateralmente à retirada para Beja e partiram a todo o vapor, fugindo a uma discussão democrática. Esta atitude mereceu o repúdio de várias delegações, incluindo os integrantes de um dos autocarros do BE que se recusaram a abandonar o posto fronteiriço em vão. Aquela debandada forçada impediu uma resposta significativa à altura e no próprio local dos acontecimentos.
Estes acontecimentos são apenas uma amostra do que está para vir e aquele não é o tipo de resposta adequado aos desafios que nos esperam. Perante o conluio dos dois governos e das duas polícias (não esqueçamos o episódio das ordens directas dadas pela polícia espanhola e cumpridas pela polícia portuguesa), apenas a não-colaboração, uma resistência firme e um internacionalismo solidário podem impedir a progressão destes estados cada vez mais repressivos e policiados.
RESISTÊNCIA GLOBAL À REPRESSÃO POLICIAL!
UNIDADE DOS POVOS DA PENÍNSULA IBÉRICA E DA EUROPA!
CONTRA A EUROPA FORTALEZA!
SOLIDARIEDADE COM OS NOSSOS IRMÃOS IMIGRANTES!
Lisboa, 23 de Junho de 2002
O Colectivo de Solidariedade com Mumia Abu-Jamal
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