Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 14 de Setembro de 2015, aworldtowinns.co.uk
O seguinte texto é da Organização de Mulheres 8 de Março (Irão-Afeganistão).
A mensagem de vida-e-morte de milhares de presos políticos dos anos 1980:
Derrube revolucionário do regime da opressora República Islâmica!
Desde 2014, o regime opressor e antimulher da República Islâmica já executou mais de 1900 presos, entre os quais presos políticos. Uma vez mais eles obtiveram a posição número um à escala mundial! Só nos últimos seis meses, foram enforcados 570 presos!
Desde o início da presidência de Rohani e dos esforços do regime iraniano para convencer os EUA e os imperialistas europeus de que podem confiar neles como estado “legítimo” e poderoso a ajudá-los a sair da crise do capitalismo e do Médio Oriente, o regime tem intensificado as prisões e execuções dos seus opositores. Em troca, as potências imperialistas, para saírem dos pântanos da crise do Médio Oriente que estão a enfrentar, e para recuperarem da sua crise capitalista, fecham os olhos e endossam em silêncio as execuções, a intensificação da subordinação das mulheres, o encarceramento da oposição, a repressão e encarceramento de operários e trabalhadores pelo estado islâmico, tal como o têm feito ao longo dos últimos 37 anos desde que o Regime Islâmico chegou ao poder – e sobretudo o massacre de presos políticos nos anos 1980 e particularmente no verão de 1988.
Desde que o regime islâmico chegou inicialmente ao poder, eles anunciaram que as mulheres tinham de usar o hijab, o símbolo da escravidão, e impuseram as suas leis selvagens e reaccionárias contra as mulheres. Impuseram uma violência patriarcal organizada em casa, no trabalho e na sociedade, e ao proibirem todos os partidos revolucionários e militantes e, em nome da “Revolução Cultural Islâmica”, atacarem as universidades, e ao andarem a prender e a encarcerar a juventude revolucionária... eles estavam a dizer às massas populares que a subjugação das mulheres, a opressão, a tortura e a execução, tudo isto é parte inseparável da identidade do regime. E só através destes meios eles puderam manter a imunda existência deles.
Vinte e sete anos passaram desde estes eventos tão horrendos no Irão contemporâneo. Durante estes eventos, milhares de presos políticos foram executados em menos de dois meses. Os melhores filhos e filhas do povo foram secretamente enforcados ou executados de outras formas atrás dos muros das prisões. A extensão dos crimes do regime foi tão enorme que, para esconder todas as provas, os presos executados foram enterrados em valas comuns a coberto da noite. O regime esperava que, ao eliminar fisicamente milhares de presos políticos, pudesse eliminá-los da memória histórica e esconder das novas gerações os objectivos dos presos de edificarem um mundo sem opressão nem exploração. Eles entregaram as vidas deles na luta para atingir esse objectivo.
Mas o regime não conseguiu esconder do povo um crime tão horrendo. As constantes denúncias das forças revolucionárias e militantes, bem como a luta das famílias dos presos executados não permitiu esquecer este crime. Revelar este crime tornou-se em mais uma poderosa razão para as massas compreenderam a natureza antipopular e antimulher deste regime opressor e para expô-lo ainda mais.
Uma grande parte destes presos políticos eram mulheres que se revoltaram contra o podre sistema dominante antimulheres. Essas mulheres não só foram perseguidas por lutarem contra a opressão e a exploração, como também foram torturadas e sexualmente violadas, porque eram mulheres, com o objectivo de dar uma lição reaccionária às mulheres de toda a sociedade. Mas as mulheres militantes e revolucionárias transformaram a prisão num campo de batalha contra os governantes religiosos reaccionários. A tortura, as violações e as execuções não conseguiram fazê-las renderem-se.
Nos últimos 17 anos passados desde os massacres que duraram uma década, conseguimos estabelecer as palavras de ordem “Não perdoaremos, nem esqueceremos” como uma verdade nua contra aqueles que deliberadamente tentaram arduamente fazer com que este horrendo crime do regime da República Islâmica do Irão fosse esquecido. Foi a nossa organização que primeiro lançou estas palavras de ordem para a arena política do Irão e, desde então, as activistas da nossa organização têm sido duramente atacadas pela corrente reformista, porque estes reformistas sabem muito bem que estas palavras de ordem não deixam nenhum espaço para o compromisso com o regime criminoso da República Islâmica. A apresentação destas palavras de ordem pelas mulheres revolucionárias e radicais exprime esta verdade inegável de que as mulheres podem e têm de erguer a bandeira da mudança radical e fundamental da sociedade, e o cumprimento destas palavras de ordem tem de continuar a ser uma das mais importantes reivindicações das mulheres e de todo o povo do Irão.
Nós, as mulheres, ao continuarmos a nossa luta, iremos mostrar que não esqueceremos nem perdoaremos o brutal massacre de milhares de mulheres prisioneiras políticas que eram representantes da rebelião e que lutaram pela emancipação das mulheres. Este compromisso exige que milhares e milhares de mulheres rebeldes que estão fartas da actual situação dêem um passo em frente e perguntem: “Porque é que vocês executaram as nossas irmãs?!” Se exigir a emancipação e a revolta contra o regime mais selvagem do nosso tempo é um “crime”, então todas nós, mulheres, somos “criminosas”, porque todas nós exigimos a emancipação e queremos revoltar-nos contra regimes obsoletos, retrógrados e selvagens como o da República Islâmica do Irão.
Hoje, as mulheres e os militantes revolucionários, e em particular os jovens, não só valorizam a mensagem de vida e morte destes milhares de presos políticos, como também estão empenhados na concretização destas palavras de ordem. Ao longo deste caminho, não podemos esquecer o massacre dos presos políticos, nem podemos perdoar aqueles que são responsáveis por este crime.
A nova geração de combatentes pode tornar-se na portadora da bandeira da fúria e ódio do povo contra o regime da República Islâmica e, tal como os mártires dos anos 1980, não aceitará nada menos que o derrube revolucionário de todo o regime antimulher da República Islâmica do Irão.