Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 1 de Maio de 2006, aworldtowinns.co.uk
Maoistas iranianos atacam “gabarolice nuclear” do regime islâmico
O artigo que a seguir se reproduz, é uma versão abreviada de um artigo intitulado “A República Islâmica pavoneia-se numa gabarolice nuclear, deixando o povo indefeso face a enormes perigos”, publicado originalmente na edição de Abril (n.º 27) do Hagighat, uma publicação do Partido Comunista do Irão (Marxista-Leninista-Maoista).
A República Islâmica pavoneia-se numa gabarolice nuclear,
deixando o povo indefeso face a enormes perigos
Com uma falsa ostentação de fantoches de primeiro calibre, os dirigentes da República Islâmica do Irão (RII) anunciaram que tinham entrado no clube das potências nucleares. A gabarolice deles é ainda mais baixa e mais odiada que a do ex-xá que injectava um falso “orgulho nacional” nas suas próprias veias e nas veias do povo, ao desfilar os aviões de combate F16 que adquirira aos EUA e os tanques de guerra comprados à Grã-Bretanha.
Nos sermões de sexta-feira, com muito barulho e sem qualquer vergonha, os aiatolas proclamaram que o novo estatuto do Irão como “potência nuclear” deveria ser celebrado como feriado patriótico e pediram que os corações das massas se enchessem de “orgulho nacional”. Porém, a maior parte das pessoas que há 27 anos sofrem às mãos do regime religioso medieval não se sentiu inspirada para sentir qualquer orgulho nacional por isso. De facto, o seu orgulho foi agora ainda mais espezinhado pelos mulás reaccionários. Esta gabarolice é ainda mais cómica que a dos generais paquistaneses. O povo ri-se dos mulás e os analistas nucleares ocidentais ridicularizam-nos.
Dois dias depois desse anúncio, o jornal The New York Times escrevia que os analistas nucleares ocidentais achavam que o Irão não tinha a capacidade, o material e as ferramentas necessárias a conseguir alcançar as suas ambições nucleares. “Nada aconteceu que faça alterar as actuais estimativas sobre quando o Irão poderá obter uma única arma nuclear, assumindo que esse é o seu objectivo. O governo dos Estados Unidos estima esse tempo em 5 a 10 anos e alguns analistas dizem que pode ser tão distante quanto 2020.” (13 de Abril de 2006). Esse jornal cita David Albright, responsável pelo Instituto de Ciência e Segurança Internacional em Washington, que tem seguido o programa nuclear do Irão: “Eles ainda têm um longo caminho a percorrer”.
Porém, o governo Bush aproveitou a oportunidade e exigiu às potências mundiais que castiguem o Irão. As opções postas na mesa pelos EUA vão das sanções económicas aos bombardeamentos.
A verdadeira razão para a pressa da República Islâmica em se proclamar “potência nuclear” é que o regime está preocupado com a sua própria sobrevivência. Ele adoptou uma estratégia de tentar acelerar um confronto com os EUA com base em acreditar na Rússia e na China. Em meados de Março, o jornalista ocidental Michael Slackman relatava de Teerão: “Quando [o presidente iraniano] Ahmadinejad tomou posse, ele abraçou uma decisão já tomada pela liderança suprema de se virar para um confronto com o Ocidente sobre o programa nuclear... Mas um cientista político que conversa regularmente com elementos do Ministério dos Negócios Estrangeiros disse que o Irão tinha feito depender muita da sua estratégia em ganhar o apoio da Rússia... Esse cientista político disse que alguns negociadores acreditam que ao serem hostis ao Ocidente podem vir a atrair Moscovo para transformar Teerão no seu aliado seguro no Médio Oriente. ‘Acham que virar-se para leste é o caminho a seguir’, disse ele. ‘Isso é uma convicção e uma visão’ ” (NYT, 15 de Março de 2006).
Os líderes da RII acham que a sua política nuclear pode servir vários objectivos: silenciar as massas, esbater as diferenças dentro do regime e encontrar novos amigos internacionais.
Em relação às massas, essa política é um esforço absurdo para estimular o “orgulho nacional iraniano” na esperança de que elas deixem temporariamente de pensar nos crimes e na pilhagem do regime. Em relação às fileiras do regime, o objectivo é unir as diferentes facções em torno de um plano de sobrevivência. E em relação aos imperialistas norte-americanos e europeus, o seu objectivo é provocar os EUA para acelerar um ataque ao Irão. Esses reaccionários estão a contar com os sentimentos religiosos dos muçulmanos no Médio Oriente e dentro do Irão. Têm a esperança de que quando as massas, sob o efeito do choque e dos bombardeamentos, tiverem que ir recolher os corpos dos seus entes queridos, darão ao regime uma hipótese de sobrevivência – uma oportunidade que o povo terá de pagar com dezenas ou mesmo centenas de milhares de mortos.
Em relação à política do regime face às potências que competem com os EUA, o objectivo do regime é separar a Rússia e a China dos EUA e da Europa e prosseguir na sua estratégia de “Leste contra Oeste”. Até agora, têm sido lacaios dos capitalistas imperialistas ocidentais. Agora que o Ocidente não os quer mais, têm que se vender a outro amo no mercado mundial, e estão à espera dos compradores russos e chineses.
Censurar as notícias que ameaçam as massas
Não há limites para a hostilidade do regime para com as massas. Cada indivíduo a ele ligado só está preocupado com os seus próprios interesses políticos e económicos de classe e não com os interesses do povo nem com o “interesse nacional”. Esses reaccionários obrigaram a comunicação social iraniana a censurar as notícias sobre o dossiê do Irão ter sido enviado para o Conselho de Segurança da ONU. Eles querem esconder às massas o perigo da situação. Mas ainda mais criminosa é a censura das notícias sobre os planos militares norte-americanos para bombardear o Irão e o possível uso de armas nucleares nesse ataque.
A comunicação social do regime islâmico pega em todas as oportunidades para expor os crimes dos EUA em todos os cantos do mundo, mas quando se trata dos preparativos norte-americanos para atacar o Irão, eles limitam-se a ficar calados! Fazem um barulho ensurdecedor sobre os seus próprios jogos de guerra que envolvem apenas alguns barcos no Golfo, mas escondem as informações divulgadas em todo o resto do mundo sobre os exercícios militares dos EUA no Golfo para treino dos ataques aéreos contra o Irão. A questão de um ataque nuclear ao Irão é tão séria que deu origem a intensas diferenças dentro das forças militares dos EUA e alguns oficiais de alta patente do exército norte-americano ameaçaram demitir-se. Mas a RII manteve o silêncio sobre esse assunto.
Na sua extensa denúncia dos planos e preparativos dos EUA para atacar o Irão, o famoso jornalista norte-americano Seymour Hersh cita um conselheiro do Pentágono para os assuntos militares, que diz que o governo Bush está a considerar seriamente utilizar armas nucleares para esse fim, em resultado do ressurgimento mais geral entre os militares norte-americanos e entre os governantes dos EUA de uma política de utilização de armas nucleares tácticas (The New Yorker, 17 de Abril de 2006). Isto significa que a opção nuclear não se limita ao Irão, mas que é uma questão muito mais vasta.
As potências nucleares – EUA, Grã-Bretanha, França, Rússia e China – estão ameaçadas umas pelas outras, não pelo Irão. O Irão é um pretexto para as suas tentativas de reforma do sistema imperialista mundial de destruição e morte. As armas nucleares dos EUA não estão apontadas principalmente ao Irão, mas sim à Rússia (apesar do fim da Guerra Fria) e à França. No seu discurso do Estado da União de há dois anos e novamente este ano, George Bush referiu-se à política do “uso preventivo de armas nucleares”. Há alguns meses atrás, o presidente francês Jacques Chirac – em nome de ameaçar o Irão – anunciou que a França está preparada para usar preventivamente as suas armas nucleares. Os países capitalistas mais poderosos não vacilarão em cometer crimes contra a humanidade. Farão qualquer coisa no interesse do capital. Acham que têm mais liberdade em relação ao Irão, uma vez que o seu regime é extremamente reaccionário e extremamente odiado pelo povo iraniano.
O governo norte-americano, o seu exército e os seus peritos em informações sabem perfeitamente bem que a República Islâmica do Irão não tem uma única bomba nuclear e não a irão ter durante algum tempo. Tal como tiveram que justificar o seu ataque ao Iraque com mentiras sobre as supostas ADM [armas de destruição em massa] de Saddam Hussein, estão a fazer o mesmo em relação ao Irão. Mas a diferença entre o Iraque e o Irão é que os próprios líderes da RII alardeiam virem a ter brevemente a bomba nuclear e que poderão então ameaçar Israel, o Kuwait, a Arábia Saudita e o Ocidente. Isso não passa de um bluff. Bush, que crê estar a cumprir uma missão de Deus, enfrenta lunáticos religiosos do mesmo calibre no Irão. Hersh escreveu que diplomatas de topo em Viena lhe disseram: “Todos os inspectores estão indignados por os iranianos os estarem a tentar enganar e alguns pensam que os líderes iranianos são loucos – cem por cento loucos perfeitamente certificados. E acrescentou que a maior preocupação de El Baradei [dirigente da Agência Internacional da Energia Atómica] é que os líderes iranianos ‘querem o confronto, tal como os neoconservadores do outro lado’ – em Washington.”
Quem pode proteger o povo e os seus interesses? Só o próprio povo! Nós temos um regime que não nos pode proteger contra a agressão estrangeira e, pior ainda, quer transformar o povo em carne para canhão dos seus próprios interesses reaccionários. Este regime é uma grande barreira ao progresso do povo, dificultando a sua preparação para o estado de alerta para o perigo e para começar a proteger-se a si próprio e aos seus filhos de um ataque militar norte-americano. Este regime deve ser derrubado o mais cedo possível para que o povo se possa unir e impedir esse crime.
Quando o povo do Irão se começar a levantar, todos os planos militares e económicos que estão a ser preparados contra nós serão esmagados. Os povos do mundo acorrerão a ajudar-nos e, se os imperialistas cometerem crimes contra o Irão, os povos desses países irão apoiar-nos e à nossa revolução. Não devemos temer a possibilidade de muita gente no Médio Oriente poder ficar cega pela emoção e simpatizar com o regime islâmico. Devemos consciencializá-los de que os interesses dos povos do Médio Oriente não serão satisfeitos pelos islamitas falsamente autodenominados “antiamericanos” nem pelos imperialistas ditos civilizados. Ficar chocado com a gravidade da situação e desejar que ela não seja real, não é uma atitude sensata e inteligente. O regime islâmico é a maior barreira à unidade e à adequada preparação do povo do Irão para a sua defesa. Deve ser derrubado.