Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 8 de Abril de 2013, aworldtowinns.co.uk
Jharkhand, Índia:
Comunicado sobre o assassinato e rapto de maoistas
O texto que se segue é um comunicado à imprensa da Frente Democrática Revolucionária [FDR] da Índia, com a data de 29 de Março de 2013.
A comunicação social tem noticiado a alegação feita pela polícia de Jharkhand de que dez quadros [do Partido Comunista da Índia (Maoista)] teriam sido abatidos pelo Comité Tritiya Prastuti (CTP) durante uma “feroz batalha armada” que teve início na tarde de 27 de Março de 2013 e continuou até à manhã seguinte nas florestas de Lakarbandha, no distrito de Chatra [do estado indiano] de Jharkhand, situada dentro dos limites da esquadra de polícia de Kunda. Depois da batalha foram sequestrados cerca de 25 outros maoistas, segundo os relatos da comunicação social. Lalesh Yadav, de pseudónimo Prashant, Secretário do Comité da Área Especial do Bihar Jharkhand Chhattisgarh Norte do PCI (Maoista); Jaikumar Yadav, Comandante de Pelotão; Dharmendra Yadav, de pseudónimo Biru, comandante Sub-Zonal de Chatra Palamu; e Prafulla Yadav, comandante Sub-Zonal de Koleswari, são dados como estando entre os mortos.
Segundo a versão policial do incidente, ela tinha recebido informações sobre uma batalha armada que decorria entre quadros do PCI (Maoista) e membros do CTP na noite de 27 de Março. Cerca de cem homens armados do batalhão Naja do CRPF e da Polícia Armada Distrital saíram às 10 h dessa mesma noite e chegaram ao local do confronto às 3 h da manhã. As forças paramilitares e policiais envolveram-se numa batalha entre as 3 h e as 4 h, em que dispararam 80 a 90 séries de balas. Na alvorada, alega a polícia, os quadros beligerantes do PCI (Maoista) e do CTP retiraram-se do local. Foi dito que, durante uma busca na zona, a polícia recuperou do local do confronto dez corpos de membros do PCI (Maoista), nove em uniforme, juntamente com sete armas, bombas de canas, cartuchos vazios e literatura maoista. Embora a polícia tenha dito que também morreram dois membros do CTP, os corpos dos membros do CTP supostamente mortos não foram recuperados pela polícia.
O PCI (Maoista), porém, refutou a versão policial. Um porta-voz do partido, na sua declaração telefónica ao PUCL Jharkhand disse que não houve nenhum confronto ou batalha armada como alega a polícia. Segundo ele, foi uma operação conjunta planeada e levada a cabo pelas forças paramilitares centrais e pela polícia estadual em conluio com o CTP. As forças armadas estaduais e o CTP usaram operações encobertas para misturarem veneno na comida servida aos maoistas. Quando eles estavam num estado inconsciente depois de terem consumido a comida envenenada, primeiro as armas deles foram tomadas e depois eles foram selectivamente mortos pelo CTP e pelas forças armadas. Os restantes 20 a 25 maoistas foram depois sequestrados e levados pelos homens do CTP. O porta-voz também confirmou que os quatro líderes referidos pela comunicação social estão entre os mortos. E também confirmou que houve 200 homens armados envolvidos na operação, do CTP e dos paramilitares e polícia de Jharkhand.
Os factos e as circunstâncias do incidente, o modus operandi das forças armadas do estado e a história do infame CTP no Jharkhand na realidade apontam fortemente para uma operação encoberta, um “confronto” encenado e o assassinato a sangue frio dos dez maoistas. É difícil acreditar que dez membros de um grande grupo de 30 maoistas bem armados se tenham envolvido numa batalha armada em que todos os capangas do CTP e das forças armadas que os atacaram sobreviveram sem nenhuma vítima. A própria polícia admitiu que nenhum dos membros das suas tropas tinha sequer sofrido ferimentos. A alegação pela polícia de que dois membros do CTP foram mortos e um foi ferido no “confronto” é altamente duvidosa, dado o facto de que a polícia não recuperou os corpos dos membros do CTP. Apesar das alegações em contrário do governo, o conluio entre a polícia de Jharkhand, as forças paramilitares e o CTP na condução de operações contra os maoistas é bem conhecido. Portanto, pode assumir-se que as forças armadas do estado tiveram total conhecimento da presença do grupo de maoistas na floresta de Lakarbandha, e que elas dirigiram e participaram nesta vergonhosa operação encoberta desde o início até ao fim. O CTP, um bando vigilante mercenário apoiado pelo governo, foi um dos instrumentos de execução destas mortes extrajudiciais.
Esta não foi a primeira vez em que meios encobertos e enganadores de envenenamento foram usados pelo estado indiano para eliminar líderes e quadros maoistas, infiltrando espiões e informadores. Em Dezembro de 1999, três membros do Comité Central do ex-PCI(ML) Guerra Popular [um dos dois principais partidos que posteriormente formaram o PCI (Maoista)] – Shyam, Mahesh e Murli – foram primeiro envenenados usando um informador em Bangalore, e depois sequestrados e levados de avião para o Andhra Pradesh, torturados e posteriormente mortos a tiro. Nessa altura, a polícia fez circular a história de que os três tinham sido mortos num “confronto” no distrito de Karimnagar, Andhra Pradesh. Um aldeão que residia perto do local do suposto confronto também foi apanhado e morto pela polícia e mostrado como membro da brigada em apoio da mentira goebblesiana deles. A reivindicação feita por organizações de direitos civis e por forças democráticas de uma investigação judicial do incidente foi recusada pelo governo. Os oficiais da polícia responsáveis e os chefes políticos deles ainda estão para ser levados à justiça por este assassinato fascista e, na realidade, desfrutam de uma total protecção do estado.
De uma forma semelhante, a polícia de Chhattisgarh alegou ter matado 14 membros de uma brigada maoista no distrito de Bijapur a 18 de Março de 2008, após um “violento confronto”, embora nem sequer um único polícia tenha ficado ferido em resultado disso. Os aldeãos que mais tarde foram testemunhas oculares relataram à comunicação social e às organizações de direitos civis que a história policial do “confronto” visava encobrir o facto de os membros da brigada terem sido envenenados usando espiões, e depois mortos. O governo e a polícia nunca reconheceram este assassinato em massa encoberto e a sangue frio, e em vez disso sempre se vangloriaram dele como “a maior operação de contra-insurreição no estado”. Estes são apenas dois dos inúmeros casos de assassinatos fascistas pelas forças do estado contra o movimento revolucionário usando espiões, bandos encobertos e de vigilantes, e depois alegando terem abatido líderes revolucionários, quadros, simpatizante e civis em batalhas “heróicas”. Este recente assassinato de dez maoistas no distrito de Chatra, Jharkhand, aponta para um assassinato a sangue frio similar, pelo qual o estado indiano e as suas forças armadas são tão responsáveis como os seus soldados rasos, o CTP. Esta operação encoberta mostra o envolvimento do ex-chefe fascista do CRPF, K. Vijay Kumar, que é actualmente conselheiro do governador de Jharkhand e que virtualmente gere o ministério estadual do interior, que está actualmente sob as ordens do Presidente.
O CTP foi criado por renegados do PCI (Maoista) depois de terem abandonado o partido em 2001. O estado indiano, as suas forças armadas e agências secretas foram instrumentais na sua formação e presença prolongada nos distritos de Chatra, Latehar e Ranchi. O CTP estabeleceu um reinado de terror nesses distritos, saciando-se em assassinatos, sequestros, extorsão e tortura – tudo sob o patrocínio do estado e das suas forças armadas. Durante os seus doze anos de existência tem visado em particular as organizações revolucionárias e a sua base de massas. Isto porque o CTP considera as massas revolucionárias e o seu movimento como o maior impedimento à sua expansão, a qual está ligada à protecção do poder político das classes dominantes reaccionárias, constituídas pelas forças feudais e pela grande burguesia compradora.
O CTP é o único dos bandos de vigilantes controlado pelas classes dominantes. No próprio Jharkhand, o estado indiano tem vindo a promover outros esquadrões de execução fascistas que se chamam Comité Jharkhand Prastuti e Shanti Sena. Quase não há nenhuma diferença entre o CTP de Jharkhand e a Salwa Judum do Chhattisgarh, o Ranvir Sena do Bihar, o Sendra e os Cobra Naja do Andhra Pradesh, o Shanti Sena de Odisha, o Ikhwan de Caxemira e o Sulfa de Asom. Todos eles são patrocinados, nutridos e usados pelo estado indiano para esmagarem os movimentos democráticos e revolucionários dos povos e nacionalidades oprimidas. A diferença é que o CTP alega ser um grupo “maoista” e muito convenientemente o estado descreve-o como tal!
A FDR exige que seja feito imediatamente um inquérito judicial que investigue o assassinato dos dez maoistas em Chatra, Jharkhand, para que os factos do incidente sejam revelados e os culpados deste assassinato a sangue frio sejam levados à justiça. Também acreditamos que as vidas das vinte pessoas sequestradas pelo CTP estão em perigo. Se actualmente eles estão sob custódia do CTP ou da polícia, devem ser tomadas todas as medidas para salvar as vidas deles. Todos eles devem ser imediatamente apresentados a um magistrado. Além disso, o CTP deve ser dissolvido sem demora e o estado indiano deve acabar com o seu patrocínio de bandos de vigilantes no país, incluindo o CTP no Jharkhand.