Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 30 de Junho de 2008, aworldtowinns.co.uk
Irão: A Organização 8 de Março apoia as estudantes iranianas
O texto que se segue é constituído por excertos de um panfleto publicado a 28 de Junho pela Organização de Mulheres 8 de Março (Irão-Afeganistão). Intitulado “Estudantes de todo o mundo: Apoiem os protestos das estudantes iranianas contra os abusos sexuais dos dirigentes universitários”.
Estudantes de todo o mundo:
Apoiem os protestos das estudantes iranianas
contra os abusos sexuais dos dirigentes universitários
A 15 de Junho, o acto corajoso de uma estudante desencadeou um poderoso protesto estudantil na Universidade de Zanjan (a 320 quilómetros a noroeste de Teerão) contra esse movimento antimulheres. O vice-chanceler da Universidade tinha-lhe pedido favores sexuais em troca de ignorar os “averbamentos de moralidade” negativos da estudante registados no Gabinete Guardião da Universidade e no Comité Disciplinar. Estando numa posição de autoridade e sendo um esbirro do regime islâmico oficialmente certificado como “crente do sistema”, como são chamados os colaboradores corruptos da estrutura do poder no Irão, ele estava demasiado seguro de que nunca seria exposto.
Mas, desta vez, o “homem do sistema” foi apanhado com as mãos na massa da sua missão “sagrada” por estudantes que filmaram os seus não tão “sagrados” avanços sexuais. Os estudantes informaram imediatamente outras pessoas no campus e os protestos começaram. Durante vários dias, cerca de 3000 dos 7000 estudantes dessa universidade levaram a cabo várias acções que terminaram num protesto. Alguns responsáveis governamentais viajaram imediatamente para a cidade para impedir que os protestos se propagassem a outros campi. Os estudantes exigiram a demissão imediata desse vice-chanceler e do presidente da universidade (ambos são colaboradores do [Presidente Mahmoud] Ahmadinejad). Os estudantes também exigiram imunidade para a corajosa estudante que assumira um grande risco ao expor-se a esse desavergonhado. Os responsáveis que negociaram com os estudantes aceitaram todas as suas exigências a troco do fim dos protestos. Centenas de estudantes vigilantes e alertas fizeram avisos contra o fim dos protestos, mas os estudantes apoiantes da chamada “facção reformista” do regime ajudaram a levar os grevistas aceitar o acordo. Imediatamente após os estudantes terem terminado a greve, a polícia prendeu a estudante! O procurador de Zanjan declarou: “Expor um pecado é pior que cometê-lo”.
Há um ano atrás, na Universidade de Razi, em Kermanshah (uma cidade curda no ocidente do Irão), o líder do Gabinete Guardião fora exposto por abuso sexual de uma estudante. Foi preso e ficou detido durante três dias, mas ela ainda está na prisão para “investigação”. Há vários meses, três raparigas estudantes da Universidade de Sahand, na cidade de Tabriz (capital da província setentrional de Azerbaijão), denunciaram que vários responsáveis universitários, os desavergonhados do Gabinete Guardião e um dos reitores da Universidade as tinham pressionado a tornarem-se suas escravas sexuais. Os estudantes dessa universidade organizaram uma greve vitoriosa que teve eco em todo o país e forçou as também desavergonhadas autoridades a prometerem uma “investigação”. Mas nada aconteceu.
Na República Islâmica do Irão, a imposição de códigos de moral religiosa através da repressão das mulheres é usada como política de “segurança nacional” para “assegurar a coerência social”. Isto leva a polícia a prender e a abusar de milhares de mulheres todos os anos. Há vários meses atrás, um escândalo em Teerão revelou a verdadeira face da polícia da moralidade islâmica: o chefe da força policial da capital, que tinha desencadeado uma caça contra o que ele chamava de “juventude desavergonhada” e “mulheres imorais com hijabs (coberturas para o cabelo) incompletos”, foi apanhado com seis mulheres nuas que ele mantinha como escravas sexuais em sua casa. Este escândalo surge na sequência de uma intensa rivalidade entre diferentes facções das estruturas dominantes. Ele era um dos homens piedosos de Ahmadinejad e do “Líder” [Aiatola Ali Khamenei].
Esta situação desencadeou protestos estudantis em várias universidades iranianas, que se irão propagar ainda mais. Os estudantes exigem a dissolução dos Gabinetes Guardiães e a demissão dos responsáveis universitários impostos pelo governo. Também exigem a libertação da corajosa estudante da Universidade de Zanjan que, em vez de ser levada ao suicídio, fez irromper a amargura acumulada de todas as estudantes. Os estudantes exigem uma liberdade total nos campi para que todas as vítimas de abusos sexuais possam vir a público falar dessa amargura.
A República Islâmica é apenas um entre todos os outros estados reaccionários que odeiam mulheres num mundo dominado pelo imperialismo e pelo capitalismo. Esse regime governa o Irão através de uma teocracia islâmica e de uma globalização capitalista descontrolada – no centro de ambas está uma extrema opressão das mulheres. A opressão quebra e restringe as mulheres do Irão, mas também as transforma em formidáveis rebeldes. Apelamos a que os estudantes dos campi de todo o mundo se ergam ao lado das estudantes rebeldes do Irão. A sua rebeldia representa uma grande esperança para o povo do Irão e para o movimento das mulheres do Irão. Não podemos deixar que esta flor seja morta ainda em botão!
(Para mais informações clique em “Other languages” na página da internet www.8mars.com. Contacto: