Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 20 de janeiro de 2018, aworldtowinns.co.uk
Tunísia: Uma fúria resplandecente no meio de uma atmosfera sombria
Por Sam Albert
Manifestações e luta eclodiram por toda a Tunísia durante cerca de dez dias em janeiro na mais importante erupção de fúria popular desde a queda do regime de Ben Ali há sete anos. Estes acontecimentos são ainda mais significativos devido ao facto de os representantes ocidentais e os apologistas do atual estado do mundo terem vindo a apontar a situação política na Tunísia como o mais bem-sucedido desfecho da “Primavera Árabe” de 2011 – ou seja, “bem-sucedido” do ponto de vista da manutenção da atual situação. De facto, esta explosão de fúria mostra que os fatores subjacentes que motivaram essa revolta popular em vários países árabes ainda estão em vigor – fatores também visíveis nos recentes e semelhantes acontecimentos no Irão.
Os relatos noticiosos indicam que cerca de 800 pessoas foram presas. Nos primeiros julgamentos, dois jovens foram enviados para a prisão por terem queimado uma bandeira tunisina e outros oito por terem incendiado uma barricada de trânsito durante um protesto. As autoridades têm descrito os protestos como tendo sido sobretudo violentos, mas o surto de dez dias incluiu tanto concentrações e manifestações pacíficas como combates com as forças de segurança. Um novo movimento de jovens que se chama a si mesmo Fech Nestannaw (“De que estamos à espera?”) convocou os primeiros protestos de 4 de janeiro contra os novos impostos propostos e contra a subida dos impostos sobre bens de consumo como as frutas e os legumes, o gás de cozinha, os telefones e a utilização da internet. 48 horas depois, o governo tinha cerca de 50 pessoas suspeitas de serem organizadores cercadas e detidas, algumas delas por distribuírem folhetos. Uma semana depois, as manifestações no centro da capital do país, Tunes, e de outras grandes cidades, convocadas pela esquerda parlamentar e por outras forças da oposição tradicional, tiveram de enfrentar uma massiva presença policial. Entretanto, com início à volta de 8 de janeiro, sobretudo em protestos que ocorreram depois do anoitecer, houve jovens a enfrentar a polícia em cidades e vilas nas regiões mais empobrecidas do interior do país e em vários dos subúrbios mais pobres de Tunes – os epicentros da revolta de 2010-11. Houve lojas e outros locais comerciais (com destaque para uma cadeia francesa de supermercados) que foram incendiados e foram atacadas esquadras da polícia e outros edifícios do regime. Foram mobilizadas tropas do exército para várias pequenas e médias cidades.
Isto não foi uma repetição da insurreição de dezembro de 2010-janeiro de 2011, e não apenas porque nenhum dos protestos atingiu a escala desses dias. Aparentemente, desta vez, os estudantes e as pessoas da classe média nas cidades do litoral não abraçaram, no mesmo grau, a fúria desesperada dos jovens do interior – que parecem dispostos a arriscar a morte em vez de enfrentarem mais um dia sem futuro (no fim de contas, a anterior convulsão foi desencadeada pelo protesto público por imolação pelo fogo de um jovem vendedor ambulante, Mohammed Bouazizi, cujas mercadorias tinham sido confiscadas pela polícia).
No período que há sete anos levou à queda de Ben Ali, milhões de tunisinos de todas as classes sociais pareciam estar a falar a uma só voz para exigirem aos governantes “Dégage!” – vão-se embora! A fúria dos mais oprimidos deu vida e coluna vertebral a muitos elementos das classes médias do litoral, incluindo (e talvez especialmente) os profissionais, e mesmo a pessoas do topo de sociedade descontentes com Ben Ali (ou pelo menos excluídas por ele).
Relatos dos nossos contactos na Tunísia pintam agora um quadro de uma situação diferente. Muitas pessoas sentem que não entendem o que está a acontecer e têm suspeitas ou mesmo, um pouco cinicamente, não têm a certeza do que fazer. Os dois lados da luta são muito menos claros. Algumas pessoas temem que os protestos estejam a ser manipulados por forças rivais no governo (uma coligação entre os herdeiros de Ben Ali, tradicionalmente pró-franceses, em várias fações do partido Nidaa Tounes e o maior partido do país, o islamita Ennadha). Diz-se que os primeiros estão a encorajar os seus seguidores mais jovens a lutar ao lado da polícia e que o segundo está a encorajar as destruições e pilhagens. Há rumores que afirmam que responsáveis governamentais foram vistos a pagar a jovens dos bairros pobres para estes atacarem propriedades. Ninguém parece ter a certeza se a pequena bomba que explodiu numa sinagoga na ilha de Djerba, a última bolsa que resta da que já foi a grande comunidade judia da Tunísia, foi obra de islamitas ou do governo.
A situação é imensamente contraditória. Por um lado, há uma profunda desilusão e descontentamento em toda a sociedade tunisina na sequência da “revolução”, quando o sentimento que prevalecia era de que uma mudança política (o fim do regime de Ben Ali) e uma reforma (o fim do monopólio do poder do regime e da asfixia oficial da dissensão) iriam conduzir a uma vida melhor. Não só as condições de vida se deterioraram, sobretudo para os pobres e para grande parte das classes médias, em particular devido ao aumento dos preços, bem como à falta de empregos e de serviços sociais, como já não há muita esperança. Como comentou uma mulher: “Estamos cansados de as coisas estarem sempre a andar para trás, nunca para a frente”. Cansados pode ser a palavra-chave aqui. Ao contrário da contagiosa euforia de 2010-11 e dos tempos seguintes, os relatos vindos da Tunísia indicam muito cinismo e depressão. Como salientou muito perspicazmente um jornalista, enquanto as redes sociais representaram um papel-chave na propagação da revolta de 2010-11, agora “podemos estar em Tunes a seguir o Facebook e não sabermos realmente o que se está a passar no país”.
Ao que parece, algumas pessoas das classes médias urbanas estão inquietas com a fúria vinda de baixo, amedrontadas com para onde pode levar uma revolta desenfreada – que ela possa fortalecer os islamitas ou provocar um retorno de um regime abertamente repressivo do tipo do de Ben Ali (definitivamente uma possibilidade, segundo o mais recente relatório do think-tank apoiado pelos governos ocidentais, o Grupo Internacional de Crise, ICG). Ambos os resultados significariam em particular o fim das liberdades de que essas pessoas agora desfrutam, como conseguirem comprar livros diferentes, discutir política livremente nos cafés e noutros espaços públicos, participar em eventos culturais e sociais antes proibidos (como o recente festival de cinema LGBTQ) e gerirem as vidas privadas delas mais ou menos como quiserem.
Porém, a atual situação é muito instável. A Tunísia passou por nove governos ao longo dos últimos sete anos devido à luta interna entre as fações que o constituem, cada uma delas buscando a supremacia em vez de uma coexistência de longo prazo. Nenhuma delas conseguiu obter um sólido apoio ou mesmo uma legitimidade entre vastos setores do povo. Pelo contrário, os dois principais partidos e o agrupamento da “esquerda” tradicional Frente Popular (cujo objetivo supremo é obter mais lugares e autoridade no parlamento e cuja função mais importante é legitimar o parlamento) ficaram cada vez mais desacreditados. Muitas pessoas não se dão ao trabalho de irem votar. Esta instabilidade política, rotulada de perigosa por cães de guarda ocidentais como o ICG, é em si mesmo alimentada pela instabilidade social do país e por uma economia totalmente incapaz de satisfazer as reivindicações proclamadas pela “revolução” – pão, dignidade e justiça.
Milhões de jovens tunisinos sentem que não têm nenhum futuro aceitável. Isto é claramente demonstrado pelo número de jovens, que é novamente cada vez maior, que tentam atravessar as perigosas águas que levam à vizinha Itália e pelos muitos milhares de outros que foram para a vizinha Líbia ou para outros países para participarem na guerra contra o que eles chamam o modo de vida ocidental, sedentos de vingança contra a dominação estrangeira e os valores hipócritas dos opressores. Sejam harragas, “saltadores para o mar” prontos a arriscar a morte afogando-se, ou jihadistas ansiosos em dar as vidas deles na “guerra santa”, o que estes dois caminhos diferentes têm em comum é que muitos jovens tunisinos continuam a não conseguir aceitar as vidas que lhes foram destinadas. Isto é um flagrante sintoma de uma doença letal que nenhum dos partidos pode curar.
A causa imediata da perspetiva de aumento de impostos que fez transbordar a fúria das pessoas foi uma decisão do Fundo Monetário Internacional (FMI). Esta instituição financeira foi estabelecida no final da II Guerra Mundial (juntamente com o Banco Mundial) para estabilizar o sistema financeiro global e promover o “desenvolvimento” no contexto do sistema imperialista em que a riqueza produzida pelo labor humano em todo o lado está ao serviço da acumulação de capital baseada nos países imperialistas que dominam o mundo. Como as potências imperialistas estavam preocupadas com o que poderia acontecer na Tunísia a seguir à queda de Ben Ali e queriam reforçar o seu controlo sobre toda a região, o FMI fez grandes empréstimos à Tunísia. A Tunísia tornou-se agora num dos países mais endividados do mundo. Estes empréstimos estão prestes a ter de ser pagos e o seu governo precisa de mais empréstimos para pagar integralmente os antigos empréstimos, alguns dos quais datam do tempo em que os amigos de Ben Ali desviavam grandes quantias de dinheiro.
Uma vez mais, o FMI está a disponibilizar-se para conceder uma linha de crédito, com a condição de a Tunísia aumentar a sua capacidade de reduzir as suas enormes dívidas governamentais através do aumento das receitas dos impostos, entre outras medidas. Por outras palavras, o dinheiro que deveria estabilizar um governo indubitavelmente dependente do FMI tornou esse governo ainda mais instável. A “solução”, para as potências imperialistas, não é possibilitar um governo que consiga satisfazer as necessidades do povo, mas antes apoiar e fortalecer as forças repressivas de um governo profundamente endividado. Acima de tudo, isto significa reforçar as forças armadas, sobretudo por parte dos EUA, ao lado do antigo amo colonial da Tunísia, a França. O Ocidente considera que as forças de segurança e o exército são a parte mais fidedigna do estado, e a possibilidade de elas governarem de uma maneira mais direta está a ser abertamente discutida por eles.
Os herdeiros de Ben Ali e o partido islamita Ennadha têm apoiado totalmente que se siga as imposições do FMI, alegando que o desenvolvimento irá resolver os problemas do país. O mesmo faz a UGTT, a confederação de sindicatos que funcionou como oposição tolerada durante o tempo de Ben Ali, a qual está ela própria dividida entre as várias fações políticas no governo. Mas tem sido o desenvolvimento da Tunísia, ou mais precisamente a forma que este desenvolvimento teve de assumir, que trouxe a Tunísia para onde está hoje. O país cujas exportações de trigo e azeitonas para a Europa fizeram dele o celeiro do império romano não consegue alimentar o seu próprio povo sem alimentos importados. Paga essas importações canalizando o capital para setores económicos orientados para a exportação que, nas condições de mercado mundial de hoje dominado pelos imperialistas, só podem aumentar a dependência da Tunísia dos mercados e do capital estrangeiros, reduzir a sua capacidade de se autossustentar e aprofundar constantemente as brechas económicas e sociais do país, sobretudo entre as cidades do litoral e o interior.
Os jovens de famílias pobres no interior sentem-se cortados do mundo moderno que é desfrutado por algumas pessoas nas regiões litorais e pelas pessoas no Ocidente em geral. Os pais deles trabalham, quando conseguem e onde quer que podem, em árduas obras de construção, frequentemente longínquas, e as mães deles nos campos produtores de culturas agrícolas de exportação que são propriedade de investidores, sob as botas de impiedosos contratantes que agem como se elas fossem propriedade deles. Os trabalhadores das fábricas de montagem e dos call centers perto do litoral estão à mercê das flutuantes exigências estrangeiras. O sistema de ensino, sobretudo nas áreas tecnológicas, enche os estudantes com um estreito “abastecimento” de estreitas capacidades que espera que “resulte” numa vocação que lhes prometa uma vida diferente da dos pais deles – até que, no fim, ao saírem com um diploma na mão, caiem no abismo do desemprego ou de empregos entediantes e sem perspetivas. Os números oficiais situam o desemprego entre os jovens licenciados das universidades em 30%, o dobro da taxa geral. Para milhões de pessoas em todo o país, o ensino superior é uma fraude, uma forma de desemprego disfarçado. Além disso, dado que são têm estudos superiores e puderam observar outras vidas através das redes digitais, a situação em que eles estão presos parece-lhes ainda mais intolerável. As esperanças cruelmente frustradas que tudo isto gera foram e continuam a ser uma das mais agudas fissuras na sociedade tunisina.
No interior sul, as minas de fosfatos que geram muita da riqueza do país criam sérios problemas ambientais e poucos empregos para as pessoas que vivem à volta delas. A “indústria” do turismo litoral, promovida como a esperança do país, é movida pela especulação imobiliária e pela prostituição, e o enorme número de pessoas apanhadas e torturadas para a prostituição revela que valores e que futuro o Ocidente tem para oferecer à Tunísia. A dependência do turismo é um sintoma e um produto da subordinação do país ao imperialismo e tem impedido o desenvolvimento equilibrado da indústria e da agricultura numa economia sobretudo autossuficiente que poderia servir de base a uma sociedade radicalmente diferente. Estas relações de produção continuam a ser o que define as vidas das pessoas na Tunísia.
A questão não é como reforçar ou pelo menos como preservar a “democracia” na Tunísia. A forma democrática burguesa de governação (a democracia parlamentar) e os governos imperialistas ocidentais que historicamente têm promovido essa forma de governação é responsável pelos horrores que milhares de milhões de pessoas sofrem hoje em países oprimidos em todo o mundo, como é o caso da Tunísia. Além disso, mesmo numa situação imaginária em que a Tunísia não seja governada por capitalistas tradicionais e islâmicos cujos destinos estão completamente interligados aos interesses do sistema imperialista, se de alguma maneira as pessoas pudessem votar livremente para tomarem decisões fundamentais sobre o futuro do país delas, seriam sobrepostas pelo funcionamento do sistema imperialista e pelos seus defensores, como aconteceu na Grécia, onde as esperanças que levaram à eleição do governo do Syriza foram brutalmente desfeitas. Não há nenhuma saída desta situação a não ser extirpar e substituir as atuais relações de produção – a maneira como as pessoas produzem e trocam a base material da vida, como as pessoas trabalham em conjunto e para quê. Isto não pode ser conseguido tentando usar as instituições do atual estado, como o parlamento, o qual reflete, serve e reforça essas relações de produção. Não, uma verdadeira revolução requer o derrube do estado que representa estas relações e as classes exploradoras e, porque o capitalismo é um sistema global, que vise a eliminação das classes à escala global, juntamente com as relações de produção em que elas se baseiam e as relações sociais e maneiras de pensar que resultam destas relações – um mundo comunista.
Este não é o ponto de vista da “esquerda” tradicional da Tunísia, em particular da Frente Popular, cujo porta-voz é Hamma Hamami. A posição inicial do grupo dele em relação ao novo orçamento antes dos protestos foi pouco clara para muitas pessoas, mas depois dos protestos veio agora exprimir-se claramente contra ele e tentou obter prestígio (e votos nas próximas eleições municipais) apelando a manifestações legais, ao mesmo tempo que condenava o que são comummente chamados “protestos noturnos”. Embora promovendo-se a si mesmo como a continuação da “revolução” de 2011 que acabou por derrubar o regime, desde então a Frente Popular tem centrado a sua atividade no parlamento, onde ficou estreitamente amarrada a forças pró-ocidentais mais abertamente servis ao FMI, ao mesmo tempo que também fazia concessões ao islamismo. Também se distinguiu pelo seu apoio às forças de segurança do Ministério do Interior e ao exército. Não aprendeu nada com o desastroso fim do período que se seguiu à saída de Mubarak no Egito em 2011, quando em nome de se oporem a um islamismo com cuja sede de poder já não se conseguiam conciliar, os movimentos de jovens e a “esquerda” apoiaram um golpe de estado do exército que acabou por os esmagar.
Todos os partidos parlamentares são representantes das relações de produção que definem as vidas do povo da Tunísia e continuarão a sê-lo até ao derrube do estado que impõe essas relações e ao estabelecimento de um novo tipo de estado que torne possível o desenvolvimento da indústria e da agricultura do país numa economia sobretudo autossuficiente que possa servir de base a uma sociedade radicalmente diferente e como zona libertada para a revolução mundial contra o sistema imperialista.
Um camarada tunisino escreveu: “Os protestos são motivados por circunstâncias socioeconómicas independentemente de como eles foram gerados e, com o contínuo declínio da nossa situação, os protestos irão certamente continuar. As pessoas experimentaram o poder da rua e não estão dispostas a deixar que isto continue”. É verdade que milhões de pessoas experimentaram a sua capacidade de transformar a situação política e de contrariar a vontade dos governantes. Mas o legado de 2010-11 é contraditório. Hoje, milhões de pessoas parecem continuar determinadas a não deixar “que isto continue” e a continuar a lutar, mas outras estão desencorajadas com os amargos resultados de uma “revolução” que não mudou decisivamente nem o estado nem a situação das pessoas e do país. As pessoas têm razão em temer os perigos que enfrentam, mas mesmo que haja muita manipulação a ocorrer no meio da agitação, as reivindicações deste movimento têm sido justas e os seus alvos corretos. Ao mesmo tempo, mesmo no sentido mais imediato, os jovens rebeldes da Tunísia enfrentam grandes problemas que têm de ser resolvidos.
O problema mais central é que as razões da miséria das pessoas não foram entendidas de uma maneira suficientemente clara e que nenhuma verdadeira solução está à vista. Sem isso, é impossível começar, quer a unir as pessoas de uma maneira ampla, quer a fazer nascer um núcleo orientado pela mais avançada perspetiva e método do mundo de hoje, a ciência do comunismo que Bob Avakian trouxe para um novo nível de desenvolvimento através de uma profunda análise da experiência positiva e negativa do movimento comunista e da sua maneira de pensar. Concretizar estas tarefas será muito difícil, mas não há nenhuma outra maneira de construir um movimento radical que possa combater a interferência do que as pessoas chamam os “lóbis” (as fações da classe dominante e do parlamento), de persistir face às dificuldades e aos altos e baixos e de conduzir a uma verdadeira possibilidade de mudança radical. As explosões radicais de raiva concentradas entre as classes mais baixas e o perene descontentamento em toda a sociedade, sete anos depois do magnífico derrube de Ben Ali que gerou desafios ao statu quo em toda a região, tornam ainda mais clara a possibilidade e a urgente necessidade deste tipo de liderança revolucionária.