Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 1 de Dezembro de 2014, aworldtowinns.co.uk
O seguinte texto é do Partido Comunista do Ceilão (Maoista) – PCC(M).
A posição que tomarmos e a forma como escolhermos agir em relação às próximas eleições presidenciais de 2015 e depois delas, serão muito decisivas. Há uma ascendente maré de oposição ao regime de Mahinda Rajapaksa, desencadeada por um formidável conjunto de forças que incluem a UNP, JHU, JVP, Chandrika, Sarath Fonseka e outras. Há uma poderosa tentação entre as forças democráticas, incluindo as nacionalidades oprimidas e as vastas massas cingalesas que partilham um desejo singular de se libertarem do regime neofascista de Rajapaksa, de gerar uma mudança. Porém, nós desejamos alertar as pessoas sobre os verdadeiros perigos e ciladas que estão à nossa frente.
A própria campanha mostrará ser sangrenta, vingativa e decisiva. Temos de permanecer alerta para a possibilidade de um golpe militar e um regime de lei marcial, com as potências estrangeiras a apoiarem os seus cavalos. A efervescente crise vulcânica e o derramar de sangue que daí certamente resultarão, juntamente com um maior entrincheiramento da penetração imperialista neoliberal, irão atirar o sistema para uma espiral ainda mais profunda de disfunção e desintegração. Isto pode abrir raras oportunidades históricas para a procura de um caminho revolucionário radical para a libertação. É com esta perspectiva estratégica em mente que nós apresentamos a nossa linha e análise para que nos possamos preparar para as batalhas decisivas que estão à nossa frente. A linha política e a análise que nós representamos podem não ter hoje uma ressonância imediata e vasta. Contudo, nós acreditamos que as massas exploradas e oprimidas irão em breve compreender a amarga verdade e procurar uma solução radical para além do sistema. Esta mensagem visa capacitar as forças revolucionárias com consciência de classe que já viram para além do sistema e da fraude das eleições burguesas e que desejam um caminho científico para a libertação.
Porém, por muito que possamos desesperadamente desejar uma mudança através do derrube do regime, a verdadeira questão é saber se devemos votar para legitimar ainda mais o estado opressor e fortalecer os nossos opressores. Devemos perpetuar o sistema de dominação e levar ao poder os nossos senhores de escravos sob qualquer um dos partidos, cores ou bandeiras? Ou devemos rejeitar todo o jogo diabólico das eleições burguesas criadas para nos enganar, dividir e conquistar? Devemos decidir unir as nossas forças através das barricadas divididas e impostas e organizar a luta revolucionária de classe das massas para derrubar o estado e o sistema? Devemos continuar escravos nesta prisão da sociedade capitalista, divididos, dominados, subjugados e degradados? Ou devemos ousar organizar e liderar a revolução do povo do Sri Lanka rumo ao poder? Cabe-nos a nós, juntamente com o povo do Lanka, decidir e reivindicar o nosso futuro! Então, com a nossa indomável e colectiva unidade revolucionária, força e capacidade de luta organizada, não devemos nós construir todo um novo estado democrático do povo e uma ordem política, económica e social controlada, concebida e governada pelo poder colectivo e revolucionário do povo?
O regime de Rajapaksa hipotecou e endividou o país, roubou as terras e sangrou as pessoas através de uma astronómica desonestidade e corrupção, violou os direitos humanos e democráticos, desencadeou ataques neofascistas/chauvinistas contra as minorias religiosas, reprimiu violentamente as nacionalidades oprimidas, reprimiu a liberdade de informação e desencadeou um terror branco contra as massas como nenhum outro regime antes. A “guerra humanitária” para “libertar” o povo tâmil resultou na ocupação militar, na subjugação política, na dívida e na exploração por atacado das terras e recursos do povo tâmil como nunca antes. A nacionalidade muçulmana está a ser deliberadamente atacada pelos caceteiros neofascistas do regime, enquanto a nacionalidade tâmil de Hill Country está a ser levada a uma vida de total pobreza, miséria, dívida e degradação. As massas oprimidas cingalesas estão a ser enganadas por crescentes doses de chauvinismo e patriotismo para virarem o seu ódio de classe contra as minorias nacionais e religiosas. Vender a vitória militar como gloriosa conquista triunfal sobre o povo subjugado e impor a ideologia da supremacia e hegemonia cingalo-budista, ao mesmo tempo que gerando o medo e impondo o terror através dos desaparecimentos forçados, dos raptos, dos assassinatos e da tortura, têm-se tornado nos principais pilares da ditadura de Rajapaksa. O extremismo religioso fanático levado a cabo por fundamentalistas reaccionários teocráticos tipo caceteiros da Gestapo em conjugação com a força armada do estado para impor uma subserviência total, estupidificada e cega ao estado e ao regime. Qualquer forma de dissensão ou oposição é rotulada de traição à pátria e ao estado, parte de uma conspiração internacional, e é enfrentada de forma adequada.
O regime de Rajapaksa, devido à sua própria sobrevivência, tem colocado o país e o povo do Lanka dentro do mortal cerco da rivalidade e disputa inter-imperialistas. O país já foi hipotecado e endividado para todas as gerações futuras a todas as potências imperialistas, entre as quais a China, os EUA, a Índia, a União Europeia, o Japão, o Banco Mundial, o FMI e o Banco Asiático de Desenvolvimento. As portas do lucro do mercado livre/neoliberal, do saque e da pilhagem serão ainda mais abertas, para quem quer que ganhe a corrida. Todo o tipo de extorsionários financeiros internacionais, contratantes associados, traficantes de droga, senhores da guerra, violadores, assassinos e proprietários de casinos irão festejar, ao mesmo tempo que as massas oprimidas – sejam cingalesas, tâmiles ou muçulmanas ou quaisquer outras – serão esmagadas e sangradas até à morte para alimentarem os apetites destes predadores. Qualquer forma de resistência das massas será submersa em rios de sangue. E, claro, para vencerem a corrida, todo o tipo de forças reaccionárias, chauvinistas e fascistas irão pôr o chapéu da democracia liberal e aparecer como verdadeiros defensores do povo. A principal tarefa que está perante o povo é libertar-se do regime de Rajapaksa. Mas, quem irá substituir o regime? Qual é a verdadeira opção científica que levará ao caminho da libertação?
A nação oprimida tâmil está a ser usada como peão num mortal jogo de xadrez imperialista. Pior que tudo é a ilusão fatal que está a ser propagada de que se pode ser confiar nos EUA, na Índia e na ONU para levarem a libertação à nação tâmil. Nunca devemos esquecer que todas as potências reaccionárias imperialistas e regionais, sem excepção, incluindo os EUA., a UE, o Japão, a Índia, a Rússia, a China e o Paquistão, apoiaram a guerra, política, diplomática e militarmente. A dizimação militar e a repressão política do LTTE [Tigres Tâmil] colocou novas questões, novas soluções e novos desafios à construção do movimento revolucionário do povo do Lanka. Cabe-nos a nós fazer o balanço e compreender as lições cruciais que devem ser retiradas e as armadilhas mortais a ser evitadas para levar a cabo a guerra revolucionária e de libertação nacional. Precisamos de aprender a elevar e a transformar uma guerra de libertação nacional numa guerra revolucionária das massas com consciência de classe que vise o estado e o sistema.
Por isso, precisamos de fazer a revolução democrática e popular que vise derrubar o estado feudal-colonial dominante. Tudo isto com o objectivo de acabar com todas as relações políticas, económicas, ideológicas, sociais e culturais que nos acorrentam ao sistema do Imperialismo. Iremos fazer florescer novas relações sociais e encontrar as formas e os meios para optimizar e mobilizar a iniciativa criativa consciente e o poder das massas revolucionárias para construir toda uma nova sociedade. Uma sociedade onde o povo do Lanka se irá unir e cooperar a todos os níveis da actividade produtiva, científica, intelectual, social e cultural para conseguir uma Terra do Lanka unida, independente, democrática e próspera, que funcione como base libertada para a revolução mundial. Só a revolução democrática mais radical, anti-feudal/anti-imperialista, liderada pelo proletariado em unidade com todas as classes exploradas e oprimidas, todas as nacionalidades e grupos, com a vasta maioria do campesinato, dos pescadores, trabalhadores agrícolas e proletários rurais como força motriz e com os operários a guiar o caminho, poderá libertar o povo do Lanka.
Quem quer que ganhe a presidência, seja a UPFA ou a UNP, o estado capitalista unitário altamente centralizado, militarizado, chauvinista e hegemónico será consolidado. Com ou sem uma Presidência Executiva, o estado do Lanka tem sido sistematicamente construído e organicamente amadurecido para manter vivo e crescente o sistema de opressão feudal e dominação neocolonial. É nesta crescente situação que nós devemos decidir o nosso futuro como Povo do Lanka unido, indivisível e invencível. Temos de decidir esmagar as nossas grilhetas de opressão e as barricadas de divisão para derrubar o cambaleante e fedorento estado e sistema neocolonial e instituir o nosso próprio estado e sistema democrático e popular. Isto é assim para que nos possamos unir ao proletariado internacional e aos povos oprimidos de todo o mundo na luta universal para nos libertarmos do imperialismo e de todas as formas de dominação de classe, nacionalidade, género e casta e avançarmos rumo à nova era luminosa do comunismo.