Movimento global anti-imperialista presente em Barcelona e Monterrey
Por B. Lisboa
Depois de 11 de Setembro, correu a ideia que o cada vez mais pujante movimento anti-imperialista e anticapitalista que se tinha desenvolvido nos anos anteriores se iria esboroar, seja devido ao aumento da repressão que se verifica, seja porque o imperialismo e seus agentes nos tentavam convencer que outros assuntos se tinham tornado mais importantes.
A realidade veio demonstrar que essas ilusões dos poderosos do mundo não tinham fundamento e que as suas tentativas de desmobilizar o movimento revolucionário não tinham futuro. É verdade que o movimento não conseguiu ainda recuperar a força de outrora, mas também aumentou enormemente a repressão e a perseguição a todos os activistas.
A cimeira europeia de Barcelona e a mais recente Cimeira da ONU em Monterrey foram a prova de fogo do movimento revolucionário. Por altura destes encontros de responsáveis financeiros e de Estado de vários países, milhares de pessoas mobilizaram-se contra o imperialismo, contra o capitalismo, contra a repressão, contra a guerra do Afeganistão e contra a exploração e a miséria.
Revolucionários de todos os cantos do mundo, maoistas, anarquistas, ecologistas, activistas em defesa dos imigrantes, e muitos outros grupos, mostraram que continuam unidos contra a actual situação em que milhões de pessoas morrem à fome ou vivem em condições de miséria extrema para que as grandes multinacionais e os grandes capitalistas possam gozar dos chorudos lucros da exploração “global”.
No caso particular da última cimeira, muitos grupos europeus e norte-americanos decidiram não se deslocar a Monterrey porque se tratava de uma cimeira de “apoio ao desenvolvimento” e de “luta contra a pobreza”, e não se sentiram confortáveis para criticá-la. De facto, o actual movimento anti-imperialista integra muitas correntes, incluindo alguns sectores burgueses e pequeno-burgueses que ainda têm ilusões na farsa que é essa “luta contra a pobreza”, que mais não é que atirar algumas migalhas aos pobres, para poderem continuar a aumentar os ritmos de exploração.
O movimento tem muitas faces, umas mais radicais e outras mais conciliadoras, e só pode avançar se todos perceberem esta diversidade, ao mesmo tempo que se cria uma férrea unidade nos aspectos essenciais. Contudo, os revolucionários não devem esquecer que a sua missão é erradicar completamente o sistema de exploração capitalista da face da terra e que, preservando a unidade, não devem hesitar em tomar todos os passos necessários, nomeadamente a preparação da luta armada.
22 de Março de 2002