Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 27 de junho de 2016, aworldtowinns.co.uk
O seguinte texto é do Aurora Roja, voz da Organização Comunista Revolucionária (OCR), México (aurora-roja.blogspot.com).
De Ayotzinapa aos ‘Porkys’:
Os crimes de um estado perverso ao serviço de um sistema opressor – Lutemos contra o poder e preparemos a revolução!

e da nova síntese do comunismo”
Ayotzinapa, Tlatlaya, o encobrimento do caso dos “Porkys” e de tantos outros crimes de um Estado que é o verdugo das pessoas que diz “representar”. Assassinam, fazem desaparecer, torturam, violam e encarceram injustamente pessoas, ao mesmo tempo que se vangloriam da “democracia” e do “estado de direito” deles. Na realidade, fazem-no para semear o medo, sobretudo entre as pessoas rebeldes e os que estão no fundo da sociedade, e para velar por um sistema baseado na geração de lucros escandalosos para alguns a partir da exploração e opressão da vasta maioria das pessoas.
A boa notícia é que podemos desembaraçar-nos deste sistema. É possível e é necessário fazer uma verdadeira revolução que derrube este sistema, que derrote e desmantele este Estado e que crie uma nova sociedade muito melhor, uma sociedade que porá fim aos horrores que vivemos agora e que se unirá aos oprimidos no resto do mundo para finalmente emancipar toda a humanidade.
Os crimes deste sistema são monstruosos.
O governo federal, bem como os governos estadual e municipal, participaram diretamente numa operação conjunta para assassinar e fazer desaparecer os estudantes de Ayotzinapa e para depois encobrir este crime terrível. Esta é a conclusão que emerge inevitavelmente das evidências apresentadas nos relatórios do Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes (GIEI). Os militares e os polícias dos três níveis de governo vigiavam os estudantes desde o dia anterior, através do sistema C-4. Todas estas corporações repressivas estiveram nas ruas de Iguala na noite destes crimes, todas participaram numa operação para impedir os estudantes de sair da zona e o exército assumiu o controlo do C-4, incluindo das câmaras de vigilância, durante as horas críticas e suprimiram os vídeos destes crimes. A Marinha e a PGR [Procuradoria-Geral da República] torturaram várias pessoas para imporem a mentira de que o crime organizado tinha assassinado e incinerado os corpos dos 43 estudantes no depósito de lixo de Cocula. Tudo indica que o governo federal também semeou “provas” para apoiar esta mentira: 42 cápsulas de balas no depósito de lixo e o osso identificado como sendo do desaparecido Alex Mora Venancio no rio San Juan, num ato protagonizado por Tomas Zeron, chefe da Agência Federal de Investigação, e registado num vídeo de repórteres independentes mas nunca mencionado no relatório do caso. Se o governo federal colocou o osso de Alex, então obviamente esteve diretamente envolvido e tem as mãos completamente manchadas de sangue. O governo federal está diretamente implicado nestes crimes e por isso finge que os está a “investigar”, quando na realidade protege e encobre os autores materiais e intelectuais no exército e nos governos federal e estadual. Por isso dizemos: De Iguala [onde os estudantes foram assassinados]a Los Pinos [a residência do presidente mexicano], cárcere para os assassinos! Todo o maldito sistema é culpado!
Até agora ficou impune o massacre a sangue frio por parte do exército das pessoas sob custódia em Tlatlaya, com ordens vindas de cima para “abater delinquentes nas horas de obscuridade”. Os oficiais nunca foram tocados e os sete soldados mencionados saíram em liberdade, apesar do corajoso depoimento das testemunhas torturadas pela polícia para impedir que se soubesse a verdade, e mesmo das evidências apresentadas pela CNDH [Comissão Nacional de Direitos Humanos] da “execução” de “pelo menos 12 a 15 pessoas” em junho de 2014. Não foi um caso isolado: assassinaram muitas mais pessoas em Tanhuato, Apatzingan [em 2015] e ninguém sabe quantos milhares de casos de pessoas assassinadas ou feitas desaparecer pelo Exército, pela Marinha e pela Polícia Federal.
A tortura é praticada como procedimento de rotina pelos militares e pela polícia a todos os níveis, como no caso do vídeo que apareceu a 13 de abril de 2016 nas redes sociais, onde dois militares e um policial federal asfixiam durante 4 minutos com um saco de plástico na cabeça uma mulher que eles mantêm algemada e deitada no chão, em Guerrero. O vídeo causou tanto alvoroço que tiveram de emitir uma “desculpa” cínica, mas a mulher continua encarcerada com base na “confissão” dela sob tortura. E quando Juan Méndez, relator especial da ONU sobre a tortura, declarou o ano passado que a tortura é “generalizada” no México, a resposta do governo federal foi negar isso, tentar desacreditá-lo e impedir que regressasse ao México.
O estado comete e encobre milhares de desaparecimentos em todo o país. Em muitos casos são as supostas “forças da ordem” que cometem estes crimes, como aconteceu com o Exército em Valle de Juárez e com a Marinha em Nuevo León. Noutros casos, as pessoas são feitas desaparecer pelo crime organizado, mas as autoridades trabalham de mãos dadas com ele para encobrirem estes crimes e para desencorajar, desacreditar e mesmo ameaçar e reprimir os familiares que exigem justiça. Em Tetelcingo, Morelos, os protestos populares trouxeram à luz do dia duas valas comuns clandestinas onde jazem 150 pessoas assassinadas que foram sub-repticiamente enterradas pela procuradoria do Estado.
Os feminicidas e os violadores são protegidos pelo governo, como no caso dos “Porkys” em Veracruz. Face a dezenas de milhares de casos de feminicídio e violação em todo o país, o governo conjuga declarações cínicas com ações que visam garantir a impunidade dos criminosos odiadores de mulheres, criminalizando as vítimas, como no caso de Yakiri, uma mulher processada por se ter defendido de uma tentativa de violação e assassinato, e proteger os criminosos misóginos, como no caso da violação em Veracruz de Daphne, uma jovem de 17 anos, pelos “Los Porkys”, quatro filhos de pais ricos e influentes protegidos pelo estado durante mais de um ano até a fúria popular ter finalmente forçado o governo a emitir ordens de prisão, embora só um deles tenha sido acusado. Como resposta a estes e a muitos outros crimes, a 24 de abril houve manifestações em mais de 25 cidades do país “contra a violência machista”, o que deu voz a um novo espírito de resistência entre as mulheres, sobretudo entre as jovens.
O Estado desencadeou uma vaga de repressão para silenciar os protestos populares: reprime os professores por lutarem contra a reacionária contrarreforma do ensino [seis professores foram mortos a 19 de junho durante os protestos contra as novas medidas educativas em Oaxaca, como descreve um outro artigo colocado no aurora-roja.blogspot.com a 20 de junho] e encarcerou centenas de presos políticos, enquanto os ativistas, os jornalistas e os defensores dos direitos humanos são assassinados por se oporem aos crimes deste sistema.
Todos estes crimes obedecem a uma lógica: a lógica de um Estado que existe para defender os interesses do sistema predominantemente capitalista contra a grande maioria das pessoas que este sistema explora e oprime. Este Estado é extremamente corrupto, sim, está conluiado a todos os níveis com o crime organizado, sim, mas o problema tem raízes muito mais profundas que a corrupção, ou mesmo que um “narcoestado” ou um “Estado falhado”, como pensam algumas pessoas. A causa profunda da brutal violência da polícia, dos militares e de outras instituições repressivas contra o povo é o sistema que eles defendem e mantêm a flutuar.
É um sistema de grandes desigualdades e injustiças, baseado na exploração e opressão da grande maioria das pessoas por uma pequena classe de grandes capitalistas, dominados pelos capitalistas-imperialistas no sistema mundial. O sistema funciona para satisfazer a necessidade destas classes e do capital de competirem com outros capitais, para extraírem maiores lucros e continuarem a expandir-se, despojando e desterrando as pessoas e devastando o meio ambiente, condenando a maioria das pessoas a uma pobreza aguda e a uma luta esgotante pela sobrevivência, e para manterem a aceitação ou a submissão das restantes classes na sociedade. Este sistema não pode satisfazer as necessidades da grande maioria das pessoas, não pode eliminar o sistema patriarcal e a opressão das mulheres, a opressão, a discriminação e a pilhagem dos povos indígenas, a ausência de um futuro para os jovens, nem a miséria para um vasto setor do povo. Nem sequer pode eliminar o flagelo do crime organizado, que é uma máquina de morte tão rentável que floresce no capitalismo-imperialismo, aumentando a rentabilidade dos bancos, dos centros comerciais e de todo o tipo de investimentos “legais”, pagos com as vidas roubadas dos nossos jovens e com a degradação da sociedade em geral.
O aparelho de Estado existe para manter este sistema e para impedir ou suprimir tudo o que obstaculize ou ameace o seu funcionamento. Por isso exerce uma violência injusta e muitas vezes arbitrária: para intimidar, desmoralizar e aterrorizar a grande maioria das pessoas, para impedir ou arrasar a resistência e a rebelião delas, e para tentar roubar-lhes a esperança de mudar o mundo.
Não toleraremos mais estas grandes injustiças. Lutaremos para acabar com elas, e não apenas para minorá-las ligeiramente. E forjaremos a liderança, a consciência e a organização que são necessárias para fazer a revolução.
Os ataques ao povo estão a recrudescer porque se estão a agudizar as contradições do sistema. As mesmas contradições que levam a maiores ataques às pessoas fornecem a base para a revolução que pode pôr fim a este sistema e iniciar uma nova etapa da revolução comunista no mundo. Esta revolução não é um “sonho ilusório”. É uma mudança libertadora que podemos obter através da luta difícil e persistente de milhões de pessoas, guiada pelo método científico da nova síntese do comunismo, desenvolvida por Bob Avakian. Apelamos a que todos os que querem trabalhar agora para esta revolução se organizem no Movimento Popular Revolucionário para estudarem e aplicarem esta nova síntese do comunismo para avançarem até à revolução.
E apelamos a que todos os que se opõem, de diversos pontos de vista, aos crimes cometidos ou encobertos pelo Estado se unam contra esta guerra contra o povo, juntando-se à Rede Nacional de Resistência “Fim à Guerra Contra o Povo” e à iniciativa “Fim ao Sistema Patriarcal e à Guerra Contra as Mulheres”, lutando juntos para denunciar este Estado criminoso, para fortalecer a resistência e para lutar para pôr fim a estes horrores. Entra em contacto connosco hoje!
Fim à guerra contra o povo!
Fim ao sistema patriarcal e à guerra contra as mulheres!
A humanidade precisa da revolução e da nova síntese do comunismo!