Iraque: 5 Anos de Ocupação – 5 Anos de Resistência

O dia 20 de Março marcou o 5º aniversário do início dos bombardeamentos da invasão e ocupação do Iraque pelo imperialismo norte-americano. Cinco anos volvidos, estão à vista os resultados dessa agressão imperial:

  • um país completamente destruído:
  • mais de um milhão de mortos (a acrescentar aos 2,7 milhões que já haviam sido assassinados pelos 12 anos de embargo económico antes da invasão);
  • 2,5 milhões de refugiados no interior do país e 2,2 milhões nos países vizinhos (entre mortos e refugiados quase um quarto da população foi afectada);
  • 70% da população sem água potável, 80% sem esgotos, electricidade apenas duas horas por dia, cólera (que tinha sido erradicada) a afectar metade das províncias iraquianas,
  • metade dos menores de 5 anos sofre de malnutrição;
  • 43% dos iraquianos vive com menos de 70 cêntimos por dia e 60 a 70% da população activa não tem trabalho;
  • metade dos 34 mil médicos existentes em 2003 abandonou o país e 2 mil foram assassinados, 90% dos grandes hospitais sem recursos;
  • mais de 300 professores assassinados;
  • 40% do pessoal qualificado abandonou o país, levando ao desmoronamento dos serviços;
  • 24 mil iraquianos presos à guarda das forças norte-americanas e mais 400 mil detidos em prisões governamentais;
  • 158 mil soldados invasores permanecem no Iraque;
  • além destes, há mais 180 mil mercenários a actuar no Iraque que não estão obedecem a nenhuma lei internacional;
  • mais de 4 mil soldados ianques mortos e 30 mil feridos – 82% dos quais em combate;

Ao contrário do que muitos ideólogos burgueses nos pretendem fazer crer, a invasão do Iraque não resultou de uma má avaliação os EUA, mas sim da necessidade estratégica do capitalismo norte-americano de controlar directamente as fontes energéticas e de limitar o acesso dos seus rivais imperialistas a essa zona de importância geoestratégica vital, incluindo o acesso aos seus recursos. É essa a mesma razão que os impele a atacar o Irão e outros países da região, aproveitando a oportunidade rara de ser a única grande superpotência mundial.

Mas a invasão também lhes colocou alguns desafios, pois gerou uma grande oposição, a começar por uma generalizada resistência armada do povo iraquiano, mas também uma enorme oposição interna nos EUA e em todos os países ocidentais, bem como dos povos da região. O facto de os EUA terem ficado militarmente atolados no Afeganistão e no Iraque, com as inerentes limitações (mas não ausência) de recursos que isso implica, também fez com que os seus rivais imperialistas menores e maiores aproveitassem essa oportunidade para se desenvolverem com menos receio de retaliações.

Os EUA vêm como uma das soluções possíveis para este impasse a expansão da sua presença no Médio Oriente, esmagando de vez alguns obstáculos à sua presença, nomeadamente, o Irão, a Síria, o Líbano e a Palestina, onde não tem conseguido esmagar décadas de corajosa resistência. Daí que mereçam especial destaque os sinais de verdadeiras alternativas revolucionárias, nomeadamente no Iraque (ver anexo abaixo) e no Irão, e a necessidade de uma inversão de liderança na Palestina.

Esta situação também deve merecer a nossa acção enérgica, em primeiro lugar com uma solidariedade activa com os povos oprimidos da região que lutam contra os invasores ou outros opressores. Em segundo lugar, desenvolvendo a luta contra o capital opressor e destruidor nos nossos próprios países. É essa a nossa tarefa principal e ela deve ser vista também nesta perspectiva internacionalista. A nossa luta é comum e uma vitória revolucionária de um povo é uma vitória de todos os povos do mundo.

Em Portugal estão marcadas diversas acções de protesto para marcar a passagem deste 5º aniversário da ocupação do Iraque. Ver: Acções de protesto contra a guerra do Iraque.

FIM À OCUPAÇÃO DO IRAQUE E DO AFEGANISTÃO!
ABAIXO O IMPERIALISMO!
VIVA À LUTA REVOLUCIONÁRIA DOS POVOS DE TODO O MUNDO!

(Neste artigo foram utilizados dados da Audiência Portuguesa do Tribunal Mundial sobre o Iraque, www.tribunaliraque.info)

23 de Março de 2008

 

Resistência revolucionária prossegue no Iraque

Reproduzimos alguns excertos de comunicados recentes da Frente Estrelas Vermelhas (FEV) em que esta divulga as suas acções armadas.

20 de Outubro de 2007:
Os rebeldes maoistas atacaram um comboio militar do governo iraquiano e executaram todos os mercenários que o integravam. (...) Ã longo prazo, apesar de todas as dificuldades, a resistência acabará por vencer pela via da luta armada revolucionária.

1 de Outubro de 2007:
Os rebeldes maoistas da FEV atacaram um camião militar lança-rockets norte-americano, na região de Abu Ghraib, o que causou a sua explosão e a morte do condutor. O grupo de rebeldes retirou sem ter sofrido nenhuma perda.

22 de Setembro de 2007:
Os revolucionários maoistas regressaram sãos e salvos às suas bases após terem atacado vitoriosamente e destruído um camião militar ianque e executado todos os seus ocupantes em Sadat Al Hindia. (...) O povo iraquiano está aterrorizado pelos contínuos ataques contra os seus homens e mulheres e as suas casas, pelos sequestros dos seus filhos que são “guardados” sob a vigilância das forças de ocupação. A ocupação é o principal problema do país e nós devemos combatê-la de todas as formas possíveis, incluindo a força. É por isso que o povo iraquiano deve ultrapassar as tensões sectárias, étnicas e religiosas e estar o mais unido possível contra a ocupação. E é por isso que as diferentes organizações de esquerda, marxistas, leninistas e revolucionárias devem desenvolver uma frente militar unida contra o inimigo a fim de libertar a nossa terra da ocupação e libertar os nossos recursos da economia capitalista nacional e internacional.

21 de Junho de 2007:
Pela primeira vez, um heróico grupo de rebeldes da FEV lançou obuses contra os quartéis-generais onde se entrincheiram o governo fantoche de Maliki e os seus amos, os ratos ianques. Hoje, a sua “zona verde” tornou-se negra! Este ataque foi a primeira acção efectuada pelos revolucionários dentro da zona central da cidade de Bagdad. Saudamos a coragem e a altivez dos nossos compatriotas e das massas que nos forneceram toda a ajuda necessária para o cumprimento desta operação.

6 de Junho de 2007:
Os rebeldes comunistas da FEV efectuaram uma operação contra um camião militar ianque no sector de Salman Pak, fora dos limites da cidade de Bagdad. Os rockets lançados pelos nossos camaradas resultaram na destruição de um camião e na morte do seu condutor. (...) O Iraque não tem outra saída a não ser a da luta armada popular.

26 de Maio de 2007:
Os nossos camaradas revolucionários fizeram uma emboscada em Almahmoudia a um grupo de milicianos aliados à Al-Qaeda dirigida por Hatem Abdel Razaq, um homicida que trabalha para os ianques. Os heróis da FEV fizeram explodir as suas bases utilizando bombas, rockets e fuzis e executaram a totalidade do bando terrorista formado por quinze sectários homicidas pró-ianques. Este comunicado serve para advertir os agentes de ocupação anglo-ianques e iranianos que não se podem aproximar das posições dos nossos camaradas revolucionários maoistas, para que cessem os seus selvagens ataques sectários e para pararem de matar e de torturar os bravos homens e mulheres do povo iraquiano, ou nós os prenderemos e os atacaremos no interior das suas tocas.

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