Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 5 de dezembro de 2017, aworldtowinns.co.uk
Falam os participantes no 4 de Novembro
A 4 de novembro, milhares de pessoas manifestaram-se em duas dúzias cidades para exigirem: “Este pesadelo tem de terminar, o regime de Trump e Pence tem de se ir embora!”. A versão completa do artigo publicado no jornal Revolution/Revolución n.º 517 destaca os vastos setores que participaram e os desafios que o movimento ainda enfrenta (http://revcom.us/a/516/voices-from-november-4-it-begins-en.html, em inglês). O texto que se segue são excertos editados de entrevistas feitas em cidades onde ocorreram estes protestos. Elas dão um panorama das muitas pessoas de diferentes etnias e idades, incluindo muitos estudantes do ensino secundário que saíram às ruas, e porquê e como é que elas veem a batalha à nossa frente para expulsar o regime de Trump e Pence.
Cidade de Nova Iorque
“Penso que a realidade está do lado das pessoas que estão a trabalhar contra Trump. Isto começa com uma pequena dimensão e precisa de crescer. Se a realidade está do nosso lado, e se a verdade tem eco nas pessoas, então seremos bem-sucedidos. Tenho amigos muito ativos politicamente, sem nenhuma organização específica. Nas redes sociais, vejo pessoas para quem tenho publicado no Instagram sobre tudo isto. Quero dizer, todas as pessoas têm de começar organicamente a ser um impulso para fazer avançar a causa.”
“Sou francês e estou aqui com a minha filha. Estávamos a andar em direção ao Harlem e recebemos um panfleto. Depois fomos a uma livraria no Harlem, uma livraria revolucionária. Estávamos apenas a passar por ela e entrei. Aí falámos com uma mulher e ela falou-nos sobre isto. Viemos porque estamos contra Trump, tal como a maioria das pessoas em França, mas eu também estava curioso. Queríamos saber o que está a acontecer nos Estados Unidos, a realidade, em vez de sermos apenas turistas comuns, na Times Square, e manifestar-nos e andar por aqui. Portanto, foi interessante falar com as pessoas. Também foi agradável ver, estávamos todos juntos no metro, era tudo muito multirracial, havia negros, brancos, latino-americanos, havia 10 pessoas, e isso foi agradável.”
Chicago
“Bem, penso que vamos ter de fazer o mesmo que fizemos nos anos 1960. Não foi um evento em si que fez uma mudança. Foram muitos eventos que fizeram uma mudança. Portanto, temos de continuar a fazer eventos e, quer sejam pequenos ou grandes, temos de continuar a fazer isto. Penso que as massas são quem faz a história, portanto com isso sei que onde quer que nos unamos contra a injustiça, vamos vencer.”
“O que me despedaçou o coração foi o facto de Trump me ter retirado o meu estatuto DACA [Ação Diferida Para as Chegadas de Crianças, um programa para proteger os jovens imigrantes de serem deportados], o DACA de todos os estudantes que estavam aqui. E basicamente eu tenho medo de ir à escola ou mesmo de ser levada para longe (...) dos meus pais que trabalharam tão arduamente para isto. Porque é que eles fizeram isto? Basicamente fizeram-no a pessoas que trabalharam tão arduamente para este país e agora eles estão simplesmente a fazer isto e isso está a indignar-me, preciso que a minha voz seja ouvida. Não fiquem simplesmente parados em relação a isto. (...) O que eu pessoalmente quero dizer às pessoas é: por favor deixem de ser cegos, deixem de ter os vossos olhos fechados durante tanto tempo, digam alguma coisa, abram a mente, venham e façam isto acontecer. Façam-no sair daqui!”
“E nós somos todos seres humanos. Os asiáticos, os africanos. Não há espaço para o racismo. Não há nenhuma maneira de o presidente dos Estados Unidos poder estar naquele gabinete se ele for um racista reconhecido. É inaceitável. É por isso que eu estou aqui – a dizer a verdade ao poder.”
“Estou aqui porque sou uma aliada. Não tenho experiência direta... como mulher cisgénero heterossexual, não tenho experiência direta de tudo aquilo por que as minorias passam, mas quero que as pessoas saibam que sou uma aliada e que estou aqui para as apoiar e que lá fora há muitos aliados que podem não entender plenamente aquilo por que vocês estão a passar, mas que mesmo assim vos apoiamos e queremos a igualdade.”
“Penso que o sexismo e o racismo [de Trump] que estão a acontecer agora se tornaram mais fortes recentemente, bem como a homofobia. Sou uma mulher transgénero e estou realmente com medo de sair de casa porque recebi graves ameaças de morte. Também sou imigrante, portanto são muitas coisas. É uma atrás de outra. É o medo de perder os meus direitos neste país.”
“Sou LGBT, pelo que obviamente isso me alertou para o problema destas pessoas, mas essencialmente não estou aqui por mim. Sou uma estudante branca do ensino secundário. Sou alguém com imensos privilégios e vim aqui porque vejo as políticas que estão a acontecer, sobretudo comecei a vir aqui depois de ver os nazis a se organizarem em Charlottesville e de os ver a assassinar Heather Heyer. E simplesmente... o mal... temos todos de fazer alguma coisa para parar isto. Ninguém pode ficar como espectador, ninguém pode simplesmente encostar-se para trás e deixar que o mal tome o controlo do país.”
“Eu diria às pessoas, ao ver o que as políticas de Trump e Pence estão a fazer, que olhem realmente para elas. Mesmo que não sejam pessoalmente afetadas por nenhuma delas, podem conhecer alguém que o é, podem ter um amigo ou familiar que é homossexual ou negro ou latino-americano, imigrante, deficiente. Toda a gente, à exceção de muito, muito, muito poucos, irá ser afetada, e a injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo o lado. E não há liberdade se houver alguém escravizado. Não há liberdade para ninguém se houver pessoas a ser escravizadas neste mundo. Por isso, todos nós... para garantirmos a liberdade para todos os seres humanos, todos nós temos... malditos, de dizer a estes fascistas que não vamos aceitar isto. Não vamos aceitar estas políticas que roubam as pessoas da sua humanidade.”
“Começámos em Standing Rock [um protesto iniciado por nativos norte-americanos contra a construção de um oleoduto no Dacota do Norte] e isso mudou as nossas vidas. E sabemos que temos de ser claros. Foi por isso que viemos. Ouvimos falar de vocês no Facebook, acho. Isso despertou-nos para o que está a acontecer, o que as forças militares lá estavam a fazer e que tipo de poder eles estão a tentar impor-nos. As coisas que eles fizeram às pessoas desarmadas que estavam pacificamente nas suas próprias terras, e agarraram-nas. (...) Agora prestamos atenção a muitas coisas que estão a acontecer.”
“A parte do pesadelo que me chamou aqui e à ação foi eu própria me sentir impotente, e as pessoas com que me preocupo, as pessoas que não conheço e as pessoas que são simplesmente pessoas que se sentem impotentes por causa do que o sistema faz contra nós. E eu acredito honestamente que todo o maldito sistema precisa de ser derrubado e que este é um dos passos para fazer isso e protestar é um dos passos para fazer isso.”
“Estou aqui em nome da Fempowerment que é uma organização feminista interseccional liderada por jovens que existe há cerca de um ano. E viemos aos protestos como grupo, e portanto parte do que os organizadores fazem é observar e verificar nos nossos recursos online e nos jornais quais são os próximos protestos e depois vamos a todas as redes e juntamos as pessoas. E assim, yeah.”
“Adoro o facto de chamarmos a isto um regime, só porque isso é o que ele é. Como o Dia de Colombo, não lhe chamemos Dia de Colombo, chamemos-lhe Dia do Massacre dos Povos Indígenas. Assim que identificarmos o que é, automaticamente as pessoas se tornam mais conscientes e mais dispostas a querer resolver as coisas. Acho que é por isso que as pessoas ainda fazem churrascos no Dia de Colombo, porque é assim: oh, aquela pessoa que colonizou a América – provavelmente não fariam belas refeições com a família se soubessem o que de facto ele é. Precisamos de fazer mais coisas dessas.”
Austin, Texas
“Sabendo o que sei sobre a história da Alemanha nazi, e o que Donald Trump tem feito e dito que querem fazer desde que ocuparam o cargo, basicamente tudo o que eles estão a fazer segue a mesma rota que a dos nazis na Alemanha, com a única diferença de que eles têm o dedo no gatilho de armas nucleares. Mas também vi nas concentrações anteriores em Houston e Austin, estes grupos que aparecem, a Força da Liberdade do Texas, tudo isso, há vários grupos. E eles querem sair às ruas e assustar as pessoas para reforçarem a posição deles no terreno, e para estabelecerem basicamente o que Trump está a tentar fazer, e para estabelecerem uma sociedade fascista, um ambiente fascista para que as pessoas não possam falar e tenham medo de falar. Por isso, se as pessoas não estão contra isso agora, e se recuam e vão para as casas delas e ficam assustadas, sem dúvida que o que teremos de enfrentar é o que os judeus e outros, os comunistas e outros, enfrentaram na Alemanha nazi.”
“E eles estão a ameaçar atacar a Coreia do Norte, e isso são 25 milhões de pessoas. Ou seja, são seres humanos no outro lado do mundo. Não conheço uma única dessas pessoas, mas são pessoas como nós. Por isso, se eles estão a ameaçar lançar bombas e matar 25 milhões de pessoas, o que os irá impedir de o fazer noutros lugares, de o fazer aqui?”
“O que me perturba mais, é o facto de ver as pessoas que supostamente são a oposição, a não se porem de pé e dizerem que algo está errado, eles estão a ser silenciados de muitas formas. E eu sinto que vai chegar um momento em que nós não iremos poder falar, estritamente por causa do tipo de regime que é este, e do que eles sentem em relação à oposição. Por exemplo, o Extremismo de Identidade Negra, os manifestantes que foram presos na tomada de posse e que enfrentam acusações e penas de muitos anos. É isso que eu mais temo em relação a este regime.”
Los Angeles
“Tendo uma perspetiva sobre o que aconteceu no passado e podendo ver as tendências e o caminho em que estamos e como estamos muito perto da situação muito perigosa de um estado fascista. Estamos há algum tempo neste caminho, mas a eleição de Trump e o movimento que o levou ao poder acordaram um monstro adormecido. Se virem esta alt-right [direita alternativa], tem todas as características do fascismo – um nacionalismo fanático que diz que tudo o que não esteja de acordo com a conceção deles é antiamericano, de menor valor. Está a desumanizar o resto do mundo. Tem uma característica racista. Há muitos aspectos disto que são verdadeiramente aterradores e acho que é muito importante que os expulsemos como parte de tudo o que possamos fazer para tornar o mundo melhor e tem de envolver isto.”
“Como é que acham que os nazis chegaram ao poder na Alemanha – eles tomaram conta do governo, havia boas pessoas pouco dispostas a se porem de pé e a confrontarem os líderes deles e eles instalaram os juízes deles e os juízes começaram a aprovar as regulamentações deles. Isto começa com as rusgas noturnas da ICE [a polícia de imigração] que a não serem noticiadas pela comunicação social e onde é que termina? Sabem, as pessoas que dizem que isso não pode acontecer aqui são pessoas que não estão a tomar atenção e que não estão a estudar a história.”
São Francisco
“Ouvi falar disto pela minha filha que está aqui ao meu lado. Ela ouviu falar disto através do Facebook. E depois passou-me a palavra. Penso que o me preocupa mais é o meio ambiente, porque ele está basicamente a sabotar toda a Agência de Proteção Ambiental, e de facto a pôr lá um cão de guarda que é unha com carne com as companhias petrolíferas e unha com carne com todas as grandes indústrias que estão a poluir a nossa terra. E acho que é realmente muito preocupante pensar no que irá acontecer, sabem, o meio ambiente e o facto de ele realmente não se preocupar com isso.”
“Esta é uma das poucas organizações que estão a tentar fazer o que penso que é necessário, que são os protestos contínuos. A Marcha das Mulheres, a Marcha Pela Ciência... todas estas coisas foram maravilhosas, mas depois acabaram e não houve nenhuma sequência oficial. Antes da eleição, houve pequenos grupos que se atomizaram e se dividiram e houve muitos grupos que se formaram e que depois seguiram os seus caminhos separados. Do que precisamos é de uma coligação com uma base alargada que esteja unida em torno daquilo que nos une, que é o facto de este regime ter de se ir embora. E não acho que podemos... não podemos distrair-nos com as nossas discordâncias partidárias. Podemos ter essas discordâncias, mas precisamos de não nos distrairmos e precisamos de ser persistentes porque eles estão a contar que nos cansemos ou desistamos. Portanto, estas são as duas coisas que temos de derrotar. Temos de derrotar destruirmo-nos uns aos outros e temos de derrotar a fadiga.”
Vê e partilha – o vídeo do novo discurso de Bob Avakian:
O REGIME DE TRUMP E PENCE TEM DE SE IR EMBORA!
Em nome da humanidade, RECUSAMO-NOS a aceitar
uns Estados Unidos fascistas: Um mundo melhor É possível
O filme trata da questão mais urgente do momento: como entender a ameaça à humanidade colocada pelo regime de Trump e Pence e o que fazer em relação a isso. Este discurso – do revolucionário mais radical no planeta – defende massivas efusões não violentas e contínuas de protestos com início a 4 de novembro. Localiza as raízes do regime – as causas mais profundas e mais imediatas da ascensão dele ao poder. O discurso de uma hora é pleno de substância, e emoção.
As manchetes diárias, quase de hora a hora, clamam com urgência. Para veres e partilhares o discurso: vai a revcom.us (http://revcom.us/a/512/see-and-share-this-talk-en.html em inglês ou http://revcom.us/a/512/vean-y-compartan-este-discurso-es.html em castelhano) e/ou descarrega-o no https://vimeo.com/channels/BATalkTrumpPenceMustGo (clica no nome do filme e aparecerá a ligação para “Baixar”).
Excerto do discurso de Bob Avakian:
Enfrentamos e estamos agora a ser governados por um regime fascista. Ao o confrontarmos e ao agirmos para o impedir, um dos maiores obstáculos que está no caminho e a esmagar as pessoas é o chauvinismo norte-americano. A repugnante noção de que os Estados Unidos e os norte-americanos são melhores e mais importantes que todas as outras pessoas. Isto é um veneno que infeta as pessoas em geral neste país, mesmo entre os amargamente oprimidos. E há uma grande necessidade de as pessoas romperem com este chauvinismo norte-americano.
Libertem-se da GFT, a Grande Falácia Tautológica. Uma falácia é uma ideia ou maneira de pensar que é falsa, errada. Uma tautologia é uma maneira de raciocinar em círculo vicioso, em que se afirma algo e depois se alega provar isso meramente através de se reafirmar novamente a mesma coisa. Portanto, a grande falácia tautológica a que me estou a referir é a noção de que os Estados Unidos são uma força pelo bem no mundo. E então tudo o que eles fazem é bom ou pelo menos feito com boas intenções. Mas quando a mesma coisa é feita por outras forças, sobretudo por forças que se nos opõem, ela é má, é má porque os Estados Unidos são uma força pelo bem no mundo.
Portanto, quando alguém está nas garras da Grande Falácia Tautológica, quando as autoridades, o governo e a comunicação social, etc., lhe dizem que a Coreia do Norte, que desenvolve um pequeno número de armas nucleares e alguns mísseis balísticos de longo alcance, é uma séria ameaça, essa pessoa não faz perguntas, não pergunta porque é que isso é uma grande ameaça quando o único país no mundo que as usou, os Estados Unidos, tem milhares de armas nucleares e a capacidade de as usar em qualquer lugar do mundo, de alguma forma não é uma grande ameaça.