Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 16 de agosto de 2017, aworldtowinns.co.uk

Charlottesville, EUA:
Ofensiva supremacista branca enfrenta uma furiosa oposição

O seguinte artigo foi extraído, com pequenas alterações, de 3 artigos publicados entre 12 e 16 de agosto de 2017 na edição online do jornal Revolution/Revolución, voz do Partido Comunista Revolucionário, EUA, em inglês:

e em castelhano:

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Centenas de membros da escória fascista neonazi de supremacistas brancos, Ku Klux Klan e outros desceram até Charlottesville (Virgínia, EUA) a 11 e 12 de agosto, para participarem numa manifestação “Unir a Direita”. Eles foram lá defender a estátua de Robert E. Lee, o comandante do Exército Confederado que lutou por manter viva a escravatura durante a guerra civil norte-americana, estátua que ia ser removida de um parque público. Eles foram lá para glorificarem as décadas de subjugação aberta dos negros neste país, primeiro sob a escravatura e depois com a brutal segregação conhecida como “Jim Crow” – e para promoverem a continuação e a intensificação dessa opressão hoje. E eles foram lá para celebrarem abertamente a história do fascismo hitleriano – e para reforçarem a batalha deles para ajudarem a consolidar o regime fascista norte-americano que está hoje na Casa Branca.

Estas forças reacionárias extremas têm sido encorajadas e incitadas pelo regime de Trump e Pence e têm estado cada vez mais ativas em todo o país. O que vimos em Charlottesville foi um grande salto nesta batalha – alguns comentadores da comunicação social compararam isto à Kristallnacht [Noite das Vidraças Partidas], a noite de violência e terror feita pelas tropas de choque de Hitler nos anos 1930 e cujo alvo foram os judeus. As centenas de supremacistas brancos chegaram fortemente armadas. Fizeram uma marcha de tochas ao estilo do KKK pelo campus da Universidade da Virgínia na noite anterior, gritando coisas como “sangue e terra”, um slogan nazi.

David Duke, um antigo “mago imperial” do KKK, esteve na marcha fascista de tochas que atravessou o campus da Universidade da Virgínia (UV) na sexta-feira à noite e foi citado a dizer: “Nós vamos cumprir as promessas de Donald Trump” de “reaver o nosso país”. Muitos dos supremacistas brancos tinham símbolos da campanha de Trump, juntamente com os símbolos nazis deles. Havia um verdadeiro sentimento entre os contramanifestantes de que os supremacistas brancos estão a ser incentivados por Trump e de que não podem ficar sem oposição, de que não se podem permitir que eles ameacem as pessoas e vomitem o veneno deles.

A turba supremacista branca não ficou sem resposta. Eles foram confrontados por centenas de contramanifestantes de Charlottesville, de zonas vizinhas e de outras zonas do país. Havia pessoas da classe média branca enojadas com os fascistas racistas. Havia ativistas da organização As Vidas dos Negros São Importantes. Havia membros do clero e líderes de diversas crenças, vindos de perto e de longe, entre os quais líderes nacionais como o Dr. Cornel West e a Dra. Traci Blackmon, e centenas de membros de igrejas. Na marcha ao estilo do KKK na noite anterior ao evento principal realizada no campus da UV, um grupo de estudantes ergueu corajosamente um pano que dizia: “Os estudantes da Virgínia agem contra o suprematismo branco”, apesar das ameaças e da violência dos fascistas.

Membros da Recusar o Fascismo estiveram no meio dos eventos e apelaram às pessoas a continuarem a luta contra os supremacistas brancos como parte da luta para expulsar todo o regime fascista de Trump e Pence. Membros do Clube Revolução estiveram lá, e levaram um pano com uma declaração de solidariedade assinado por pessoas dos bairros sul [South Side] de Chicago. Carl Dix, do Partido Comunista Revolucionário, EUA, emitiu uma declaração (revcom.us/a/503/statement-from-carl-dix-from-charlottesville-en.html em inglês e revcom.us/a/503/declaracion-de-carl-dix-desde-charlottesville-es.html em castelhano) em direto do local em Charlottesville.

Um homem que está a estudar numa das escolas da UV disse: “A estátua à volta da qual as pessoas se estão a concentrar tem de ser derrubada – é um sinal da continuação da supremacia branca estrutural. É claro que há uma enorme mobilização dos fascistas neste país que se estão a organizar em torno dessa estátua e do que ela representa como princípio estrutural central e que tem de ser oposta em todos os sentidos possíveis. (...) Aquela estátua foi lá posta como monumento à dominação e à violência e essa foi a função que ela sempre serviu e é a função que continua a servir. Qualquer pessoa que diga que tem a ver com uma herança está fundamentalmente a dizer uma mentira sobre essa verdade básica em relação a por que ela lá está. Porque essa herança é a supremacia branca, essa herança é nociva e tem de ser combatida.”

As pessoas que protestavam estavam determinadas a enviar uma mensagem ao mundo, em palavras e em ação, de que não irão tolerar nem um segundo este veneno supremacista branco. Ao longo do dia, onde quer que houvesse supremacistas brancos em Charlottesville, estes tiveram uma feroz oposição de diferentes grupos de pessoas que protestavam. Essas pessoas nas linhas da frente representaram os sentimentos de milhões de pessoas em todo o país. E muitas, muitas mais têm de seguir de facto o exemplo dessas pessoas em Charlottesville e de se envolverem e reforçarem a luta contra o fascismo.

Como disse Carl Dix na declaração dele: “O que está a acontecer em Charlottesville é um resultado direto do regime fascista de Trump e Pence. E são os esboços de uma nova guerra civil neste país. Estes fascistas são a sério. E nós temos de despertar e de os confrontar com uma resistência que seja igualmente a sério.”

A manifestação “Unir a Direita” estava agendada para começar ao meio-dia no parque que tem a estátua confederada. Horas antes da concentração, centenas de fascistas marcharam pelas ruas vestidos com roupas militares, levando todo o tipo de armas semiautomáticas e cartazes de apoio à supremacia branca, a Hitler e ao KKK. Os contramanifestantes no local perto do parque enfrentaram os supremacistas brancos e defenderam-se contra a violência dos fascistas. Houve escaramuças durante pelo menos uma hora perto do parque e houve outros confrontos noutros lugares. Centenas de polícias, entre os quais tropas estaduais da Virgínia em uniformes antimotim e da Guarda Nacional do estado da Virgínia, tinham sido mobilizados e estavam na zona, alguns deles suficientemente perto para verem claramente os confrontos. Eles ficaram a ver enquanto os fascistas que já estavam no parque correram para se juntarem aos ataques aos contramanifestantes. Um desses fascistas investiu com o carro dele a grande velocidade contra uma multidão de contramanifestantes, matando uma mulher, Heather Heyer, e ferindo 19 outras, com cinco pessoas ainda em estado crítico.

Por volta do meio-dia, a cidade declarou a manifestação supremacista branca como assembleia ilícita e então a polícia evacuou o parque. Pouco depois disto, o governador da Virgínia declarou o estado de emergência. À medida que os fascistas saíam do parque e marchavam rua abaixo, os confrontos continuaram. As pessoas gritavam: “Escoria nazi fora das nossas ruas”, “Não a Trump, Não ao KKK, Não a uns EUA fascistas” e “As vidas dos negros são importantes”.

Depois de tudo isto, o fascista-mor, Trump, recusou-se a condenar os supremacistas brancos e, em vez disso, falou de violência “de muitos lados” – um endosso total e aberto dos neonazis racistas.

Isto, juntamente com a roleta nuclear que Trump está a jogar com as ameaças dele contra a Coreia do Norte, deixa muito mais plenamente claro para onde as coisas se estão a encaminhar. Isto É um pesadelo. O que tem de acontecer agora é que muitas, muitas mais pessoas precisam de enfrentar a profundidade da situação e responder imediatamente manifestando-se nas ruas de todo o país.

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Imediatamente depois de terem surgido as notícias de que Heather Heyer tinha sido assassinada por um supremacista branco, milhares de pessoas indignadas saíram às ruas em muitas cidades.

Nessa noite, cerca de 800 pessoas reuniram-se para uma manifestação em Oakland, com palavras de ordem como “Charlottesville, nós apoiamos-vos, a Zona da Baía está unida contra o suprematismo branco”. Os manifestantes levavam cartazes que diziam: “Silêncio branco é igual a violência” e “Esta merda não é aceitável”. Os manifestantes escalaram a autoestrada 580 e bloquearam-na durante 15 minutos. Uma mulher disse aos serviços noticiosos: “Temos de chamar a atenção para o que está a acontecer em Charlottesville e mostrar que vamos resistir a Trump e a este regime fascista. (...) Não vamos tolerar a supremacia branca. Por isso, temos de entrar pelos dias normais das pessoas, temos de causar alguma perturbação... uma perturbação pacífica.” Um outro manifestante levava um cartaz “América primeiro = Fascismo”. Antes disso, centenas de pessoas tinham participado numa vigília silenciosa convocada pela organização Indivisible no centro da cidade de São Francisco.

No dia seguinte, 300 pessoas reuniram-se em São Francisco para uma manifestação convocada pela Recusar o Fascismo, partindo do bairro Mission, descendo a Rua do Mercado até ao Centro Cívico, com die-ins [protestos deitados] a bloquear cruzamentos ao longo do caminho. Houve dois outros protestos em East Bay, uma ação contra o terror policial e uma manifestação do grupo Hip Hop Pela Mudança. Foram convocadas vigílias em homenagem a Heather Heyer para o Centro Cívico de São Francisco e para o centro da cidade de Oakland.

Em Seattle, mais de 1000 pessoas saíram às ruas em resposta ao que aconteceu em Charlottesville e tentaram boicotar uma reunião supremacista branca que estava a ser protegida por polícias militarizados. Também cerca de 1000 pessoas saíram às ruas na baixa de Los Angeles. O evento não previamente previsto foi convocado pela RefuseFascism.org. A multidão era constituída por pessoas muito diversificadas – negros, brancos, latino-americanos, asiáticos, pessoas LGBTQ e outras. Havia jovens, velhos, famílias com crianças, pessoas que empurravam carrinhos de bebé. Muitas pessoas levavam cartazes feitos à mão. A manifestação foi até ao La Plaza, na Olivera Street; depois, foi até ao Centro de Detenção dos ICE [Serviços de Imigração], onde os manifestantes gritaram às pessoas que estavam lá detidas: “Nós ouvimos-vos”. Continuou até ao Museu Nipo-Americano onde houve pessoas a falar sobre a ameaça de guerra nuclear do regime de Trump e Pence e do aniversário do bombardeamento norte-americano de Nagasáqui.

Em Chicago, a Recusar o Fascismo emitiu um apelo a que as pessoas saíssem às ruas. A manifestação aumentou até cerca de 1000 pessoas à medida que atravessava o coração da zona turística do centro da cidade. Quando se aproximou da Torre Trump, os manifestantes ocuparam a rua ao longo de vários quarteirões. Eles vinham da Indivisible, da Marcha das Mulheres, da comunidade LGBTQ, com t-shirts “As Vidas dos Negros São Importantes”, com bebés em carrinhos de bebé, com t-shirts antirracistas e com crianças com os seus próprios cartazes contra o ódio feitos à mão. As buzinas dos carros vociferaram em apoio. Veteranos das forças armadas vindos de todo o país e que são contra a guerra foram até à Torre Trump depois da sua própria manifestação. Fotos enormes de Heather Heyer com a palavra “HEROÍNA” foram levadas para a concentração.

Em Nova Iorque, gritos de “Não a Trump, Não ao KKK, Não a uns EUA fascistas” soaram à medida que as centenas de manifestantes marchavam por Manhattan até à Torre Trump, a residência privada do presidente, recolhendo mais pessoas pelo caminho e fechando a 6ª Avenida antes de a polícia lhes ter bloqueado o caminho.

Houve outras ações em Houston, Filadélfia, Plymouth (Massachusetts). Cerca de mil pessoas saíram às ruas em Syracuse (estado de Nova Iorque).

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A humanidade precisa de heróis

“Quero que a morte dela seja um grito de luta pela justiça.” — Susan Bro (mãe de Heather Heyer)

Heather Heyer – assassinada por supremacistas brancos em Charlottesville, EUA
Heather Heyer – assassinada por supremacistas brancos em Charlottesville, EUA. (Foto: Facebook)

Heather Heyer era uma assistente legal de 32 anos em Charlottesville, Virgínia. Quando os nazis, os apoiantes do Ku Klux Klan e outros supremacistas brancos armados e violentos se mobilizaram no sábado em Charlottesville para protestarem contra a planeada remoção de uma estátua de homenagem a Robert E. Lee, ela saiu à rua juntamente com centenas de outros contramanifestantes para os confrontar e se opor a eles. Um covarde supremacista branco investiu com um carro contra uma multidão de contramanifestantes num cruzamento, matando Heather e ferindo 19 pessoas.

A mãe de Heather, Susan Bro, disse ao Huffington Post que nunca haveria dúvida que Heather iria protestar contra os neonazis e os outros fascistas: “Ela sempre teve um sentimento muito forte do correto e do errado; mesmo quando era criança, ela sempre foi muito apegada àquilo que acreditava ser justo. De alguma maneira, quase sinto que foi para isto que ela nasceu, isto é um foco para a mudança. Estou orgulhosa por o que ela estava a fazer ser pacífico, ela não estava lá em batalha com as pessoas.”.

Um vizinho em Charlottesville disse ao HuffPost: “Ela viveu a vida dela como o caminho dela – e este era pela justiça.”.

A última publicação de Heather Heyer no Facebook antes de se juntar aos contraprotestos foi: “Se não estás indignado, não estás a prestar atenção.” Os supremacistas brancos que se manifestaram em Charlottesville declararam, tal como as turbas de linchamento de não há muito tempo, que iam levar armas e ameaçaram usá-las. Heather Heyer, e centenas de outras pessoas, desafiaram as ameaças e os perigos, e Heather deu heroicamente a vida dela fazendo isso.

Bob Avakian escreveu:

Há um ponto em que a epistemologia e a moralidade se encontram. Há um ponto em que tens de tomar posição e dizer: não é aceitável recusares-te a olhar para uma coisa – ou recusares-te a acreditar numa coisa – porque ela te deixa incomodado. E: não é aceitável acreditar numa coisa só porque ela te faz sentir confortável. (O BÁsico 5:11)

Isto é um princípio crítico em qualquer circunstância, mas assume uma extrema urgência neste momento. O fascismo tem uma direção e um impulso. O momento de o parar é agora. E isso requer coragem física e intelectual.

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