Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 15 de Março de 2004, aworldtowinns.co.uk
Tiro pela culatra:
Revolta contra a guerra no Iraque derruba governo espanhol
Um ano após a cimeira dos Açores, em que George Bush, Tony Blair e José Maria Aznar selaram a formação de uma coligação para invadir o Iraque, o governo de Aznar foi inesperada e humilhantemente afastado do poder. O governo contava que a dor das pessoas após as bombas de 11 de Março nos comboios de Madrid as tornasse dóceis e agradecidas por uma mão forte que as protegesse. Pelo contrário, numa série de acontecimentos em rápida sucessão, o pesar transformou-se em raiva – raiva às mentiras do governo e à manipulação dos factos que rodearam as mortes de 200 pessoas e, acima de tudo, raiva contra a guerra.
Menos de duas horas após o ataque da hora de ponta, os representantes governamentais anunciaram que a organização basca ETA tinha sido responsável. O Ministro do Interior disse que não havia “nenhuma dúvida que fosse”, A ministra dos negócios estrangeiros enviou aos embaixadores espanhóis ao redor do mundo instruções para que “usassem todas as oportunidades” de transmitir essa mensagem. Aznar telefonou pessoalmente aos editores dos principais órgãos de comunicação social privados para que a repetissem. A comunicação social governamental transmitiu a mesma mensagem e censurou os jornalistas que não alinharam com isso. O governo da Grã-Bretanha apoiou Aznar nessa afirmação. Nos EUA, o principal porta-voz do Departamento de Estado fez questão de apontar explicitamente “a ameaça que a Espanha enfrenta do mal que vem do terrorismo da ETA”, embora para os seus próprios propósitos políticos fosse fácil prever que o governo de Bush mudaria de posição para culpar a Al-Qaeda após as eleições espanholas. Mais tarde, o Secretário da Defesa dos EUA, Rumsfeld, tentou explicar isso dizendo: “a ETA e a Al-Qaeda são a mesma coisa”. Este pode ter sido também o plano de Aznar.
O governo espanhol e os seus aliados insistiram no estrangeiro na atribuição à ETA quando o fizeram – antes dos factos sobre os atentados serem conhecidos – porque sentiam que tinham de o fazer. Com as eleições a apenas três dias de distância, o Partido Popular de Aznar (PP) estava ansioso por utilizar os mortos e feridos contra o rival Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE). Alguns meses antes, funcionários socialistas da região da Catalunha tinham estado em negociações com a ETA, que por sua vez tinha declarado um cessar-fogo regional em Janeiro. O PP transformara a acusação de o PSOE ser “brando” com a ETA um tema central da campanha. Mais claramente, Aznar queria aprofundar a brutal campanha contra o movimento nacionalista basco que o seu partido e o PSOE haviam prosseguido enquanto estavam no governo. Mas, basicamente, havia um medo de que se as explosões fossem atribuídas a forças fundamentalistas muçulmanas e fossem associadas à guerra do Iraque, as pessoas reagissem em primeiro lugar culpando o governo de Aznar por arrastar a Espanha para aquela guerra. Esse medo revelar-se-ia ser muito bem fundado.
O plano de Aznar começou a sair errado desde o início. O facto de ele ter ignorado a vontade de 90 por cento do povo, de acordo com toda a comunicação social, e ter feito a Espanha alinhar ao lado dos EUA, tinha enfurecido milhões de pessoas. Nas semanas antes de a guerra ter sido lançada, quase todas as cidades de Espanha presenciam enormes e repetidas manifestações. Tal como nos outros países que alinharam com Bush contra os desejos claramente expressos dos seus povos, a decisão de Aznar revelou algo sobre a natureza fundamentalmente ditatorial do estado, apesar da existência de eleições. Depois da queda de Aznar um observador comentou que o “espírito do 15 de Fevereiro” (o dia de protestos globais em 2003) não se tinha extinguido quando os EUA ignoraram o movimento contra a guerra e iniciaram a guerra apesar de tudo, mas tinha continuado a queimar sem chama escondidamente.
Mais, para além do ódio à guerra, havia dois outros importantes elementos nos sentimentos das pessoas que têm que ver com o domínio fascista de Francisco Franco (1939-1977). Um foi que a experiência do fascismo e do movimento muito poderoso e frequentemente revolucionário que se lhe opôs ainda marca a Espanha, apesar do chamado pacto de silêncio após a morte de Franco, no qual as forças pós-Franco – os socialistas e os outros principais partidos – concordaram em lançar um espesso manto sobre o passado. Aznar era um membro da Falange de Franco e o seu partido está arraigado àquele movimento fascista. O outro é o facto de os EUA terem apoiado a ditadura de Franco durante mais de três das suas quatro décadas, em troca de bases do exército norte-americano em Espanha. Essas bases ainda lá estão e representaram um papel vital no ataque ao Iraque.
Esses factores criaram um cenário em que o enredo de Aznar estava destinado a ter dificuldades. Mas havia um problema com o próprio guião: estava baseado em mentiras que depressa começaram a ser desvendadas. Não é verdade, ao contrário do que os ministros de Aznar e outros representantes afirmaram, que no passado a ETA tenha visado deliberadamente gente comum. Os seus alvos mais famosos foram o primeiro-ministro de Franco e seu sucessor designado, o Almirante Luis Carrero Blanco, e numa outra ocasião, o próprio Aznar. Nem era verdade, como disse o governo, que os explosivos fossem um produto francês que a ETA tinha usado no passado: um dia após o ataque, quando foi encontrada uma bomba não detonada, soube-se que os explosivos tinham sido feitos em Espanha. Mais, um telefonema de um conhecido “canal” da ETA e um porta-voz do Batasuna falando em França (o governo espanhol proibiu recentemente esse partido eleitoral por não ter condenado a ETA) denunciaram a acção. Negaram que o movimento basco estivesse de alguma forma envolvido, e pediram às pessoas que fossem para as ruas.
Mas aparentemente o argumento que muitas pessoas acharam de maior força era político: como serviria a causa da autodeterminação basca da ETA – uma meta partilhada pela maioria dos bascos e mesmo por partidos bascos totalmente opostos à ETA – levar a cabo um tal massacre, e se não tinha sido a ETA, então por que era tão insistente o governo em que tinha sido?
No dia a seguir ao ataque, milhões de pessoas manifestaram-se à chuva em todo o país. Nalgumas cidades, a maior parte dos seus habitantes apareceu. À cabeça da manifestação de Madrid estavam os líderes de todos os partidos e chefes de muitos governos europeus, juntamente com o rei escolhido e posto no trono por Franco (que o fez chefe das forças armadas) para assegurar a continuidade do estado espanhol após a sua morte.
Havia sentimentos e forças contraditórias a trabalhar. O tema principal era a unidade de todo o povo de Espanha. Às vezes isso foi posto em oposição aos supostamente “racistas” ataques da ETA contra o povo “espanhol”. Mas muitas pessoas vieram para as ruas com o sentimento de que o governo estava em falta. Isso foi muito explícito na região basca onde entre as palavras de ordem das enormes manifestações se incluíam: “Aznar assassino!”, “Não à guerra!” e “Abaixo a opressão!”
Pessoas entrevistadas em Madrid e noutras cidades partilhavam sentimentos semelhantes. Os prevalecentes cartazes e símbolos de paz tiveram diferentes significados para diferentes pessoas. Muitos cartazes expressavam oposição a toda a violência. Alguns diziam: “Somos todos Madrid” ou “Foram mortos por serem espanhóis – eu sou espanhol”. Outros diziam: “Não à guerra”, “Para todas as vítimas no Iraque e em Madrid” e “Somos todos iraquianos”. As pessoas cantavam: “assassinos”, mas houve animados debates sobre se os assassinos eram bascos, árabes ou o governo. De acordo com os jornais, a frase mais popular entre os mais de dois milhões de pessoas em Madrid foi “Quien ha sido?” (“Quem foi?”). Outros gritaram: “Mentirosos! Mentirosos! Mentirosos!”.
Em Barcelona onde o desejo de autodeterminação do povo catalão é profundo, no final da manifestação os manifestantes começaram a gritar “Assassinos!” a representantes governamentais que tiveram de ser protegidos da multidão pela polícia do governo regional catalão. De acordo com o jornal El País, do mais de um milhão de pessoas que apareceram, “a maioria associou o massacre ao envolvimento da Espanha na guerra do Iraque.”
Recentemente, quando o partido do governo catalão tinha pedido para negociar mais autonomia junto do governo central, Aznar anunciara arrogantemente que nem o iria escutar. Muitos manifestantes na Catalunha levavam cartazes que proclamavam a sua solidariedade para com os habitantes de Madrid mas não com o governo de Madrid. Tal como Aznar proibiu o Batasuna – proibido de concorrer às eleições porque os seus resultados eleitorais mostram que um importante sector da sociedade basca, especialmente jovens das cidades de classe operária, consistentemente apoia a ETA – as políticas governamentais para as várias nacionalidades oprimidas de Espanha debilitaram a atracção do apelo de Aznar para a unidade de todos “os espanhóis”.
Na Andaluzia, os trabalhadores marroquinos do campo juntaram-se aos protestos contra os atentados. Trabalhadores do aço que se envolveram no mês passado em violentos confrontos com a polícia, fizeram uma manifestação com as palavras de ordem “Aznar, isto foi o que a tua guerra nos trouxe”.
Um incidente ocorrido nesse dia na cidade basca de Pamplona concentrou as correntes políticas em confronto. Um tiro da polícia matou um comerciante basco que se recusou a pôr um cartaz anti-ETA na sua janela. O polícia entregou-se às autoridades, esperando, como dizia muita gente, desfrutar de impunidade. Nacionalistas bascos que montavam um memorial no exterior da loja foram assaltados. Contudo, apesar da atmosfera de histeria e de diabolização do nacionalismo basco e mesmo do próprio povo basco, nas primeiras horas após os atentados, havia uma determinada e crescente contra-ofensiva do povo nas ruas das cidades bascas.
No segundo dia após os ataques, no sábado, a maré começou a mudar muito rapidamente. Em vez de irem para casa como era suposto, as pessoas continuavam a protestar e a afinar a sua pontaria política. Porque faltavam menos de 24 horas para as eleições, as manifestações eram ilegais. A polícia foi posta em alerta e houve preparações para a lançar contra os manifestantes.
Em Madrid, os repórteres ficaram surpreendidos por verem pessoas que assistiam ao jogo de futebol da tarde nos cafés e bares aplaudir os golos marcados contra o Real Madrid – conhecido por ser a equipa favorita de Aznar.
Em muitas cidades por todo o país, ao longo do dia, algumas centenas de pessoas de cada vez começaram a marchar a partir de um e de outro local (em Madrid, das estações de comboios onde morreram as pessoas) e a terminar na sede local do partido de Aznar. Nalgumas cidades, isso aconteceu inúmeras vezes em diferentes momentos do dia, aparentemente de uma forma relativamente espontânea. Gritavam “PP assassinos” e “Aznar, Franco, a mesma luta!”, apedrejaram os edifícios e despejaram escombros. Em Pamplona, jovens que atiraram pedras e garrafas lutaram com a polícia que disparava balas de borracha. Um slogan era contra “os crimes do estado”, uma referência ao comerciante assassinado, os atentados e a guerra. Noutro lugar, houve escaramuças, mas a polícia não atacou. Em Madrid, as pessoas gritavam: “Aznar, és o culpado” e “Aznar, ver-te-emos em Haia” (o tribunal de crimes de guerra). Às 9 da noite, o governo avisou que não seria tolerado mais nenhum “ajuntamento ilegal”. Em Madrid, como em muitas cidades, multidões crescentes cercaram a sede do PP e bateram em panelas e tachos tão alto quanto podiam ou faziam soar as buzinas dos carros.
Muitos milhares de pessoas fizeram o mesmo em Barcelona. Cenas semelhantes ocorreram em Sevilha, Granada, Bilbau, Tarragona, Saragoça, Gijon, Santiago de Compostela, Burgos, Alicante e muitas outras cidades. Às 2 da manhã de domingo, as autoridades advertiram que tudo isso era proibido. Continuaram toda a noite, até domingo de manhã, quando, contra todas as expectativas, 77% dos eleitores potenciais em multidões desordenadas e roucas puseram Aznar fora do governo.
É largamente aceite que um grande número de pessoas que não tenciona votar acabou por depositar o seu voto, na cabeça delas, não no rival de Aznar, Jose Luis Rodriguez Zapatero, mas contra Aznar. Isso pode ser o que pessoas queriam dizer nas frases difundidas nas celebrações após a queda de Aznar, desta vez dirigindo-se a Zapatero: “No nos falles!” (“Não nos decepciones!”) Uma das principais razões por que era quase universalmente esperado que o partido de Aznar ganhasse era que muita gente que antes votara socialista estava completamente repugnada com o PSOE por causa dos doze anos de poder dele. Mesmo algumas pessoas que tinham pensado votar em Aznar estavam furiosas por lhes terem mentido.
Outro factor nas previsões da vitória de Aznar foi que se esperava que as pessoas “votassem para as suas carteiras”. Com Aznar, a Espanha teve um crescimento económico maior que a maioria dos países europeus. Alguns observadores pensavam que isso seria suficiente para Aznar ser perdoado. Mas o choque dos atentados e depois a tentativa de manipulação de Aznar trouxe o que era suposto ser um distante “assunto de política externa” para a ribalta.
O que tornou este resultado eleitoral possível não foi, contudo, apenas o facto de a maioria dos espanhóis se opor à guerra. A classe dominante espanhola estava dividida na questão do alinhamento externo do país – do mesmo modo que o esteve durante a guerra civil. Forças importantes da classe dominante já não acreditam que os seus interesses estejam numa união com os EUA contra a França e a Alemanha. A relação entre o imperialismo espanhol e o domínio dos EUA na América Latina, por exemplo, onde a Espanha se está a tornar no principal investidor, é complexa, como o é a actual associação da Espanha com a França e rivalidade com os EUA na exploração de Marrocos. O Iraque não é tão importante para a Espanha como o é para os EUA. Se houvesse uma tentativa para afastar Espanha de Marrocos, que de alguma forma funciona para Espanha como o México para os EUA, os socialistas e o PP provavelmente unir-se-iam num único partido da guerra.
Não é preciso explicar que o partido de Zapatero é tão “socialista” como os seus parceiros social-democratas Blair ou Schroeder da Alemanha, ou o anterior presidente dos EUA, Clinton. A guerra do Iraque foi um dos poucos pontos em que houve grandes diferenças entre os programas dos dois partidos espanhóis. De facto, a combinação das credenciais anti-Franco do PSOE e a unidade essencial com os herdeiros de Franco na maioria dos assuntos foi uma importante razão de a classe dominante espanhola ter podido passar do fascismo aberto a eleições. Para muitas pessoas, um exemplo da continuidade da política do estado espanhol foi a “guerra suja” que o governo socialista empreendeu contra os nacionalistas bascos nos anos 80. Pelo menos 28 refugiados bascos em França foram assassinados pelos esquadrões da morte do governo espanhol, frequentemente utilizando explosivos fornecidos pelos militares dos EUA, muitos deles por “engano”, como as autoridades socialistas depois admitiram.
O que fará Zapatero não é ainda claro. No seu discurso da manhã seguinte às eleições, disse que retiraria as tropas espanholas quando o governo provisório fantoche dos EUA tomar posse a 30 de Junho – se até lá as Nações Unidas não aceitarem assumir o controlo. Este é um se muito grande. Uma ocupação sob a tutela da ONU não seria uma ocupação menos injusta. Se for uma ocupação muito menos controlada pelos norte-americanos, não é provável que os EUA concordem com ela. O Secretário de Estado de Bush, Colin Powell, disse que, depois das eleições espanholas, na sua opinião seria possível um acordo aceitável com a ONU. O povo espanhol nunca aprovou a guerra, e quando tiveram uma hipótese votaram contra ela, mas quanto a saber se o governo que agora elegeram realmente porá ou não fim à participação espanhola nessa guerra, continua por confirmar.
Se forem retiradas as tropas, poderia haver uma série de consequências em cascata. Embora os 1300 soldados espanhóis sejam apenas um por cento do total, como os EUA gostam agora de mostrar, é provável que a sua partida conduza a uma retirada de soldados da República Dominicana e da América Central sob comando espanhol. Causaria problemas muito sérios às forças polacas que estavam a contar com a Espanha para assumir a liderança do sector sul-central. Alguns analistas prevêem que a retirada espanhola aumente a pressão para que a Polónia e a Itália também partam, ambas por causa das dificuldades militares e do encorajamento que isso daria às forças contra a guerra. O já esfarrapado mito de que o eixo EUA-GB é parte de uma larga coligação poderia desmoronar-se completamente. Os assessores de Bush, Condoleezza Rice e Colin Powell, deram o seu apoio a Aznar durante a sua campanha e falaram abertamente da importância da sua vitória para os objectivos dos EUA.
Os homens de mão de Bush andam agora a murmurar à comunicação social que “a Al-Qaeda ganhou as eleições em Espanha”. Existe melhor ilustração do que é realmente o projecto de Bush do que esta ultrajante frase? Se estão “connosco”, então que importa quantos mortos e feridos há ou que tipo de coisas imundas fazem, porque são “democratas”. Se estiverem “contra nós”, mesmo que tudo o que façam seja determinado pelo povo, então são “terroristas” ou “aliados dos terroristas”.
Em última análise, ao contrário do que algumas figuras políticas nos EUA e na Europa estão a dizer, não foram os atentados aos comboios que “castigaram” o governo espanhol por apoiar a guerra no Iraque. Quem quer que tenha estado por trás dos ataques, o governo espanhol tentou usá-los em sua vantagem e para os seus próprios objectivos bélicos. O governo de Aznar foi castigado pelos povos de Espanha que rejeitou a linha de unidade nacional contra o “terrorismo”. A política das grandes mentiras – de que Bush e Blair são os mais infames praticantes – recebeu uma derrota esmagadora. Isto apenas redirecciona a faca para a dor política sentida em Washington e Londres. No final, é um sinal muito mau para Bush, Blair e seu parceiro menor, Silvio Berlusconi de Itália.
Muitos governos da Europa, e não só de Espanha, estão a preparar a opinião pública para um “11 de Setembro europeu” de maneira a que possam apelar à unidade nacional em torno dos seus interesses imperialista do mesmo modo que Bush fez nos EUA. Talvez devam ler os sinais de aviso do fracasso de Aznar.
De facto, a sua desgraça é uma manifestação concreta da instabilidade política na guerra dirigida pelos EUA no Iraque e que a resistência iraquiana está a continuar a provocar não só no Médio Oriente e em todo o mundo como dentro das próprias potências da “coligação”.