Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 10 de Maio de 2010, aworldtowinns.co.uk
O 1º de Maio Revolucionário em Berlim e noutros lugares
Várias actividades revolucionárias tiveram lugar a 1 de Maio em muitos países, incluindo França, Alemanha, Holanda, Colômbia e EUA, entre outros.
No Irão, apesar da mobilização de um enorme número de forças de segurança, houve várias manifestações nas universidades e noutros locais, sobretudo de estudantes, operários e professores, a 1 de Maio (Dia Internacional do Trabalhador) e a 2 de Maio (conhecido no Irão como Dia dos Professores). Os professores têm sido recentemente um dos mais activos sectores do povo. Alguns foram condenados a longas penas de prisão e a preocupação central desse dia era o destino do jovem professor curdo Farzad Kamangar, mantido no corredor da morte. Ele seria executado uma semana depois (veja o artigo anexo).
Em Paris, um grupo marchou com as faixas “Da revolta dos operários à revolução proletária” e “Apoiar a revolução nepalesa/Apoiar a guerra popular na Índia”, integrada na tradicional parada do 1º de Maio. Estava unido em torno de um comunicado conjunto do Partido Comunista Maoista de França, do Partido Comunista Maoista – Itália, do Partido Comunista Maoista – Turquia/Curdistão Norte (MKP), do Partido Comunista Revolucionário – Canadá e do Partido Comunista da Índia (Marxista-Leninista) Naxalbari (ver drapeaurouge.overblog.com).
O Grupo Comunista Revolucionário da Colômbia (acgcr.org), o Partido Comunista do Irão (Marxista-Leninista-Maoista) (sarbedaran.org) e o Partido Comunista Revolucionário, EUA (revcom.us) foram alguns dos partidos que emitiram importantes comunicados no 1º de Maio.
Em Katmandu, no Nepal, uma gigantesca manifestação do 1º de Maio marcou o início de uma greve geral de uma semana e de uma paralisação a exigir a demissão do actual primeiro-ministro. Os enormes protestos na Grécia nesse dia envolveram uma grande variedade de actividades políticas.
Publicamos de seguida excertos de um relato enviado de Berlim para o SNUMAG.
Durante as duas últimas décadas, o 1º de Maio em Berlim, Alemanha, tornou-se num acontecimento ansiosamente antecipado. Embora os principais meios de comunicação social se tenham centrado sobretudo nas frequentes batalhas de rua com a polícia, o verdadeiro cerne da questão têm sido as actividades de um vasto espectro de tendências políticas radicais e revolucionárias para promoverem os seus vários programas. Um elemento decisivo dessas actividades tem sido os esforços dos verdadeiros comunistas para erguerem a bandeira da revolução mundial proletária e de um futuro comunista no seio desse fermento altamente politizado. Estes esforços têm-se centrado em torno, embora não se limitem a isso, na manifestação do 1º de Maio Revolucionário que sai da Oranienplatz, no bairro berlinense de Kreuzberg, às 13 horas. 2010 não foi uma excepção.
Os comunistas que se têm unido à volta da nova síntese de Bob Avakian formaram uma coligação em conjunto com vários anarquistas de inclinações comunistas e feministas para levarem a cabo a batalha política necessária à mobilização para a manifestação revolucionária deste ano. As principais palavras de ordem foram: “Não há Libertação Sem Revolução!” e “Um Mundo Comunista é Possível!”. Foram distribuídas mais de 20 mil convocatórias da manifestação em toda a Berlim, em alemão e em turco.
O folheto salientava dois pontos principais: 1) “Vivemos numa era em que está em jogo nada menos que o futuro da humanidade. (...) É urgentemente necessária uma ruptura radical com as relações dominantes: uma pequena classe de capitalistas e o seu sistema capitalista/imperialista dominam o nosso planeta e estão a transformar as vidas da maioria da humanidade num pesadelo.” E 2) “Nada disto tem que ser assim! Os pré-requisitos para um mundo radicalmente diferente em que as pessoas tenham uma consciência radicalmente diferente; um mundo sem qualquer forma de exploração nem opressão, sem divisões de classe, um mundo em que as pessoas trabalhem em conjunto voluntária e conscientemente para satisfazerem as necessidades de toda a gente e para se desenvolverem a si próprias e à sociedade no seu todo – um mundo comunista nunca antes visto – há muito que existem. Mas só há um caminho realista para se alcançar esse mundo: precisamos de uma revolução que tenha por objectivo emancipar toda a humanidade!”
A convocatória terminava declarando: “No 1º de Maio, o feriado internacional e dia de luta dos oprimidos deste mundo, tornaremos visível a todos que mesmo aqui no coração da besta europeia há pessoas que não querem nada menos que uma sublevação revolucionária e uma transformação vinda de baixo. Uma transformação que não veja o mundo do ponto de vista da Alemanha ou da Europa, mas do ponto de vista do internacionalismo: a compreensão de que o futuro que nós desejamos só pode ser alcançado através de um esforço mundial conjunto. (...) Nós dizemos a todos os que partilham esta visão revolucionária de emancipação da humanidade e de um futuro comunista: juntem-se a nós e venham à manifestação! Dizemos a todos os que querem fazer história em vez de serem as suas vítimas: No 1º de Maio de 2010, o vosso lugar é connosco!”
A manifestação teve início com o tradicional comício na Oranienplatz. O orador que representava a Coligação do 1º de Maio Revolucionário salientou os pontos chaves de unidade da Coligação no seu conjunto, e em particular que: “Todas as discussões sobre como melhor reformar este sistema, quão elevado ou baixo deve ser o salário mínimo, qual a coligação governamental que tornará a situação um pouco melhor, etc. são completamente desajustadas. Este sistema devorador de pessoas e do lucro acima de tudo não pode ser reformado. Nós precisamos de uma revolução!” E, mais à frente: “Embora tenhamos de nos defender dos abusos e da crueldade deste sistema, é o próprio sistema que deve ser transformado no nosso principal alvo, porque nós não queremos nada menos que um mundo radicalmente diferente e muito melhor!”
Entre os outros oradores esteve uma apoiante dos Comunistas Revolucionários (da Alemanha), que leu uma mensagem salientando a necessidade de preparação para de facto se levar a cabo a tomada revolucionária do poder: “Para emanciparmos a humanidade temos que derrubar o poder das classes dominantes imperialistas através de uma revolução de baixo para cima. (...) Precisamos de estabelecer o poder revolucionário em todos os países do mundo. Um poder revolucionário que esteja de facto nas mãos do povo e que sirva os seus interesses e necessidades. (...) Um poder que irá ser usado para eliminar a lógica e os mecanismos do capital em todas as áreas da sociedade, bem como apoiar a revolução mundial até que a sociedade de classes seja radical e totalmente eliminada em todo o planeta.” E continuou, dizendo: “Esse poder revolucionário é o socialismo. Não o falso socialismo da antiga República Democrática da Alemanha e dos outros países do antigo bloco revisionista do Leste ou da China de hoje. Não, nós estamos a falar de um socialismo revolucionário como fase actual transitória para um mundo sem classe em que não haja governantes nem governados de qualquer tipo. (...) Um socialismo revolucionário e um poder revolucionário que visem desmantelar-se a si próprios até que já não haja poder político nenhum em nenhum local do mundo.”
E por fim comentou que embora seja verdade que, com o golpe de estado de 1976 na China, a primeira vaga da revolução mundial proletária terminou com uma derrota, “com a nova síntese da ciência do comunismo que Bob Avakian, Presidente do Partido Comunista Revolucionário, EUA, apresentou, nós temos um desenvolvimento histórico na nossa compreensão da forma como o mundo funciona, das lições positivas e negativas da experiência histórica do socialismo e da revolução comunista em geral. Temos um conhecimento redefinido e mais científico de um socialismo viável e revolucionário, um socialismo que nos permitirá dar novos passos em frente na prática revolucionária e iniciar de facto uma segunda e nova vaga da revolução mundial comunista!”
O último orador foi um revolucionário veterano que falou em nome do recém-formado Grupo do Manifesto Comunista Revolucionário (Berlim), que integrava a Coligação e apoiou activamente a manifestação, e que leu a partir do Manifesto do Partido Comunista Revolucionário, EUA, intitulado Comunismo: O Início de Uma Nova Etapa. Concluiu salientando que “O objectivo não é apenas ler e escrever ou falar. Em vez disso, a motivação e objectivo do nosso trabalho é continuarmos no nosso caminho para uma compreensão mais global, mais profunda, completa e dialéctica da realidade para transformarmos essa realidade e atingirmos o objectivo de um mundo comunista.”
Além desta intervenção no comício, o Grupo do Manifesto tinha uma muito bem-sucedida mesa de livros, entre os quais o Manifesto e obras de Bob Avakian, no festival de rua da vizinha Mariannenplatz, que também se tem realizado no 1º de Maio durante os últimos 10 anos e que atrai milhares de visitantes. Além disso, ao longo do dia, no festival de rua e nas várias manifestações, foram distribuídas cerca de 2500 cópias de um folheto em alemão e turco que apelava às pessoas a se envolverem na nova síntese e anunciava uma sessão que o grupo está a planear realizar no final de Maio.
A seguir ao comício, entre 300 a 400 pessoas juntaram-se à manifestação enquanto esta, pelo 23º ano seguido, saía da Oranienplatz, passava por baixo de uma gigantesca faixa suspensa lá em cima e se dirigia à Oranienstraße.
Como tem sido habitual ao longo dos anos, a manifestação foi muito alargada na sua composição política e de classe. Jovens e velhos, estudantes e outras pessoas das classes médias juntaram-se a elementos comuns da classe operária para fazerem uma inspiradora afirmação revolucionária – uma afirmação que foi simultaneamente internacionalista no seu conteúdo e muito internacional na sua composição. Nela participaram pessoas de mais de uma dezena de diferentes países. Depois de ter atravessado as ruas de Kreuzberg, a manifestação terminou com uma pequena concentração perto da Kottbusser Tor, a qual finalizou com a Internacional – o hino internacional da revolução comunista.
Além das várias manifestações revolucionárias, um importante evento na agenda do 1º de Maio deste ano em Berlim foi a planeada manifestação convocada por uma coligação de grupos neonazis “autonome nacionais” que têm defendido um programa de “anticapitalismo de direita” e que, no seu estilo de roupas e apresentação, se inspiram nas tendências autonome/anarquistas. Uma vasta coligação de partidos burgueses, entre os quais os que estão no governo de Berlim (o SPD e o Partido de Esquerda – o actual nome do partido dominante na antiga Alemanha de Leste), em conjunto com os Verdes e alguns grandes sindicatos, bem como outras forças de esquerda, tentaram impedir todas as marchas nazis. As suas palavras de ordem foram “Bloquear os Nazis”.
Uma importante disputa política acompanhou esta “mobilização antifascista”, como foi chamada. Algumas das forças de “esquerda” e “antifascistas” envolvidas nessa mobilização também desempenharam um importante papel na coligação que organizou uma manifestação que estava marcada para as 18h dessa tarde e que também se chamava a si mesma de revolucionária. As principais palavras de ordem dessa manifestação foram: “Acabar com a Crise, Abolir o Capitalismo!” Essa disputa centrou-se em torno da questão de se saber se no 1º de Maio a concentração principal deveria ou não lutar por erguer a bandeira da revolução internacional e do comunismo, ou se a sua principal ênfase deveria ser simplesmente “impedir” a marcha nazi. Intimamente relacionado com isto estava a questão de se saber em que base se deveria opor aos nazis: se abandonando todas as palavras de ordem revolucionárias e apenas apelando às pessoas para “pararem os nazis” e, por implicação – se não mesmo por declaração aberta –, caindo numa defesa do actual sistema no seu todo e excluindo qualquer denúncia das ligações entre os nazis e o sistema, ou tornando a necessidade da revolução e da luta por um futuro comunista o ponto central global e a base para também se apelar à oposição à planeada marcha fascista.
A Coligação do 1º de Maio Revolucionário estava unida em torno da segunda posição e desse plano de acção. Num comunicado emitido sobre essa questão, declarou: “Há pessoas e forças que acreditam realmente que impedir qualquer marcha nazi no 1º de Maio é significativamente mais importante que uma manifestação do 1º de Maio revolucionário. Por isso, elas acreditam que não é possível haver uma manifestação do 1º de Maio revolucionário antes das 18h. Embora respeitemos essa posição, não a partilhamos. Quer se queira quer não, essa abordagem subordina a luta revolucionária contra o actual sistema dominante global a uma luta contra os nazis e em defesa do parlamentarismo burguês. Essa luta nunca pode ser vitoriosa. Porque, enquanto houver capitalismo e imperialismo, haverá fascistas. Se a luta revolucionária por uma ruptura completa e por uma transformação revolucionária de todas as actuais relações sociais for empurrada para um amanhã que nunca chegará, essa luta limitar-se-á a andar em círculos. Independentemente dos motivos por trás disso, seguir essa lógica apenas levará inevitavelmente ao reformismo burguês.”
“O 1º de Maio pertence aos povos oprimidos do mundo. Os nazis não têm absolutamente nenhum lugar aqui. No 1º de Maio, o que é mais importante é divulgar a perspectiva de um mundo comunista sem classes. Uma abordagem que vise subordinar tudo a apenas impedir uma marcha nazi acabará por entregar aos nazis o 1º de Maio e tudo o que deve acontecer nesse dia. Não podemos permitir que isso aconteça. Afinal de contas, o que é que aconteceria se os nazis decidissem esperar até as 18 h para fazerem a sua marcha?”
Com base nesta posição, a Coligação do 1º de Maio Revolucionário decidiu manter a sua mobilização e manifestação para as 13h com as suas palavras de ordem revolucionárias, tal como planeado. Quando, nos últimos dias antes do 1º de Maio, ficou claro que os nazis iam mesmo tentar fazer a sua marcha, a Coligação tomou a decisão de encurtar a sua rota original e, a seguir à concentração final em Kreuzberg, apelar às pessoas para se juntarem a uma segunda manifestação revolucionária na zona de Berlim onde os nazis estavam a planear marchar. Às suas palavras de ordem originais foi acrescentada uma nova: “Parar os Nazis, Enterrar Todo o Sistema Capitalista/Imperialista.”
Quando esta segunda manifestação, com as suas bandeiras vermelhas, faixas e palavras de ordem revolucionárias, se juntou a um sector dos que se tinham concentrado para impedir a marcha nazi, foi recebida com largos sorrisos, alegria e aplausos. Muitas das pessoas radicais e revolucionárias que tinham estado a participar no bloqueio estavam completamente descontentes com o facto de toda a acção ter sido organizada numa base abertamente reformista e de, embora as forças de “esquerda” terem sido as principais a de facto fazerem a mobilização, o cenário político ser – pelo menos até esse momento – totalmente dominado por políticos burgueses, entre os quais Wolfgang Thierse, uma importante figura do SPD e actualmente vice-presidente do parlamento alemão. O camião de som da manifestação da Oranienplatz tornou-se no centro da política radical e revolucionária de uma multidão de 200 a 300 pessoas que rapidamente se tinha concentrado. Não só a agitação e as palavras de ordem revolucionárias encontram ouvidos muito abertos, como surgiram ovações e aplausos da multidão quando aos altifalantes foi tocada a famosa canção do grupo punk Slime “Deutschland muss sterben, damit wir leben können” (“A Alemanha tem de morrer, para que nós possamos viver”).
Em anos anteriores, a polícia de Berlim tinha tentado impedir que essa canção fosse tocada no 1º de Maio, fazendo inúmeras prisões e exigindo que a manifestação do 1º de Maio Revolucionário se dispersasse quando ela era tocada. A luta em torno desta questão manteve-se durante vários anos até que finalmente o tribunal constitucional alemão decidiu que era uma violação do direito constitucional de liberdade de expressão artística espancar e prender pessoas por tocarem essa canção em público (a polícia e os procuradores alegaram que uma canção que “insultava” a Alemanha dessa forma tinha perdido toda a pretensão de ser uma “obra de arte”).
Por isso, passar essa música no bloqueio foi um acto que não enfureceu só os nazis, mas também as forças burguesas que estavam presentes para provarem as suas credenciais “democráticas”. De uma forma interessante – e revelando a lógica que guia a sua acção – mesmo um representante de um dos grupos de “esquerda” que tinham representado um importante papel na coligação antinazi apareceu no camião de som para reclamar que estava “muito alto”. Por outro lado, várias pessoas de tendências mais radicais que estavam a ter um papel activo na organização da manifestação das 18h vieram exprimir abertamente a sua apreciação pelos que tinham “aumentado o volume” e trazido uma linha e uma perspectiva revolucionárias à mistura com alguns watts de potência em seu apoio. Cerca de uma hora depois de a manifestação revolucionária ter chegado ao local, a marcha de 500 a 600 nazis, protegidos por centenas de polícias com equipamento antimotim completo, parou a algumas centenas de metros, deu meia volta e, sob escolta policial, regressou à estação de comboios onde tinha tido início e dispersou.
Nos dias que se seguiram ao 1º de Maio Revolucionário, desenvolveu-se uma discussão sobre como avaliar essas acções. Como nos últimos anos o número de participantes tem sido habitualmente entre 1000 e mesmo 8000 pessoas (em 2003, um ano em que foi possível uma manifestação conjunta de todas as forças), e apesar de cerca de 6000 pessoas – sobretudo jovens – terem participado na manifestação das 18h, algumas pessoas sentiam que a presença de 300 a 400 pessoas no evento revolucionário representava um retrocesso. Levantaram mesmo a questão de a manifestação – e em consequência, a própria revolução – estar a desaparecer ou não.
O silenciamento da manifestação da Oranienplatz, tanto pela comunicação social burguesa como pela “alternativa”, e o sentimento difundido de que parar os nazis deveria ser o foco das actividades desse dia foram factores que reduziram o número de presenças no 1º de Maio Revolucionário deste ano. Mas também há razões mais profundas – e mais fundamentais – para isso.
O “Manifesto” mostra que o comunismo – e a revolução comunista – está numa “encruzilhada” e enfrenta a questão de saber se se manterá uma “vanguarda do futuro” ou se tornará num “resíduo do passado”. Desde o golpe de estado na China em 1976, com o qual o fim da primeira vaga da revolução proletária foi marcado por uma derrota e que iniciou um período em que já não existia nenhum país socialista, o mundo viveu quase 35 anos de contra-revolução sob muitas formas. Isto não quer dizer que não tenha havido nenhuma luta revolucionária ou mesmo alguns avanços importantes – ainda que temporários. Houve. Mas não houve nenhum salto em frente – nenhuma tomada revolucionária do poder. E a internacional comunista, incluindo sobretudo o movimento comunista na Alemanha e na Europa que se desmoronou após o golpe, nunca conseguiu recuperar do golpe que sofreu nessa altura. Devido à situação do movimento comunista e dos movimentos revolucionários liderados pelos comunistas e das forças e lutas formalmente anti-imperialistas em todo o mundo, devido à atmosfera de perspectivas reduzidas e descrença – se não mesmo rejeição aberta – no socialismo e no comunismo enquanto caminho viável e emancipador e à correspondente força das ilusões e preconceitos democrático-burgueses entre as pessoas e dentro do próprio movimento comunista, e à falta de uma genuína e influente organização comunista em tantos países do mundo – incluindo na Alemanha – não é de facto surpreendente que, dado o seu carácter radical claramente articulado e os seus ideais e objectivos revolucionários, a manifestação revolucionária teve que “ir contra a maré” e lutar por permanecer numa via revolucionária e se manter como pólo revolucionário real, visível e significativo no 1º de Maio.
Visto neste contexto, não só é compreensível que neste momento o número dos participantes na manifestação seja mais reduzido, como, dada a situação específica em Berlim, na Alemanha e de facto no mundo em geral, é realmente bastante positivo – e importante – que 300 a 400 pessoas tenham aderido à convocatória que foi feita. A mobilização e a própria manifestação – bem como o outro trabalho feito pelos comunistas, pelos seus apoiantes e por outras pessoas durante esse período e no 1º de Maio, e sobretudo a popularização do “Manifesto” e da nova síntese do comunismo por Bob Avakian – foi de facto vitoriosa em erguer um genuíno pólo revolucionário no terreno político mais vasto. Tal como foi acima mencionado, isto representa verdadeiramente um passo potencialmente importante na direcção de um futuro radicalmente diferente. Só a futura evolução da própria luta de classes pode responder à questão de se saber se esse potencial será ou não concretizado em toda a sua possível extensão.