Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 28 de Julho de 2014, aworldtowinns.co.uk
Não é “autodefesa”, mas sim “genocídio incremental” – Ilan Pappé fala sobre como o ataque de Israel a Gaza começou há quase sete décadas

Como é que o Presidente norte-americano Barack Obama pode justificar e apoiar descaradamente a agressão de Israel a Gaza porque “Israel tem direito a se defender”, um princípio supostamente indiscutível, ao mesmo tempo que as mortes de mais de mil palestinianos – três quartos dos quais civis, segundo a ONU, entre os quais 226 crianças (até 28 de Julho) – são reduzidas à categoria secundária de causa para “preocupação”?
Como é que pode ter algum significado a expressão “autodefesa” quando aplicada a um estado que mantém um bloqueio armado à volta de Gaza para punir a população inteira, que anexou Jerusalém e que está a aumentar a brutalidade da sua ocupação militar da Cisjordânia, a qual também está a anexar? Estas medidas, ilegais segundo o direito internacional, seriam consideradas uma agressão se tomadas por qualquer outro país. (Ao ameaçar com sanções e a NATO contra a Rússia por causa da Crimeia e da Ucrânia oriental, não estarão os EUA a acusá-la de actividades como as de Israel?) Como é que as potências ocidentais podem alegar representar a “justiça” quando aplicam estes padrões dúplices?
Onde é que está a mais leve “preocupação” com a justiça para a Palestina? E em relação à “paz” que os EUA e outros países dizem querer ajudar a conseguir, que tipo de “paz” tem existido para os palestinianos desde que Israel foi fundado?
O assassinato por Israel de pelo menos nove manifestantes desarmados na Cisjordânia a 24 e 25 de Julho é mais uma prova, como se alguma fosse necessária, dos objectivos de Israel na destruição que fez chover sobre Gaza: esmagar toda a resistência palestiniana e na realidade qualquer tipo de oposição à negação dos direitos nacionais dos palestinianos, negação sobre a qual se baseia a existência de Israel.
A atitude dos EUA e dos que a eles se aliam contra a Palestina é criminosamente hipócrita, mas há uma lógica nisso. As vidas palestinianas pouco importam àqueles cujo ponto de partida é que o estado sionista deve ser preservado a todo o custo.
Israel, os EUA e as potências europeias gostariam de manter o foco no Hamas, cujo objectivo é um regime religioso e não a libertação nacional, mas Israel construiu um estado definido pela religião e começou a sua limpeza étnica dos palestinianos muito antes de o Islamismo ser o factor em que se tornou no mundo actual, estimulado pelos crimes sionistas e pelo apoio ocidental a eles. A chave para distinguir o que é certo e errado nesta guerra é a natureza do estado israelita agora e desde o seu início em 1948.
O historiador Ilan Pappé, um israelita que foi forçado a sair de Israel numa tentativa de o silenciar, estudou e escreveu extensivamente sobre esta questão. Numa entrevista dada a Michael Slate para uma cadeia radiofónica não comercial norte-americana, ele explicou como a actual guerra a Gaza é a continuação das políticas israelitas e da dinâmica inerente ao próprio sionismo desde a fundação desse estado. (Ver a recensão do livro de Pappé, A Limpeza Étnica da Palestina, no SNUMAG de 10 de Dezembro de 2007.)
O texto que se segue são excertos editados dessa entrevista. Uma transcrição integral dos comentários de Pappé e Slate e um registo áudio da entrevista estão disponíveis no n.º 346 do jornal Revolution/Revolución, voz do Partido Comunista Revolucionário, EUA, revcom.us/a/346/historian-ilan-pappe-en.html (em inglês).

Há um certo aspecto dos actos israelitas que é talvez diferente de muitas outras atrocidades que estão a ocorrer, possivelmente enquanto nós falamos, noutras partes do mundo. É essa superioridade moral que acompanha isto e que pretende dar a ideia de que isto está a ser feito em nome de altos valores, da luz, da democracia, e por aí adiante. Na realidade, quando os israelitas fazem um aviso a algumas casas, dão-lhes 57 segundos para abandonarem a casa. Ora, tentem estar no quinto andar em qualquer parte do mundo e sair em 57 segundos. Isto é ridículo, mas isto é uma técnica tão cruel quanto a própria destruição da casa e o assassinato das pessoas dentro dela. É uma rara combinação de alta tecnologia, de uma ideologia muito extremista sob múltiplas formas e de longos, muito longos períodos de desumanização dos quase dois milhões de pessoas que estão encarceradas nesse enorme gueto que é Gaza – e o único crime delas é serem palestinianas.
Não tenho a certeza de que eles visam as crianças enquanto tal, mas acho que há algo mais importante a acontecer aqui. É uma combinação de três factores: um é, eu chamo-lhe o laboratório, ou o factor do laboratório. O espaço urbano de Gaza é um laboratório para a indústria militar israelita e outras indústrias militares, provavelmente também a dos Estados Unidos, experimentarem novas armas. Isto é um dos factores que torna isto tão horrível. E depois, claro que eles não distinguem mulheres, homens, jovens, combatentes ou crianças. O segundo factor é a desumanização, essa ideia de que os palestinianos são o inimigo, quer seja uma aldeia, uma casa, um jardim-de-infância, eles são a face do inimigo, o inimigo que só se vê através da arma ou do avião ou do navio, e que se torna num alvo militar legítimo. Por cima disto, há a autoconfiança de que estão a fazer uma operação farmacêutica, cirúrgica, porque tem essa alta tecnologia sofisticada. É obsceno.
As crianças não estão a ser especificamente visadas nesta operação. Mas há uma certa percepção horrenda do que é uma criança palestiniana. Vem desde 1948. As ordens que as tropas israelitas recebiam antes de ocuparem um bairro, uma cidade, ou uma aldeia eram de que os homens com idade para combater deveriam ser separados do resto da população, seja para serem mortos ou serem enviados para as prisões. Ora, as tropas quiseram saber como é que se define um homem com idade para combater – e isto aconteceu em 1948, certo? As ordens do exército dizem muito claramente: “Qualquer pessoa com mais de dez anos de idade”. Eu penso que começou aí, que as crianças são potenciais terroristas, potenciais inimigos, que não são apenas crianças.
Hoje temos tribunais especiais para crianças, onde por vezes uma turma inteira é levada algemada como se fossem assassinos em massa. Também me faz lembrar 2002, quando o exército israelita tinha o hábito de fazer rondas com tanques à meia-noite no campo de refugiados de Jenin que aterrorizavam as crianças de lá, e que de facto perturbaram durante anos toda uma geração de crianças. Mas eu penso que a chave é a desumanização, e pode ouvir-se isto na comunicação social israelita e nos que na América apoiam Israel. É falar de Gaza como se fosse um campo de batalha, como se tudo o que lá há fosse um deserto e que há brigadas de tanques que se enfrentam umas às outras. Não compreender que estão a falar do espaço urbano mais densamente povoado do mundo. Onde qualquer movimento de um tanque, qualquer bomba vinda do ar, qualquer munição vinda de um navio de guerra, resultam numa destruição em massa, e é ridículo falar de precisão cirúrgica ou de qualquer consideração humanitária nesta operação.
Temos também de recordar como isto começou, mesmo no curto prazo, já para não falar num contexto histórico mais geral. Começou em 2006, quando Israel, com a ajuda dos Estados Unidos, guetizou Gaza, sem deixar nenhuma forma de entrar ou sair, e cortando-lhes lentamente as suas rações alimentares e estrangulando-os. Era muito claro que mesmo que não tivessem estado a bombardear Gaza a cada dois anos pelo ar, mar e terra, estavam a criar uma situação em termos de condições humanas que a longo prazo poderia tornar-se por si só num genocídio.
Eu chamo a isto genocídio incremental, porque se pode ver esta combinação do exército, por um lado, e daquela narrativa que legitima de alguma maneira, no Ocidente, esta guetização de quase dois milhões de pessoas. De que outra forma pode acabar, se não com uma destruição em massa da Faixa de Gaza?
De vez em quando Israel obtém luz verde do Ocidente para fazer o que faz. E sempre, depois dessa vaga, acaba por ser absolvido de qualquer verdadeira condenação, ou não é considerado responsável. E a razão é que eles conseguem vender uma narrativa que diz: “Nós fizemos o que fizemos como reacção ao último acto palestiniano nesse gueto de Gaza. Nomeadamente, nós fizemos o que fizemos porque eles lançaram mísseis contra Israel. Então porque é que vocês não hão de nos desculpar?” De imediato ouvimos o Presidente Obama dizer: “Israel tem direito a se defender”. E todos os líderes do mundo ocidental o seguem. Mas isto é retirado do contexto.

É quase como se estivéssemos a ver um vídeo em que uma pessoa esmurra alguém na cara e a pessoa que foi esmurrada mata o indivíduo que a esmurrou. E dizemos, bem, ela talvez tenha tido razão em o matar porque o indivíduo estava a esmurrá-la. Mas não vimos a parte inicial do vídeo. Aquele tinha sido o último murro que essa pessoa conseguiu dar porque ela estava em inferioridade numérica em relação a seis arruaceiros que a estavam a espancar até à morte. É isto o que quero dizer. É preciso ver o quadro completo para também se compreender como surgem os rockets palestinianos. Porque é que eles surgem da forma como chegam a Israel? E isto é tão verdade mesmo que apenas se alargue um pouco o plano, não até 1948, nem sequer a 1967, que eu penso que até é mais importante. Mesmo que se alargue até três ou quatro semanas antes, vê-se que Israel prendeu todos os membros eleitos do Hamas ao Parlamento – e voltou a prender todas as pessoas que tinha prometido libertar da prisão segundo o acordo de troca de prisioneiros que tinha assinado – e pode-se ver quem começou esta actual crise.
Mas isto é mais profundo na questão de que os israelitas pensam que sabem o que estão a fazer na Cisjordânia, pensam que podem dividir a Cisjordânia em duas partes: uma parte que anexariam para Israel e o resto que tornariam em enclaves, talvez até lhe chamem um estado, ou esperam que as pessoas de alguma forma fiquem ligadas ou sejam expulsas para a Jordânia. Eles não podem fazer o mesmo na Faixa de Gaza devido à situação geopolítica aí. Portanto, eles estão face a uma zona que é fechada. E o que eles querem é esquecerem-se dela. Eles querem realmente atirar a chave dessa enorme prisão ao mar. Mas os “presos”, por assim dizer, revoltaram-se. E quando [os “presos”] se revoltam, [Israel] usa esta combinação letal de que eu falei, de tanques, helicópteros, F-16s, navios de guerra e o mais horrendo repertório de novos tipos de armas que nós nem sequer conhecemos, como punição pela falta de vontade das pessoas em viverem para sempre numa situação de gueto.
Há a mitologia de que [quando os sionistas chegaram], a Palestina estava vazia. A propósito, os líderes sionistas, aqueles que estavam na liderança central, sabiam que a terra não estava vazia. Sabiam-no muito bem. Eles falavam de “uma terra sem pessoas” sabendo que havia as pessoas nessa terra. A questão era, nas palavras do profeta do movimento sionista, Theodor Herzl, “Será que podemos encontrar uma forma de expulsar as pessoas deste país?” E eles encontraram uma forma. Em 1948 eles acabaram por encontrar uma forma, quando expulsarem maciçamente as pessoas.
A página internet do Departamento de Estado define muito claramente a limpeza étnica como um acto onde há dois grupos étnicos e um grupo étnico está decidido a purificar essa zona mista por todos os meios possíveis. Na realidade, a página internet do Departamento de Estado, e isto é algo sobre o qual os juristas internacionais estão de acordo, diz que mesmo que as pessoas saiam de uma zona mista porque estão assustadas, e quando não as deixam regressar, isso é um acto de limpeza étnica. Mesmo a narrativa israelita que está em desacordo comigo e diz “Não, não. Nós não tínhamos a intenção de os expulsar. Eles é que fugiram”, não os absolve do crime de limpeza étnica. Porque mesmo que as pessoas tivessem saído porque estavam assustadas, não deixá-las regressar é um acto de limpeza étnica.
Há um movimento ideológico que em 1948 se viu perante uma realidade em que o seu próprio grupo étnico constituía apenas 30 por cento da população, e 70 por cento da população eram pessoas nativas, indígenas da Palestina. E que vê essa população, até à última pessoa, como uma ameaça à sua sobrevivência, à sua capacidade de criar um estado judaico puro, e está decidido a usar todos os meios possíveis para conseguir essa pureza, e então o próprio movimento compromete-se com a ideologia da limpeza étnica. E a primeira prova dessa pretensão foi em 1948. Mas isso não acabou em 1948. Israel descobriu desde 1948 até hoje que há duas formas de conseguir essa pureza étnica. Uma é, claro, expulsar directamente as pessoas, como fizeram em 1948, e não em pequeno número desde 1967: 300 mil palestinianos foram expulsos da Cisjordânia pela força por Israel.
Mas a outra forma, muito mais popular, muito mais favorável do ponto de vista israelita depois de 1948, era não permitir às pessoas deslocarem-se, partirem, expandirem-se. Elas tinham de ser postas em enclaves. Ficar em enclaves, como os bantustões [do apartheid na África do Sul]. E se elas lá estiverem, estarão fisicamente dentro do estado de Israel, mas não têm de ser contabilizadas demograficamente. Portanto, não fazem parte da comunidade de cidadãos. Não têm direitos. São cidadãos sem cidadania. Gaza é o pior exemplo disso, claro. É muito melhor estar em Ramallah na Cisjordânia que em Gaza. Mas é o mesmo princípio. O que é que fazemos quando pensamos que só podemos existir sem que haja nenhum palestiniano entre nós, mas em que metade da população teima em ser palestiniana. Eles continuam a ser palestinianos. Portanto, toda a preocupação deles enquanto estado, enquanto movimento ideológico, enquanto sistema militar tem a ver com esta realidade demográfica.

A maior parte da estratégia de Israel anda à volta do que eles chamam a questão demográfica, o que é um pensamento horrível se pensarmos que o sionismo fala em nome das vítimas do nazismo. E qual era a principal obsessão do nazismo? Era a demografia dos judeus, a existência de judeus demograficamente dentro do domínio da Alemanha nazi. Que aqueles que falam em nome dessas vítimas estejam a usar a demografia como a principal forma de avaliar se estão ou não seguros é mais que uma ironia. É macabro.
Talvez seja de recuar um pouco no tempo, apenas um segundo para pôr isto no contexto certo. Houve um período crucial, mais ou menos entre Fevereiro de 1947, altura em que a Inglaterra declarou a sua intenção de sair da Palestina, e o 15 de Maio de 1948, o dia em que Israel foi oficialmente fundado. Ao longo desse ano e meio, temos uma documentação muito sólida que mostra como a liderança sionista se debruçou sobre esta questão, uma espécie de ponderação dentro de um pequeno grupo de decisores, sobre como lidar com esta questão demográfica, isto é, a presença de tantos palestinianos no que eles viam como o futuro estado judaico.
Demoraram algum tempo a encontrar uma forma de o fazer. Mas, por fim, quando definiram precisamente o espaço em que queriam ter o estado judaico – a razão por que tiveram de definir o espaço era que tinham um acordo secreto com os jordanos de que nem toda a Palestina se tornaria Israel, de que parte da Palestina, o que é actualmente a Cisjordânia, seria anexada à Jordânia em troca de uma muito mínima resistência jordana em 1948. Mas o resto era para ser Israel. E nessa parte que é quase 80 por cento da Palestina, havia, no pensamento dos líderes sionistas, demasiados palestinianos.
Por volta de Março/Abril de 1948, a ponderação por fim acabou, os debates tácticos chegaram ao fim e as pessoas com poder de decisão no movimento sionista tomaram uma decisão consciente de se verem livres dos palestinianos na zona que se iria tornar no estado judaico, ou seja, 80 por cento da Palestina. E por isso eles prepararam um plano global, o chamado Plano D, porque houve esboços anteriores desse plano, o qual dividia a Palestina em zonas e em cada zona operaria uma unidade ou brigada militar diferente com ordens directas para se verem livres da população palestiniana. A operação começou três meses antes da saída britânica, e é por isso que os britânicos são responsáveis por parte disto, porque ficaram a ver enquanto a maioria das cidades da Palestina eram etnicamente limpas pelas forças judaicas e não fizeram nada para o impedir, embora fossem obrigados a fazê-lo ao abrigo do texto do mandato que tinham recebido da Liga das Nações após a I Guerra Mundial. A outra metade das pessoas, que eram sobretudo pessoas nos campos, foi expulsa depois de a Inglaterra sair da Palestina e de Israel ter sido declarado.
Houve uma tentativa do mundo árabe para tentar parar isto, quando a 15 de Maio enviaram tropas para a Palestina. Mas enviaram um número relativamente pequeno de tropas e tinham as suas próprias agendas e, à excepção de alguns casos, não conseguiram impedir a limpeza étnica até ela diminuir significativamente, porque os israelitas estavam exaustos, por volta do fim de 1948. Dos cerca de um milhão de palestinianos que viviam no que se tornou Israel, ficaram cerca de 100 mil.
Deixe-me explicar a lógica disto. Basicamente, os generais que supervisionam um acto de limpeza étnica ficam contentes quando as pessoas abandonam as suas casas para sempre. Nomeadamente se as puderem intimidar o suficiente para que elas abandonem as casas, eles ficam contentes. Não irão necessariamente persegui-las e matá-las. Não é um genocídio no sentido em que não havia a ideia de exterminar as pessoas, mas apenas garantir que as estavam a desalojar. Porém, é um pouco como a Faixa de Gaza hoje. A Palestina é um habitat humano. E nem sempre se pode fazer isto dessa forma. E muitas pessoas resistem. As pessoas não querem deixar uma terra onde viveram durante séculos, se não mesmo um milénio. Portanto, se houver a menor resistência à ordem de desalojamento – e essas pessoas sabiam que no momento em que deixassem as suas casas, as casas seriam detonadas e a sua aldeia ou bairro seria arrasado –, a menor demonstração de resistência, a resposta a isso foi muito, muito brutal.
Por vezes não foi apenas massacrar pessoas porque elas resistiram. Em alguns casos, as pessoas foram massacradas devido a mau planeamento do exército israelita. A ideia era deixar sempre aberto um flanco do bairro ou aldeia para que as pessoas pudessem ser expulsas por aí. Mas, em alguns casos, os israelitas cercaram os lugares pelos quatro flancos. E então eles viam que as pessoas estavam ali, e as ordens militares mostram muito claramente que, sobretudo quando havia uma concentração de jovens, e lembremo-nos da nossa definição de jovens em 1948, qualquer pessoa com mais de 10 anos de idade, Israel não sabia o que fazer com eles, e por vezes a ordem para chacinar chegou apenas pelo facto de que as pessoas talvez quisessem mesmo fugir, mas não conseguiam. Isto lembra-me um pouco a Gaza de hoje.