Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 23 de Fevereiro de 2009, aworldtowinns.co.uk

Irão: Porque é que o regime islâmico teve medo de um roseiral?

Foi noticiado que entre 9 e 16 de Janeiro deste ano a República Islâmica do Irão arrasou uma secção do cemitério de Khavaran. Localizado a cerca de 15 quilómetros a sudeste de Teerão, Khavaran não é um cemitério comum. É o local de enterro colectivo de centenas, ou mesmo mais, de comunistas e outros revolucionários executados. Com este acto, o regime está a tentar esconder a sua natureza criminosa e brutal, mas também está a dar uma prova de como teme até os cadáveres dos revolucionários assassinados há três décadas atrás.

A memória do terror dos anos 80 nunca pôde ser apagada das mentes do povo do Irão. Após o roubo da revolução popular pelas forças islâmicas reaccionárias encabeçadas pelo Aiatola Khomeini, uma tempestade de terror dominou os céus do Irão. Centenas de milhares de comunistas e outros revolucionários e activistas progressistas iranianos foram presos, encarcerados e torturados e dezenas de milhares deles foram sistematicamente executados para que fossem eliminados todos os vestígios dos verdadeiros revolucionários do Irão.

Após o fim da guerra Irão-Iraque, o brutal massacre de comunistas e revolucionários foi ainda mais longe, tendo sido assassinados dezenas de milhares de presos políticos, que ainda estavam na prisão no verão de 1988.

O medo da existência desses revolucionários era tão elevado que o regime islâmico não conseguia suportá-la, mesmo mantendo-os cativos nas suas prisões altamente guardadas. Por isso, decidiu matá-los e enterrá-los em valas comuns em lugares desconhecidos. Khavaran é o único desses cemitérios que foram descobertos pelas famílias e amigos dos martirizados. Há cemitérios comparáveis noutras províncias e há relatos de já terem ocorrido actos similares do regime em Gilan e Mazendaran, duas províncias do norte do país, perto do Mar Cáspio. Muitos dos combatentes do Sarbedaran que foram martirizados durante a insurreição de Amol em 1981 ou que foram executados mais tarde estão enterrados na província de Mazendaran.

Para as famílias, amigos e camaradas dos assassinados, não interessava quem estava enterrado em Khavaran – eles consideravam todas as campas como sendo de entes queridos. E fizeram tudo o que puderam para honrar a memória de todos aqueles cujas vidas foram tomadas pelos novos governantes islâmicos e para transformar esse cemitério numa trincheira de combate. Assim, o cemitério de Khavaran foi transformado num roseiral.

O regime islâmico queria torná-lo num cemitério desconhecido e esquecido e numa lição para os que ousam combatê-los mas, em vez disso, Khavaran tornou-se num símbolo de respeito para os objectivos e a luta dos revolucionários que aí foram enterrados e a materialização de uma destacada resistência e luta contra os opressores. Tornou-se num lugar de unidade entre os que tinham perdido os seus entes queridos e estavam decididos a denunciar os crimes do regime e para as pessoas se juntarem e cantarem A Internacional, o hino do movimento comunista internacional.

Este acto criminoso do regime não podia ficar sem resposta e realmente houve protestos de base ampla, dentro e fora do Irão. Algumas organizações de direitos humanos, entre as quais a Amnistia Internacional, emitiram comunicados. Houve manifestações na Alemanha, na Noruega e noutros países. O Comité da Juventude Iraniana na Europa (www.commitee.blogfa.com) organizou um protesto contra a destruição do roseiral de Khavaran a 7 e 8 de Fevereiro em Berlim, que teve o apoio de muitos iranianos e de pessoas e organizações alemãs.

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