Da edição online do jornal Revolution/Revolución, voz do Partido Comunista Revolucionário, EUA (a 21 de outubro de 2019 em inglês em revcom.us/a/618/upsurge-of-protests-in-latin-america-en.html e a 30 de outubro de 2019 em castelhano em revcom.us/a/618/auge-de-protestas-en-america-latina-es.html).
Intensificam-se os protestos na América Latina
Os últimos meses têm visto um recrudescimento dos protestos antigovernamentais em vários países da América Latina. Publicamos aqui fotos e breves relatos de algumas dessas lutas. As economias e as estruturas políticas de todos estes países têm sido dominadas desde há muito tempo pelo imperialismo norte-americano, enquanto ao mesmo tempo outras potências imperialistas estão cada vez mais a disputar esta região.
Chile
A 6 de outubro, o presidente chileno Sebastián Piñera anunciou um aumento drástico dos preços do metro. Isto foi um novo ataque às massas chilenas que já viviam uma vida insuportável, desde o crescente peso da dívida aos cortes nas pensões e nos cuidados de saúde e ao aumento dos preços da eletricidade e de outros bens de primeira necessidade. Tem havido um descontentamento generalizado com os escândalos de corrupção no governo e com a repressão do movimento estudantil. O aumento dos preços desencadeou vagas de protestos pacíficos, desde as pessoas a saírem às ruas a bater em tachos e panelas (uma forma tradicional de protesto no Chile) a uma nova forma de protesto: as “evasões” difundidas nas redes sociais, em que as pessoas se juntam numa estação do metro a uma hora especifica e entram em massa sem pagar. Até ao final da semana passada, os confrontos entre os manifestantes e a polícia já tinham resultado, segundo foi noticiado, em 308 pessoas presas e 167 feridos. Na sexta-feira, 18 de outubro, dezenas de estações do metro foram atacadas e incendiadas. No sábado, Piñera declarou o estado de emergência na capital do país, Santiago, e enviou o exército com tanques, canhões de água e soldados. Antes do final do dia, o estado de emergência foi estendido a outras zonas importantes do Chile. Ao fim do dia, Piñera suspendeu o aumento dos preços do metro, por entre apelos generalizados a que se demitisse, mas, poucas horas depois, as forças armadas declararam um recolher obrigatório de duas semanas. A situação mantém-se muito tensa.
Equador
Na primeira quinzena de Outubro, o Equador foi virado do avesso por uma poderosa revolta contra as novas medidas de austeridade, entre as quais a eliminação dos subsídios aos combustíveis, num país produtor de petróleo. Estas medidas foram devastadoras para a enorme população indígena do Equador, bem como para os condutores de táxis, autocarros e camiões, e os cortes nos benefícios e salários dos funcionários públicos atingiram as pessoas de uma maneira ainda mais generalizada. Submetendo-se às exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI), o presidente Lenín Moreno, anunciou as medidas de austeridade a 1 de outubro. Os protestos em massa explodiram a 3 de outubro. No dia seguinte, Moreno declarou o estado de emergência. Mas os protestos aumentaram e, a 8 de outubro, o presidente fugiu das suas instalações na capital, Quito, para a cidade de Guayaquil, no litoral. À medida que a luta continuava a crescer, Moreno chegou a um acordo com alguns líderes dos grupos indígenas, anulando o decreto de austeridade em troca do fim das manifestações. Mas o governo continuou a responder violentamente. Segundo as notícias, sete pessoas morreram nos protestos e vários dirigentes da oposição fugiram do país. Muitos dos manifestantes que foram presos enfrentam pesadas penas de prisão. Pelo menos uma grande organização sindical denunciou o acordo e apelou ao regresso dos protestos no final do mês.
Peru
Em 2011, o governo peruano concedeu à empresa mexicana Southern Copper Corp. uma licença para iniciar um enorme projeto de mineração de cobre no Vale de Tambo, no sul do Peru. Os camponeses e outras pessoas da região sabiam que o projeto iria causar uma massiva contaminação das terras e da água e devastar a agricultura, o meio ambiente e os meios de subsistência da população. Em 2011, e de novo em 2015, levaram a cabo intensas batalhas contra esse projeto, fazendo com que ele fosse suspenso em 2015. Quando ele foi novamente iniciado no início deste ano, as massas populares saíram novamente às ruas em protesto. Milhares de pessoas manifestaram-se na vizinha cidade de Arequipa. O porto de Matarani foi bloqueado e as estradas foram bloqueados. E as pessoas travaram intensas batalhas militantes com a polícia. Em agosto, o governo suspendeu temporariamente a licença da empresa mineira “para fazer uma avaliação adicional”... mas os protestos continuaram.
O imperialismo significa grandes monopólios e instituições financeiras que controlam as economias e os sistemas políticos — e as vidas das pessoas —, não apenas num país, mas em todo o mundo. O imperialismo significa exploradores parasitas que oprimem centenas de milhões de pessoas e as condenam a uma miséria indescritível; significa financeiros parasitas que podem fazer com que milhões de pessoas passem fome apenas com o pressionar de uma tecla de computador, deslocando assim grandes quantidades de riqueza de um lugar para outro. O imperialismo significa a guerra — a guerra para esmagar a resistência e a revolta dos oprimidos, e a guerra entre estados imperialistas rivais —, significa que os dirigentes desses estados podem condenar a humanidade a uma inacreditável devastação, talvez mesmo a aniquilação total, com o premir de um botão.
O imperialismo é o capitalismo na etapa em que as suas contradições fundamentais se elevaram a níveis terrivelmente explosivos. Mas o imperialismo também significa que haverá uma revolução — o levantamento dos oprimidos para derrubar os seus exploradores e atormentadores — e que esta revolução será uma luta a nível mundial para varrer esse monstro global, o imperialismo.
— Bob Avakian, O BÁsico 1:6