Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 28 de Setembro de 2009, aworldtowinns.co.uk
Índia: Preso alegado líder maoista sénior
Uma unidade especial da polícia de Deli prendeu Kobad Ghandy, acusado de ser um importante membro do Partido Comunista da Índia (Maoista). Embora as autoridades tenham anunciado a prisão dele a 20 de Setembro e o tenham apresentado pela primeira vez perante um magistrado no dia seguinte, um comunicado do Comité para a Libertação dos Presos Políticos (CRPP, na sigla em língua inglesa) diz que de facto ele foi detido a 17 de Setembro e mantido em detenção secreta e ilegal. Durante esse período, foi sujeito a um duro interrogatório que incluiu ser amarrado de mãos e pés a uma mesa. Foi sujeito a privação do sono durante três dias e três noites. Ghandy, de 63 anos, sofre de vários problemas graves de saúde e o CRPP acusou a polícia de “brincar com a sua vida” ao recusar-lhe os cuidados médicos adequados e a dieta especial de que ele necessita.
Ghandy foi preso por cerca de meia dúzia de agentes secretos na Praça Bhikaji Cama, em Deli Sul, quando estava num terminal de autocarros. As autoridades disseram à comunicação social que Ghandy era responsável pelas publicações do ilegalizado PCI(M) e pelo seu trabalho em zonas urbanas. Segundo um extenso perfil publicado na página web da BBC (23 de Setembro), “O Sr. Ghandy tem contra si acusações relacionadas com ser membro de uma organização proibida, organizar manifestações e escrever textos políticos para o partido”. A imprensa noticiou que ele pode ser entregue às autoridades do estado indiano de Jharkhand, onde enfrentará outras acusações. “Alegam que Ghandy ‘pregava o maoismo em Pune, Nagpur, Mumbai [Bombaim], Nashik, Raipur, Patna, Bhubaneswar e Ranchi’” (expressindia.com, 23 de Setembro).
Ghandy foi casado com Anuradha Shanbag, uma ex-académica que se tornou revolucionária profissional e morreu em Abril de 2008 vítima de malária cerebral, uma doença contraída quando dava aulas nas florestas de Jharkhand. Ela era membro do Comité Central do PCI(M). Eles passaram várias décadas a trabalhar em zonas rurais remotas, primeiro em Nagpur no final dos anos 70 e início dos anos 80, com o Comité de Protecção dos Direitos Democráticos, e depois, alegadamente de forma clandestina, em vários estados. Ghandy, de Mumbai, formou-se numa das mais prestigiosas escolas da Índia e diz-se que se tornou revolucionário pela primeira vez quando estudava contabilidade em Inglaterra. Tornou-se activo quando regressou à Índia durante o período de “emergência” de meados dos anos 70, uma época particularmente perigosa para os revolucionários em que a primeira-ministra Indira Ghandi declarou a suspensão dos direitos constitucionais e encarcerou muitos maoistas.
Segundo o comunicado do CRPP que foi distribuído numa conferência de imprensa realizada no Clube de Imprensa de Deli, ainda não lhe foi atribuída uma data de julgamento. Ele tem problemas cardíacos, uma grave enfermidade intestinal que faz com que só possa beber água fervida e provavelmente cancro da próstata, o qual requer medicação. O CRPP exige que ele tenha acesso a cuidados médicos e a uma dieta adequada, que seja transferido da sua actual cela sobrelotada (uma unidade para uma pessoa que é agora partilhada por quatro pessoas), cujas condições contribuem para piorar o seu estado de saúde, que tenha acesso a material de leitura e escrita e que lhe seja atribuído o estatuto de preso político.
(CRPP, 185/3, 4th floor, Zaki Nagar, New Delhi-25, India)