Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 14 de Março de 2005, aworldtowinns.co.uk

Exército indiano envolve-se em batalha no Nepal, maoistas sofrem perdas

Uma grande força militar do Exército Real apoiada pelo exército indiano infligiu sérias perdas a um contingente da Divisão Ocidental do Exército Popular de Libertação numa batalha em Ganeshpur, no distrito de Bardia, no Nepal, a 28 de Fevereiro. Um porta-voz do Exército Real chamou-lhe a primeira batalha vitoriosa que tinha realizado na região centro-ocidental do país durante a sua actual campanha.

Quando o EPL dirigido pelos maoistas emboscou uma pequena unidade do Exército Real do Nepal numa estrada principal, descobriu que estava cercado por quase mil soldados do Exército Real e da Força de Segurança da Fronteira do exército indiano. Em conjunto, esses reaccionários cercaram o contingente do EPL que contava com menos de 200 membros. Numa batalha que durou mais de hora e meia, apesar de cercado, o EPL conseguiu resistir às forças indo-nepalesas e “proteger a sua organização, o seu plano e a sua liderança”, disse num comunicado o camarada Pravakar, comandante da Divisão Ocidental do EPL. Disse ainda que, entre os 32 combatentes do EPL que tombaram estava o camarada Jit, Comandante de Brigada da Segunda Brigada Satbaria da Divisão Ocidental. O Exército Real capturou cerca de 28 armas aos revolucionários. Mais de duas dúzias de membros do ERN foram mortos e muitos outros ficaram feridos.

No comunicado de 3 de Março, o EPL também disse que a Força de Segurança da Fronteira (FSF) tinha capturado sete dos seus combatentes no campo de batalha e os tinha levado para a Índia quando retiraram. O regime indiano tem capturado revolucionários maoistas na Índia e na fronteira indo-nepalesa, mas esta foi a primeira vez que o exército indiano efectuou detenções durante uma batalha no Nepal.

A batalha começou depois de o EPL ter detectado um pequeno número de “terroristas do Exército Real” na zona de Ganeshpur, perto da estrada de Nepalganj que passa alguns quilómetros a norte da fronteira Índia-Nepal e que lhe é paralela entre Nepalganj e Gularia. Gularia, a cerca de 5 km da fronteira indiana, é a sede do distrito de Bardia. A cidade de Nepalganj, quase 35 km para oeste, é a sede do distrito de Bake. Também é um centro de comércio entre o Nepal centro-ocidental e o norte da Índia, que fica a apenas 4 km.

Quando o EPL viu a unidade do Exército Real a cerca de 25 km a oeste de Nepalganj, não se apercebeu que mil “terroristas reais” já aí tinham chegado vindos das duas sedes de distrito vizinhas e tomado posições escondidas à sua volta. As forças dirigidas pelos maoistas também não sabiam que a FSF indiana estava fisicamente presente no campo de batalha para apoiar o ERN. Quando a batalha começou às 4:15 da tarde, os soldados escondidos do ERN tentaram arduamente montar a sua armadilha em laço à volta dos revolucionários, os quais combateram até escaparem ao cerco. O combate posicional durou até às 5:45. Em batalhas anteriores, o EPL evitou frequentemente combater em plena luz do dia, altura em que o poderio aéreo do inimigo pode ser mobilizado mais facilmente em seu auxílio.

O camarada Pravakar do EPL disse no seu comunicado: “Consideramos este incidente muito grave. As perdas humanas e logísticas afectaram seriamente a Divisão Ocidental.” E continuou: “Tal como todas as guerras progridem através de uma série de vitórias e derrotas, a nossa guerra revolucionária não poderia ficar intocada por esse facto... Tendo feito uma séria reflexão sobre as nossas insuficiências na nossa análise e síntese da situação global daquela batalha em particular, temos que encarar o facto de que temos que avançar através de muitos sacrifícios para tornar o negativo em positivo. Este incidente também indicou que a escala da guerra evoluiu para níveis mais elevados.”

A tomada aberta de todo o poder pelo Rei Gyanendra no Nepal e a total censura que ele impôs à imprensa transformou as próprias notícias desta batalha numa questão de luta. A monarquia alegou falsamente que tinha matado 50 maoistas ou mais, uma afirmação ecoada pelas agências noticiosas estrangeiras que agora têm poucas maneiras de verificar esses factos, ao mesmo tempo que suprimiu os dados sobre o número de mortos do lado do ERN e o envolvimento da Índia na batalha, o que despertaria uma ira generalizada e exporia a capitulação do rei perante o expansionismo indiano. De facto, as medidas repressivas de Gyanendra são, em não pequeno grau, dirigidas para o controlo das notícias e contra a oposição ao crescente envolvimento da Índia na guerra. O exército indiano já tinha invadido não-oficialmente o Nepal, na zona ocidental de Gularia, em Dezembro passado. Destruíram casas e cometeram abusos contra mulheres nepalesas. Numa outra ocasião, o exército indiano capturou militantes revolucionários no distrito de Kanchanpur, no interior do Nepal ocidental. O regime indiano também estabeleceu postos militares de controlo em dois lugares diferentes na região oriental do Nepal.

A mais recente directiva do autocrata feudal para a imprensa diz o seguinte: “Invocando a Alínea 1 da Cláusula 15 da Lei de Sua Majestade sobre a Impressa e as Publicações, e tendo em conta a nação e o interesse nacional, o Governo de Sua Majestade proíbe durante seis meses qualquer entrevista, artigo, notícia, comentário, ponto de vista ou opinião pessoal que vá contra a letra e o espírito da Proclamação Real de 1 de Fevereiro de 2005 e que directa ou indirectamente apoie a destruição e o terrorismo. De acordo com as providências da Lei sobre a Impressa e as Publicações, serão tomadas medidas contra quem viole este aviso.” Dado que a comunicação social do Nepal está proibida de criticar o rei e o seu exército ou mesmo de arriscar afectar negativamente a sua “moral” difundindo notícias desfavoráveis ao regime, algumas das agências noticiosas do país evitam mesmo mencionar os acontecimentos correntes. Censores militares foram enviados para manter um controlo estrito das instalações dos jornais e de outras empresas de notícias.

Numa tentativa de tornar essa censura noticiosa completa, Gyanendra ordenou que fossem bloqueadas as seguintes páginas da internet, para que não possam ser acedidas a partir do Nepal: www.cpnm.org, www.rwor.org, www.insof.org, www.nepalipost.com, www.nepaljapan.com, www.anonymization.net, www.newslookmag.com, www.krishnasenonline.org, www.peoplesmarch.com e www.geocities.com/nepal.

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