Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 16 de Fevereiro de 2009, aworldtowinns.co.uk

A limpeza étnica da Palestina: Uma necessária correcção e clarificação

Havia um importante erro no artigo “O ataque israelita a essa parte da humanidade que vive em Gaza – e a questão da libertação de toda a humanidade” do SNUMAG de 5 de Janeiro de 2009. Esse erro precisa sobretudo de uma clarificação tendo em conta o recentemente reafirmado apoio do Presidente norte-americano Barack Obama a uma “solução de dois estados” para o conflito israelo-palestiniano e as ilusões que esta ideia continua a criar.

O artigo dizia que quando os sionistas iniciaram as violentas expulsões em massa de palestinianos em 1947, ainda antes da fundação, no ano seguinte, do estado de Israel, os “colonos judeus da Europa e de outros lugares, que constituíam menos de 10% da população do território nessa altura, ocuparam mais de metade da Palestina”. O texto deveria ter dito que os judeus constituíam menos de 10% da população da Palestina no momento da Declaração de Balfour em 1917.

Após a I Guerra Mundial, e como parte do processo de reconfiguração colonial do Médio Oriente que se seguiu à derrota do Império Otomano, a Grã-Bretanha, na Declaração de Balfour, prometeu um “território nacional” para os judeus da Palestina, como âncora para o colonialismo britânico na região. Isso marcou na prática o início do projecto sionista (cujos líderes ainda não tinham escolhido a Palestina como localização de um futuro estado judeu) e o início da imigração judaica vinda da Europa.

Segundo o livro A Limpeza Étnica da Palestina (Oneworld Publications, 2006), de Ilan Pappé, cujos números inadvertidamente deturpámos, em 1947 a percentagem da população judaica na Palestina tinha chegado a cerca de um terço. Apesar disso, ao autorizar a partição da Palestina controlada pelos britânicos em dois estados separados, o Conselho de Segurança da ONU “deu” ao novo estado de Israel mais de metade da Palestina histórica, contra a vontade da maioria da população. Esta é supostamente a “solução de dois estados” original. Mas os sionistas não se contentaram com um país judeu no sentido de uma pátria para os judeus. Eles queriam um estado onde só os judeus ou sobretudo os judeus fossem autorizados a viver e onde mais ninguém teria todos os direitos. Para o obterem, durante um período de cerca de um ano, procederam à expulsão da maioria dos palestinianos (mas não de todos) que viviam nas cidades e aldeias dentro das fronteiras de Israel. Hoje em dia, os descendentes desses palestinianos que não partiram durante a “Nakba” (catástrofe em árabe), menos de um em cada cinco residentes de Israel, são cidadãos de segunda classe, com os seus direitos restringidos e sofrendo humilhações frequentes. Está a ocorrer actualmente em Israel um grande debate público sobre se devem expulsá-los, ou não, violentamente para algum futuro mini-estado “palestiniano”.

Esse estado existiria num espaço que é muito menor que o previsto em 1948 pelo Conselho de Segurança da ONU. Desde essa altura, a colonização israelita ficou com as melhores terras da Cisjordânia e dividiu as sobras em sectores quase sem ligações entre si. Em 1967, os israelitas ocuparam metade de Jerusalém, que supostamente pertence aos palestinianos, e estão hoje a tentar expulsar os palestinianos da outra metade. Gaza, claro, tem estado completamente cercada e isolada.

Além disso, no que diz respeito à natureza de um possível estado palestiniano, nas actuais circunstâncias é inconcebível que qualquer plano patrocinado pelos EUA acabe com o monopólio que Israel tem de um significativo poder armado. Esse “mini-estado” não seria autorizado a evitar o domínio israelita, tal como já foi demonstrado pelo actual domínio de Israel sobre Gaza, bem como sobre a Cisjordânia. Seria, muito simplesmente, um lugar onde Israel manteria os palestinianos.

Por isso, qualquer acordo de “dois estados” não seria uma solução de compromisso. O seu objectivo seria levar até ao fim a limpeza étnica sionista de Israel.

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