A propósito do filme Oppenheimer e das verdadeiras lições da história

Reproduzimos aqui três artigos e um vídeo publicados originalmente no sítio do jornal Revolution/Revolución, voz do Partido Comunista Revolucionário, EUA, revcom.us.

 

Oppenheimer e as verdadeiras lições da história

Artigo publicado originalmente em inglês a 24 de julho de 2023 em revcom.us/en/film-oppenheimer-and-real-lessons-history e em castelhano a 2 de agosto de 2023 em revcom.us/es/acerca-de-la-pelicula-oppenheimer-y-las-verdaderas-lecciones-de-la-historia.

Nuvem do cogumelo atómico sobre Hiroxima
Nuvem do cogumelo atómico sobre Hiroxima

A 6 e a 9 de agosto de 1945, o governo norte-americano lançou duas bombas atómicas sobre as cidades japonesas de Hiroxima e Nagasáqui, cometendo um crime contra a humanidade como nunca antes se tinha visto e que desde então mantém refém a humanidade. Este crime foi o clímax e o ponto final da Segunda Guerra Mundial, e em particular da guerra dos EUA contra o Japão.

A “bomba A”, uma abrasadora bola de fogo de um milhão de graus Celsius, surgiu imediatamente acima da cidade japonesa de Hiroxima, instantaneamente matando, queimando vivos ou vaporizando dezenas de milhares de seres humanos. A cidade foi submersa por tempestades de fogo. Seguiram-se-lhes ondas de choque e ventos de mais de 1000 km/h que destruíram corpos e edifícios e atiraram pelos ares homens, mulheres e crianças. Foram destruídas quase todas as estruturas num raio de mais de um quilómetro e meio a partir do centro da explosão. Milhares de pessoas que sobreviveram à explosão começaram rapidamente a sofrer de febres, diarreias, vómitos e perda de cabelo e pele — e a morrer devido à radiação. Até ao final de 1945, tinham falecido em Hiroxima entre 140 e 150 mil pessoas, esmagadoramente civis. Outras centenas de milhares de pessoas ficaram feridas.

Os EUA sabiam que o Japão iria entrar em colapso sem uma invasão e que tinha mudado de posição em direção à paz semanas antes dos bombardeamentos de Hiroxima e Nagasáqui. A 12 de julho de 1945, o Presidente Harry S. Truman referiu-se no diário privado dele a um “telegrama do imperador japonês a pedir a paz”. Como mostra o filme Oppenheimer, os EUA nem sequer escolheram alvos militares, antes escolheram incinerar cidades com civis. Nenhum presidente dos Estados Unidos alguma vez pediu desculpa por isso — incluindo Biden quando foi a Hiroxima. Todos eles justificaram isso com o fundamento de que “salvou vidas de soldados norte-americanos”. Mesmo ignorando o caráter falso dessa justificação, como acabámos de demonstrar, o assassinato em massa de civis para “salvar vidas” de combatentes é a definição de um crime de guerra.

O governo norte-americano sob a presidência do Democrata Truman queria controlar totalmente o Japão do pós-guerra e impedir a União Soviética de conquistar mais terreno na Manchúria ocupada pelo Japão e de ter mais influência no “equilíbrio de poder” do pós-guerra. O bombardeamento de Hiroxima acabou com a Segunda Guerra Mundial, mas foi concebido mais para definir os termos da dominação norte-americana do mundo do pós-guerra. Hiroxima serviu de aviso a qualquer país que pudesse vir a pensar em desafiar o domínio dos EUA no mundo do pós-guerra, escrito sobre pilhas de carne carbonizada e muitas dezenas de milhares de sobreviventes horrivelmente desfigurados.

Nos dois anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, os EUA consideraram e ameaçaram repetidamente utilizar armas nucleares para reforçarem o seu domínio global: durante à década de 1950, os EUA planearam ativamente uma possível guerra nuclear com a União Soviética, que calcularam que iria matar 600 milhões de pessoas, e em 1958 planearam ativamente o uso de armas nucleares numa crise com a China; em 1958, 1973 e 1980, os EUA colocaram as suas forças em alerta nuclear durante as crises do Médio Oriente no Iraque, Israel e Irão; em 1969, o presidente Richard Nixon ameaçou lançar armas nucleares sobre o Vietname; e antes da invasão do Iraque em 2003, o Pentágono preparou-se secretamente para a possibilidade de usar armas nucleares. E também houve a chamada Crise dos Mísseis de Cuba em 1962, em que os EUA ameaçaram uma guerra nuclear contra a Rússia se esta mantivesse mísseis com ogivas nucleares em Cuba.

Hoje em dia, os EUA estão a levar a cabo uma guerra por procuração com a Rússia na Ucrânia, com o objetivo de enfraquecer a Rússia e a capacidade desta de desafiar o domínio dos EUA — uma guerra que está perigosamente perto do uso real de armas nucleares em nome da tomada de “decisões difíceis”, para infligir uma “derrota estratégica” à Rússia.

O filme de Christopher Nolan, que retrata a ambiguidade moral de pessoas como Robert Oppenheimer, que construiu a arma e orientou essa arma terrível e esse crime de guerra — e a corrida às armas nucleares de que ele depois se viria a lamentar — está ele próprio repleto de um inaceitável relativismo moral e de justificações do que os EUA fizeram na Segunda Guerra Mundial. O filme nunca avalia realmente a natureza desse crime, nem sequer mostra o que aconteceu em Hiroxima, e continua a propagar a mentira de que foi uma decisão “difícil mas necessária” durante a guerra, onde os EUA foram “os bons da fita” na “luta da democracia contra o fascismo”.

Os verdadeiros objetivos dos EUA tiveram pouco a ver com “acabar com o fascismo” e quase tudo a ver com o alargamento de uma mais profunda dominação na Ásia e na Europa, e com ganhar o controlo sobre o mundo. Ao longo de toda a guerra, os EUA recusaram-se a permitir que quaisquer refugiados, mesmo o mais pequeno número, incluindo judeus que eles sabiam estar a ser sistematicamente perseguidos e encarcerados, entrassem nos EUA e, assim, ajudaram a condenar milhões de pessoas ao extermínio, e adiaram durante anos o ataque à Alemanha até os nazis terem sido enormemente enfraquecidos pela União Soviética.

Aqui é necessário dizer que o filme retrata de uma forma mais ou menos precisa a maneira como muitas pessoas que lutavam por causas progressistas e pessoas que se autodenominavam comunistas aderiram a um apoio entusiástico aos “seus” imperialistas nessa guerra. Esses “comunistas” e pessoas de “esquerda” ajudaram e participaram ativamente na criação de armas que eram e são uma ameaça existencial para a humanidade. Esta linha política foi um erro verdadeiramente grave do movimento nesse momento, o qual teve — e continua a ter — custos políticos incalculáveis. Posteriormente, numa amarga ironia, depois de os imperialistas os terem usado em pleno, esses mesmos imperialistas voltaram-se contra eles para perseguirem, colocarem numa lista negra e prenderem essas pessoas nas caças às bruxas macarthistas que ocorreram após a Segunda Guerra Mundial.

O que as pessoas devem retirar dessa experiência e o que é encoberto nesta muito ambígua “lição da história” descrita no filme é que, num momento em que as perspetivas de uma guerra nuclear são atualmente maiores do que alguma vez foram desde a Segunda Guerra Mundial, com várias potências imperialistas com armas nucleares suficientes para acabar várias vezes com a existência da humanidade, se destaca a seguinte verdade essencial exposta pelo líder revolucionário Bob Avakian [BA]:

Não podemos mais permitir que estes imperialistas continuem a dominar o mundo e a determinar o destino da humanidade. E é um facto científico que a humanidade não tem de viver desta maneira.

Quem vir este filme deve interrogar-se se está a ser levado a apoiar os EUA como sendo “os bons da fita” na atual guerra na Ucrânia e para quanto isto está a levar o mundo para mais perto de uma situação em que se utilizarão novamente essas horrendas armas.

Não à guerra dos EUA/NATO com a Rússia!
Não às ameaças dos EUA contra a China!

Não à Terceira Guerra Mundial!
É este sistema, e não a humanidade, que é necessário levar à extinção!

Não aceitamos o futuro que eles querem —
É hora de nos organizarmos para uma verdadeira revolução

Para saberes mais sobre o crime de guerra de Hiroxima e o verdadeiro caráter da guerra por procuração EUA-Rússia na Ucrânia, vai a revcom.us; ouve Bob Avakian em:

Bob Avakian sobre Biden, Putin e Xi Jinping: Os gângsteres imperialistas e a necessidade da revolução!

E vê todas as semanas no YouTube o The RNL—Revolution Nothing Less!—Show [Canal Revolução e Nada Menos!, em inglês].

NOTA:

A história da Segunda Guerra Mundial está fora do âmbito deste artigo, mas ficam aqui algumas notas sobre o contexto: A Segunda Guerra Mundial durou de 1939 a 1945. A maior parte das grandes potências mundiais entrou na guerra, num momento ou noutro. Um dos lados incluiu a Alemanha nazi, o Japão e a Itália. O outro lado foi uma aliança que incluiu a União Soviética (que contribuiu com a parte de leão da guerra e das mortes), a China, a Grã-Bretanha e os EUA (que não entraram na guerra até 1941).

 

O filme Oppenheimer e a decisão dos EUA de lançarem a bomba atómica

Alguns pontos relevantes de contexto e análise históricos

Artigo publicado originalmente em inglês a 17 de julho de 2023 em revcom.us/en/oppenheimer-and-us-decision-drop-atomic-bomb-some-relevant-points-historical-background-and e em castelhano a 22 de julho de 2023 em revcom.us/es/sobre-oppenheimer-y-la-decision-de-estados-unidos-de-soltar-la-bomba-atomica-algunos-puntos.

Hiroxima, 6 de agosto de 1945
Hiroxima, 6 de agosto de 1945. Foto: AP

O novo filme do premiado realizador Christopher Nolan, Oppenheimer, estreou nos cinemas a 21 de julho. O filme é uma dramatização da vida de Robert Oppenheimer, um físico teórico que em 1942 foi o principal cientista encarregado de desenvolver a bomba atómica como parte do Projeto Manhattan do governo dos EUA.

O Projeto Manhattan desenvolveu e produziu duas bombas nucleares, a que deu os nomes de Little Boy e Fat Man. Os Estados Unidos lançaram a primeira bomba atómica sobre Hiroxima, no Japão, a 6 de agosto de 1945, e a segunda sobre Nagasáqui, também no Japão, a 9 de agosto de 1945. Isto aconteceu no final da Segunda Guerra Mundial quando os imperialistas norte-americanos estavam prestes a derrotar os imperialistas japoneses na guerra na Ásia e no Pacífico.

As estimativas do número de pessoas que morreram de imediato nestes bombardeamentos variam entre 110 e 210 mil1,e os efeitos deles em muitas mais pessoas iriam durar décadas — muitos dos sobreviventes sofreram de leucemia, cancro e outros terríveis efeitos colaterais da radiação. Foi um crime sem precedentes contra a humanidade (ler em inglês ou em castelhano).

Muitas pessoas irão ver este filme sobre Oppenheimer, e certamente haverá muita discussão e controvérsia. O revcom.us irá publicar mais artigos sobre o filme e o impacto dele após a estreia a 21 de julho. Este filme pode tornar-se um fenómeno cultural, especialmente num momento em que aumentou a possibilidade de uma guerra nuclear, e exortamos os nossos leitores a vê-lo assim que sair e a participarem ativamente no debate e na discussão do filme. Ver a Carta dos Revcoms da Cidade de Nova Iorque (artigo seguinte).

Dado o tema do filme, eis alguns pontos básicos sobre o lançamento das bombas atómicas efectuado pelos EUA:

1. A incineração nuclear de Hiroxima e Nagasáqui é melhor compreendida não como o fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico, mas sim como o início da Guerra Fria2 entre os EUA e a União Soviética. Os EUA lançaram as armas atómicas como “declaração”, como aviso e ameaça, dirigida à então socialista União Soviética, um ato daquilo a que o historiador Gar Alperovitz chamou “diplomacia atómica”3.

Também foi uma mensagem para o mundo inteiro. Os EUA tinham emergido da Segunda Guerra Mundial como o principal gângster imperialista — e os EUA estavam a dizer ao mundo “não se metem connosco”, ou é isto o que vos espera.

As provas mostram que os japoneses, através dos canais diplomáticos, já tinham dado indicações da sua vontade de se renderem. Houve pouco valor militar direto na destruição de Hiroxima e Nagasáqui, dois alvos em grande parte civis; e, obscenamente, os horrendos padrões e efeitos da destruição imediata devida aos bombardeamentos foram cuidadosamente estudados por especialistas militares norte-americanos para aplicação futura. Isto é um crime de alta tecnologia, de grande escala e indescritivelmente cruel contra a humanidade... pelo qual nenhum governo nem nenhum presidente dos EUA, Democrata ou Republicano, alguma vez pediu desculpas.

2. Aparentemente, Oppenheimer não lamentou os bombardeamentos em si mesmos. Mas ele estava particularmente preocupado com o iminente desenvolvimento da ainda mais poderosa e destrutiva bomba de hidrogénio, e com o iminente perigo de um holocausto nuclear. Devido a isso, juntamente com as simpatias progressistas dele e a “culpa por associação” com aqueles que se autodenominavam comunistas, foi perseguido durante o período macarthista4, especialmente quando o governo de Truman iniciou as suas políticas e programas agressivos e contrarrevolucionários de “confinamento” que visavam diretamente a União Soviética e as lutas radicais e revolucionárias.

3. Os cientistas que trabalharam no Projeto Manhattan apoiaram em grande parte a causa da derrota de Hitler e o que viam como sendo uma “ameaça nazifascista à civilização humana”. Mas, tal como foi salientado por um dos académicos entrevistados para o documentário do canal televisivo MSNBC que acompanha o filme, acabaram por desenvolver a tecnologia e a arma que poderiam destruir a civilização — colocando-as nas mãos do governo norte-americano. Contra o que se poderia descrever como as “melhores intenções” deles, foram instrumentalizados pelos imperativos e pelos objetivos estratégicos do imperialismo norte-americano e pela promoção do império norte-americano — em particular, pelo objetivo imperialista de forjar um “século norte-americano” hegemónico, em que os EUA seriam uma potência mundial sem rival — política, militar e economicamente.

4. A linha dominante dos radicais e progressistas, incluindo e especialmente a posição do revisionista5 Partido Comunista dos EUA, foi a de que a Segunda Guerra Mundial era, no seu aspecto principal e definidor, uma guerra antifascista, que contrapunha a democracia ao fascismo. E eles levaram as pessoas sob a sua influência a apoiar sem questionamento os governantes norte-americanos.

Mas a característica definidora e o aspecto principal da Segunda Guerra Mundial foi que era uma guerra interimperialista entre dois blocos de grandes potências imperialistas (a Alemanha, o Japão e a Itália, de um lado; e os EUA, a Grã-Bretanha e a França, do outro) que lutavam pelo domínio global e pelo controlo de colónias e neocolónias em África, na Ásia, no Médio Oriente e na América Latina. Durante a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética, na época o primeiro e único estado socialista do mundo, estava a combater uma justa guerra pela sua defesa e sobrevivência contra o imperialismo alemão (ainda que em grande parte como guerra “patriótica”).

Bob Avakian analisou este período em várias obras (ver, por exemplo, Fazer avançar o movimento revolucionário mundial: Questões de orientação estratégica, 1984, disponível em inglês e castelhano); e a natureza da Segunda Guerra Mundial é analisada no 2º Capítulo do livro America in Decline [América em Declino] (1984), de Raymond Lotta.

5. No laboratório secreto de Los Alamos, no estado norte-americano do Novo México (local do Projeto Manhattan), a convivência, a cooperação e o espírito de grupo entre os físicos, o fornecimento de um massivo apoio financeiro e tecnológico e a “liderança” de Oppenheimer e do Tenente-General Leslie Richard Groves, um oficial do Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA que liderou o Projeto Manhattan — tudo isto contribuiu para o enorme desenvolvimento dessa monstruosa arma. Uma arma ao serviço do império norte-americano e uma arma que viria a representar uma ameaça existencial à humanidade. Esses cientistas desligaram-se das implicações políticas e morais. Alguns dos envolvidos manifestaram posteriormente grandes arrependimentos, alguns envolveram-se nos esforços de paz do pós-guerra e alguns deles enfrentaram o assédio macarthista.

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Exortamos os nossos leitores não só a verem o filme Oppenheimer, mas também a nos escreverem e a partilharem as discussões e debates que tiverem com outras pessoas, incluindo logo à saída da sala de cinema.

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NOTAS:

1  Bulletin of Atomic Scientists [Boletim de Cientistas Atómicos], 4 de agosto de 2020.

2  Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os imperialistas norte-americanos viram a União Soviética socialista como o principal obstáculo ao “século norte-americano”. Os EUA implementaram políticas e medidas e fortaleceram regimes e alianças para pressionar, isolar e ameaçar a União Soviética (e também a China após a vitória da sua revolução em 1949). A União Soviética respondeu de várias maneiras. Não houve uma “guerra quente” militar direta entre os EUA e a União Soviética, mas sim uma “guerra fria” entre os EUA e os seus aliados, de um lado, e a União Soviética e os seus aliados, do outro. Isso envolveu uma luta ideológica, a acumulação de armas, incluindo arsenais nucleares, um posicionamento global e tensões geopolíticas. Em meados da década de 1950, foi restaurado o capitalismo na União Soviética, apesar de esta se ter continuado a autodenominar “socialista” — e a Guerra Fria passou então a ser entre essas duas grandes potências imperialistas e os seus aliados, com o perigo de uma guerra nuclear entre elas. Em 1991, a União Soviética colapsou e a Guerra Fria chegou ao fim.

3  Gar Alperovitz, The Decision to Use the Atomic Bomb [A decisão de usar a bomba atómica], 1996.

4  As audiências macarthistas da década de 1950 (assim chamadas devido ao raivoso senador anticomunista norte-americano Joseph McCarthy) foram convocadas pelo Congresso para “investigar” figuras destacadas do entretenimento, da cultura, da política, do governo e de outras esferas. Exigiram-lhes que declarassem que “nunca tinham sido membros do Partido Comunista” e que delatassem amigos e associados. Se não cooperassem, os que foram convocados para as audiências enfrentavam acusações criminais e a sua inclusão numa “lista negra” (o que os impedia de obter emprego).

5  Revisionismo: as ideias e os programas que são promovidos em nome do comunismo ou do socialismo, mas que na realidade removem, ou reveem, o núcleo revolucionário do comunismo, e mantém as coisas dentro do quadro e dos limites das relações capitalistas e do domínio político capitalista.

 

Ver o filme e ir às sessões de cinema para iniciar a discussão e o debate sobre o futuro da humanidade

Com a estreia de Oppenheimer, aproveitemos a oportunidade para repolarizar para a revolução

Pelos Revcoms (Comunistas Revolucionários) da Cidade de Nova Iorque

Declaração publicada originalmente em inglês a 17 de julho de 2023 em revcom.us/en/release-oppenheimer-seize-openings-repolarize-revolution e em castelhano a 22 de julho de 2023 em revcom.us/es/con-el-estreno-de-oppenheimer-aprovechemos-las-oportunidades-para-que-se-repolarice-para-la.

15 de julho de 2023. A 20 de julho irá estrear em todos os Estados Unidos Oppenheimer, um importante filme baseado na vida de Robert Oppenheimer. J. Robert Oppenheimer, um físico teórico, foi fundamental no desenvolvimento da primeira bomba atómica do mundo na década de 1940, como parte do chamado Projeto Manhattan. Em 1945, os EUA lançaram essa arma horrenda sobre as cidades de Hiroxima e Nagasáqui no Japão, levando à morte imediata de cerca de 200 mil pessoas. Os EUA foram o primeiro e único país do mundo a usar armas atómicas.

Este filme estreia num momento em que o mundo está mais perto de uma guerra mundial, de um Armagedão nuclear, do que alguma vez esteve desde há décadas. Os EUA estão a intensificar a sua guerra por procuração com a Rússia, um país que possui armas nucleares, sobre a Ucrânia; também está a aumentar enormemente as suas ameaças militares e preparativos de guerra contra a China, um país que também tem armas nucleares. Este é um momento de grave perigo existencial para a humanidade e para o planeta. Mas também é um momento de intensificação do desagregação da sociedade norte-americana, com os que governam no topo a se atirarem às gargantas uns dos outros — um momento raro em que também há uma maior hipótese de se fazer uma revolução emancipadora.

Não à Terceira Guerra Mundial! — É este sistema, e não a humanidade, que é necessário levar à extinção!

Encorajamos os comunistas revolucionários e todos os que anseiam por um mundo muito melhor a que entrem ousada e criativamente na discussão e no debate que possivelmente irão ser desencadeados pelo filme Oppenheimer — e com o objetivo de repolarizar para a revolução. Para apresentar às pessoas a nova declaração dos Revcoms, PRECISAMOS E EXIGIMOS: UMA MANEIRA TOTALMENTE NOVA DE VIVER, UM SISTEMA FUNDAMENTALMENTE DIFERENTE (inglês/castelhano), e com o objetivo de popularizar que uma maneira totalmente nova de viver, um sistema fundamentalmente diferente que renuncia ao desenvolvimento e uso de armas nucleares, que trabalha para a abolição delas e da própria guerra... não só é uma boa ideia, como precisa de se tornar um grito de guerra e uma exigência das massas da humanidade.

O filme Oppenheimer já está a criar muita agitação e antecipação na sociedade também devido ao seu muito prestigiado realizador Christopher Nolan e aos muitos atores proeminentes e progressistas de Hollywood. Embora ainda não tenhamos visto o filme, algo que pretendemos fazer assim que ele estrear, sentimos que há aqui uma importante oportunidade que é necessário aproveitar.

Como disse recentemente Bob Avakian em As Entrevistas de BA:

Não podemos mais permitir que estes imperialistas continuem a dominar o mundo e a determinar o destino da humanidade. E é um facto científico que a humanidade não tem de viver desta maneira.

Uma forma particular como os imperialistas norte-americanos dominam e ameaçam o mundo inteiro está concentrada nas armas nucleares. Continuam a fabricar e a modernizar essas armas. E não só os EUA se têm recusado a pedir desculpa ao Japão por ter lançado duas bombas atómicas sobre duas cidades japonesas... como os EUA continuam a ter integrado na sua doutrina militar o princípio do “uso ofensivo” (“uso primeiro”) de armas nucleares!

Sabemos que o público deste filme irá incluir muitas pessoas progressistas, intelectuais profundamente preocupados com o futuro da humanidade, e mesmo cientistas preocupados com a maneira como as suas capacidades e criatividade serão usadas neste sistema capitalista-imperialista. Mas também muitas pessoas que, num grau ou noutro, estão a virar as costas aos perigos para a humanidade, que se sentem desesperadas ou a chafurdar no “eu, eu, eu”.

É muito importante que cheguemos a esses estratos sociais mais vastos como parte importante de colocar a revolução no mapa. E preciso que os desafiemos — a levarem, e a divulgarem amplamente, os documentos PRECISAMOS E EXIGIMOS e SOMOS OS REVCOMS. Muito importante, devemos angariar fundos, usando formas ousadas, ativas e criativas.

ALGUMAS IDEIAS PARA INICIAR A DISCUSSÃO E O DEBATE E TER UM IMPACTO NA SOCIEDADE

  • Comprem desde já os bilhetes para ver o filme no próximo fim de semana, e quando terminar a exibição, apresentem-se ousadamente ao público: “Não podemos mais permitir que estes imperialistas continuem a dominar o mundo e a determinar o destino da humanidade. E é um facto científico que a humanidade não tem de viver desta maneira.” Tenham pronta uma equipa para distribuir em massa a declaração PRECISAMOS E EXIGIMOS e angariar fundos.
  • Se as pessoas se mostrarem interessadas ou se juntarem para discutir, tentem conseguir levar as pessoas para um café ou um bar ou para algum lugar em seja possível aprofundar mais as coisas.
  • Como peça chave dos materiais a divulgar, é importante conseguir enviar às pessoas links da totalidade da resposta na 2ª Parte das Entrevistas em que BA analisa a situação na Ucrânia (em inglês com legendas em castelhano) e também distribuir e enviar para os telefones das pessoas, etc., o excerto de “Não podemos mais permitir...”
  • Pensem em ações provocadoras no exterior do cinema quando as multidões estiverem a entrar ou a sair: por exemplo, um “simulacro de morte” com roupas de materiais perigosos e expositores gráficos ousados (inglês/castelhano) indicando: “NÃO À TERCEIRA GUERRA MUNDIAL! É ESTE SISTEMA, E NÃO A HUMANIDADE, QUE É NECESSÁRIO LEVAR À EXTINÇÃO!” e “PRECISAMOS E EXIGIMOS: UMA MANEIRA INTEIRAMENTE NOVA DE VIDA, UM SISTEMA FUNDAMENTALMENTE DIFERENTE”. Montem uma mesa com grandes recursos visuais e as metas da angariação de fundos para as quais queiram apontar.

 

Raymond Lotta falando em “Robert Oppenheimer serviu o império norte-americano: Temos a responsabilidade e a possibilidade de acabar com este horror, e de criar um mundo muito melhor.”

Artigo publicado originalmente em inglês a 31 de julho de 2023 em revcom.us/en/raymond-lotta-speaking-robert-oppenheimer-served-americas-empire-we-have-responsibility-and e em castelhano a 2 de agosto de 2023 em revcom.us/es/raymond-lotta-sobre-robert-oppenheimer-sirvio-al-imperio-de-estados-unidos-nosotros-tenemos-una.

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