Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 21 de Julho de 2008, aworldtowinns.co.uk
O texto que se segue é um comunicado à imprensa de Krantipriya, porta-voz do Partido Comunista da Índia (Marxista-Leninista) Naxalbari [PCI(ML) Naxalbari], com data de 12 de Julho.
Partido Comunista da Índia (Marxista-Leninista) Naxalbari:
Rejeitemos o acordo nuclear Índia-EUA
Ao apressar-se a concluir o acordo nuclear Índia-EUA, ignorando uma oposição generalizada, o governo liderado pelo Partido do Congresso Nacional da Índia revela até que ponto irá para agradar ao assassino Bush. Há muitos factores nos acordos assinados com os EUA e propostos à AIEA [Agência Internacional da Energia Atómica] que escravizam a indústria nuclear da Índia aos interesses imperialistas. Mas, muito para além de tudo isto, o ponto crucial do acordo nuclear Índia-EUA é o reconhecimento sub-reptício dado ao estatuto das armas nucleares da Índia a troco de garantir a sua aliança com os interesses estratégicos dos EUA. Este reforço do expansionismo indiano, à custa da defesa dos interesses dos EUA, é o aspecto mais significativo e estratégico. Isto ameaça a paz na Ásia do Sul e no resto da Ásia.
Tanto a falsa esquerda, liderada pelo Partido Comunista da Índia (Marxista) [PCM], como a NDA [Aliança Democrática Nacional], liderada pelo BJP [por outras palavras, os dois principais blocos da oposição que ameaçaram derrubar o governo do Congresso por causa desta questão], estão caladas sobre isto. De facto, as suas preocupações são a falta de reconhecimento formal do estatuto das armas nucleares da Índia, uma possível proibição de mais testes de armas nucleares e as insuficientes garantias de fornecimento de combustível. Embora isso fosse de esperar do BJP, a posição do PCM e dos seus aliados mostra que também eles são grandes defensores do expansionismo indiano.
As verdadeiras questões colocadas pelo acordo nuclear Índia-EUA estão assim a ser encobertas pelos vários representantes políticos das classes dominantes, ao enquadrarem-no em termos do que é melhor para o expansionismo indiano. O povo indiano não tem nada a ganhar com as armas nucleares acumuladas pelos seus governantes nem com a corrida às armas que isso acelerou. O expansionismo indiano é o principal pilar do domínio imperialista e da reacção na Ásia do Sul. Tudo o que o fortaleça é um perigo para o povo. O imperialismo norte-americano é o principal perigo para os povos do mundo. Tudo o que apoie os seus interesses deve receber a nossa oposição.
Ao tentarem salientar a questão da energia, visam encobrir ainda mais as verdadeiras questões. Alegam que este acordo permitirá à Índia expandir grandemente a energia nuclear não poluente e barata, ao mesmo tempo que reduzirá a sua dependência dos combustíveis fósseis. Isso é mentira. A energia nuclear é uma fonte de poluição muito mais duradoura e perigosa. O custo de tornar a energia nuclear na principal fonte de fornecimento de energia é extremamente elevado. Além disso, mesmo tendo em conta todos os recursos, a disponibilidade de matérias-primas no mundo está longe das projecções fantasistas de substituição dos combustíveis fósseis pela energia nuclear. A verdadeira resposta ao problema da energia não está nessas falsas soluções que surgem à custa do elevado preço da dependência em relação ao capital e à tecnologia imperialista e da criminosa poluição da terra. Isso requer o fim da via de desenvolvimento irracional, que visa o lucro e consume muita energia, seguido pelos nossos governantes.
Repetindo, o acordo nuclear Índia-EUA não está relacionado com o desenvolvimento da energia nuclear pacífica e a principal questão que ele levanta não são os termos escravizadores que impõe à indústria nuclear indiana. Este acordo reconhece as ambições nucleares do expansionismo indiano à custa de o amarrar firmemente aos interesses hegemónicos, imperialistas e estratégicos dos EUA. Ele leva a crescente relação entre as classes dominantes da Índia e o imperialismo norte-americano a um nível totalmente novo e ainda mais perigoso. Ele deve ser rejeitado precisamente com base nisso.
(Ver também a análise do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar de 21 de Julho de 2008.)