Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 8 de Fevereiro de 2010, aworldtowinns.co.uk
Seguem-se excertos de um comunicado do Partido Comunista do Irão (Marxista-Leninista-Maoista). Datado de 5 de Fevereiro, foi divulgado por ocasião do 31º aniversário da insurreição popular que derrubou o Xá em 1979.
Preparemo-nos para enterrar a República Islâmica!
Num momento em que milhões de iranianos de todo o país esperam o 11 de Fevereiro, os seus corações batem fortemente. Homens e mulheres corajosos estão a planear transformar essa data num dia decisivo. O inimigo também está a planear manter-se em campo e não perder o seu perigoso equilíbrio. Os gritos de “Abaixo a República Islâmica do Irão!” sairão do coração e encontrarão eco noutros corações.
Durante os últimos oito meses, o movimento popular iraniano contra o regime tem inspirado significativamente os povos do Médio Oriente e de outras partes do mundo. Também eles olham com entusiasmo para o 11 de Fevereiro. Os imperialistas ocidentais, a Rússia e a China, todos tão reaccionários como a República Islâmica, já estão a especular sobre “o Irão após o 11 de Fevereiro” e a exprimir a sua preocupação com “o futuro do Médio Oriente e do Irão” – o que quer dizer preocupação com os seus interesses no Irão e no Médio Oriente!
Este ano, o 11 de Fevereiro surge na sequência das manifestações do Ashura [26 de Dezembro], que foram um ponto decisivo para o movimento contra o regime. Nas manifestações do Ashura, as pessoas cruzaram as linhas vermelhas definidas e impostas por Mousavi, Karoubi e outros dirigentes do movimento “verde”, ao gritarem “Morte ao Líder” [o Aiatola Khamenei] e esmagarem o carácter religioso do Ashura. Esses protestos desferiram um sério golpe aos líderes fundamentalistas islâmicos que em 1979 foram impostos ao nosso povo e anunciaram o fim do seu regime. Esse acontecimento aterrorizou o “Líder” (da República Islâmica) e as pessoas à sua volta e levou-os a procurarem desesperadamente formas absurdas para evitarem perder toda a sua autoridade. Mesmo Mousavi e Karoubi referiram-se com medo às pessoas “contra o sistema” e acentuaram uma vez mais a sua lealdade ao sistema da República Islâmica. Chegaram mesmo a reconhecer a legitimidade da presidência de Ahmadinejad e ofereceram-se para uma nova ronda de negociações e de mediação entre as duas facções, como “saída para a crise”. Mas já é demasiado tarde. As pessoas que vieram para experimentar integralmente e compreender a natureza antagónica da República Islâmica não podem ser arrastadas para a mesa do compromisso.
Para se manter no poder, a clique dominante não tem outra opção que não seja continuar a sua repressão. Mas, por razões políticas, não pode utilizar todo o seu poder de fogo. A dinâmica da situação é tal que uma maior repressão dará lugar a pessoas mais militantes e determinadas, bem como custará ao regime uma maior parte da sua base e do seu apoio. Por um lado, os líderes da facção reformista da República Islâmica não querem derrubar o regime islâmico de forma nenhuma. É por isso que estão a mostrar a sua vontade de chegarem a um compromisso. Por outro lado, eles percebem que, se não se adaptarem a esta nova situação, podem antever um futuro negro. Na sequência das manifestações do Ashura, os estados europeus, que mantiveram 31 anos de relações quase ininterruptas com a República Islâmica, chegaram à conclusão de que o regime islâmico não se manterá por muito mais tempo. Por isso, começaram a alterar a sua política externa. Todos os centros de poder à escala mundial estão em disputa e a discutir entre eles como irão decidir o futuro. Cada um deles procura ter a máxima influência no futuro do Irão. Mas o mais importante é que eles sabem que agora, mais que nunca, na complicada situação desta região, os desenvolvimentos no Irão terão um impacto nos países do Médio Oriente e podem baralhar os seus planos e cálculos.
O derrube da República Islâmica está objectivamente na ordem do dia. Mas há uma questão maior que ainda não foi resolvida e que o nosso partido devia pôr na ordem do dia dos militantes veteranos e da nova geração: O que é que se deve fazer para não se repetir a amarga experiência de há 31 anos atrás? Nessa altura, milhões de operários, intelectuais, camponeses e membros das nacionalidades oprimidas (curdos, turquemenos, azaris, árabes e baluchis) juntaram-se num movimento que derrubou a despótica monarquia. Mas as forças fundamentalistas islâmicas de Khomeini roubaram a liderança da revolução. As potências capitalistas mundiais encabeçadas pelos EUA depressa abriram caminho aos fundamentalistas islâmicos para que tomassem o poder e impedissem que o movimento popular desenvolvesse um objectivo para além da oposição à monarquia e que, sob a liderança dos comunistas revolucionários, eliminassem todo o sistema de opressão e exploração.
A revolução foi derrotada. Uma autocracia religiosa substituiu a monarquia despótica.
O mesmo perigo está a ameaçar uma vez mais o movimento popular. Haver ou não uma repetição dessa experiência ou de outras experiências amargas como a revolução constitucional (1908) e o golpe de estado do Xá com o apoio da CIA (1953), tudo isto depende de que um pólo comunista seja ou não construído no movimento popular, um pólo com um programa claro e transparente para o futuro da nossa sociedade (i.e., o carácter de classe e socioeconómico do futuro estado), por um partido comunista que não seja uma réstia do movimento comunista do passado, mas sim uma vanguarda do futuro. Um partido que, em conjugação com a luta popular, a liderará e abrirá caminho ao derrube violento da classe exploradora. Este 11 de Fevereiro deve marcar o início de uma revolução com respostas claras a estas três perguntas principais: O que é que queremos? Como é que isso pode ser alcançado? Sob que tipo de liderança isso pode ser alcançado?
Para formar esse pólo, o actual movimento popular deve tornar-se cada vez mais consciente. As nossas palavras de ordem e as nossas reivindicações devem ser uma orientação para o derrube da república islâmica e devem reflectir a futura sociedade – uma sociedade com características qualitativamente diferentes da actual. Os nossos métodos de luta devem exibir a seriedade e a intensidade do antagonismo de classe. A facção reformista do regime e os intelectuais que a apoiam lançam avisos aos jovens contra as formas não pacíficas de luta e pregam contra as “desvantagens” da luta armada. Porém, esses hipócritas estão bem conscientes de que o sistema da República Islâmica está protegido por um exército armado até aos dentes e por forças de segurança criminosas e horripilantes e os próprios reformistas contam com a influência que têm nos pasdaran, no exército e noutras forças de segurança.
As facções reformistas, tal como todos os governantes reaccionários, vêem-se como os únicos detentores legítimos do direito a possuírem e usarem armas, tal como vêem o seu próprio poder político como o único legítimo. Mas os interesses da maioria do povo dependem de as pessoas mais oprimidas estarem ou não nas linhas da frente, de se tornarem nas principais forças da revolução e de tomarem o poder político sob uma liderança comunista – e de, com base nisso, criarem uma sociedade que esteja ao serviço da maioria do povo e que seja controlada pelo povo.
Não é possível que haja formas “pacíficas” de luta a arrebatar o poder político das mãos daqueles cujos interesses económicos mais profundos estão protegidos por armas e forças militares. Só através da guerra revolucionária é que o povo poderá derrotar as forças militares do inimigo e conquistar o poder político. É necessária uma preparação para se desencadear uma guerra revolucionária e um sector de pessoas avançadas deve estar consciente da sua necessidade e organizar as suas forças nesse sentido.
Tornar as batalhas de rua em batalhas organizadas e planeadas é um importante passo nesses preparativos. Rebentar com os portões da prisão de Evin, castigar nas ruas e nos bairros os mercenários do regime, conseguir a vitória de reivindicações como “Liberdade para os presos políticos” e “Abolição do hijab obrigatório”, tudo isto faz parte da luta pelo derrube deste regime. Nessas batalhas, as massas aprenderão a responder à violência injusta com uma luta justa e inflexível, a recusar-se a tolerar essa violência e humilhação e a saborear uma verdadeira vida e o significado da sua luta.
Este regime será derrubado, mas resistirá até ao último momento. Por isso, devemos estar preparados para o derramamento de sangue por parte desses criminosos. Isto quer dizer que os jovens devem estar preparados para defenderem o seu povo e a sua liberdade com unhas e dentes.
Não devemos deixar que os mercenários do regime ataquem o povo com facilidade. Não devemos deixar que esses mercenários sequestrem os jovens nas suas casas, nem que entrem nas residências universitárias, nem que executem pessoas nos seus calabouços medievais. Não os devemos deixar enforcar os nossos jovens, em público ou às escondidas. Não os devemos deixar apedrejar até à morte mais nenhuma mulher. Não devemos deixar que as suas orelhas e olhos [os serviços secretos, as milícias basiji e os delatores] decidam sobre a nossa vida e os nossos locais de trabalho.
Por outras palavras, temos que conquistar a nossa liberdade e o que é nosso com as nossas próprias mãos, seja com armas ou com os punhos.
O processo de queda deste regime já começou. O seu horripilante regime nasceu a 11 de Fevereiro de 1979 (22 Bahman 1357). Façamos com que o 11 de Fevereiro de 2010 seja o início da sua morte.
Gritemos as palavras de ordem “Abaixo a República Islâmica” e propaguemo-las em todas as direcções por todo o país. Devemos trabalhar para que os operários – homens e mulheres – saiam das fábricas e dos subúrbios pobres, se juntem às multidões populares e fortaleçam as vagas de resistência e luta popular. Deixemos que os nossos jovens comunistas com as suas luminosas bandeiras vermelhas sejam os arautos de um novo futuro, de um novo sistema político, económico e social que traz consigo a bandeira da emancipação de toda a humanidade.
Não podemos deixar que os líderes verdes decidam o futuro ou definam os seus horizontes. Caso contrário, tal como durante os últimos 31 anos, eles usarão a mentira e a hipocrisia para fortalecerem os pilares sobre os quais assenta a República Islâmica.
A máquina da República Islâmica, com as suas prisões, tortura e execuções, tem triturado continuamente os comunistas, os combatentes da liberdade, os trabalhadores em greve, os jovens frustrados com a falta de trabalho e futuro e as mulheres que ousam recusar-se a usar as grilhetas da escravidão. Mas, finalmente, as torrentes de ira e ódio contra toda esta opressão e injustiça estão a transformar-se numa tempestade que vai enterrar para sempre a República Islâmica.