Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 7 de Outubro de 2013, aworldtowinns.co.uk

O texto que se segue são excertos ligeiramente editados de um comunicado de Abhay, porta-voz do Comité Central do Partido Comunista da Índia (Maoista), datado de 17 de Setembro de 2013. Em protesto contra o massacre de 14 aldeãos maoistas no estado do Odisha, no centro-leste da Índia, o partido convocou uma “bharat bandh” – greve geral – para 5 de Outubro. Segundo os relatos da imprensa, os serviços estaduais de autocarros do distrito de Malkangiri, no Odisha, pararam nesse dia.

A 14 de Setembro de 2013, o SOG [Grupo de Operações Especiais, uma força militar de elite] do Odisha levou a cabo uma operação, em conjunto com a Força Voluntária Distrital e a polícia, nas florestas de Silakota, no bloco Podiya do distrito de Malkangiri, no Odisha, e massacrou brutalmente 14 maoistas, entre os quais uma camarada mulher. A polícia também apreendeu as armas deles. O nosso CC do PCI (Maoista) está a convocar o povo do nosso país para fazer uma bharat bandh a 5 de Outubro em protesto contra esta brutalidade perpetrada pelo governo neofascista de Naveen Patnaik em conluio com o governo central e sob a direcção dos imperialistas, em particular dos imperialistas norte-americanos.

[O Ministro Principal do Odisha] Naveen Patnaik tem desempenhado descaradamente o derradeiro papel de burguês-comprador desde que chegou ao poder, ao assinar inúmeros MoUs [memorandos de entendimento] com as MNCs [companhias multinacionais] para entregar, a troco de alguns tostões, as riquezas e os recursos naturais do Odisha. O povo do Odisha, em particular os adivasis [povos tribais] e o campesinato dalit [antigamente conhecidos como “intocáveis”], está empenhado numa luta de vida ou morte contra os governos central e estadual e a sua máfia mineira que estão criminosamente decididos a deslocá-lo e empobrecê-lo para agradarem às multinacionais através da implementação desses MoUs.

Também está a levar a cabo uma encarniçada luta contra os grandes proprietários, os agiotas e a máfia das bebidas alcoólicas que estão a chupar-lhe o sangue como sanguessugas. As lutas militantes, prolongadas e inflexíveis do corajoso povo do Odisha contra a POSCO [uma companhia multinacional do aço], e em Kashipur, Niyamagiri e Narayanapatna, inspiraram não só as pessoas em luta no nosso país, como também todos os activistas que lutam em todo o mundo contra os efeitos nocivos das políticas neoliberais.

O governo de Naveen Patnaik, nascido com orelhas moucas devido ao seu carácter burguês-comprador, tem ignorado as genuínas reivindicações do povo e, pelo contrário, tem recorrido a uma brutal repressão com todo o apoio e ajuda [do governo central], incluindo 27 batalhões de forças paramilitares, entre as quais as COBRA [tropas de contra-insurreição], contra todos os actuais movimentos populares no Odisha. Os massacres do povo e de activistas, entre os quais maoistas, tornaram-se numa característica comum desta repressão. As prisões, processos forjados, castigos severos, encarceramentos desumanos, espancamentos, atrocidades, violações, incêndio de casas e bens das pessoas – os neofascistas não deixam de lado nenhuma ponta de crueldade para reprimirem as genuínas aspirações do povo.

O nosso partido tem trabalhado há décadas no Odisha e organizado as massas oprimidas, em particular os adivasis, contra a exploração, a opressão e a repressão que elas estão a sofrer às mãos das classes dominantes. Esteve quer na vanguarda quer na extensão do seu total apoio a todos os movimentos populares contra a liberalização, a privatização e a globalização, não só no Odisha como na maioria dos estados do nosso país. Por isso, as classes dominantes indianas, sob a direcção e o acicatar dos imperialistas, desencadearam em meados de 2009 a ofensiva a nível nacional e em múltiplas direcções Operação Caçada Verde [OCV], uma guerra contra o povo para aniquilar o nosso movimento e eliminar as genuínas lutas do povo. A repressão das massas oprimidas é uma marca de todos os estados exploradores e a OCV denota um momento crucial nisso, dado que ultrapassou todas as anteriores ofensivas, tanto na sua escala como na sua brutalidade. Embora a OCV tenha por objectivo aniquilar o movimento maoista, ela visa de facto suprimir todas as genuínas reivindicações democráticas do povo, em particular em defesa da Jal, Chie e Zameen [terra, água e recursos florestais]. É por isso que os maoistas, as organizações e indivíduos democráticos e o povo estão no lado receptor desta ofensiva...

Os nossos muito amados camaradas que foram mortos em Malkangiri são sobretudo adivasis que tomaram para si o dever de combater as políticas neoliberais que não só são muito prejudiciais para os adivasis mas também para todas as outras massas exploradas e oprimidas do nosso país. Protestar contra o seu “recontro” [assassinatos disfarçados de confronto armado] significa não só que erguem a sua voz contra a brutal ofensiva OCV, como também dizer um grande NÃO às políticas económicas pró-imperialistas das classes dominantes.

Só este ano, houve massacres do povo e de maoistas em lugares como Lakadbandha em Jharkhand, Govindgaon, Bhatpar, Sindesur, Medri e Bhagawanpur em Gadchiroli no [estado indiano de] Maharashtra, em Edesmetta e Puvvarti em Chhattisgarh, só para nomear alguns. Em quase todos estes incidentes, tanto mulheres das aldeias como mulheres maoistas foram brutalmente assassinadas. Todos eles pertencem a sectores oprimidos do nosso país e têm lutado pela libertação de todos os sectores oprimidos da sociedade. Protestar contra estes massacres deveria ser feito por quem se opõe ao modelo de desenvolvimento distorcido das classes dominantes e nós apelamos a todos os cidadãos que aspiram à democracia no nosso país a que participem no protesto.

Apelamos a todas as genuínas organizações, partidos e indivíduos democráticos do nosso país a que condenem inequivocamente o massacre de 14 de Setembro e a que organizem e participem em protestos contra ele. Apelamos ao povo do nosso país para que leve a cabo uma bharat bandh a 5 de Outubro e para que participe nos protestos em grande número.

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