Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 6 de Julho de 2009, aworldtowinns.co.uk

Publicamos de seguida um comunicado à imprensa datado de 27 de Junho e emitido pelo Comité para a Libertação dos Presos Políticos, Índia.

Liberdade para Gour Chakravarty, porta-voz do PCI (Maoista)

Gour Chakravarty, porta-voz do PCI (Maoista) no estado indiano do Bengala Ocidental
Gour Chakravarty, porta-voz do PCI (Maoista) no estado indiano do Bengala Ocidental

O Comité para a Libertação dos Presos Políticos (CLPP) condena veementemente a prisão e o julgamento na comunicação social de Gour Chakravarty, porta-voz do PCI (Maoista) no estado indiano do Bengala Ocidental.

Isto é um completo volta-face do governo encabeçado pelo PCI-Marxista [PCI-M] que tinha constantemente insistido em que lidaria politicamente com os maoistas. Na realidade, isto mostra sem dúvida que as questões levantadas pelos maoistas e pelas lutas militantes dos adivasis de Lalgarh se tornaram num verdadeiro problema para o governo encabeçado pelo PCI-M no Bengala Ocidental. A única forma como este governo consegue lidar com as questões de vida e morte para as massas trabalhadoras, relacionadas com os quatro temíveis Ds – Deslocações, Destruição, Destituição [Miséria] e Decessa [Morte] – é através do bastão e das balas da polícia e dos paramilitares. De outra forma, qualquer governo orientado para o povo teria escutado primeiro as justas exigências dos adivasis de Lalgarh. O direito a divergir das políticas do Estado é um direito constitucionalmente garantido. E quando o povo de Lalgarh protestou contra as políticas do governo que entendia serem um perigo para eles, a resposta política e administrativa do governo do Bengala Ocidental foi uma cruel acção militar e uma rápida e intensa actividade na comunicação social de diabolização do povo de Lalgarh, com o apoio do Governo Central de Manmohan Singh e do ministro do interior Chidambaram.

Qualquer pessoa que acompanhe de perto a política do Bengala Ocidental, em particular desde a luta do povo de Singur e Nandigram, se pode recordar de que Gour Chakravarty se salientou como porta-voz do PCI (Maoista) do Bengala Ocidental, respondendo ao desafio lançado por Buddhadeb Battacharjee, o Ministro Chefe, e pelo PCI-M, para um debate político aberto sobre as questões em que os maoistas diferem do partido no governo do estado. Mas o Ministro Chefe, em vez de fazer um debate político com Gour Chakravarty que é o representante político do PCI (Maoista), pô-lo atrás das grades. Por isso, a base para a prisão de Gour Chakravarty é inteiramente política. Isto mostra que o Ministro Chefe e o seu partido governamental não quiseram responder às questões levantadas pelo porta-voz dos maoistas em relação aos temas do povo que envolvem Singur, Nandigram e agora Lalgarh. Pelo contrário, recorreram à brutal repressão das vozes do povo, usando o poder militar e leis draconianas como o CLAA, recentemente promulgado pelo governo central. Ironicamente, ao mesmo tempo que Buddhadeb Bhattacharjee estava ocupado a proibir o PCI (Maoista), o seu próprio partido opôs-se-lhe quando ele usou a mesma lei para prender, encarcerar e silenciar a voz incessante e fluente de Gour Chakravarty.

O camarada Gour Chakravarty quando era levado para o tribunal a 24 de Junho de 2009
O camarada Gour Chakravarty quando era levado para o tribunal a 24 de Junho de 2009 (Foto: AP)

Gour Chakravarty, enquanto porta-voz do PCI (Maoista), tinha apoiado o direito dos adivasis de Lalgarh a divergirem das políticas antipopulares do governo do Bengala Ocidental, apoiado pelo Banco Mundial imperialista. Além disso, ele tinha exortado abertamente as pessoas a que apenas lutar contra o governo do Bengala Ocidental não era suficiente, porque estava convencido de que o problema fundamental estava relacionado com o carácter de classe, explorador e predatório, do Estado indiano. Essa convicção tinha-o feito exortar às pessoas que afastem esse aparelho parasitário do estado indiano.

Embora a Constituição da Índia se chame a si própria de democracia com direito de liberdade de expressão e associação, os governos do Bengala Ocidental e Central temem um cenário em que o povo tenha a coragem e a convicção de se erguerem contra as políticas do governo.

Gour Chakravarty tinha tentado medir as possibilidades da cara humana que o governo central do Congresso e o governo do Bengala Ocidental do PCI-M pretendiam projectar perante o povo. Ele apenas estava a tentar expandir os limites da estabilidade que esses governos estavam a prometer ao povo antes e depois das eleições parlamentares. O seu crime: insistiu em que não pode haver estabilidade sem que sejam servidos os justos interesses das massas trabalhadoras. Sem que seja posto um fim a todas as formas de exploração, humilhação, maus tratos e discriminação. Todos estes ideais de Gour Chakravarty se tornaram numa questão de “lei e ordem” para o governo do Bengala Ocidental encabeçado pelo PCI-M.

Isto também traz à liça que o governo encabeçado pelo PCI-M, apesar de todas as suas pretensões, não é diferente de um governo do Congresso ou do BJP [o partido chauvinista hindu que liderou antes o governo central] no que diz respeito às questões prementes das massas comuns. Para lidar sinceramente com as questões que são caras às massas populares, o povo precisa de ter a vontade política de desafiar abertamente as políticas do Banco Mundial e do imperialismo.

Gour Chakravarty, enquanto porta-voz do PCI (Maoista) do Bengala Ocidental, desafiou o governo encabeçado pelo PCI-M a ser o governo da, pela e para a vontade das massas populares. Ele é a consciência das massas trabalhadoras. Ele não pode estar atrás das grades. Exigimos a sua libertação incondicional.

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