Este artigo faz parte de uma série de 4 artigos publicada no jornal Revolution/Revolución, voz do Partido Comunista Revolucionário, EUA. Esta 2ª Parte foi publicada no n.º 137, datado de 27 de Julho de 2008 (revcom.us/a/137/lotta_faultlines_pt2-en.html em inglês ou revcom.us/a/137/lotta_faultlines_pt2-es.html em castelhano). As restantes partes estão disponíveis aqui: 1ª Parte, 3ª Parte e 4ª Parte.
Alterações e fissuras na economia mundial e rivalidade entre as grandes potências
O que está a acontecer e o que pode significar
2ª Parte – O desenvolvimento capitalista da China e a ascensão da China no sistema imperialista mundial: A sua natureza a as suas implicações
Por Raymond Lotta
Este é o segundo de uma série de artigos sobre as principais transformações que estão a ocorrer no sistema imperialista mundial.
Na 1ª Parte desta série analisámos como se está a alterar o equilíbrio do poder económico internacional entre as principais potências imperialistas e como estão a tomar forma novos blocos geoeconómicos. Está a crescer o potencial para que várias potências, ou alianças de potências, obtenham uma maior capacidade geopolítica para desafiarem o domínio dos EUA – não necessariamente através de uma confrontação directa nesta altura, mas mesmo assim de formas cada vez mais estratégicas. Estes desenvolvimentos estão a interagir com outras contradições, conflitos e lutas no mundo.
Os EUA ainda ocupam a posição cimeira na economia imperialista mundial. É a maior economia; a cola financeira de todo o sistema mundial; e o “garante” político-militar de uma ordem global que beneficia, pelo menos por enquanto, todas as grandes potências.
A posição económica dos EUA no mundo tem decaído. Mas o imperialismo norte-americano possui uma força militar sem paralelo em comparação com os seus rivais e pretendentes a rivais. E, desde 2001, têm tentado reforçar essa vantagem – desencadeando uma ofensiva militar global, centrada no Iraque e no Afeganistão, para garantir um domínio incontestado durante as próximas décadas.
Mas os Estados Unidos têm encontrado dificuldades na sua agenda global. O seu sistema financeiro tem sofrido tormentas crescentes. As alterações e as transformações na economia mundial estão a ter um impacto na liberdade de manobra do imperialismo norte-americano.
Em suma, o sistema imperialista está em agitação. E a China é um elemento altamente dinâmico nessa equação.
A natureza do desenvolvimento da China, e as implicações da ascensão da China no sistema imperialista mundial, são o tópico deste artigo.
I. Introdução: Não uma sociedade socialista, mas uma complexa dinâmica de desenvolvimento
Muita gente assume que a China é uma sociedade socialista – afinal, os seus dirigentes descrevem o seu sistema como socialista e tem um partido governamental dito comunista, no nome. Mas o socialismo já não existe na China. Foi suprimido em Outubro de 1976. Deng Xiaoping e outras importantes forças neocapitalistas dentro do Partido Comunista da China levaram a cabo um golpe militar pouco depois da morte de Mao Tsétung. Essas forças agiram rapidamente para prenderem o núcleo da liderança maoista e reprimirem a oposição revolucionária.
GLOSSÁRIO:
Acumulação de capital – A produção de mais-valia (a fonte do lucro) com base na exploração do trabalho assalariado; e o investimento e o reinvestimento dos lucros dos capitais em concorrência numa base de expansão, redução de custos e utilização de tecnologias mais avançadas (e mais produtivas). Como disse Marx, trata-se de um processo de acumulação de riqueza, por um lado, e de miséria e agonia de quem labuta, por outro.
Exportação de capital – O fluxo externo de capital de investimento de um país para outro. A exportação de capital consiste no investimento externo directo numa empresa já existente no país anfitrião, na construção de novas instalações (como quando a GM abre uma fábrica na China) ou noutras formas como empréstimos bancários, investimentos em acções e obrigações, etc.
Imperialismo – A fase de desenvolvimento do capitalismo, como sistema mundial de exploração, iniciada no final dos anos 1800. Vivemos na era do imperialismo. O imperialismo inclui cinco características principais: a) o domínio dos monopólios (grandes e poderosas unidades de propriedade e controlo, altamente centralizadas) sobre a organização da produção e da distribuição; b) a fusão do capital bancário e industrial em gigantescos blocos financeiros; c) a importância central da exportação de capital para a rentabilidade global; d) a divisão económica do mundo pelas grandes multinacionais, cartéis e grandes potências em esferas de influência; e) a completa divisão territorial do mundo pelas potências imperialistas em colónias, neocolónias e zonas de influência, pelo que a luta entre as principais potências imperialistas envolve uma redivisão do mundo.
Burguesia – A classe dominante na sociedade capitalista. Esta classe exploradora moderna tem o controlo privado (é proprietária) de forças produtivas sociais de vasta escala e altamente desenvolvidas – exequível apenas com o esforço colectivo de uma classe, o proletariado, que, desapropriado dos meios de produção, tem que vender a sua força de trabalho para sobreviver. A burguesia encarna o imperativo capitalista de se expandir ou morrer. Tem uma relação antagónica com o proletariado. Impõe o seu domínio sobre a sociedade através do controlo do estado e dos seus órgãos e forças de repressão.
Uma nova classe capitalista governa a China. Subordina-se e é dominada pelo imperialismo. Na realidade, o imperialismo penetrou profundamente a sociedade e a economia chinesas: através dos investimentos das empresas transnacionais... através de actividades financeiras globais... através da influência de instituições controladas pelos imperialistas como o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio... e através dos canais da cultura e da ideologia.
A China depende do imperialismo: dos gigantescos influxos de capital de investimento na economia chinesa; e do acesso aos mercados de exportação dos países capitalistas avançados, como os EUA, o Japão e a Alemanha. É isto que tem sido e que é agora ainda mais determinante no desenvolvimento capitalista da China.
Ao mesmo tempo, e precisamente porque a China tem sido uma arena tão lucrativa para o investimento imperialista – com base nas suas vastas reservas de trabalho sobreexplorável, que são a “vantagem competitiva” da China no sistema mundial – a economia chinesa tem crescido rapidamente. Como isto continua e como os governantes da China actuaram de forma a fortalecerem a sua base de poder e de iniciativa, a China tem ganho uma crescente influência e margem de manobra. Isto ocorre num quadro em que o imperialismo, sobretudo o norte-americano, domina a China.
Os governantes chineses estão, cada vez mais, à procura de abrirem espaço e prosseguirem os seus próprios interesses geoestratégicos dentro deste quadro e com a mesma base subjacente: a selvagem exploração do trabalho assalariado. Mas, ao defenderem os seus interesses, os governantes capitalistas da China estão a criar desafios a um enquadramento que, em grande parte, tem beneficiado o imperialismo norte-americano.
A China pode estar de facto em transição e a tornar-se numa potência imperialista. Mas, quer o faça quer não, isso não será apenas função de factores económicos, e certamente não apenas dos factores internos à China. Pelo contrário, isso desencadeará diferentes desenvolvimentos económicos, políticos e militares no sistema mundial, que se interpenetram, incluindo desenvolvimentos inesperados: crises, guerras, lutas de classes na China e no mundo e revoluções.
Globalmente, uma complexa dinâmica de dependência e força crescente está a moldar o desenvolvimento e a ascensão da China no sistema imperialista mundial – e a reagir ao sistema. Como tudo isto joga não está preestabelecido. Mas é já uma importante e definidora linha divisória do mundo.
II. O rápido crescimento da China: Fomentado pelo capital estrangeiro e dependente da exportação
A China é actualmente a segunda maior economia do mundo, depois dos Estados Unidos. A taxa de crescimento da China tem sido a maior de todas as principais economias do mundo, com uma média perto dos 10% de crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) durante as duas últimas décadas. Em contraste, as taxas médias de crescimento anual dos países imperialistas foi de 2 a 4%. O PIB da China – a sua produção de bens e serviços – duplicou entre 1990 e 2005. Porém, a China continua a ser um país pobre, com uma produção (e rendimentos) por habitante muito abaixo dos países capitalistas avançados.
A excepcionalmente elevada e persistente taxa de crescimento e de industrialização da China durante as duas últimas décadas pode muito bem não ter precedentes na história do capitalismo. Mais concretamente, este crescimento sustentado está a: a) levar a uma enorme criação de capacidade produtiva na China; b) influenciar profundamente o curso do desenvolvimento capitalista global; c) contribuir para a rápida ascensão da China como potência económica mundial.
A. A China na economia mundial
A China está a tornar-se no centro de gravidade da produção industrial do mundo. Nos últimos anos, a China tem estado entre os cinco principais destinos do investimento externo e é o principal destino do investimento industrial externo do mundo. A China tem sido o motor do crescimento da economia imperialista mundial. A China consome cerca de 20 a 25% da produção global de ferro, aço, alumínio e cobre. A China é responsável por um terço do crescimento da procura mundial de petróleo.1
A China está profundamente integrada na economia mundial. É o maior detentor de dólares do mundo, além dos EUA. Está envolvida em lutas concorrenciais com os EUA (e outras potências imperialistas) por matérias-primas e recursos energéticos em África e noutros lugares. A China está a emergir como força geoeconómica em crescimento e cada vez mais afirmativa no mundo. E o imperialismo norte-americano, por seu lado, tem encarado cada vez mais a China como potencial concorrente e adversário de longo prazo.
O rápido crescimento da China está indissoluvelmente ligado aos enormes influxos de capital de investimento externo:
- O capital externo controla a maioria dos activos de 21 dos 28 principais sectores industriais da China.2
- No início dos anos 2000, as empresas transnacionais como a General Electric eram responsáveis por mais de um terço da produção industrial da China.3
- As empresas em que o capital externo investiu são responsáveis por quase 60% das importações e exportações da China.4
O investimento do capital estrangeiro na China desencadeou o desenvolvimento de novos e vastos complexos de produção nas zonas costeiras da China, para onde vai 80% de todo o investimento externo. E, nos últimos vinte anos, cerca de 200 milhões de trabalhadores rurais deslocaram-se para as zonas urbanas à procura de trabalho.5 Este exército sobreexplorável de trabalho migrante, enfrentando baixos salários no trabalho e discriminação na habitação e nos serviços, alimenta as necessidades laborais desses complexos de produção.
O capital estrangeiro na China investe fortemente em bens manufacturados de baixo valor, como os artigos de vestuário. A China também está a fabricar produtos de electrónica e tecnologias da informação (TI) – e é agora o maior exportador para os EUA de computadores, electrónica para computadores e outros produtos TI. Mas uma elevada proporção dessas exportações envolve a montagem em fábricas de propriedade estrangeira na China ou operações contratadas a capitalistas chineses de componentes de alta tecnologia fabricados fora da China.6 Isto é um exemplo do desenvolvimento distorcido da China.
A China é o maior receptor de investimento externo directo no Terceiro Mundo. E as empresas estrangeiras obtêm lucros excepcionalmente elevados das suas operações na China. Como mostra o Gráfico 1, as taxas de retorno dos investimentos industriais norte-americanos na China são o dobro do nível de investimentos similares nos países da União Europeia (UE) e mais elevadas que na América Latina.
Um outro exemplo de desenvolvimento controlado pelo imperialismo: quando o capital imperialista contrata empresas chinesas, o fluxo dos lucros é desproporcionadamente na direcção do imperialismo. Veja-se o caso de um iPod vendido nos Estados Unidos a 299 dólares. Apenas 4 dólares ficam na China com as empresas que montam os equipamentos, enquanto 160 dólares vão para as empresas norte-americanas que conceberam, transportam e vendem a retalho os iPods.7
O capital internacional moldou a economia da China e integrou-a num sistema regional na Ásia de Leste como vínculo chave de elevado lucro e produção orientada para a exportação.
A China depende fortemente do mercado norte-americano, que é o seu principal destino de exportação. Por isso, a vitalidade económica da China depende crucialmente do crescimento da procura no mercado dos EUA, procura essa que é cada vez mais financiada pela dívida. A China também depende dos mercados de exportação de uma outra forma: tem que aumentar exponencialmente as exportações para pagar a sua crescente factura de importação de energia, minerais, alimentos, bens semiacabados, bens de capital (como a maquinaria) e bens de luxo para suprir as necessidades das suas novas classes abastadas.
B. Um pouco de perspectiva histórica e os crimes dos novos governantes capitalistas da China
No século XIX, o capitalismo ocidental começou a dominar a China – através de guerras, da imposição de tratados desiguais e da divisão da China em esferas de influência estrangeira. A penetração económica e militar das potências estrangeiras continuou brutalmente: a pressão económica dos EUA para a “abertura” do mercado chinês, a agressão japonesa e ocupação nos anos 30 e o apoio dos EUA às forças corruptas e reaccionárias de Chiang Kai-shek na guerra civil da China de 1945-49. A China perdeu a sua soberania e o seu desenvolvimento económico foi distorcido e atrofiado pelo domínio imperialista.
A revolução chinesa de 1949-76 mudou tudo isso. Quebrou o círculo vicioso do controlo estrangeiro. Destruiu as fundações do domínio explorador e corrupto dos proprietários de terras e dos capitalistas burocratas. Os recursos da China passaram a servir as necessidades de um desenvolvimento global. Sob a liderança de Mao, a China construiu uma economia auto-suficiente e equilibrada. Foi criada uma base industrial moderna. Os transportes e as centrais de energia, parte de uma nova infra-estrutura criada pelos esforços colectivos da sociedade, passaram a servir esse desenvolvimento equilibrado. A indústria propagou-se às cidades e aldeias. Foram estabelecidas comunas nos campos: a agricultura era levada a cabo cooperativamente a diferentes níveis, os camponeses uniam-se para construírem vastos sistemas de irrigação e controlo de inundações, os cuidados de saúde eram fornecidos a baixos custos. O resultado foi uma força trabalhadora qualificada e saudável.
Depois de suprimirem o socialismo em 1976, os novos governantes capitalistas da China basicamente abriram a China e entregaram-na ao capital estrangeiro. O imperialismo, em conjunto com os novos governantes capitalistas da China, aproveitou o anterior desenvolvimento socialista da China e transformaram-no para servir a acumulação de capital. O novo regime despojou os trabalhadores de direitos e transformou-os em escravos assalariados do novo capital interno e externo. Desmantelaram as comunas; e os camponeses, desapropriados das terras ou impossibilitados de se basearem na agricultura, migraram em desespero (e com o engodo de rendimentos mais elevados) para as cidades em expansão nas regiões costeiras para se tornarem numa casta de trabalhadores flexíveis, sobreexploráveis e descartáveis. A infra-estrutura construída durante o período socialista funcionou como uma espécie de subsídio para o desenvolvimento liderado pelo imperialismo.
C. A burguesia da China e o sector estatal
Um sector da classe dominante baseado no estado chinês está no centro do poder na China e governa através do seu instrumento político, o Partido Comunista da China – que nada tem em comum com o socialismo ou o comunismo. Essa fracção nuclear da burguesia chinesa tem o controlo das alavancas chave da economia chinesa. Regula as políticas monetárias e os impostos. Está muito ligada e dependente do capital estrangeiro e está integrada no grande capital privado interno. E comanda as forças militares e repressivas do poder de estado – e usa brutalmente esse poder contra as massas, como vimos na repressão dos estudantes e trabalhadores durante a insurreição da Praça Tiananmen, em 1989.
O sector económico do estado inclui empresas industriais e bancos propriedade do governo e é responsável por cerca de 35% da economia da China. O sector capitalista privado da economia está a crescer muito mais rapidamente – e muito do sector estatal foi privatizado. Desde 1995, o sector estatal da China tem vindo a sofrer uma considerável reestruturação. Perdeu um vasto número de empresas e dezenas de milhões de trabalhadores. Mas um núcleo de empresas estatais domina muita da indústria pesada e sectores chave dos serviços.8 E o sector estatal continua a ser uma base económica do poder dessa fracção dominante da burguesia chinesa.
O controlo estatal continua a ser muito forte nos sectores bancário e de seguros, mesmo tendo sido vendidas participações a investidores internacionais privados.
Num quadro do domínio imperialista e de dependência de tecnologia importada, o estado chinês tem, até certo ponto, guiado estrategicamente o desenvolvimento da China. Um dos seus objectivos é que a China “ascenda” na escala da produção industrial para uma produção mais sofisticada. A China está a produzir mais bens de capital intensivo, a envolver-se numa produção mais modular (tecnologicamente avançada e padronizada) e assim por diante.
A classe dominante da China está a tentar expandir e diversificar a base industrial e tecnológica da China e influenciar os padrões de desenvolvimento.
Uma indústria automóvel, tendo como ponta de lança o capital estrangeiro (empresas como a Volkswagen e a General Motors), está neste momento a desenvolver-se rapidamente na China. Mas, como condição para a entrada no mercado da China, o governo chinês está a exigir das empresas transnacionais uma transferência de tecnologia sem precedentes. O regime tem insistido que os seus fabricantes nacionais de automóveis levem a cabo operações conjuntas com os seus parceiros concorrentes estrangeiros.
De uma forma muito importante, a China está a investir em larga escala e a longo prazo em investigação e desenvolvimento. E o governo está a promover empresas privadas e estatais nacionais a líderes nacionais em indústrias como as dos computadores e telecomunicações.
Os governantes da China estão a tentar transformar o desenvolvimento dominado pelo imperialismo estrangeiro numa base para o fortalecimento da posição da China como potência económica mundial, a partir da qual possa projectar e expandir esse poder à escala mundial.
Contudo, o desenvolvimento a alta velocidade da China, tal como se tem efectuado, continua a ser dominado pelo capital estrangeiro e dependente dos mercados internacionais. É vulnerável a flutuações da procura nos mercados mundiais. Tem que atrair capital estrangeiro – o qual está constantemente à procura de zonas de produção ainda mais baratas – do México... à China... ao Vietname. Este projecto requer e impõe um preço à estabilidade social e política da sociedade e da economia mas, ao mesmo tempo, produziu extremas e graves distorções agrícolas e industriais e vastas desigualdades regionais e sociais. O fosso de rendimentos entre as zonas urbanas e rurais da China é, segundo alguns estudos estatísticos, maior que em qualquer outro país do mundo, e isso é profundamente destabilizador.9
D. O confronto com a realidade
O crescimento rápido, de minimização de custos e elevados ganhos é um objectivo chave da classe dominante da China. Baseia-se na exploração do trabalho assalariado e do trabalho camponês – no sangue e nos ossos do povo chinês. É um desenvolvimento económico caótico, ruinoso e ambientalmente desastroso.
Cinco das dez cidades mais poluídas do mundo são na China. O projecto da Barragem das Três Gargantas, cuja dimensão não tem paralelo na história humana, destruiu maciçamente ecossistemas e desenraizou vastas populações. O voraz desenvolvimento comercial está a destruir terras cultiváveis a passo acelerado (os camponeses são pressionados pelos responsáveis governamentais locais a venderem os seus direitos da terra a troco de pouca compensação). A China já perdeu metade das suas zonas húmidas. O desenvolvimento capitalista é um desastre ecológico. Calcula-se que a poluição do ar e da água e outras formas de degradação ambiental sejam responsáveis por doenças e mortes prematuras que ceifam as vidas de cerca de 400 mil pessoas por ano na China.10
O desenvolvimento económico da China é um desastre humano. O terramoto de Sichuan da primavera de 2008 teve um custo muito maior entre os pobres da China: escolas desastrosamente construídas para os menos abastados desmoronaram-se e muitas crianças morreram desnecessariamente. Os camponeses têm de pagar taxas pelos cuidados médicos e pela educação. Um estudo recente do sistema de saúde chinês concluiu: “Cada vez mais, os menos afortunados ficam inteiramente sem cuidados de saúde.”11
Na China urbana, não é invulgar que os operários de baixos salários do sector exportador laborem semanas de trabalho de 80 horas em fábricas com condições higiénicas e de segurança abomináveis. No Ocidente, ouvimos falar da pintura de chumbo dos brinquedos produzidos na China, mas não dos fumos tóxicos inalados, dos danos sofridos e dos membros perdidos pelos trabalhadores nessas fábricas de brinquedos. Segundo uma investigação do governo chinês, são devidos salários não pagos a 72% dos quase 100 milhões de trabalhadores migrantes do país – e isto é uma importante fonte de capital acumulado das empresas privadas e estrangeiras.12
Significativamente, a explosão económica da China entre 1990 e 2002 resultou de facto num declínio do trabalho assalariado formal no sector urbano (quer dizer, empregos regulares com algumas protecções e normas), porque o sector estatal procurou aumentar a eficiência e a rentabilidade. Muita da criação de novos empregos ocorreu no sector privado e sobretudo naquilo a que se chama o sector informal: trabalhos incertos e não regulados, trabalho fortuito nas equipas de construção dos megaprojectos da China (arranha-céus nas cidades, infra-estruturas para as Olimpíadas de 2008, construção de barragens nas zonas fluviais), comércio de rua e actividades ilegais.13
Uma expressão dessas tendências é a florescente “indústria do sexo” da China. Algumas organizações de mulheres estimam que a China tem agora cerca de 20 milhões de trabalhadoras do sexo, a maioria das quais provenientes das zonas rurais para trabalharem nas zonas “vermelhas” dos novos centros industriais e comerciais em expansão.14
As mulheres rurais enfrentam novos fardos, com os maridos e os filhos a migrarem para as cidades. As suas oportunidades de vida ficaram restringidas. Um dos mais tristes e menos relatados desenvolvimentos sociais dos campos da China é que as mulheres – jovens mulheres – estão a suicidar-se a um ritmo sem precedentes. Esta realidade é muito distante da China maoista, em que a luta contra a opressão das mulheres era um ponto central da contínua transformação revolucionária da sociedade.15
III. A China como potência económica em ascensão e com objectivos estratégicos
O rápido desenvolvimento do capitalismo na China está a dar coerência a uma rede regional centrada na China de produção capitalista na Ásia de Leste, em que o imperialismo japonês representa um importante papel organizador. A Ásia de Leste é a região industrial mais dinâmica do mundo. Os governantes da China estão a promover um maior encadeamento político-económico em toda a Ásia de Leste. A China também está a incrementar a sua capacidade de projecção de poder militar na região. E está a pressionar noutras partes do mundo.
A. Uma crescente influência financeira
A China tornou-se num importante interveniente nos mercados mundiais financeiros e de divisas. A China detém 1,8 biliões [milhões de milhões] de dólares em reservas de divisas externas – uma acumulação de riqueza que também é usada como forma de pagamento internacional. As reservas de divisas externas provêm das receitas da exportação, bem como de outras receitas de investimento. E a China é uma extraordinária máquina de exportação – os Estados Unidos importam mais produtos da China que de qualquer outro país. A China já ultrapassou o Japão como maior detentor do mundo de reservas de divisas externas. A maioria dessas reservas (por enquanto) é mantida em dólares – investidos em títulos do tesouro dos EUA, em dívida das agências governamentais norte-americanas e noutros instrumentos financeiros.
As reservas de dólares da China são uma considerável fonte de influência financeira na economia imperialista mundial. Os EUA têm um enorme deficit governamental (gasta mais nas suas guerras, programas sociais, pagamento de juros, etc. do que cobra em impostos) e um enorme deficit comercial (importa mais do que exporta). Pedem emprestado enormes quantidades de capital para cobrirem os seus desequilíbrios financeiros internacionais. E, de uma forma crítica, os EUA dependem de países como a China continuarem a financiar a sua dívida.
Em 2007-08, debilitadas empresas financeiras e de corretagem de Wall Street, como a Morgan Stanley, recorreram aos “fundos de riqueza soberana” – vastas reservas de riqueza financeira geridas pelos governos – da China, para lhes proporcionarem um muito necessário capital.
A China é um gigantesco importador de combustíveis e minerais e é responsável por quase 40% do crescimento do mercado mundial desses bens desde 1995. Devido à alta velocidade e ao desenvolvimento de orientação global da China, com uma base tecnológica menos desenvolvida que a que existe num país como o Japão – a China usa sete vezes mais energia para o mesmo volume de produção que o Japão (e três vezes mais que a Índia).16
E a China está a tentar assegurar o acesso a matérias-primas para alimentar a sua máquina industrial. Na América Latina e em África, a China está a investir em indústrias extractivas e a comprar empresas. O investimento externo directo da China aumentou de 1,8 mil milhões de dólares em 2003 para 16,1 mil milhões em 2006. Cerca de metade desse valor está nas indústrias de recursos naturais.17
Uma disputa concorrencial está a começar a desenvolver-se em África pelo controlo das fontes petrolíferas e minerais. As empresas petrolíferas têm vindo a aumentar os seus investimentos em países como Angola, Nigéria e Guiné Equatorial. Em 2007, as forças armadas dos EUA também estabeleceram um novo Comando unificado para África, o AFRICOM. (Antes disso, as acções militares eram coordenadas por comandos exteriores a África.) Isto é uma importante iniciativa do imperialismo norte-americano para garantir as fontes de petróleo e controlar outros recursos naturais e para incorporar mais zonas de África na “guerra ao terror”. Como parte disso, os EUA têm aumentado os acordos de fornecimento de armas e apoio militar com vários governos africanos.
Desde meados dos anos 90, a China tem aumentado a sua actividade em África. A China é já o terceiro maior parceiro comercial de África. A companhia petrolífera nacional da China adquiriu uma parte substancial da principal companhia petrolífera do Sudão. Tornou-se investidor na indústria petrolífera da Argélia. E tem feito as suas próprias incursões de investimentos nos sectores petrolíferos de Angola e da Nigéria. A África já fornece cerca de 30% das necessidades de importação de petróleo da China. As empresas mineiras chinesas, à procura de cobalto, urânio, cobre e outros minerais para a indústria e apoiadas pelo estado chinês, têm investido, expandido a ajuda financeira e forjado ligações mais íntimas com a República Democrática do Congo, o Zimbábue e a Zâmbia.18
Todo esse investimento e manobras da parte da China são minúsculas comparadas com o envolvimento dos EUA e da Europa em África. Mas há uma intensificação da rivalidade em África e está a desenvolver-se uma disputa que cada vez mais envolve a China.
A China está a utilizar ligações políticas e diplomáticas, acordos de venda de armamento e de treino e empréstimos de baixos juros para expandir os seus interesses. Está a posicionar-se ideologicamente em algumas regiões do Terceiro Mundo, criticando o domínio norte-americano e algumas das políticas dos EUA que esmagam os países do Terceiro Mundo. E está a aproveitar o facto de os EUA estarem concentrados e atolados no Médio Oriente, onde estão agora a levar a cabo as suas guerras por um império maior.
O imperialismo norte-americano tem visto cada vez mais a China como concorrente estratégico. Desde 2006, o Departamento de Defesa dos EUA, na sua descrição anual da China, colocou a concorrência com a China pelos recursos a par do conflito com Taiwan como potencial centelha de uma guerra dos EUA com a China.19
É neste contexto de ascensão da China na economia mundial e de rivalidade com a China que podemos começar a ver a transformação pelos EUA da China em demónio e bode expiatório: por exportar alimentos e medicamentos não seguros, por infracções dos direitos de propriedade intelectual, por violações dos direitos humanos e por aumentar os seus gastos militares.
B. As ambições geopolíticas e a ligação Rússia-China
O rápido crescimento económico, de escassos recursos e anárquico, da China, sob o domínio do capital imperialista, está objectivamente a impulsionar a sua ascensão como potência mundial com ambições geopolíticas.
Os gastos militares da China triplicaram na última década, segundo estimativas do Instituto de Estocolmo para a Investigação da Paz Internacional. Em 2006, ultrapassou o Japão como maior gastador militar na Ásia de Leste e a China tem agora o terceiro maior orçamento militar do mundo.20 A China tem estado a actualizar a sua capacidade naval, a melhorar os seus arsenais de mísseis balísticos e a entrar em arenas de alta tecnologia como a militarização do espaço. Os gastos militares da China são incrivelmente enfezados em relação aos do imperialismo norte-americano, mas o poder militar da China é um factor emergente nas relações internacionais, sobretudo na Ásia de Leste.
Do ponto de vista de como expandir os interesses do imperialismo norte-americano, dois antigos conselheiros de política governamental dos EUA reflectem um certo aspecto da realidade na sua descrição da variável situação geopolítica que os Estados Unidos enfrentam nessa região crítica: “Após 60 anos de domínio dos EUA, o equilíbrio de forças na Ásia do Nordeste está a ser alterado. Os Estados Unidos estão em declínio relativo, a China está em ascensão e o Japão e a Coreia do Sul estão em desordem. Para manter o poder dos EUA na região, Washington tem que identificar as tendências que moldam essa transição e adoptar novas ferramentas e regimes que alarguem a base de poder dos Estados Unidos.”21
Uma das características da actual situação é a crescente convergência de interesses entre a China e a Rússia em arenas chave e a multiplicação de laços e da cooperação sino-russa. Em 2006, a China tornou-se o principal parceiro económico da Rússia e a China também tem financiado importantes projectos de oleodutos russos – o que será discutido num próximo artigo desta série.
Tanto a China como a Rússia estão a fornecer armas a produtores de petróleo e gás do Terceiro Mundo. Ambas estão a aumentar a sua capacidade militar em importantes regiões produtoras de energia. E as duas potências juntaram-se em 2001 para formarem a Organização de Cooperação de Xangai, de países da Ásia Central.
A Organização de Cooperação de Xangai (OCX) é um importante desenvolvimento nas relações mundiais. O crescimento económico da China e a sua ascensão na economia mundial estão cada vez mais a encontrar expressão nos domínios geopolíticos e militares. A OCX é uma aliança regional para a energia e uma aliança de segurança regional na Ásia Central. Os seus principais estados membros são a China, a Rússia, o Cazaquistão, o Quirguistão, o Tajiquistão e o Uzbequistão.
A OCX alia a força económica chinesa à capacidade militar e aos recursos energéticos da Rússia. No Verão de 2007, a OCX levou a cabo os seus primeiros exercícios militares. Essa também foi a primeira vez em que tropas aerotransportadas chinesas foram mobilizadas para fora do território chinês.22
A OCX visa claramente reduzir e opor-se à influência dos EUA na Ásia Central, concentrar certas forças e superar certas fraquezas, da Rússia e da China – e atrair outros países ao seu redor. É um veículo, em incubação mas significativo, de rivalidade numa região do mundo volátil e rica em fontes energéticas.
C. Algumas questões novas
A rápida ascensão da China na economia mundial coloca algumas questões novas.
Poderá a China “desacoplar-se” (a expressão é usada tanto por analistas financeiros como geopolíticos) da sua dependência do mercado de exportação para os EUA e afastar-se da sua disposição para financiar os deficits dos EUA?
A curto prazo, a resposta parece ser um estrondoso não – dados os enormes choques que isso poderia desencadear (a China poderia perder milhares de milhões se abandonasse subitamente o dólar, levando o seu valor a afundar-se) e ao facto de o desenvolvimento dependente e distorcido da China requerer mercados de exportação de larga escala. Aparentemente, a China não pode mudar facilmente para um estímulo da sua procura interna como substituto dos mercados ocidentais de exportação.
A médio e a mais longo prazo, as possibilidades de “desacoplamento” parecem bastante diferentes, sobretudo se ligadas a outras alterações económicas e geopolíticas no mundo.
A elevada taxa de crescimento da China e a rentabilidade que tem disponibilizado ao capital imperialista têm sido um incentivo vital para a economia mundial, incluindo o imperialismo norte-americano. Ao mesmo tempo, um bloco económico na Europa Ocidental, mais coeso e competitivo, a União Europeia, está agora a desempenhar um papel mais importante na economia mundial e no mundo financeiro.
Contudo, como mencionei no início desta análise, os EUA continuam a ocupar a posição cimeira na economia imperialista mundial. E, devido à profunda imersão da China na economia imperialista mundial, se sofrer todo o impacto do que pode estar a começar a ser um declínio económico global, isso poderá ter gigantescos e destabilizadores efeitos contraprodutivos, tanto na China como na economia mundial. A forma como irão a China e os EUA responder e sair da crise financeira de 2008 poderá ter implicações geopolíticas de longo prazo.
A China tem conseguido manter elevadas taxas de crescimento. Mas é uma economia capitalista. Não está imune à instabilidade e à crise. Calcula-se que 75% das indústrias da China estejam infestadas de sobrecapacidade, ou seja, demasiado investimento em relação aos mercados.23 A inflação está a sobreaquecer a China. A polarização social está a alastrar: as greves, os protestos e os confrontos nos campos por causa da corrupção, as ocupações de terras e os danos ambientais multiplicaram-se nos últimos anos.
A dinâmica da ascensão da China é complexa. Porém, há uma contradição que está a tomar forma: a dependência e a crescente força económica. A China depende do capital estrangeiro e dos mercados estrangeiros. Mas a China também emergiu como potência económica mundial, como centro da produção industrial mundial. Acumulou vastas reservas de divisas estrangeiras e ganhou uma considerável influência financeira – cada vez maior face ao dólar. E a China está agressivamente à procura de novos mercados no Terceiro Mundo e a exportar capital para além das suas fronteiras.
Voltando atrás, o que parece estar a guiar a classe dominante chinesa é uma orientação de longo prazo, estratégica e competitiva: diversificar e fortalecer uma base industrial de raiz doméstica, expandir o seu alcance económico e financeiro internacional e fortalecer a sua capacidade militar, mas fazê-lo sem provocar um confronto directo com o imperialismo norte-americano.
Poderá a China evoluir para se tornar numa formação de capital imperialista? É uma pergunta que não se pode ignorar à partida, embora também não se possa concluir que isso seja imediato e inevitável. Mas é uma verdadeira possibilidade – a China pode estar numa fase de transição para se tornar numa potência imperialista. Quão provável é esse desenvolvimento qualitativo e através de que vias poderá prosseguir? Isto são questões historicamente contingentes que desencadearão a interacção da actividade e do desenvolvimento do capitalismo chinês com a luta de classes na China, com alterações, deslocamentos e erupções mais vastos na economia mundial... e com os grandes e inesperados desenvolvimentos da política mundial, incluindo guerras e outros conflitos, bem como lutas revolucionárias.
(Continua na 3ª Parte)
NOTAS:
1. Keith Bradsher, “Labor Costs Soar in China, So Its Neighbors Beckon” [“Os Custos Laborais Explodem na China, Por Isso os Seus Vizinhos Acenam”], New York Times, 18 de Junho de 2008; John C. K. Daly, “Feeding the Dragon: China’s Quest for African Minerals” [“Alimentando o Dragão: A China em Busca de Minerais Africanos”], China Brief, 31 de Janeiro de 2008, jamestown.org; Administração da Informação da Energia, Country Analysis Briefs: China, Agosto de 2006, eia.doe.gov.
2. Wu Qi, “China Regulates Foreign Mergers for More Investment” [“China Regula Fusões Estrangeiras Para Obter Mais Investimento”], 11 de Setembro de 2006, china-embassy.org/eng/.
3. Wang Zile, “Foreign Acquisition in China: Threat or Security” [“Aquisições Estrangeiras na China: Ameaça ou Segurança”], China Security, Vol. 3, N.º 2 (Primavera de 2007), pág. 90.
4. U.S.-China Business Council, Forecast 2008: Foreign Investment in China [Previsões 2008: Investimento Estrangeiro na China], pág. 1.
5. U.S.-China Business Council, Forecast 2008: Foreign Investment in China [Previsões 2008: Investimento Estrangeiro na China], pág. 3; CIA, World Fact Book: China, cia.gov.
6. Nicholas Lardy, “Trade Liberalization and Its Role in China’s Economic Growth” [“A Liberalização do Comércio e o Seu Papel no Crescimento Económico da China”], imf.org.
7. Charlemagne, “Winners and losers” [“Vencedores e vencidos”], The Economist, 1 de Março de 2008, pág. 56.
8. Sobre o sector estatal, ver Arthur Kroeber e Roselea Yao, “Large and in charge” [“Grande e no Comando”], Financial Times, ft.com, 14 de Julho de 2008.
9. Mobo Gao, The Battle For China’s Past: Mao and the Cultural Revolution [A Batalha Pelo Passado da China: Mao e a Revolução Cultural] (Londres: Pluto, 2008), págs. 160 e 179; Joseph Kahn e Jim Yardley, “Amid China’s Boom, No Helping Hand for Young Qingming” [“A Meio da Explosão da China, Não Há Nenhuma Ajuda para o Jovem Qingming”], New York Times, 1 de Agosto de 2004.
10. Elizabeth Economy, “China vs. Earth” [“China vs. Terra”], The Nation, 19 de Abril de 2007, thenation.com; Jim Yardley, “China’s Turtles, Emblems of a Crisis” [“Tartarugas da China, Emblemas de uma Crise”], New York Times, 5 de Dezembro de 2007; L. Alan Winters e Shahid Yusuf, eds., Dancing with Giants [Dançando com Gigantes], (Washington DC: Banco Mundial, 2007), pág. 14.
11. Li Onesto, “The Capitalist Ground Shaken by the Earthquake in China” (inglês) ou “Terremoto sacude al terreno capitalista en China” (castelhano) [“O Terreno Capitalista Abalado pelo Terramoto na China”], Revolution/Revolución n.º 131, 1 de Junho de 2008, revcom.us; Sanjay Reddy, “Death in China: Market Reforms and Health” [“A Morte na China: As Reformas de Mercado e a Saúde”] New Left Review 45, Maio-Junho de 2007.
12. Anita Chan, “A ‘Race to the Bottom’” [“Uma ‘Corrida para o Fundo’”], China Perspectives, n.º 46 (Março-Abril de 2003), pág. 43; David Harvey, A Brief History of Neoliberalism [Uma Breve História do Neoliberalismo] (Londres: Oxford University Press, 2005), pág. 148.
13. Martin Hart-Landsberg e Paul Burkett “China, Capitalist Accumulation, and Labor” [“China, Acumulação Capitalista e Trabalho”], Monthly Review, Maio de 2007, págs. 28-29.
14. Howard W. French, “The Sex Industry is Everywhere But Nowhere” [“A Indústria do Sexo Está em Todo o Lado Mas em Lado Nenhum”], New York Times, 14 de Dezembro de 2006, citado em Hart-Landsberg e Burkett, pág. 29.
15. Robert Weil, “Were Revolutions in China Necessary” [“Foram Necessárias as Revoluções na China?”], Socialism and Democracy, Vol. 21, Julho de 2007, págs. 20-22.
16. Winters e Yusuf, Dancing with Giants [Dançando com Gigantes], pág. 14; Parag Khanna, The Second World: Empires and Influence in the New Global Order [O Segundo Mundo: Impérios e Influencia na Nova Ordem Global], Nova Iorque: Random House, 2008, págs. 313 e seguintes.
17. PPI, “Chinese Direct Investment Abroad Has Grown Twenty-Fold Since 2000” [“O Investimento Directo Chinês no Estrangeiro Multiplicou-se por Vinte Desde 2000”], 21 de Outubro de 2007, ppionline.org.
18. Sobre a concorrência entre as grandes potências pelos recursos de África e a crescente presença económica da China em África, ver Michael T. Klare, Rising Powers, Shrinking Planet [Potências em Ascensão, Planeta em Redução] (Nova Iorque: Metropolitan Books, 2008), Capítulo 6; Jian-Ye Wang e Abdoulaye Bio-Tchane, “Africa’s Burgeoning Ties with China” [“As Germinantes Ligações de África à China”], Finance and Development (FMI), Março de 2008, Vol. 45, n.º 1; David H. Shinn, “Africa, China, The United States, and Oil” [“África, China, Estados Unidos e Petróleo”], Africa Policy Forum, forums.csis.org.
19. Michael T. Klare, “The New Geopolitics of Energy” [“A Nova Geopolítica da Energia”], The Nation, 1 de Maio de 2008, thenation.com.
20. Instituto de Estocolmo para a Investigação da Paz Internacional, Recent trends in military expenditure [Recentes tendências das despesas militares] (Estocolmo: 2008), sipri.org.
21. Jason T. Shaplen e James Laney, “Washington’s Eastern Sunset: The Decline of U.S. Power in Northeast Asia” [“O Crepúsculo de Washington no Oriente: O Declínio do Poder dos EUA na Ásia do Nordeste”], Foreign Affairs, Novembro-Dezembro de 2007, edição na internet, resumo, pág. 1, foreignaffairs.org.
22. Sobre a Organização de Cooperação de Xangai, ver Bates Gill e Mathew Oresman, “China’s New Journey to the West” [“A Nova Jornada da China para Ocidente”], (Washington DC, Center for Strategic and International Studies, 2003), págs. 5-12; ver também Klare, “The New Geopolitics of Energy” [“A Nova Geopolítica da Energia”].
23. Ho-fung Hung, “Rise of China and the Global Overaccumulation Crisis” [“A Ascensão da China e a Crise Global de Sobre-Acumulação”], Review of International Political Economy, 15:2, Maio de 2008, pág. 159.