Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 7 de Fevereiro de 2005, aworldtowinns.co.uk
Reunião do partido da China: Sinais de desespero
(Um contributo para o SNUMAG vindo da Índia)
Os relatos da comunicação social sobre o recém-concluído Pleno do partido revisionista no poder na China centraram-se no facto de Hu Jintao ter assumido o lugar de Presidente da Comissão Militar Central depois de ter afastado desse posto o ex-secretário Jiang Zemin. Esse foi um dos pontos da reunião mas certamente não o mais importante. Uma leitura do material publicado pelos revisionistas chineses expõe o seu nervosismo e a sua tentativa de controlar graves contradições. Este foi o principal tom do Pleno.
Depois de tomarem o poder em 1976 através de um golpe de estado, os seguidores da via capitalista na China integraram completamente a China no sistema imperialista. Destruíram as relações e as instituições socialistas na sua ânsia de lucro. Os seus líderes e os seus seguidores acumularam grandes riquezas. Foi criada toda uma classe de capitalistas exploradores. A China tem agora todos os sintomas de desenvolvimento do terceiro mundo neocolonial. Os bairros de lata mais miseráveis coexistem com reluzentes arranha-céus em Xangai e nalguns outros centros. E tudo isto rodeado por zonas rurais onde os que se apropriaram das terras e bens comunais enriqueceram e a vasta maioria vive em abjecta pobreza.
Recentemente, o governo chinês levou a cabo uma sondagem entre os intelectuais chineses e estrangeiros sobre os problemas que a China enfrenta. A sua maioria indicava o desemprego e o descontentamento nos campos como as questões mais sérias a serem resolvidas. Outras questões indicadas foram o crescente abismo entre ricos e pobres e o declínio na credibilidade dos governantes. Durante os últimos dois anos o regime de Hu Jintao tem tentado definir políticas para resolver essas questões. Esse foi o tema principal do recente Pleno.
Hu Jintao tem aparecido como um “homem do povo”. Adoptou o lema “o povo primeiro no governo”. Hu também promoveu um denominado “conceito científico de desenvolvimento” que procura atingir cinco equilíbrios: entre regiões rurais e urbanas, entre litoral e interior, entre desenvolvimento social e económico, entre desenvolvimento económico e ecológico e entre o nacional e o internacional. Também tem lançado programas contra a corrupção nos escalões mais elevados em nome da promoção da “transparência” do governo. No ano passado, a constituição do país foi revista para incorporar o “respeito pelos direitos humanos” e a obrigação do Estado de garantir uma segurança social aos cidadãos. Essa grande conversa dos direitos humanos incluiu incorporar um dos interesses mais essenciais da classe dominante chinesa – tornar inviolável a propriedade privada. Os estatutos do PCC já antes tinham sido alterados para permitir que capitalistas privados se pudessem tornar membros.
Hu está evidentemente a tentar criar uma ilusão de reformas a favor do povo ao mesmo tempo que mantém e fortalece o controlo da facção burgueso-burocrata (capitalista de estado) da classe dominante. Está a tentar ser inteligente ao apresentar as suas políticas com palavras que ecoam as de Mao. Mas as palavras não vão fazer qualquer diferença no mundo real uma vez que elas não são apoiadas por uma vontade determinada em erradicar as velhas relações de exploração que geram todos os males que infestam a China de hoje. E isso é exactamente o oposto dos interesses de classe que guiam os governantes da China.
Durante as últimas três décadas, a economia de auto-suficiência e relativamente equilibrada construída sob a liderança de Mao Tsétung e dos seguidores da via socialista foi destruída por Deng Xiaoping e pelos seus seguidores. Hu é apenas o mais recente da série de neo-compradores (capitalistas dependentes do capital imperialista) que seguiram esse caminho de destruição. O que eles construíram foi uma China completamente invertida. Isso gerou toda uma série de contradições. A mais básica entre elas é a contradição entre as massas exploradas da China e os novos exploradores. Esta contradição tem tido expressão em várias greves e revoltas locais, para além do sobejamente conhecido protesto de Tiananmen em 1989. Mas a facção principal da classe dominante chinesa não pode admitir essa contradição. Eles ainda precisam de manter a sua capa revisionista. Precisam de chamar socialismo e ditadura do proletariado ao seu regime social-fascista. Assim, ao mesmo tempo que o seu recente Pleno aceita que as reformas e o desenvolvimento da China atingiram uma fase crítica em que novas situações e novos problemas se estão a multiplicar, eles alegam que esses problemas são causados por “forças hostis”. Esses compradores que descaradamente promovem todo o tipo de depravação imperialista declaram que essas forças ainda mantêm as suas tentativas para “ocidentalizar” a China. Mas, apesar de encobrirem as verdadeiras causas, têm que admitir que o seu domínio está numa posição tremida. Assim, o seu documento adverte que “a posição dominante do PCC não é de maneira nenhuma o resultado natural da fundação do Partido e não continuará para sempre se o Partido nada fizer para a salvaguardar”. Diz que os governantes têm que ter um “maior sentido da crise”. E também relembra o que aconteceu na ex-União Soviética onde, segundo a análise maoista, o capitalismo de estado que substituiu o socialismo depois da morte de Estaline foi ele próprio substituído por uma variante abertamente dirigida pelo mercado.
Estas preocupações revelam claramente a essência diametralmente oposta das políticas de Mao e a caricatura de comprador que Hu Jintao representa. O apelo de Mao para “Servir o Povo” emergiu de uma profunda compreensão da missão histórica do proletariado de emancipar toda a humanidade. O seu artigo “As Dez Grandes Relações” não foi simplesmente um plano para um desenvolvimento equilibrado. Emergiu de uma profunda preocupação em acabar com toda a exploração e as aberrações impostas pelo domínio imperialista e fazia parte de uma abordagem global para obter não apenas a expropriação dos antigos exploradores e a construção de uma economia de estado mas sim as condições necessárias para o comunismo. Isso baseava-se numa profunda síntese das experiências de construção do socialismo. Os direitos democráticos, incluindo o direito à greve, foram incorporados na constituição da China nos anos 70, foram um produto da Grande Revolução Cultural Proletária. Essa revolução foi dirigida contra os seguidores da via capitalista que tentaram por todos os meios bloquear ou sabotar as políticas proletárias apoiadas por Mao e pelos seus camaradas de armas mais próximos. Hu Jintao representa a mesma classe que usurpou o poder em 1976. Eles estão preocupados em saber como evitar a inevitável explosão das massas exploradas e em salvar as suas peles.