Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 30 de Setembro de 2013, aworldtowinns.co.uk
Porque as florestas tropicais são importantes para o nosso planeta – e porque este sistema não as pode salvar
Uma floresta tropical é uma selva quente e espessa caracterizada por altos níveis de pluviosidade, entre 250 e 450 centímetros por ano. Embora só cubram 6 por cento da superfície da Terra, as florestas tropicais têm mais de metade de todos os diferentes tipos de plantas e animais da Terra. Possivelmente 30 milhões de espécies de plantas e animais vivem nas florestas tropicais.
A maioria das florestas tropicais está situada à volta da zona central da Terra, próximo do equador. Elas ajudam a limpar o ar que nós respiramos. São frequentemente chamadas “pulmões do planeta” por causa do seu papel na absorção de dióxido de carbono – um gás de efeito de estufa – e na produção de oxigénio. Elas estabilizam o clima e produzem chuva em todo o planeta. Mantêm a reciclagem de água entre o solo e o céu e protegem contra as inundações, a seca e a erosão da terra.
Há florestas tropicais em África, na Ásia, na Austrália e na América Central e do Sul. A maior do mundo é a Amazónia, uma floresta tropical situada no Brasil e em oito países vizinhos e que se estende pelo continente, das montanhas dos Andes ao Oceano Atlântico. Nessas florestas há mais de mil plantas medicinais, e elas são chamadas “a maior farmácia do mundo”. Também são uma enorme fonte de alimentos e uma bela e extraordinária parte do nosso planeta. São os ecossistemas vivos mais antigos da Terra.
Como é que as florestas tropicais estão a ser destruídas?
Todos os anos, uma área de mais de 22 mil quilómetros quadrados de floresta tropical é cortada e destruída. As plantas e os animais ou morrem ou têm de encontrar uma nova floresta para viverem. A actividade humana – determinada pela lógica do movimento de capital e da sua insaciável sede de lucro – é a principal causa da destruição da floresta tropical:
- Extracção de minerais e energia
- Construção de estradas e oleodutos
- Corte de árvores para produção de madeira por parte de grandes empresas – corte legal e ilegal
- Agricultura de grande escala (normalmente culturas para exportação)
- Desarborização da floresta para abrir terras para pasto e criação de gado
- Corte de madeira para obter polpa para a produção de papel
- Terras para camponeses pobres que são expulsos dos seus locais de origem devido à apropriação de terras ou à expansão das cidades e dos bairros de lata
As florestas tropicais também estão ameaçadas pelas alterações climáticas que estão a contribuir para a seca em parte da Amazónia e do Sul da Ásia. A seca causa enormes mortes de árvores e as camadas de folhas secas que daí resultam aumentam o risco de fogos florestais. Os fogos florestais também são muitas vezes iniciados por promotores imobiliários, fazendeiros e donos de plantações para desarborizar a terra.
Em 2005 e 2010, a Amazónia teve as piores secas alguma vez registadas. Houve rios que secaram, isolando comunidades, e arderam milhões de acres. O fumo causou problemas generalizados de saúde e bloqueou a formação de nuvens de chuva, ao mesmo tempo que da queima resultou a emissão de uma enorme quantidade de dióxido de carbono para a atmosfera, agravando os efeitos das alterações climáticas.
Paralelamente, a Indonésia sofreu várias secas graves durante as últimas décadas. As piores ocorreram em 1982-1983 e 1997-1998, tendo ardido milhões de acres de floresta. Essas preciosas florestas tropicais estão a ser saqueadas pela sua madeira e a ser desarborizadas para criar plantações de palmeiras para a produção de óleo de palma. Quase três quartos da floresta original da Indonésia já desapareceram. Segundo o Projecto Ambiental das Nações Unidas, às actuais taxas de destruição, quase todas as florestas da Indonésia terão desaparecido em 2022.
A destruição e a fragmentação das florestas em geral – bem como das florestas tropicais e de outros habitats naturais em terra e nos mares – poderão vir a provocar a extinção de muitas espécies de plantas e animais. A poluição em larga escala e a deterioração da água, do ar e dos solos, combinadas com o avanço real das alterações climáticas, já estão a criar um sério desastre ambiental. A humanidade está rapidamente a caminho de tornar este planeta literalmente inabitável, ou seja, o ambiente e o destino humano estão à beira do desastre. Como avisou o cientista climático James Hansen: “O planeta em que vivemos está agora perigosamente perto de um ponto de ruptura”.
A destruição da floresta tropical amazónica
Nos nove anos entre 1991 e 2000, a área total da floresta tropical amazónica que foi completamente cortada e queimada aumentou de 415 mil para 587 mil quilómetros quadrados. A maior parte dessa terra é usada para vastas criações de gado. A desflorestação foi acelerada a seguir à abertura de estradas no interior da floresta, como a estrada transamazónica construída pelo governo brasileiro em 1972.
A criação de gado, a extracção de madeiras preciosas e a agricultura de feijão de soja, frequentemente para a produção de biocombustíveis, a expansão das cidades e das minas são as principais razões para o corte da Floresta tropical amazónica. O Brasil é o segundo maior produtor de soja, depois dos EUA. Na Amazónia, as terras desarborizadas valem entre 5 e 10 vezes mais que as terras arborizadas, o que claramente constitui uma irresistível motivação para o abate de árvores em larga escala. Segundo a lei brasileira, desarborizar as terras para a agricultura ou o pasto é considerado um “uso efectivo” que é pertinente para garantir a propriedade das terras. Esta modificação do uso da terra pode alterar o clima da região, segundo cientistas que usaram dados de satélites da NASA. De 1992 a 1996, a desflorestação amazónica aumentou 34 por cento. Em 2005, foi registada uma perda total de 17,1 por cento da floresta tropical. E isto tem-se mantido quase com a mesma tendência.
Calcula-se que em 2006, só a McDonalds e os seus fornecedores foram responsáveis pela desflorestação de 70 mil quilómetros quadrados da floresta tropical amazónica ao longo dos três anos anteriores. A necessidade de soja para alimentar as suas galinhas, por exemplo, foi um importante factor. Além da desflorestação em massa, esses fornecedores também estão ligados à apropriação ilegal de terras e à utilização de trabalho escravo nessas explorações agrícolas. Dezenas de milhares de brasileiros vindos de todo o país têm sido atraídos para a selva com a promessa de trabalho e depois são aí retidos pela força das armas e forçados a trabalhar como escravos. Mesmo quando os escravos conseguem fugir ou são abandonados, os donos das plantações quase nunca são punidos. Os proprietários e os seus bandos de arruaceiros desfrutam de impunidade perante a lei.
Se a desflorestação continuar à taxa de 2007, dentro de duas décadas a floresta tropical amazónica estará reduzida em 40 por cento. Ultimamente, tem havido um ligeiro abrandamento, mas a diminuição da floresta continua.
Pode o capitalismo salvar o meio ambiente?
Na idade do imperialismo e da rivalidade pelo domínio mundial, em que os países imperialistas governados por capitalistas monopolistas levam a cabo invasões e guerras sangrentas e cometem e patrocinam genocídios, não se pode esperar que estas potências globais respeitem, se preocupem e preservem o nosso planeta. Para eles, a natureza é algo a ser apossado e saqueado, e explorado e inserido na produção de mercadorias motivada pelo lucro. Os capitalistas ou blocos de capitalistas enfrentam-se uns aos outros como concorrentes; a paz relativa deles é um período de preparação para guerras. Eles devem estar preparados e prontos a aproveitar qualquer vantagem para minarem os seus concorrentes, caso contrário serão eles a ir abaixo. É por isso que até agora as principais potências não têm conseguido chegar a acordo sobre nenhuma medida significativa nas várias conferências internacionais sobre as alterações climáticas. É por isso que o capitalismo enquanto sistema não pode cuidar do ambiente de um modo formal, mesmo que algum capitalista individualmente ou grupo de capitalistas sinceramente o quisesse fazer.
A força motora por trás de toda a produção capitalista é o lucro. A sua lógica é esta: tudo o que é produzido é uma mercadoria que deve ser vendida com lucro. Independentemente da vontade dos próprios capitalistas, eles têm de se expandir ou morrer, e só têm em conta os seus próprios lucros e perdas e não os danos e custos para o meio ambiente, para a população em geral e por aí adiante. Neste processo de expansão, o capitalismo avança através do controlo imperialista de nações oprimidas e da rivalidade estratégica entre potências imperialistas a seus aliados. Isto é levado a cabo através de guerras mundiais, guerras regionais, guerras para manter o domínio deles contra as revoluções, uma brutal violência contra os povos nativos e por aí adiante, como se pôde ver nos casos do Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, etc. De facto, o exército norte-americano não só é o principal impositor do sistema que está a saquear o ambiente da terra e os seus habitantes, mas também uma importante fonte de emissão de dióxido de carbono. As emissões de carbono geradas todos os anos pela guerra levada a cabo pelos EUA no Iraque foram iguais ao que seriam as emissões geradas pela introdução de mais 25 milhões de carros anualmente nas estradas norte-americanas. Se a guerra fosse classificada como um país em termos de emissões, emitiria mais dióxido de carbono por ano que 139 das nações do mundo produzem anualmente, segundo um relatório da Oil Change International.
Muitas vezes, as pessoas no “terceiro mundo” sofrem qualitativamente mais as consequências do aquecimento global que os que vivem nos países imperialistas governados pelos capitalistas monopolistas. Mas os capitalistas nunca porão os interesses da preservação dos ecossistemas de todo o planeta acima dos seus planos de desenvolvimento de forma a assegurarem a saúde do planeta e das pessoas para as gerações futuras.
Que outra coisa se pode esperar de um sistema que usou armas atómicas contra o povo do Japão (lançadas pelos EUA) e introduziu o uso de armas químicas (ambos os lados as usaram na I Guerra Mundial, e os britânicos usaram-nas para suprimir uma revolta contra o seu domínio do Iraque em 1920; a Itália usou gás venenoso na sua tentativa de tomar a Etiópia nos anos 1930). Isto para não falar na enorme destruição de pessoas e do meio ambiente nas guerras para controlarem países do “terceiro mundo” desde então – nem nos enormes arsenais nucleares que as principais potências e Israel construíram para manterem e expandirem os seus interesses. Aqueles que não têm nenhum respeito pela vida humana certamente não terão nenhum respeito pelo nosso planeta. De facto, foi este sistema que nos colocou nesta situação em primeiro lugar, e certamente a situação ficará ainda pior.
A nossa sobrevivência depende do mundo natural, das plantas verdes que produzem oxigénio para as outras espécies vivas que fornecem comida e medicamentos; não podemos viver sem água potável, solos ricos em nutrientes e ar puro. Ao mesmo tempo, nós estamos ligados ao mundo natural através de complexas cadeias evolutivas e de redes de ecossistemas que fornecem o fluxo de energia para que a vida se mantenha.
Se não agirmos para travar as alterações climáticas, proteger e preservar os ecossistemas naturais que estão a desaparecer rapidamente em todo o mundo, este planeta pôde muito bem tornar-se inabitável para milhares de milhões de pessoas e possivelmente para toda a humanidade. Os mecanismos internos do capitalismo-imperialismo, e a história e a prática dos imperialistas à escala global, provam sem margem de dúvida que este sistema e os que o governam não são nem podem ser os adequados a ser os guardiões do nosso planeta.