Do Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar (SNUMAG) de 10 de Janeiro de 2011, aworldtowinns.co.uk
Os assassinatos na Cisjordânia: Correcções e complementos
Há duas incorrecções no artigo “Cisjordânia: Israel responde à não-violência com o assassinato” no SNUMAG de 3 de Janeiro de 2011.
O soldado israelita que disparou deliberadamente sobre o pé de Ashraf Abu Rahmeh quando ele estava em pé, encapuzado, de braços algemados atrás das costas e amarrado a um jipe, não disparou uma granada de gás lacrimogéneo, mas sim uma pretensa “bala de borracha”, um projéctil de aço coberto de borracha que o deixou coxo desde esse dia em 2008.
Tristian Anderson, o activista norte-americano atingido na cabeça em Março de 2009 com uma granada de gás lacrimogéneo por um soldado israelita, já não está em coma. Após três operações ao cérebro e a remoção de parte do seu cérebro e de meses num “estado de recepção mínima”, ele “recuperou algumas funções físicas e mentais” (Haaretz, 8 de Dezembro de 2010).
Esse artigo do jornal Haaretz salienta que essas granadas de “longo alcance”, com um alcance de 250 metros, são basicamente cartuchos de artilharia de 40 mm. Anderson foi atingido a cerca de 60 metros. O irmão de Ashraf foi morto quando o atingiram no tórax com um desses projécteis em Abril de 2009.
Também mencionámos a morte de Ashraf e da irmã de Bassem, Jawaher Abu Rahmeh, no dia seguinte a ela ter sido gaseada num dos protestos semanais que se realizam desde que começou a construção do muro que corta os habitantes de Bilin das suas terras cultivadas. Desde que alguns responsáveis militares israelitas forneceram off-the-record um resumo a jornalistas militares e a bloggers pró-israelitas seleccionados, têm surgido na comunicação social e flutuado na internet várias alegações não fundamentadas a sugerir que a morte de Jawaher não se deveu ao seu gaseamento mas a uma “situação médica anterior”.
O exército israelita disse que o facto de ela ter feito um exame médico completo pouco antes da sua morte, incluindo um exame cerebral, poderia querer dizer que ela tinha cancro. Mas se, tal como eles alegam, os seus serviços secretos obtiveram (ilegalmente) os registos médicos dela, saberiam que os médicos dela, depois de terem visto os resultados, não viram nenhuma razão de séria preocupação. Segundo a família dela, ela tinha procurado os cuidados médicos devido a uma persistente dor de ouvidos. Estes factos parecem incriminar ainda mais Israel, e não exonerá-lo.
Esta campanha de desinformação tem sido acompanhada de mentiras públicas do governo israelita, tal como a totalmente forjada alegação de que o hospital lhe teria dado alta pouco depois de ela ter sido gaseada e que ela teria morrido em casa. Na realidade, os médicos cuidaram dela toda a noite mas não a conseguiram salvar.
Esta cobarde manipulação da comunicação social revela pouco sobre Jawaher mas muito sobre o facto de o desprezo israelita pela justiça só ter igual na sua indiferença pela verdade.
Se Jawaher tivesse alguma situação médica que tivesse contribuído para a morte dela, mesmo assim isso não mudaria o facto de ela, tal como outras 12 pessoas que participaram nesses protestos durante os últimos seis anos, terem morrido depois de terem sido atingidas ou gaseadas. Mesmo que isso fosse alegado por um advogado de defesa de Israel, isso quando muito apenas poderia ser interpretado como um negligente desprezo pela vida humana. Mas, na realidade, essas muitas mortes e graves lesões sofridas pelos manifestantes não violentos da Cisjordânia deveriam levar qualquer jurado com um mínimo sentido de justiça a concluir que Israel sabia exactamente o que estava a fazer quando matou essas pessoas. No caso da família Abu Rahmeh, os factos sugerem que Israel visou deliberadamente pelo menos alguns deles devido ao seu proeminente papel nessas manifestações.
A 7 de Janeiro de 2011, tal como todas as sextas-feiras, ocorreram outros protestos em Bilin. Uma vez mais, os soldados israelitas dispararam várias armas potencialmente letais por trás da barreira de arame farpado. Dezenas de pessoas sofreram irritações devido ao gás lacrimogéneo. Um dos organizadores foi atingido por uma granada de gás. Duas pessoas ficaram inconscientes devido ao gás lacrimogéneo. Uma delas era a esposa de Ahmed Abu Rahmeh, irmão de Jawaher, Bassam e Ashraf (Centro Internacional de Comunicação Social do Médio Oriente, imemc.org).
Para mais detalhes sobre a desinformação israelita em relação a este caso, ver “The Lede”, o blogue do New York Times onde os seus jornalistas colocam informações complementares que, quer devido a interferência editorial ou a auto-censura, não chegam ao jornal diário (thelede.blogs.nytimes.com/2011/01/06/israeli-bloggers-question-israels-use-of-tear-gas-against-protesters/).