Manifestação de Professores:
Levar a luta até ao fim! Derrubar o Governo!
Por C. Silva
Naquela que foi provavelmente a maior manifestação de sempre de um só grupo profissional, os professores reuniram-se no passado dia 8 de Novembro num gigantesco protesto contra a ministra da educação e o governo Sócrates. Saindo desta vez do Terreiro do Paço e subindo a Avenida da Liberdade até ao Marquês de Pombal, cerca de 120 mil professores puseram em causa a política educativa do governo.
A anterior manifestação, a 8 de Março, já tinha conseguido mobilizar cerca de 100 mil pessoas. A indignação dos professores foi inicialmente despoletada pelo humilhante sistema de avaliação e de progressão nas carreiras criado pelo governo para aumentar o seu controlo sobre os professores e para reduzir custos limitando a progressão nas carreiras. A crise económica tem também vindo a gerar um grande descontentamento entre o povo, incluindo os professores.
A ofensiva do governo tem resultado numa grande degradação do ensino, favorável à expansão das escolas privadas que vêem assim criado pelo governo um grande mercado. Em particular, estão a ser criadas as condições para uma ainda maior elitização do acesso ao ensino superior, por as escolas privadas disponibilizarem melhores condições para a preparação dos alunos.
Infelizmente, estes últimos meses desde a anterior manifestação provaram que toda esta mobilização poderá uma vez mais resultar em nada, uma vez que os dirigentes sindicais dos professores não têm uma estratégia para forçar o governo a ceder. Recusam-se a defender abertamente a queda do governo ou sequer a saída da ministra, defendendo apenas mais "negociações", onde poderão usar a luta dos professores para defenderem as suas posições de funcionários sindicais burocratizados, e pouco mais, em vez de serem intransigentes na defesa dos interesses dessa classe profissional. As suas palavras conciliadoras são a prova disso.
Toda esta mobilização não pode ser agora desbaratada e impõe-se usar toda a força que se conseguiu juntar, usando inovadoras formas de luta e levando a luta tão longe quanto possível. Apesar da unidade nas ruas não há uma unidade ideológica entre os professores que permita fazer avançar a luta e garantir vitórias, estando demasiado dependente dos dirigentes sindicais. Para que esta luta não morra é necessário que todos compreendamos a natureza desta ofensiva do governo, o carácter e o papel do Estado e do seu sistema de ensino e o carácter do capitalismo, sobretudo nesta época de globalização imperialista. Temos que compreender que se trata de uma ofensiva global do grande capital imperialista contra todos os povos do mundo, incluindo em particular as classes médias com vista a proletarizá-las e temos que compreender que devemos aliar-nos a todas as lutas de resistência actualmente em curso.
Esta massiva mobilização foi um grande passo na resistência a esta ofensiva. Ousemos levá-la até ao fim, unamos todos os que podem ser unidos e recusemos o isolamento das lutas.
9 de Novembro de 2008