O seguinte artigo foi publicado, com atualizações, no sítio internet do jornal Revolution/Revolución, voz do Partido Comunista Revolucionário, EUA (a 13 de novembro de 2020 em inglês em revcom.us/a/672/the-crossroads-we-face-en.html e a 14 de novembro de 2020 em castelhano em revcom.us/a/672/la-encrucijada-que-enfrentamos-es.html).
A encruzilhada que enfrentamos e a luta para expulsar o regime fascista nos Estados Unidos
Alguns pontos de orientação para esta conjuntura
Nota da redação do Revolution/Revolución, 13 de novembro: Joe Biden ganhou as eleições — tanto o voto popular como os votos no Colégio Eleitoral. Ele É o “presidente eleito legítimo”. Isto foi reconhecido por muitos dirigentes mundiais e por grandes fontes noticiosas norte-americanas, como a agência Associated Press (AP), a NBC News, a CNN, a Fox News e o jornal New York Times. Justas celebrações eclodiram por todo o país (ver os relatos em inglês ou em castelhano), por parte das pessoas que odeiam este regime e querem ver o fim deste pesadelo. Não devemos ceder nenhum terreno aos fascistas nesta vitória obtida com uma árdua luta e nos seguintes termos: Biden GANHOU, Trump PERDEU, AVANCEMOS com base nisto!
Como afirmou Bob Avakian na histórica declaração dele de 1 de agosto, SOBRE A SITUAÇÃO CRÍTICA IMEDIATA, A URGENTE NECESSIDADE DE EXPULSAR O REGIME FASCISTA DE TRUMP E PENCE, O VOTO NESTAS ELEIÇÕES NORTE-AMERICANAS E A NECESSIDADE FUNDAMENTAL DA REVOLUÇÃO, uma vitória de Biden nas eleições norte-americanas “iria criar muito melhores condições para se continuar a luta contra tudo o que o regime de Trump e Pence representa e contra toda a opressão e injustiças deste sistema, e isso seria um grande presente para os povos do mundo”.
Segundo as leis eleitorais norte-americanas, a confirmação da vitória eleitoral de Biden está pendente de vários níveis de certificação, desde os nomeados dos vários estados para o Colégio Eleitoral (os “Eleitores”) confirmarem os votos deles, a vários outros procedimentos no labirinto dos processos eleitorais norte-americanos.1 Trump tem repetidamente questionado, disputado e ameaçado contestar estes resultados (ler em inglês/castelhano), atualmente com uma estratégia quase legal-política para perverter o processo, deslegitimar os resultados e tentar revogar os resultados das eleições. Estas acusações, alegações e ações judiciais são inteiramente falsas e não têm nenhum fundamento real mas, apesar disso, Trump e os arruaceiros fascistas dele, dentro e fora do governo, continuam a prossegui-las neste momento. Se se levantar qualquer questão na certificação “oficial” de Biden, isso seria um grande escândalo e uma perversão da realidade.
O que se segue são, ligeiramente revistos, os pontos de orientação publicados no sábado, 7 de novembro, mas continuam a fornecer uma orientação extremamente relevante.
* A encruzilhada imediata e a luta que temos pela frente:
No momento em que publicamos, Joe Biden está a liderar o voto popular por uma muito ampla margem de mais de quatro milhões de votos e ganhou votos suficientes do Colégio Eleitoral, segundo declararam os grandes meios de comunicação norte-americanos. Ainda que alguns estados “decisivos”, como a Geórgia e o Arizona, continuem indefinidos, se estas fossem eleições normais, sem grandes reviravoltas nos acontecimentos, Biden estaria a caminho de ser o vencedor.
Em primeiro lugar, SE o Colégio Eleitoral realmente “certificar” Biden como vencedor, isso será um desenvolvimento importante e muito positivo, dado o que a continuação do regime fascista de Trump e Pence significaria para os habitantes dos Estados Unidos e do mundo. Como afirmou Bob Avakian na histórica declaração dele de 1 de agosto, SOBRE A SITUAÇÃO CRÍTICA IMEDIATA, A URGENTE NECESSIDADE DE EXPULSAR O REGIME FASCISTA DE TRUMP E PENCE, O VOTO NESTAS ELEIÇÕES NORTE-AMERICANAS E A NECESSIDADE FUNDAMENTAL DA REVOLUÇÃO, uma vitória de Biden nas eleições norte-americanas “iria criar muito melhores condições para se continuar a levar a cabo a luta contra tudo o que o regime de Trump e Pence representa e contra toda a opressão e injustiças deste sistema, e isso seria um grande presente para os povos do mundo”.
Ainda que a margem de votos no Colégio Eleitoral seja muito estreita e contestada neste momento, e mesmo tendo em conta que mais de 70 milhões de norte-americanos votaram num racista genocida, com uma vitória de Biden, os termos, o contexto e o enquadramento são diferentes e melhores para a necessária luta que temos pela frente. A luta para derrotar Trump foi e é uma luta contra o fascismo, uma forma de regime qualitativamente diferente, que se baseia abertamente no terror e na violência contra os que se opõem a esse regime e a todos os que esse regime considera uma ameaça, sem o fingimento de permitir a dissidência e o protesto. As consequências para a humanidade de um regime fascista consolidado no mais poderoso país do mundo são horrendas e mesmo potencialmente irreversíveis.
Uma vitória eleitoral legítima de Biden criará condições muito mais favoráveis para uma resistência política de massas, para denunciar e mobilizar contra a ilegitimidade do regime fascista que enfrentamos. Esta ilegitimidade decorre tanto de os fascistas roubarem as eleições, das contínuas ameaças deles e do uso da violência para sustentar isso e, ainda mais, dos horrores do programa fascista (inglês/castelhano).
Não são eleições normais — e NÃO é uma transição normal
Em segundo lugar, estas não são umas eleições normais, com uma “transição normal” — a transferência pacífica de poder que foi um elemento central da democracia norte-americana durante o século passado. “Trump tem dito às pessoas que não tem planos para conceder a derrota”, assim anunciava uma manchete do sítio internet da CNN que foi ecoada por seguidores próximos dele, e no momento em que escrevemos a situação continua a ser igual.
Isto não é nenhuma surpresa. Trump recusou-se repetidamente a prometer uma “transferência pacífica do poder”, quando questionado sobre isso. Trump já anunciou de muitas maneiras que não irá reconhecer a integridade destas eleições e que pretende lutar contra isso, usando todos os meios legais, quase legais e ilegais. Isso inclui encher os tribunais com ações falsas, atiçar os arruaceiros fascistas seguidores dele e talvez outras coisas que ainda não tenhamos antecipado.
Desde a retórica de “púlpito arruaceiro” com mentiras e desinformação, às batalhas judiciais e apelos aos arruaceiros fascistas para assediarem e ameaçarem aos voluntários que têm trabalhado para garantir que as eleições se realizassem, Trump tem como objetivo deslegitimar os veredictos e os resultados das eleições (inglês/castelhano). Ele construiu uma base social fascista muito mais dura e combativa do que a que tinha em 2016, em torno da tríade da supremacia branca, da misoginia e da “América Primeiro”. Essa base sente que estas eleições lhe estão a ser “arrancadas” antes de ter tido oportunidade de implementar todo o seu programa fascista. Os conselheiros de Trump e fascistas de longa data como Newt Gingrich têm ido à Fox News para mobilizar os fanáticos seguidores de Trump com a promessa (e essencialmente com um apelo) a uma “explosão de raiva”. Em muitos níveis e de maneiras diferentes, os fascistas estão — neste momento — a planear lutar para manterem o poder com o regime de Trump e Pence.
Confiar simplesmente nos canais, no funcionamento e nas instituições “normais” também pode ser desastroso
Assim, para todos aqueles que querem ver o fim do pesadelo do regime de Trump e Pence, há uma luta a ser levada a cabo, com protestos não-violentos de massas que continuem até que este regime seja expulso! É isto que é necessário! NÃO se deve permitir que os fascistas dominem a “praça pública” e o discurso público. Em combinação com a já existente dominação fascista dos tribunais e de algumas importantes legislaturas estaduais, isso poderia ser mortal. A coligação dos decentes não se pode retirar agora do campo da batalha política — pelo contrário, devemos unir-nos, organizar-nos e estar presentes para seguir em frente e completar a principal tarefa que temos pela frente: expulsar este regime fascista.
* Uma perspetiva mais estratégica:
Mesmo que Trump seja forçado a sair, este fascismo não se vai embora. O fascismo não é apenas uma tendência profundamente enraizada e bem organizada nos Estados Unidos, metastatizou-se e fez “avanços” nestes últimos anos, crescendo e endurecendo as suas fileiras. Quase certamente irá tentar regressar com mais força. As raízes e a textura deste fenómeno, movimento e ideologia fascistas foram cientificamente analisadas e postas a descoberto por Bob Avakian (BA) numa série de obras (inglês/castelhano) não igualadas por ninguém que atualmente comente sobre este tema.
Estas eleições levantaram profundas questões sobre esta sociedade (inglês/castelhano). Pessoas justas e sinceras estão angustiadas sobre como mais de 70 milhões de pessoas votaram em Trump, incluindo não poucos negros e latino-americanos. As pessoas estão a confrontar-se com o espectro de uma guerra civil; estão a interrogar-se PORQUE é que os Democratas continuam a atuar segundo as “regras” enquanto Trump e os fascistas as espezinham; e além disso estão à procura de respostas.
HÁ DE FACTO respostas, mas não são fáceis. Quais são as raízes da supremacia branca, da supremacia masculina e da masculinidade tóxica, do chauvinismo norte-americano, do “aventureirismo” e do saciamento na ignorância que afeta as pessoas em toda a estrutura social — tudo fatores que funcionam como barreiras a um mundo em que as pessoas livre e conscientemente interagem entre si e com a natureza? Como é que vamos conseguir avançar para além de um sistema e de uma sociedade que pode gerar um Donald Trump e formatar pessoas e grupos sociais de modo a que uma pessoa tão vil possa ganhar seguidores fanáticos e sem cérebro?
Bob Avakian abordou todas estas questões, e forneceu uma liderança, em obras seminais como o filme O REGIME DE TRUMP E PENCE TEM DE SE IR EMBORA, Em nome da humanidade, RECUSAMO-NOS a aceitar uns Estados Unidos fascistas — Um mundo melhor É possível, bem como numa recente série de obras (inglês/castelhano). BA analisa profunda e cientificamente as raízes do problema e a solução: uma verdadeira revolução e a luta para expulsar este regime fascista e derrotar este movimento fascista como parte de fazer essa revolução. Se neste último ano tens andado angustiado com esta loucura, se lutaste nas ruas por justiça — é isto que tens de procurar, é isto que tens de explorar.2
* Regressando à batalha política imediata que temos pela frente:
Há uma luta feroz e violenta que está a tomar forma na sociedade — a curto, médio e longo prazo. A um certo nível, consistente com as dinâmicas do avanço e da consolidação fascistas, pode haver apelos a uma maior conciliação com os fascistas, a “estender-lhes a mão”, a tentar “entendê-los, a eles e à ‘ansiedade’ económica deles”, a não os “incitar”, etc.
NÃO!
Como disse Bob Avakian:
não pode haver nenhuma “conciliação” com estes fascistas — cujas “queixas” se baseiam num ressentimento fanático contra qualquer limitação da supremacia branca, da supremacia masculina, da xenofobia (o ódio aos estrangeiros), de um raivoso chauvinismo norte-americano e do saque desenfreado do meio ambiente e que cada vez mais se exprimem em termos literalmente lunáticos. Não pode haver nenhuma “conciliação” com isto, a não ser nos termos desses fascistas, com todas as terríveis implicações e consequências disso!3
Embora o impulso e a atração a seguir os Democratas e a orientação deles sejam espontaneamente fortes na sociedade, isso só irá levar a um maior reforço, e à consolidação final, do fascismo. Como facto simples e evidente, reconhecer “a humanidade das pessoas” que foram apanhadas e capturadas neste quadro fascista misógino supremacista branco tem de significar lutar agudamente com eles para romperem com esse fascismo, NÃO “entendê-los” nem “estender-lhes a mão” numa conversa idealista de “um a um”. Temos de partir do entendimento mais científico de uma profunda divisão que existe na sociedade, entre os setores, mundivisões e programas fascistas e os não-fascistas, em contraste com o programa do Partido Democrata de tentar passar por cima desta divisão em nome da “união”, de “sarar as feridas” e de outras noções semelhantes, especialmente num momento em que os arruaceiros fascistas estão preparados, ideologicamente e de outras maneiras, para se mobilizarem para algo muito diferente. Isto implica polarizar e repolarizar a sociedade com uma aguda luta política e ideológica não-violenta contra o inexorável monstro fascista, a sua supremacia branca, a sua misoginia, o seu “América Primeiro” e o seu fascismo cristão.
Uma vez mais, o que é necessário, como apelou a organização Rejeitar o Fascismo (inglês/castelhano): É urgente — é mais importante que nunca — que rejeitemos este regime fascista, poderosamente e com as nossas massas, tomando as ruas em ações não-violentas, criativas e determinadas que continuem até que este regime se tenha ido embora e que este pesadelo termine.
1 Segundo o estatuto federal, os Eleitores de cada estado reúnem-se “na primeira segunda-feira após a segunda quarta-feira de dezembro” — que este ano é a 14 de dezembro — para emitirem os votos deles. Em seguida, a 6 de janeiro, a Câmara dos Representantes e o Senado reúnem-se conjuntamente para uma contagem formal dos votos. Embora a maioria das pessoas acredite que estes votos tenham de corresponder automaticamente ao voto popular de cada estado, na realidade há muitas maneiras legais para tentar contornar isto.
2 Neste contexto, destacamos particularmente as seguintes obras:
- Declaração de Bob Avakian de 1 de agosto de 2020, SOBRE A SITUAÇÃO CRÍTICA IMEDIATA, A URGENTE NECESSIDADE DE EXPULSAR O REGIME FASCISTA DE TRUMP E PENCE, O VOTO NESTAS ELEIÇÕES NORTE-AMERICANAS E A NECESSIDADE FUNDAMENTAL DA REVOLUÇÃO
- Votar não será suficiente — É preciso tomar as ruas, e ficar nas ruas a exigir: Trump e Pence fora já!
- 1ª Parte: Os Democratas não podem combater Trump da maneira que ele tem de ser combatido (inglês/castelhano)
- 2ª Parte: Trump já está a roubar as eleições e a ameaçar ainda mais violência para se manter no poder (inglês/castelhano)
- 3ª Parte: O fascismo de Trump — mais flagrante e perigoso a cada dia que passa: Como é que uma luta determinada e uma mobilização massiva o poderia derrotar (inglês/castelhano)
- Donald Trump — RACISTA GENOCIDA (inglês/castelhano)
- “É possível eliminar a opressão racial — mas não neste sistema” (inglês/castelhano)
- “O sistema patriarcal e o patriotismo — A supremacia masculina agressiva e a supremacia norte-americana — O perigo e o desafio imediato” (inglês/castelhano)
- “O sistema patriarcal e a supremacia masculina, ou a revolução e a eliminação de toda a opressão?” (inglês/castelhano)
- “Kanye West e Ice Cube — Tolos, e pior que tolos” (inglês/castelhano)
3 Da 2ª Parte de Votar não será suficiente — É preciso tomar as ruas, e ficar nas ruas a exigir: Trump e Pence fora já!